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O adulto e o idoso hospitalizados,

e suas particularidades/ Cuidados


Paliativos
Profa. Mariana Batista Leite Leles
Compreendendo o
adoecimento
Profa. Mariana Batista Leite Leles
Conceitualização
Conceitualização - Saúde
Saúde x Doença crônica

DOENÇA CRÔNICA: quando


SAÚDE: estado de equilíbrio há uma agressão
dinâmico entre o homem e permanente (real ou vivida
o ambiente, que se pode como tal)
avaliar pelas respostas do
indivíduo a uma série de
estímulos (ou agressões)
físicos, químicos,
infecciosos, psicológicos,
sociais e degenerativos.
Principais doenças agudas motivadoras de
internação

IRpA
Infecção

Infarto

AVE Traumas
Principais doenças crônicas motivadoras de
internação

DPOC
Neoplasias

ICC

Sequelas
neurológicas Complicações
graves ortopédicas
Quadros psíquicos que exigem cuidados
imediatos

Depressão RNC
grave
Crises
psicóticas

Delirium Violência
autodirigida
Estamos falando apenas em
doenças físicas?

Tratamos o adoecimento mental com o


mesmo peso?
Transtorno Depressivo Maior
Esquizofrenia
Síndrome do pânico

O que me impossibilita de realizar minhas


atividades habituais prolongadamente,
aquilo que tira minha qualidade de vida, é
considerado doença??
Na tentativa de autoextermínio, qual
é a prioridade???

Observa-se o compromisso com a rede


de apoio posterior a retirada do risco
de morte?
Será que o princípio da integralidade, proposto pelo SUS
vem sendo amplamente utilizado?
Somos capazes de atender a urgência, tirar
o paciente do quadro agudo, considerando
sua necessidade de continuidade do
cuidado?
Compreendendo as doenças
agudas e crônicas

Profa. Mariana Batista Leite Leles


Doença aguda e
doença crônica
x
condição aguda e
condição crônica
Doença aguda
Doença aguda
Doença aguda
Piora rápida
Início insidioso

Evolução imprevisível
Curso curto

Intervenção rápida Cura x morte

Cronicidade
Exemplo clínico:
Márcia, 68 anos, admitida no CAIS com dor torácica de forte
intensidade, dispneia, taquicardia e sudorese. Ao
eletrocardiograma, foi identificado infarto com supra,
encaminhada imediatamente para UTI para monitorização, e
em 92 horas realizada angioplastia para desobstrução de
lesão. O tempo de espera pelo procedimento foi superior ao
recomendado, mas o quadro agudo foi resolvido com sucesso,
e a paciente recebeu alta após 9 dias da admissão.
Obs.: Ecocardiograma evidenciou ICC decorrente da isquemia
extensa; Fe. 34%
Reflexão caso Márcia
Houve falha de atendimento?

Se SIM, o que você observa como


falha?
Doenças agudas graves
Exemplo clínico:
Jonas, 26 anos, retirou os dentes sisos há cerca de 20 dias,
entretanto segue com febre diária, mal cheiro bucal, evoluiu com
inapetência e dificuldade em deglutir. Avaliado pelo médico, foi
identificada amigdalite e muitas placas na região da garganta. Os
locais de retirada dos sisos seguem avermelhados, inchados e com
saída de secreção. Jonas solicitou atendimento, porém foi
medicado com amoxicilina, mesmo antibiótico que vinha tomando
nos últimos dias, e foi para casa em uso de dipirona para reduzir
dor e febre. 3 dias depois, Jonas dá entrada na UTI de um hospital
público, já em choque séptico. Chega com alteração de FX renal,
hipotenso, necessitando de DVA em dose alta, edema extenso na
região cervical, causando IRpA severa. Foi intubado, encaminhado
para lavagem cirúrgica do abcesso. Evoluiu a óbito 2 dias depois.
Reflexão caso Jonas
Houve falha de atendimento?

Se SIM, o que você observa como


falha?
Sobrecarga nos serviços de urgências
Doenças crônicas

Relacionadas a múltiplas causas

Início gradual, prognóstico incerto


Longa ou indefinida duração; cuidados
Doenças contínuos que nem sempre levam a cura
crônicas Curso clínico que se modifica ao longo do
tempo; períodos de agudização
Desenvolvimento de incapacidades

Possibilidade de identificação precoce


Exemplo clínico:
Jamile, 27 anos, há 1 ano foi internada e recebeu diagnóstico
de hipertensão maligna, já com evolução avançada de
insuficiência renal, sendo necessário acompanhamento de
rotina na rede de atenção básica próxima a sua casa, com
consultas e exames regulares, e seguimento na atenção
secundária junto ao cardiologista, assim como
encaminhamento atual para clínica satélite, onde iniciará
hemodiálise intermitente 3 vezes por semana.
Exemplo clínico:
Liduíno, 91 anos, fumou por 70 anos, evoluiu com HAS aos 53
anos, enfisema pulmonar com necessidade de O2 domiciliar
aos 87 e CA de laringe diagnosticado na mesma ocasião, com
abordagem cirúrgica e realização de TQT. Nos últimos 4 anos,
paciente necessita de cuidados diários pela equipe do SAD, e
segue em declínio progressivo de suas funções vitais. Passa
por internações recorrentes com quadros infecciosos, e
sempre saí do hospital ainda mais debilitado. No momento,
foi indicado pela equipe seguimento em cuidados paliativos
complementares.
Doenças
crônicas
Têm recebido grande atenção dos profissionais da
saúde nas últimas décadas, em decorrência do
impacto na morbimortalidade da população
mundial

Expectativa
DCNT
de vida

No geral não possuem alternativas de melhora rápida, têm


evolução progressiva, causando problemas médicos, sociais,
econômicos. (Martins & Cesarino, 2005)
Sobrecarga nos serviços primários e
secundários e SAD
Compreendendo as condições
agudas e crônicas

Profa. Mariana Batista Leite Leles


As condições de saúde
As condições de saúde
Condições agudas

Curso curto, manifestação pouco previsível; exige


tempo de resposta oportuno pelo sistema de atenção
a saúde.

Condições
agudas

Doenças transmissíveis de curta duração, doenças


inflamatórias e infecciosas agudas, traumas.
Resposta social do sistema de saúde
Condições crônicas

Curso mais ou menos longo ou permanente, deve ser


manejada de forma contínua, proativa e integrada.

Condições Agudizadas Não agudizadas


crônicas

Certas condições podem apresentar períodos de


agudizações, e nestes momentos devem ser tratadas pela
lógica das condições agudas.
Condição crônica comum

Atendimento ambulatorial periódico

Atendimento facilitado nas unidades


básicas

Visitas de rotina da ESF


Condição crônica agudizada
Atendimento de urgência imediato

Estabilização clínica e redução de


danos
Cuidados de urgências que
respeitem as limitações prévias
Correlação doença aguda x doença crônica
Exemplo clínico:
Márcia, 68 anos, citada anteriormente, em decorrência da
demora na realização da intervenção para desobstrução de
coronárias, evoluiu com insuficiência cardíaca crônica grave.
Após 8 meses do evento, refere perda significativa de
qualidade de vida, e incapacidade de realização das atividades
prévias. Sente-se cansada com os mínimos trabalhos
domésticos, e já foi internada 2 vezes no período por PNM e
congestão pulmonar. Descobriu na última internação, que
está com insuficiência renal crônica, porém ainda em
tratamento conservador.
Resposta social do sistema de saúde
Distinção das respostas sociais
Eventos agudos

Condição Condição
aguda crônica
agudizada
Resposta social do sistema de saúde
Epidemiologia e funcionamento
do sistema único de saúde

Profa. Mariana Batista Leite Leles


Principais causas de morte
Mudanças epidemiológicas
As mudanças em relação ao padrão de
natalidade, assim como o aumento da
expectativa de vida, relacionada a
melhora das tecnologias em saúde,
tem mudado o perfil de
morbimortalidade da população, e
exigido a reconfiguração do sistema de
saúde.
Cenário epidemiológico brasileiro
1930 – Doenças
infecciosas
respondiam por
2003 – em 2º lugar, cerca de 46% das
temos as neoplasias, mortes nas capitais
e em terceiro,
mortes por causas 1930 – Doenças
externas cardiovasculares
representavam
somente 12% das
mortes
2003 – Doenças
cardiovasculares 2003 – Doenças
representam cerca infecciosas
de 1/3 dos óbitos respondiam por
cerca de 5% das
mortes nas capitais
Mudanças epidemiológicas

A Transição Demográfica, resultou em significativa (-) das taxas de


fecundidade/natalidade, (+) progressivo da expectativa de vida e da
proporção de idosos em relação aos demais grupos etários.

Aumento das
doenças
associadas ao
envelhecimento
Projeção população brasileira
Novo perfil principal do SUS

-Hábitos inadequados

-Baixo autocuidado

-Tratamento de
sintomas
sem investigação
diagnóstica

-Abuso de substâncias
psicoativas

-Fatores de risco
Principais DCNT
Principais DCNT
Fatores
predisponentes
DCNT
Causas de morte no idoso
Quais os impactos no SUS???
Trabalho na
Necessidade de conscientização e
aumento e melhoria prevenção
da atenção básica

Acesso facilitado aos


serviços básicos de
saúde (GO, CG, CA)
Medidas sociais que
permitam hábitos +
saudáveis

CONTINUIDADE do
cuidado
Pontos reflexivos

Será que as campanhas de cessação do tabaco são


eficientes e acessíveis?
Será que as campanhas de prevenção da hipertensão
arterial são eficientes?
Será que o seguimento endocrinológico é acessível e
facilitado?
Será que os serviços básicos de saúde da mulher possuem
continuidade e retorno garantido após exames?
Possuímos um serviço de saúde do homem, que o incentive
aos exames de rotina?
Pontos reflexivos
Por que não fazer um sistema igualitário nacional, com o mesmo perfil de
serviço para cada estado, garantindo assim um sistema realmente “único” de
saúde?

Por que
descentralizaram os
serviços de todos os
cidadão devem ter o
mesmo direito de
acesso?
Pontos reflexivos

O Brasil apresenta, em suas 5


macrorregiões – Norte, Nordeste, Sudeste,
Sul e Centro-Oeste –, uma heterogeneidade
demográfica e socioeconômica bastante
grande, que se reflete em distintos padrões
de mortalidade e de morbidade por DCNT.
Seu enfrentamento, tanto na prevenção
quanto na atenção às pessoas já
acometidas, exige respostas diferenciadas
por parte dos gestores estaduais e
municipais, adequadas à realidade
encontrada em cada caso.
Pontos reflexivos

Cada ano que passa acrescenta


200 mil pessoas maiores de 60
anos à população brasileira,
responsáveis por uma demanda
importante para o sistema de
saúde. Em um país como o Brasil,
de diferenças de nível
macrorregional importantes, a
Região Norte ainda preserva as
características de uma população
jovem, enquanto a Região Sul é
marcada por um processo típico
de transição demográfica.
Pontos reflexivos
Se a população está manifestando + doenças crônicas, por que
não investir 90% dos serviços de saúde, em um modelo de
atenção especializada nessa vertente?
Pontos reflexivos

Causas Externas ainda são a 3ª


principal causa de morte na
população geral

Pacientes com doenças


crônicas, também
sofrem de condições
AGUDAS
O que precisamos no SUS?
Assistência básica
Intensificação de eficiente, preventiva,
recursos na assistência acessível e social
paliativa e cuidados e
fim de vida
Assistência 2aria de fácil
acesso aos doentes
SAD para pacientes crônicos
dependentes e seus
cuidadores
Rede de atenção de
urgência e emergência
Regulação facilitada aos organizada e eficiente
serviços 3ciários nos
casos graves
Apesar dos avanços, qual a realidade?
Baixo acompanhamento
Serviços 3ciários + das ESF nas grandes
concentrados nas regiões capitais
Sul e Sudeste

Serviços de referência
em CP quase
Sobrecarga dos serviços inexistentes
móveis de urgência, e
baixa acessibilidade nas
regiões periféricas
Manejo das DCNT ainda
contemplando “controle
Serviços 3ciários + de sintomas”
concentrados nas regiões
Sul e Sudeste
Apesar dos avanços, qual a realidade?

Atenção precária de DCNT sem


serviços especializados acompanhamento pela
nas regiões norte e rede básica
nordeste

Pouca conscientização e
Impacto da condição social
acesso a CP desde a fase
na mortalidade e
inicial do tratamento
morbidade –
inacessibilidade ao sistema
Ausência de mudanças
nas “raízes” da doença e
Maior mortalidade na continuidade do
relacionada ao tempo de cuidado
espera por transferência
Exemplo clínico:
Márcia, 68 anos, citada anteriormente, em decorrência da ICC
adquirida após o tratamento do IAM em tempo ineficiente, vem
apresentando queda significativa do estado geral no último ano.
Saiu ainda mais debilitada das duas últimas internações, e hoje,
começou a sentir fortes dores na cabeça, e na perna direita, ficando
extremamente sonolenta e com a perna endurecida. Ela está há 10
dias sem usar suas medicações antiagregantes, porque estava em
falta na farmácia do SUS. Márcia mora na Favela do Coruja, Zona
Norte de SP, região de difícil acesso ao SAMU. Ficou 2 dias
aguardando em casa até que um vizinho a levou em carro próprio a
unidade de saúde mais próxima. Márcia estava com um AVEi, já fora
do período de realização de trombólise, e apresentava trombose
grave em MID, com indicação imediata de UTI. Foi transferida para
a Santa Casa, passando por amputação de urgência, e
permanecendo internada na UTI por 23 dias. Voltou para casa viva,
mas desta vez, acamada, com sequelas motoras bilaterais, sequela
de fala e nível de consciência rebaixado.
História de Márcia:
Antes: Viúva há 27 anos, mãe de 4 filhos,
lavadeira, começou a apresentar HAS aos 43 anos,
porém como não conseguia consultas de rotina,
abandonou a medicação. Sempre que apresentava
um pico HAS grave, ia de ônibus para a unidade de
urgência, ‘tomar as medicações’. Desenvolveu
diabetes, mas nunca passou pelo endócrino, e
acreditava que usando o remédio que sua vizinha
tomava, teria um controle adequado. Não queria
parar. Trabalhou como lavadeira até sofrer o
infarto, e era conhecida como uma mãe exemplar,
e impecável dona de casa. Era a provedora
principal de casa, morava com 3 filhas e 7 netos.
Sua dieta nunca foi adaptada para os problemas de
saúde, pois todos naquela casa, comiam o que
tinha na mesa.
História de Márcia:
Depois: Paciente com IAM extenso e
comprometimento importante de músculo miocárdico,
ICC com descompensações frequentes, FE 34%, pulmão
comprometido e com dependência de O2 domiciliar
desde a última PNM com internação prolongada. Hoje,
é uma paciente torporosa, acamada, em uso de TQT, O2
em tenda, gastrostomia para alimentação, 100%
dependente das filhas, baixa qualidade de vida,
desnutrida frente ao acesso ineficiente a quantidade de
dieta enteral recomendada, perna direita amputada na
altura da coxa. Infecções de urina e pulmão
recorrentes, porém no dia 8/03, a equipe do SAD não
chegou a tempo de socorrê-la. Márcia faleceu aos 69
anos, após múltiplas complicações de suas 2 doenças
de base (HAS e DM2) que poderiam ter sido conduzidas
na atenção básica, evitando esse desfecho.
Agora, dona Márcia é só mais um número que
entra para as estatísticas.
Compreendendo os modelos
de atenção as condições
agudas
Profa. Mariana Batista Leite Leles
Modelos de atenção a saúde
Perfil de atendimento de urgência
Nas redes de atenção às urgências e
emergências, a APS desempenha uma
função importante por ser um dos seus
pontos de atenção, responsável pelo
atendimento da maior parte dos eventos
agudos. Assim, a Atenção primária deve
classificar os riscos das pessoas com queixa
de evento agudo, deve atender às urgências
menores (azuis e verdes) e deve prestar os
primeiros atendimentos às urgências
maiores (amarelos, laranjas e vermelhos),
encaminhando-as, por meio da central de
regulação, aos outros pontos de atenção
resolutivos para essas situações.
Modelo de atenção as condições agudas
Perfil de atendimento de urgência

Os modelos de atenção aos


eventos agudos têm como
objetivo identificar, no menor
tempo possível, com base em
sinais de alerta, a gravidade de
uma pessoa em situação de
urgência ou emergência e definir o
ponto de atenção adequado para
aquela situação, considerando-se,
como variável crítica, o tempo de
atenção requerido pelo risco
classificado, ou seja, o tempo-
resposta do sistema.
Perfil de atendimento de urgência
Perfil de atendimento de urgência
Mendes (2014) desenvolveu um modelo de atenção aos eventos agudos, que tem como base
o modelo da determinação social da saúde de Dahlgren e Whitehead (1991), utiliza um
sistema de classificação de risco e opera com a tecnologia de gestão da condição de saúde
para os eventos agudos diagnosticados.
Problema de atenção aos eventos agudos
VERDE
Exemplo clínico:
Genésio, 54 anos, apresentando dor na garganta, temperatura
de 37.3oC, PA 12x8, sem comorbidades prévias, nem outros
sinais de agravo. Tem presença de placas bacterianas na
região de amigdalas, e o provável diagnóstico é amigdalite. Ele
precisa de avaliação médica e uma receita para antibióticos.
Qual a prioridade de atendimento, e qual o local indicado de
intervenção?
AMARELO
Exemplo clínico:
João, 19 anos, apresenta forte dor na região de baixo ventre,
que aumentou bruscamente nas últimas 2 horas. Mostra-se
pálido, PA 14/10, temperatura de 38.9oC, sem história de
comorbidades. Foi levado pela irmã ao CAIS para avaliação de
urgência. A provável causa é apendicite.
Qual a prioridade de atendimento, e qual o local indicado de
intervenção?
Exemplo clínico: VERMELHO

Judithi, 21 anos, usuária de substâncias psicoativas desde os


17 anos, abandonou o tratamento no CAPS-AD e saiu
novamente de casa. Após utilizar 18 balas de exctasy e cheirar
5g de cocaína, evoluiu com convulsões e posterior
rebaixamento do nível de consciência, ficando caída em via
pública. Após ser vista por passantes, o corpo de bombeiros
foi chamado, e no caminho para a unidade de saúde, a moça
apresentou PCR, sendo iniciado processo de RCP e tentativa
de intubação sem sucesso. Na unidade de saúde, a paciente
ainda estava em PCR (há 12 minutos), qual seu grau de
prioridade no atendimento? Qual o perfil de unidade ela
precisa?
Exemplo clínico: LARANJA

Jamil, 36 anos, apresentando emagrecimento de cerca de 7 kg


nos últimos 10 dias, sede intensa, aumento significativo da
urina, episódios de vertigem e sensação contínua de boca
seca. Na madrugada de hoje, foi encontrado pela esposa no
chão, confuso, pouco responsivo, com as roupas encharcadas
de suor, e foi trazido as pressas pela mesma em carro próprio.
Na chegada, paciente apresentando PA 7x5, Glicemia de 32.
Qual a prioridade de atendimento, e qual o local indicado de
intervenção?
AZUL
Exemplo clínico:
Magal, 44 anos, passou por internação recente para
tratamento cirúrgico de quadro de pancreatite. Recebeu alta
em bom estado geral, 6 dias após a cirurgia, e dirigiu-se ao
CAIS no 15º PO para retirada de pontos, conforme orientação
médica. No momento está sem queixas, e com bons sinais
clínicos.
Qual a prioridade de atendimento, e qual o local indicado de
intervenção?
Compreendendo os modelos
de atenção as condições
crônicas
Profa. Mariana Batista Leite Leles
Modelo de atenção as condições crônicas
MACC – NÍVEL 1

ACESSO LINHA TERAPÊUTICA

Intervenções de prevenção da saúde


População geral
Perspectiva conscientizadora, social e
comunitária
MACC – NÍVEL 2

ACESSO LINHA TERAPÊUTICA

Intervenções de prevenção das


condições de saúde
Subpopulação com
fatores de risco ligados
Monitorização
a comportamentos e
estilos de vida
Conscientização direcionada dos
hábitos prejudiciais
MACC – NÍVEL 3

ACESSO LINHA TERAPÊUTICA

Gestão da condição de saúde


Subpopulação com
condição crônica Consultas periódicas e
simples, ou fatores de acompanhamento da ESF,
risco biopsicológicos disponibilização de insumos e
monitorização da evolução da doença
MACC – NÍVEL 4

ACESSO LINHA TERAPÊUTICA

Gestão da condição de saúde

Consultas periódicas de rotina e acesso


Subpopulação com
a especialistas, disponibilização de
condição crônica
insumos e monitorização da evolução
complexa
da doença. Intervenção facilitada nas
descompensações - Acesso a rede de
apoio 2cundária e 3ciária
MACC – NÍVEL 5

ACESSO LINHA TERAPÊUTICA

Gestão da condição de saúde

Acompanhamento total em todos os


Subpopulação com
níveis do sistema, e seguimento junto
condição crônica muito
ao SAD para apoio domiciliar, com
complexa
tratamento de CP complementares ou
totais – (se totais, sem indicação de
intervenção da rede 3ciária)
Modelo de atenção as condições crônicas
Suporte previsível nas condições crônicas de
saúde
Consultas de rotina, receitas de medicações controladas, exames
simples, orientações.
Assistência nas descompensações comuns inerentes a condição de
saúde.

Situação manejada pela


lógica das condições
crônicas, de acordo com o
nível
Exemplo clínico:
Maria José tem 57 anos, e há 3 anos evoluiu com DRC-dialítica
secundária a HAS. Realiza hemodiálise 3 vezes por semana,
passa por consultas com o cardiologista do hospital municipal
há cada 6 meses, e ultimamente tem sido acompanhada
também pela nutricionista clínica. Na clínica de hemodiálise,
faz exames de rotina para avaliação de hemograma e
eletrólitos, e também tem recebido acompanhamento da
psicóloga responsável pela sala de hemodiálise.
Ela usa medicações controladas disponíveis no SUS, e renova
as receitas há cada 3 meses.
Suporte imprevisível nas condições crônicas de
saúde
Atendimento na rede de urgência, suporte especializado nas descompensações
clínicas, vaga de internação, medicações de alto curso, etc.
Assistência nas descompensações graves secundárias da doença, ou de sistemas
acometidos tardiamente pela doença de base.

Situação manejada pela


lógica das condições
agudas, porém
considerando evolução da
doença e condição do
paciente.
Exemplo clínico:
Maria José entrou em um quadro depressivo grave nas
últimas semanas. Tentou arrancar o cateter de diálise, que foi
passado na artéria femoral após perder a FAV. A região do
cateter apresenta hiperemia e saída de secreção purulenta já
há 8 dias, e nas últimas 4 sessões de hemodiálise, Maria José
não compareceu. Preocupado, o marido que já é idoso,
chamou o SAMU ao perceber que sua esposa estava com
temperatura alta, e que não acordava. Maria José foi admitida
no Hospital de urgências em estado grave, e aguarda vaga de
UTI com diagnóstico de choque séptico e urgência dialítica.
Precisou ser intubada no OS, por apresentar IRpA associada a
congestão pulmonar. No momento apresenta hipotensão e
uso de Noradrenalina em dose baixa.
Questão reflexiva

Como gerenciar as diversas


facetas de uma condição
crônica de saúde, sem
organização e interligação do
sistema???
Custos ao sistema de saúde
Por serem doenças, geralmente, de longa
duração, as DCNT são as que mais demandam
ações, procedimentos e serviços de saúde. Os
gastos decorrentes dessa demanda são
denominados Custos Diretos, estimados em
cerca de R$3,8 bilhões em gastos
ambulatoriais e R$3,7 bilhões em gastos com
internação – que totalizam aproximados R$7,5
bilhões/ano em gastos com DCNT.

Custos Indiretos, decorrentes do


absenteísmo, das aposentadorias
precoces e da perda de produtividade, o
Brasil ainda não dispõe de estudos que
possam quantificá-los.
O adulto jovem e suas
particularidades

Profa. Mariana Batista Leite Leles


Quem é o adulto jovem atual?
Baixa
monitorização Múltiplas
das condições atividades
de saúde

Mais exposto Alta


a atividades demanda
de risco social

Imerso no
trabalho
Mas foi sempre assim???

1930

2020
Contextualização histórica
ANO PRED. RURAL
Brasil predominantemente rural – condições sanitárias precárias –
1940 68,8% alta mortalidade ambos sexos

1960 55,3%
Maior parte da população ainda vivia na zona rural
1970 44,1%
Após década de 1980, maior urbanização
2010 15,6%

A inexistência de sobremortalidade masculina em níveis elevados no


grupo de adultos jovens em 1940 comprova que este fenômeno é
proveniente de regiões que passaram por um rápido processo de
urbanização e metropolização como no caso do Brasil.
Contextualização estatísticas
A partir dos anos 1980, aumento das
Homicídios mortes por causas externas ou não
naturais, em especial nos homens

A expectativa de vida masculina no Brasil


Acidentes
continuou elevando-se, mas poderia, na
trânsito
atualidade, ser superior à estimada, se
não fosse o efeito das mortes prematuras
de jovens por causas não naturais.
Afogamentos

Quedas
Suicídios
acidentais
Principais causas de internação
Entre as idades, detectam-se diferenças
importantes. Nos adolescentes e adultos
jovens, verifica-se maior frequência no
atendimento de lesões (mais de 20%).

Na faixa de 20 a 39 anos, chama a atenção a


presença de transtornos mentais (11,3%).

Nas idades de 40 anos ou mais, com


proporções crescentes segundo as
idades, surgem as doenças do aparelho
circulatório, alternando posições, as
doenças dos aparelhos respiratório e
digestivo.
Principais causas de internação
Principais causas de internação
Atenção a saúde do homem

Observa-se que os jovens só procuram o


serviço de saúde apenas em casos de
emergência 130 (87%) - pela busca apenas
em casos emergenciais. Caracterizando
assim a baixa procura de serviços que
envolve a promoção a saúde e,
consequentemente, podendo levar ao
aumento da vulnerabilidade dessa
população a determinadas doenças,
sobretudo as crônicas e as graves.
Atenção a saúde do homem
Vários estudos comparativos têm
comprovado o fato de que os homens
são mais vulneráveis às doenças
graves e crônicas, e que morrem mais
precocemente que as mulheres (Nardi et all,
2007; Courtenay, 2007; IDB, 2006 Laurenti et all, 2005; Luck et all, 2000).

A despeito da maior
vulnerabilidade e das altas taxas de
morbimortalidade, os homens não
buscam, como as mulheres, os
serviços de atenção básica. (Figueiredo,
2005; Pinheiro et all, 2002).
Atenção a saúde do homem

Variáveis culturais

Esteriótipos de gênero

Doença como sinal de


fragilidade
Julgamento de
invulnerabilidade

Maior exposição Menor cuidado


a riscos de si

(Keijzer, 2003; Schraiber et 6 all, 2000;


Sabo, 2002; Bozon, 2004).
Atenção a saúde do homem
Os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades,
cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de
adoecer. Além disso, os serviços e as estratégias de comunicação
privilegiam as ações de saúde para a criança, o adolescente, a mulher
e o idoso.
Atenção a saúde do homem

Uma questão apontada pelos homens


para a não procura pelos serviços de
saúde está ligada a sua posição de
provedor. Alegam que o horário do
funcionamento dos serviços coincide
com a carga horária do trabalho. Não
se pode negar que na preocupação
masculina a atividade laboral tem um
lugar destacado, sobretudo em pessoas
de baixa condição social o que reforça o
papel historicamente atribuído ao
homem de ser responsável pelo
sustento da família.
Principais patologias predominantes
No Brasil, as internações de mulheres por transtornos mentais e
comportamentais devido ao uso de álcool, segundo o DATASUS (2006),
representaram 2% de todas as internações por transtornos mentais e
comportamentais, enquanto os homens apresentaram um percentual de 20%.
Principais patologias predominantes

Em relação ao tabagismo, os homens usam cigarros também com maior frequência


que as mulheres, o que acarreta maior vulnerabilidade às doenças cardiovasculares,
câncer, doenças pulmonares obstrutivas crônicas, doenças bucais e outras.
Atenção a saúde do homem

Tratamentos crônicos ou de longa


duração têm, em geral, menor
adesão, visto que os esquemas
terapêuticos exigem um grande
empenho do paciente que, em
algumas circunstâncias, necessita
modificar seus hábitos de vida
para cumprir seu tratamento. Tal
afirmação também é válida para
ações de promoção e prevenção à
saúde que requer, na maioria das
vezes, mudanças
comportamentais.
Deficiências e limitações permanentes

De acordo com o CENSO/2000, 25 milhões de brasileiros declararam-se como


portadores de deficiência, com graus diferentes de dificuldade ou de incapacidade de
enxergar, de ouvir, de locomover-se ou com deficiência mental. Do total dos deficientes ,
aproximadamente, 11 milhões são homens, dos quais 1.5 milhões têm deficiência
mental e 900 mil são deficientes físicos (falta de membro ou parte dele).
Deficiências e limitações permanentes

Também foi pesquisado o quantitativo de


pessoas que tem alguma, grande ou total
incapacidade de caminhar ou subir escadas,
sendo que 275 mil são homens e 2,3 milhões
têm alguma dificuldade permanente de
caminhar ou subir escadas. O maior número
absoluto de pessoas com deficiência encontra-
se na população de 40 a 49 anos de idade.
Existem, no Brasil, quase 4,5 milhões de pessoas
de 40 a 49 anos com pelo menos uma
deficiência ou incapacidade, sendo 2,1 milhões
de homens.
Deficiências e limitações permanentes

No caso da deficiência mental, auditiva


e física o maior contingente é de
homens. O resultado é compatível
com o tipo de atividade desenvolvida
por eles e com o risco de acidentes por
diversas causas.
Principais causa de morte masculina
No Brasil, de acordo com
levantamento feito pelo
Datasus, departamento de
informática do SUS, as
doenças do aparelho
circulatório aparecem em
1º lugar, com 356.178
mortes. Destas, as mais
comuns são as arteriais,
cerebrovasculares e
hipertensivas, além do
infarto agudo do miocárdio.
(DATASUS, 2018)
Óbitos por causas externas

Ac. de Outras
Homicídios Suicídios
transportes causas
40,3% 7,4%
30% 22,3%

Dos 25 aos 44 anos, predominam as agressões


como principal determinante de óbitos por Exposição a riscos
Causas externas. A partir dos 45 anos, são os
Acidentes de trabalho
Acidentes de Transporte os fatores
predominantes. Os Suicídios apresentam uma Violência urbana
evolução lenta e irregular, diminuindo sua
frequência a partir dos 45 anos.
Principais questões predominantes
Há de se chamar atenção que, as
Causas Externas de mortalidade,
embora apresentem uma alta
incidência nas faixas etárias mais
jovens (dos 25 aos 40 anos), são
quantitativamente superadas
pelas Doenças do Aparelho
Circulatório a partir dos 45 anos,
e pelos Tumores a partir dos 50
anos.
Neoplasias no homem - INCIDÊNCIA

INCA, BRASIL, 2020


Neoplasias no homem- MORTALIDADE

Fonte:
•MS / SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2021
•MS / INCA / Coordenação de Prevenção e Vigilância / Divisão de Vigilância e Análise de
Situação, 2021
Outras patologias predominantes

Além das causas externas e dos tumores, há muitas outras causas de


mortalidade, incluindo as doenças do aparelho digestivo, destacando
as Doenças do Fígado que, em 2005, foram responsáveis por 70% das
causas de morte decorrentes do aparelho digestivo, em homens de
25-59 anos.

Outras
Doença
doenças do
alcoólica
fígado
46%
18%
Fibrose e
cirrose
36%
Peso dos CP no adulto jovem

Resistências:
-Demora para aceitar a doença como “crônica” e/ou
progressiva, investindo cegamente em tratamentos invasivos.
-Sensação de estar “deixando de lutar” pelo paciente,
investindo nos CP.
-A falta de segurança da equipe, corrobora com a insegurança
da família na perspectiva dos CP.
-Indicação tardia de CP, com processo de sofrimento
desnecessário.
Contextualização histórica
Em 2018, a sobremortalidade masculina concentrava-se nos grupos de idade chamados
de adultos jovens, 15 a 19, 20 a 24 e 25 a 29 anos, com valores de incidência bastante
expressiva para causas não-naturais
Sobremortalidade masculina
Os principais determinantes da
sobremortalidade masculina
apontados, além da composição
biológica, dizem respeito às diferenças
no consumo de álcool e de tabaco,
fatores de risco para os neoplasmas e
para as doenças cardiovasculares; às
diferenças na exposição a fatores de
riscos do trabalho; a hábitos
masculinos mais perigosos, como a
direção de veículos e o uso de armas, e
a comportamentos masculinos mais
agressivos e mais competitivos,
contribuindo para as violências e para
um maior stress cotidiano.
Predominância de saúde masculina e relação com
perfil laboral

Maior incidência de quedas de altura (acidentes de


trabalho)

Maior incidência de lesões TRM

Maior incidência de amputações relacionadas a


instrumentos cortantes e ac. Transito em trabalho
Maior incidência de deficiências adquiridas e
aposentadoria por invalidez
Maior incidência de diagnóstico de doença crônica em
exames periódicos
Neoplasias no homem jovem

Os tumores mais frequentes entre 25 - 59 anos são oriundos dos


aparelhos digestivo, respiratório e urinário..
Outras patologias predominantes
Outras morbidades

Entre os fatores de morbidade não se


pode deixar de mencionar as disfunções
sexuais, notadamente a disfunção erétil,
que acomete cerca da metade dos
homens depois dos cinqüenta anos.
Pesquisas da OMS identificam a saúde
sexual como fator que mais interfere na
qualidade de vida da população
masculina. Há de se mencionar também
que a disfunção erétil é um importante
marcador para certas doenças, como a
coronariopatia e a diabete.
Outras morbidades

Infelizmente a maioria dos profissionais da saúde não está capacitada a realizar o


tratamento adequado (psicoterapia associada a farmacoterapia) das disfunções
sexuais masculinas.

Atenção
especial ao
público
diabético!
Adoecimento psíquico geral
Adoecimento psíquico geral

Silva et al., em seu estudo que


avaliou o perfil de 240 internações
psiquiátricas de homens e mulheres,
trazem a acentuada diferença entre
os gêneros em relação ao tipo de
transtorno. No estudo supracitado,
observou-se que 65,4% dos
homens se internaram por
problemas relacionados ao uso de
substâncias psicoativas, enquanto
79,8% das mulheres se
internaram por conta de
transtornos do humor,
esquizotípicos e delirantes.
Atenção a saúde do homem

Após pesquisas e análise de determinantes sociais, barreiras socioculturais e


institucionais, reconhecimento das vulnerabilidades e os principais fatores de
morbimortalidade, às quais a população masculina estava exposta, fez-se necessária
uma atenção específica.

Foi então criada a Política Nacional de Atenção


Integral da Saúde do Homem (PNAISH), Portaria
nº 1.944/GM de 27 de agosto de 2009, pelo
ministério da saúde e implementada pela
Coordenação Nacional de Saúde dos Homens .
Eixos da Política Nacional de Saúde do Homem
Serviços multidisciplinares

E os demais serviços de saúde (não-médicos), são procurados


pelo público masculino?

Como é a aceitação e procura dos homens por serviços de


saúde mental?

Como é seu entendimento sobre transtornos mentais e


sofrimento emocional?
Existem diferenças significativas relacionadas a
saúde da mulher??
Ginecológicas

Obstétricas

Hormonais

Fatores de risco de gênero

Saúde mental

Mortalidade materna
Aspectos da saúde feminina

População feminina é maioria no Brasil, e corresponde a


70% dos usuários do SUS
Aspectos da saúde feminina
Das características específicas
Atenção clínica-ginecológica de fácil acesso
Métodos anticoncepcionais, planejamento familiar e apoio a
fertilidade
Atenção obstétrica e neonatal; assistência ao abortamento
em condições inseguras
Assistência as DSTs e situações de violências
Atenção ao câncer de mama, colo do útero e reconstruções
mamárias
Promover e ampliar a atenção a saúde mental das mulheres,
dentre outros.
Neoplasias na mulher - INCIDÊNCIA

INCA, BRASIL, 2020


Neoplasias na mulher - MORTALIDADE

Fonte:
•MS / SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2021
•MS / INCA / Coordenação de Prevenção e Vigilância / Divisão de Vigilância e Análise de
Situação, 2021
Perfil mortalidade feminina
A mulher e as doenças do aparelho circulatório
As doenças
cerebrovasculares são
Doenças ap. as mais
predominantes entre
circulatório
as mulheres
19,6%

Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP


Perfil mortalidade feminina

A mulher e as causas externas

Violências e acidentes
Causas externas
15,4%
•Uma em cada cem mulheres com histórico de agressão
morreu por causas externas;
•Notificações de violência contra a mulher no SUS
aumentaram 30% de 2016 para 2017; entre meninas
adolescentes aumento foi de 37%;
•Em média, foram 630 notificações de violência contra
mulher por dia no SUS em 2017
Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP
Violência sexual e domiciliar
Aspectos importantes sobre saúde mental

Estudos epidemiológicos têm


estimado que mais de 80% das
mulheres em idade reprodutiva,
de modo geral, experimentam
algum sintoma de humor
deprimido. A tristeza materna,
por sua vez, apresenta uma
prevalência de 25 a 85%, a
depender do critério diagnóstico
utilizado.15
Adoecimento psíquico nas mulheres

Os transtornos psiquiátricos na
comunidade, estudados como
morbidade, são mais frequentes na
população feminina, aumentam com a
idade e apontam para um excesso no
estrato social de baixa renda.

No Brasil, levantamentos
epidemiológicos mostram uma
prevalência de TM em adultos de
cerca de 30%, com estimativa de,
aproximadamente, 20% com
necessidade de cuidados médicos.
Adoecimento psíquico nas mulheres
O adoecer psíquico feminino
distingui-se do masculino. Há
diferenças nas prevalências de
alguns quadros mentais, no curso e
prognóstico das doenças, em suas
comorbidades mais frequentes e,
sobretudo, naqueles transtornos
que parecem estar mais
intimamente ligados ao ciclo
reprodutivo feminino. Estes têm
sido relacionados a vários
transtornos de humor e de
comportamento.
Adoecimento psíquico nas mulheres

Pesquisas conduzidas em populações


ocidentais têm mostrado que as
prevalências de transtornos mentais não-
psicóticos tem média de 17% (12,5%
em homens e 20% em mulheres).
Outro achado importante é o fato de que
os quadros depressivos em mulheres
têm sido o terceiro problema de
saúde em países desenvolvidos e o
quinto em áreas subdesenvolvidas,
após as causas maternas e algumas
doenças transmissíveis. Para as
mulheres, são mais comuns os
transtornos de ansiedade (9%), os
somatoformes (3%) e os
depressivos (2,6%).
Adoecimento psíquico nas mulheres

Estudos de mortalidade
de mulheres em idade
fértil discutem a presença
dos TM como causas
básicas e associadas do
óbito. O conhecimento de
sua incidência,
prevalência e
mortalidade, medidas em
suas reais dimensões,
permite a elaboração e
implantação de políticas
de saúde adequadas para
mulheres nessa faixa
etária.
Adoecimento psíquico nas mulheres

As mulheres, em todas faixas etárias, são


mais vulneráveis às sintomatologias
ansiosas e depressivas, podendo-se
destacar a alta incidência de depressão e
de transtorno de humor bipolar nessa
população.

Pode-se destacar como motivos


causadores do sofrimento psíquico
em mulheres a entrada no mercado
de trabalho - tripla jornada causando
sobrecarga física e emocional, com
alto índice de adoecimento psíquico.
O adulto jovem hospitalizado

Profa. Mariana Batista Leite Leles


Perfil geral adulto jovem
Realidade de vida do adulto jovem
Realidade do adulto jovem na internação
Consequências
Pontos a serem mediados e explorados
Pontos a serem mediados e explorados
Pontos a serem mediados e explorados
Pontos a serem mediados e explorados
Pontos a serem mediados e explorados
Principais desafios
Aspectos de gênero na internação

MULHERES
HOMENS
Saída do papel de “cuidadora”
Sensibilização sobre a necessidade de
cuidados - fragilidade
Permissão verdadeira do cuidado externo
Controle dos sentimentos primitivos e
da auto-suficiência
Quebra da autonomia e da rotina multitarefas
Adesão as terapêuticas necessárias na
internação e no pós-alta Maior tendência a depressão e ansiedade não-
Sentimentos negativos associados a reativas
dependência Sensação de menos-valia e insuficiência frente
Excesso de fragilidade emocional x a doença
excesso de externalização de raiva
O idoso e suas
particularidades

Profa. Mariana Batista Leite Leles


Velhice
Velhice

O envelhecimento pode ser compreendido


como um fenômeno biológico, que envolve a
perda da capacidade funcional necessária para
a realização das atividades de sua vida diária.
Longevidade

Em 1940, de cada 1000 pessoas que


atingiam os 65 anos de idade, 259
atingiriam os 80 anos ou mais. Passados
setenta e oito anos, destas mesmas
1000 pessoas que completaram seus
sexagésimos quintos aniversários, 637
completariam os 80 anos, sendo
poupadas 378 vidas para cada mil
indivíduos. O aumento da longevidade
dos brasileiros vem paulatinamente
aumentando ao longo do tempo.
Longevidade

Os estudos tem apontado


para um aumento
progressivo da expectativa
de vida da população,
atualmente com média de
76 anos no Brasil
Longevidade x doenças

Com o aumento da expectativa de vida, e


a evolução das tecnologias em saúde,
precisamos começar a pensar com mais
cautela nos limites do uso das
tecnologias, e na qualidade de vida.
Longevidade x doenças

DCNT correspondem a
3 de cada 4 mortes no
Brasil

Na população com 60
anos ou mais,
corresponde a mais
de 80% das mortes
Longevidade x doenças

Entre as DCNTs, as
mortes por doenças
cardiovasculares
representam taxa
> 40%, chegando a
quase 50% na
população acima de
70 anos
Políticas de atenção ao idoso
O (MS) adotou diretrizes básicas que
estão inseridas na Política Nacional
de Saúde da Pessoa Idosa, que se
preocupa com a promoção do
envelhecimento saudável, com a
prevenção de doenças e a
manutenção da capacidade
funcional. Essas diretrizes
preconizam ainda, atenção integral
e integrada à saúde da pessoa idosa,
recursos para a promoção da
qualidade à atenção à saúde,
divulgação e informação sobre as
políticas de saúde para os
profissionais de saúde e usuários.
Pesquisas processo de envelhecimento

Para esses idosos que apresentaram significados positivos para esta fase de suas
vidas, observa-se a importância da incessante busca da felicidade a partir de um
cotidiano com objetivos e novos projetos, além da contínua luta por uma vida
saudável com autonomia e independência para o autocuidado. Para que os idosos
superem as dificuldades biopsicossociais pertinentes à velhice, mostra-se
necessário o envolvimento dos mesmos em diversas tarefas, destacando-se as
comunitárias, as socioeducativas e as de lazer.
Pesquisas processo de envelhecimento

Dentre os fatores que influenciam o bem-estar do idoso, está a família, que representa
um verdadeiro símbolo de confiança e proteção. A boa convivência e as relações
interpessoais são importantes e essenciais, pois assim eles se sentem aceitos e acolhidos.
Dessa forma, os idosos relatam a importância da interação familiar para uma velhice
bem-sucedida.
O idoso hospitalizado

Profa. Mariana Batista Leite Leles


Definindo o idoso
A realidade do idoso na internação
O idoso hospitalizado
Maiores índices de
Recuperação mais morbimortalidade
lenta e complicada
Permanência
hospitalar mais
prolongada

De 2002 a 2011 a população idosa foi


responsável por 27,9% das
internações realizadas pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) e por 34,5%
dos recursos.
A realidade do idoso na vida
A invisibilidade do idoso na
internação
Destruir o restinho de autonomia do idoso internado,
para você é sinônimo de ‘cuidado’, para ele, é sinônimo
de MORTE.
Realidade do idoso
O idoso hospitalizado
Vulnerabilidade pode ser definida,
como a capacidade de um
indivíduo sofrer dano em resposta
a um estímulo. A utilização deste
termo tem como objetivo
caracterizar uma pessoa que
apresenta condição vulnerável,
não somente do ponto de vista
biomédico, mas, também, relativo
aos aspectos sociais, econômicos,
entre outros. No idoso, a
vulnerabilidade varia de acordo
com o nível de dependência para
a realização de atividades diárias.
O idoso hospitalizado

É característica recorrente que


ocorram repercussões como
redução na autonomia,
independência e funcionalidade
do idoso após hospitalização, em
especial em internações
prolongadas, tornando a
recuperação posterior mais
difícil, nos casos de delirium
persistente durante período de
hospitalização.
Revisão da literatura

Depressão

Polifarmácia

Delirium

Incapacidade
funcional prévia
Comprometimento
cognitivo

Fatores ambientais
Comprometimento
Fatores de riscos para o declínio físico
funcional de idosos hospitalizados
O idoso hospitalizado
A internação também afeta os domínios de autonomia
e independência do idoso, pelo fato de ele estar em
ambiente não familiar, exposto a rotinas diferentes, Impacto das
com limitação da execução de atividades diárias, mudanças
restrição ao leito, alteração do sono, iatrogenia, má ambientais muito
nutrição e delirium. mais impactante e
agressiva que à
população adulta
jovem
Realidade do idoso na internação
Principais impactadores
Consequências
Pontos a serem explorados e mediados
Pontos a serem explorados e mediados
Pontos a serem explorados e mediados
Pontos a serem explorados e mediados
Pontos a serem explorados e mediados
Pontos a serem trabalhados interdisciplinarmente
O idoso hospitalizado – Humanização

Qualificação
profissional

Inclusão no Ambiente
tratamento adaptado
O idoso hospitalizado – aspectos favorecedores

Presença da família
Medidas de prevenção
ao delirium

Estimulação das
Preferências do idoso

Estimulação às AVDs
Ideias que valem ouro
Ideias que valem ouro

Artesanato

Passeios no
jardim
Ideias que valem ouro

Visita do PET
Velhice
Doenças crônicas e
Cuidados Paliativos
Profa. Mariana Batista Leite Leles
Doença crônica e qualidade de vida
Doença crônica e qualidade de vida

79,1% das
pessoas acima
de 65 anos
apresentam 1
ou mais
doenças
crônicas
Doença crônica e epidemiologia
Doença crônica e qualidade de vida
Perfil de mortalidade

Considerando a proporção
de mortes por faixa etária,
as doenças crônicas não
transmissíveis representam
cerca de três quartos de
todas as mortes ocorridas
no Brasil, aumentando
conforme o aumento da
faixa etária. Entre a
população com 60 anos ou
mais, as mortes por DCNTs
representam mais de 80%
de todas as mortes
ocorridas nessa faixa etária
em 2012
Mas...

...é possível prever a evolução de uma


doença crônica?
Sinais de evolução da DC

Mas como identificar???


Sinais de evolução da DC

Doenças crônicas em
progressão associadas à
Idade aumentada e/ou:
Doença crônica e qualidade de vida
Mudanças de perspectivas
Introspecção
Reflexão

Diretivas antecipadas de vontade: como está essa


realidade nas famílias brasileiras?
Complicadores da qualidade de vida
Qual a melhor alternativa de cuidado?

Atenção
Integralidade
Atenção social
psicológica

Cuidado
Atenção impecável
espiritual Respeito a aos sintomas
autonomia
Quais doenças necessitam de CP?

TODAS que apresentam ameaça a continuidade


da vida, ou que provoquem sintomas que
interferem diretamente na qualidade de vida!
Cuidados paliativos
Cuidados paliativos
Cuidados paliativos
Quem precisa de Cuidados paliativos?
Quem precisa de Cuidados paliativos?
Quem precisa de Cuidados paliativos?
Cuidados paliativos
Cuidados paliativos
Cuidados paliativos x morte - Epidemiologia
Cuidados paliativos
CP na população geriátrica
Cuidados paliativos
Cuidados paliativos

Normalização da morte
X
Assistência na morte
CP na população geriátrica
Cuidados paliativos
CP e equipe interdisciplinar
CP em condições crônicas
Cuidados paliativos durante processo ‘curativo’
Cuidados paliativos na doença crônica
Integração dos cuidados
Interdisciplinaridade x multidisciplinaridade
Foco conjunto e obrigação de todos
Paciente grave: UTI ou CP??

Meu paciente agravou! Ele vai para a UTI???


Paciente grave: UTI ou CP??

-Meu paciente necessita verdadeiramente dos recursos da


UTI?
-Meu paciente pode se beneficiar dos recursos da UTI?
-Meu paciente tem chances reais de recuperação?
-Meu paciente tem grandes chances altas de perder sua
funcionalidade caso sobreviva a internação?

O INTENSIVISTA NÃO PODE CRIAR UMA SOCIEDADE DE DOENTES CRITICOS


CRÔNICOS
Paciente grave: UTI ou CP??
Associar dados da
Condição prévia +
Condição atual

Indicação terapêutica

Avaliação de prognóstico e
Chances de sobrevida
Com qualidade
Paciente grave: UTI ou CP??

• As decisões quanto aos cuidados de fim de vida em


situações de pandemias devem ser baseadas em:

Prognóstico

Decisões de
Fim de vida
Valores Contexto
Paciente grave: UTI ou CP??

Condição do paciente
na admissão

Priorização Condição prévia


de leitos à doença

Benefícios
X Necessidade real
Prejuízos de suporte intensivo
UTI

Prognóstico
Realidade hospitalar

Expectativas: internação prolongada e desfecho negativo x


Melhora arrastada com recuperação e alta

Realidade: Maior desgaste profissional;


Maior apego ao paciente;
Maior sofrimento na perda.
Cuidados paliativos e
psicologia
Profa. Mariana Batista Leite Leles
Cuidados Paliativos e psicologia
Qual o real papel da psicologia no processo de cuidados
paliativos?

Valorização Dar ‘voz’ ao


subjetiva do desejo do
paciente e paciente
família Auxiliar no
manejo das
diretivas
Suporte e antecipadas
acolhimento no Auxiliar nas
óbito e luto conversas sobre
Facilitação dos mudança no
processos de perfil de cuidado
despedida e
resolução de
pendências
Cuidados Paliativos e psicologia

Valorização
subjetiva do
paciente e
família
Quem é aquele ser humano por trás do paciente?

O que a equipe tem feito para ‘resgatar’ a subjetividade?

Valorização da subjetividade – primeiro passo para


estimular a participação ativa nos tratamentos e na
tomada de decisão.
Cuidados Paliativos e psicologia

Dar ‘voz’ ao
Silenciar o
desejo do
paciente em
paciente
suas dores e
desejos, é mata-
lo em vida.

Mistanásia

Autonomia só é
possível com
orientações
adequadas e A passividade patológica impede todos os
liberdade real de processos saudáveis e naturais da vivência e
escolha. assimilação da doença
Cuidados Paliativos e psicologia

Auxiliar no
manejo das Aspectos
Não falar na saúde e culturais
diretivas
falar na doença!!
antecipadas
O peso da manifestação
autônoma pela família. Aspectos
familiares
Tendência a
desvalorização da
perspectiva do idoso. Estimulação
precoce da
manifestação de
desejos
Respeito,
valorização e
inclusão do
paciente.
Cuidados Paliativos e psicologia

Auxiliar nas
conversas sobre Equipe - Paciente
mudança no Equipe – Família
perfil de cuidado Paciente - Família

Existe uma sintonia de


assimilação entre
todos estes atores?
Cuidados Paliativos e psicologia

Como a equipe enxerga o processo de aproximação da


morte? O perfil de CP está adequado a fase da doença?

A “falha” na
assimilação tem
Qual o fase do processo de enfrentamento vive o
a ver com o
paciente?
processo
comunicativo ou
com aspectos
Qual fase do enfrentamento vive a família?
psíquicos
próprios?

Intensificação das Intensificação do suporte


orientações médicas psicológico
Cuidados Paliativos e psicologia

Facilitação dos
processos de
Pendências
despedida e
resolução de familiares
pendências

Pendências do
paciente
Cuidados Paliativos e psicologia

Facilitação dos
processos de
Pendências
despedida e
resolução de familiares
pendências

Qual o momento adequado para resolver pendências?


Qual a influência
da
espiritualidade
Pode ser que a família “perca o time?” no processo de
despedida?

E quando o paciente já não consegue mais responder?


Cuidados Paliativos e psicologia

Suporte e
acolhimento no
óbito e luto Espiritualidade

Recurso de
enfrentamento
Existe um contato com a perda (real ou antecipatória)?
Ressignificação
do luto
O sofrimento maior é relacionado a morte, ou ao
sofrimento vivido?

Qual o sentido dado ao processo de perda?


As dores e os silêncios

Segredos
familiares

Angústias

Condução ética
Referências bibliográficas
Atividade do módulo – Fazer em dupla
Você foi contratado para montar alguns serviços de atenção psicológica em
instituições de saúde destinados a adultos e idosos. Com base no conhecimento
adquirido na aula e nos materiais complementares, faça sua proposta de “serviço de
psicologia assistencial”, em cada um dos locais citados abaixo, abordando a prioridade
de atividades, perfil de atendimento, contemplando uma proposta de atenção em
cuidados paliativos complementares associada ao acompanhamento padrão (em
todas as unidades).
A) Unidade básica de saúde, com foco na promoção de saúde e prevenção de doenças
– Perfil: hipertensão, diabetes, problemas respiratórios, alterações ginecológicas, pré-
natal. Possibilidade de atendimento individual e/ou grupal.
B) Hospital de Urgência e Emergência, com foco em traumas e urgências diversas
(IAM, AVC, Acidentes e violências, quadros agudos, internações cirúrgicas de
urgência). Suporte inicial e resolução da urgência. (Rede de encaminhamento em
casos especiais, estruturação do trabalho de abordagem do paciente, sensibilização
sobre prognóstico reservado).
C) Hospital de Doenças crônicas avançadas – perfil de pacientes oncológicos,
cardiopatas, enfisematosos, e com outras comorbidades em fase avançada, exigindo
tratamento mais complexo e integrado.
IG: @psi_marianaleles
marianablleles@hotmail.com
(62) 99615-4745

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