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Capítulo 3
O método da reciprocidade
O
método etnográfico aponta para uma ética de intera-
ção construída sobre a premissa da relativização e da
reciprocidade cognitiva pela convivência consentida.
Guardadas as divergências teórico-analíticas, trata-se de uma ge-
ração de antropólogos ingleses, americanos e franceses que prio-
rizaram o ponto de vista do “outro” (o “nativo”), compreendido
no processo interativo em campo, no encontro intersubjetivo en-
tre o pesquisador e os sujeitos pesquisados.38
A alteridade sendo figurada no processo narrativo apreen-
dida na prática da teoria em ato e “traduzida” pelo antropólogo
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43. Copans aponta mais um importante objetivo: “Ela pode também ter um se-
gundo objetivo: tornar sensível aos não especialistas e até ao grande público em
geral a natureza das sociedades em questão”. (Copans, 1974. p. 54).
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44 “...A ritmanálise procura em toda parte ocasiões para ritmos (...). Ela nos
previne assim sobre o perigo que há em viver no contratempo, desconhecendo a
necessidade fundamental das dialéticas temporais”. (Bachelard, 1989. p. 133).
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À guisa de conclusão
Reconhecidos os limites que rondam o método etnográfico, ele
parece apropriado para dar conta da complexa combinação entre
as narrativas pessoais, relatos de ciclos de vida, biografias, histó-
rias familiares, trajetórias e projeções de vida remetidos ao con-
texto histórico do desenvolvimento de uma sociedade, em que os
informantes aparecem como atores históricos e sujeitos portado-
res de uma identidade, considerando que as narrativas pessoais
estão permeadas de intersubjetividade.
Apreendidos os ensinamentos de uma tradição intelectua-
lista (racionalista), as teorias interacionistas (fenomenológicas)
sobre a dinâmica da interação, e a hermenêutica sobre o sentido
das interpretações da ação vivida em sociedade – o sujeito cog-
noscente e a ação da temporalização interiorizada agenciadas nas
memórias narradas são aqui fundamentais. Valorizando a obser-
vação do comportamento concreto ou as indagações discursivas,
os investigadores antropólogos chegam à atualidade buscando
sobretudo costurar essas diferentes estratégias de pesquisa.
Entre “razões práticas e simbólicas”, problemática iluminada
por Marshall Sahlins, os antropólogos contemporâneos tendem a
relacionar a análise das representações ao processo circunstan-
cial histórico-cultural-social, que situa a construção de catego-
rias e conceitos utilizados. Os depoimentos não são só tomados
como representações simbólicas, mas como interpretações de
ações referidas a contextos sócio-histórico-estruturais e sobretu-
do político, em que a ação social é o pressuposto do sentido total.
Para Geertz, não há sentido sem ação. Não se trata de recompor
a vida como uma sucessão de fatos, mas de uma interpretação no
presente de ações significativas, da ordenação na memória das
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