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União Metropolitana de Educação e Cultura – UNIME

Disciplina: Assistência Nutricional nas Doenças Neurológicas e


Imunes

Traumas neurológicos

Aula Elaborada por Jessica Souza


Revisada por Renata Francielle
DEFINIÇÃO DE TRAUMA

Evento agudo que altera a homeostase do organismo. Como


resposta e para garantir a sobrevivência, esse organismo
deflagra uma ampla e complexa resposta sistêmica, que
envolve reações neurológicas, metabólicas e imunológicas,
cujas as ações modificam o metabolismo e funções
cardiorrespiratórias para preservar algumas funções
fundamentais.
PREVALÊNCIA
Os traumas decorrentes de O envelhecimento pode
Em 2015, o trauma
causas externas continuam estar influenciando o
representou 10,1% da
a ser o principal motivo de aumento das taxas de
carga global de
morte e incapacidades em internação por trauma
doenças;
pessoas de 5 a 29 anos em idosos.

Ocorrência crescente de
acidentes e violências
Aumento das
internações por trauma A melhoria no acesso à
em UTI no Brasil assistência

Envelhecimento da
população

Lentsck, et al. Panorama epidemiológico de dezoito anos de internações por trauma em UTI no Brasil, 2019.
Lentsck, et al. Panorama epidemiológico de dezoito anos de internações por trauma em UTI no Brasil, 2019.
PANORAMA NO BRASIL
Traumas neurológicos
Causas de traumas
neurológicos
Traumas neurológicos
Fisiopatologia
Fisiopatologia
Fisiopatologia
Fisiopatologia - fases do
trauma
TRM – Lesões secundárias
Fisiopatologia - TCE
Trauma e repercussões
nutricionais
 Paciente crítico além do hipermetabolismo e catabolismo proteico, há
maior suscetibilidade ao jejum prolongado (instabilidade hemodinâmica ou
preparo cirúrgico): ↑ comprometimento do estado nutricional;

 ↑ na utilização da glicose pode se manter por 5 a 7 dias após o trauma;

 Imobilização do paciente + falta de suporte nutricional precoce → rápida e


grave depleção da MM;

 A subnutrição afeta 20 a 60% dos pacientes UTI, ↑ a incidência de


infecções > permanência hospitalar > maiores custos;

 Desnutrição hospitalar é fator de risco independente para o ↑ da


morbimortalidade e ↓ a qualidade de vida dos pacientes.
Avaliação nutricional
 Avaliar o estado nutricional atual;

 Analisar o estado nutricional antes do trauma;


 Não há método isolado que seja considerado padrão-
ouro;
 Parâmetros tradicionais sofrem grande interferência no
doente grave, limitando a avaliação nutricional
 Considerar a intensidade e a duração da doença e os
efeitos catabólicos associados.
Avaliação nutricional
 Antropometria: peso, altura, IMC, CB, CP (idoso)
Se não for possível aferir, deve-se estimar;
Exames bioquímicos: albumina, pré albumina, transferrina,
contagem de linfócitos total...
Avaliar com cautela, pois sofrem influencia do nível de hidratação
e catabolismo;
Exame físico;
História alimentar (pode ser fornecido pelo acompanhante);
O balanço nitrogenado: avalia o grau de metabolismo
Avaliação nutricional - ASG

Paciente
crítico
Estimativas das Necessidades
 Calorimetria indireta “padrão-ouro” para determinar o
gasto energético;
Pode não ser precisa para pacientes com lesões cerebrais
graves (contrações musculares intermitentes, febre...); Pouco
acessível;
 Harris Benedict;
 Regra de bolso.
Recomendações Energéticas
Pacientes graves
Recomendações calóricas
 25 a 30Kcal/Kg
 20 a 25Kcal/Kg (inicialmente ou estresse grave)
 30 a 35Kcal/Kg (ausência de estresse)
Não ultrapassar 35 Kcal/Kg
14 - 18Kcal/Kg do peso atual (obesos)
 22Kcal/Kg do peso ideal (obesos)
 NE pode chegar 120% a 250% acima de seus gastos energéticos basais;
 Atentar para hiperalimentação (hiperglicemia, sd. de realimentação...)
Recomendações de macronutrientes
PTN: 1,2 a 2,0 g/Kg de peso/dia
PTN: 1,5 a 2,0 g/Kg de peso/dia para TCE agudo
PTN: 15 - 20%
CHO: 45 - 60%
LIP: 25 - 35%
É preferível utilizar a
referência de PTN em g/Kg
de peso/dia
Nutrientes e TCE
 Pode existir deficiência das vitaminas B1, B5,B6 e B12.
 As vitaminas hidrossolúveis tem meias-vidas curtas, podendo
ser rapidamente depletadas.
 Muitas drogas podem interferir na absorção e metabolismo de
nutrientes;
 Pode ser necessário a reposição de vitamina B1, B6 e B12 em
pacientes politraumatizados com intuito de prevenir algumas
síndromes neurológicas agudas.
Não há diretrizes sobre a reposição de micronutrientes no
trauma em geral!
Nutrientes e TCE
Zinco: concentração sérica do Zn está diminuída devido
sequestro hepático e aumento da depuração renal;
Magnésio: parece ter papel neuroprotetor devido sua atividade
como na modulação da produção de energia celular;
Glutamina: pode aumentar a síntese de glutamato e este
participa da promoção da morte celular;
Mais informações sobre os mecanismos de ação e significância
clínica da suplementação são necessárias!
Terapia Nutricional
Terapia Nutricional Enteral
 Indicada
• Indicações clássicas
•TCE grave (nível de consciência)
• Lesões da mandíbula e do SNC
• Uso de tubo orotraqueal (suporte ventilatório)
 Pode ser necessário a ostomia
 Observar o nível de consciência e risco de broncoaspiração
 Início precoce (24 a 48 horas após a adm)
 Progredi a alimentação, alcançar as NE nas próximas 48 a 72
horas (max. 7 dias após a lesão)
Terapia Nutricional Enteral
 Alguns pacientes com TCE grave não toleram a nutrição
enteral nas primeiras duas semanas após o evento inicia
Manifestações da intolerância: vômitos, distensão
abdominal e diarreia...
A intolerância deve-se: motilidade GI prejudicada (bx
pressão no esfíncter esofágico inferior, prolongamento e
alteração do esvaziamento gástrico com hipomotilidade
antral), distúrbios dos complexos motores migratórios,
medicações, absorção reduzida...
Reavaliar: fórmula, vias, métodos.
Considerações sobre medicamentos
utilizados em pacientes com trauma
grave
Propofol: contém lipídio (propofol 10% => 1,1Kcal/ml) considerar no
cálculo do lipídio;
Barbitúricos: utilizados para hipertensão intracraniana de difícil
controle, pode ↓ a NE e proteica (↓excreção do nitrogênio urinário);
O barbitúrico e o uso de sedativos (fentanil e morfina...): ↓ a
motilidade GI e o esvaziamento gástrico, frequentemente gerando
intolerância a TNE;
Fenitoína, fenobarbital, primidona e carbamazepina: usados em
crises epilépticas em UTI, interferem na absorção de folatos;
Fenitoína: interagir com a vitamina D → em menor absorção de Ca
Suspensão ácida de fenitoína: administrado concomitante com
nutrição enteral pode inibir sua absorção.
Drogas vasoativas
São substâncias que apresentam efeitos vasculares periféricos,
pulmonares ou cardíacos, sejam eles diretos ou indiretos, atuando em
pequenas doses e com resposta dose-dependente de efeito rápido e
curto, através de receptores do endotélio vascular.
Terapia nutricional no uso de drogas vasoativas
DITEN (2011): O suporte nutricional enteral não deve ser iniciado
quando em uso de DV em doses elevadas (i.e. noradrenalina >50-100
µg/min com sinais de baixa perfusão tecidual), sob o risco de
desenvolvimento da síndrome isquêmica intestinal, que ocorre em
menos de 1% dos casos, mas pode ter evolução clínica fatal;
ASPEN (2016): Não aborda a temática
Avaliação da deglutição
TCE
 Disfagia é muito frequente (61%)
 Avaliação especializada da deglutição antes da via oral.
 Atuação de fonoaudiólogo.
Indicação de leitura
Importante!
I. Vamos exercitar um pouco;
II. Alunos que não foram a visita técnica devem se juntar para
apresentar um artigo sobre nutrição e psoríase. O artigo deve
abordar sobre nutriente (s) ou composto bioativos que ajudam no
controle da doença. Deve ser publicado a partir de 2015 e estar
disponível em base de dados científicas. Apresentar na próxima
aula (16.05). Duração 15 minutos e todos os componentes devem
estar presentes!
III. Alunos que foram a visita técnica devem enviar o diário de
campo/relatório até 13.05 para jessica.s.barbosa@kroton.com.br.
Individual!
IV. Aula sobre autismo dia 11.05 as 19, via Teams.
Exercitando
J.N.F 46 anos, sexo masculino, sofreu um acidente automobilístico há 07 dias,
quando foi internado na UTI devido ao TCE. Sendo transferido para a unidade
semi-intensiva após estabilidade do quadro. Durante a visita o nutricionista
identificou que o paciente se encontrava LOTE e responsivo. Segue em uso de
SNE, porém após análise da fonoaudiologia o médico prescreveu para manter a
dieta enteral e iniciar o estímulo oral.

Peso referido: 72,5kg / Altura referida: 1,78m

Calcule a necessidade energética e de macronutriente:


Referências
 CUPPARI, L. Nutrição Clinica no Adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar
-. Nutrição - Nutrição Clínica no Adulto - 3ª Ed. 2014
 MAHAM, L. K.; Escott-stump, S. Krause: Alimentos, nutrição e dietoterapia. 13ª
edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
 WAITZBERG, D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4ª. ed. Rio de
Janeiro: Atheneu, 2009
 CAMPOS, B. B. N. S; MACHADO, F, S. Terapia nutricional no traumatismo
cranioencefálico grave. Rev Bras Ter Intensiva. 2012; 24(1):97-105
 LESNIOVSKI dos S. A. P, et al. Indicadores de qualidade em terapia nutricional em
uma unidade de terapia intensiva de trauma, Curitiba, PR, Brasil. Nutr. clín. diet. hosp.
2018; 38(1):149-155.
 SILVA, K. L. S.; et al. Projeto Neurotrauma: Educar para prevenir - o melhor
tratamento. Rev. Ciênc. Ext. v.14, n.1, p.70-82, 2018.

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