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PSICOLOGIA SOCIAL – PONTOS FULCRAIS

I - O DOMÍNIO DA PSICOLOGIA SOCIAL

Objectivo do questionamento científico


Escolher as vias alternativas para explicar o comportamento.

2 - O QUE É A PSICOLOGIA SOCIAL?  Estuda as pessoas enquanto animais sociais


 Allport
Entradas  presenças atuais, imaginadas e implicadas
Saídas  pensamentos, sentimentos e comportamentos

Tópicos da Psicologia Social  Psicólogos Sociais ocupam-se das atitudes das pessoas, das opiniões, das
crenças, dos valores, dos sentimentos, das representações sociais.
 O psicólogos sociais abordam uma ampla gama de comportamentos humanos, mas os seus focos de
interesse na investigação limitam-se a pontos restritos, que são divididos em três grupos:
Fisiológico  pressão arterial, tensão, adrenalina
Cognitivo-atitudinal  impacto valores dos pais nos filhos, intenções de voto, etc
Realização  resolução de problemas em grupo, etc

Relações com outros campos


 Moscovici (1984)
Sociologia/Psicologia
 Sujeito
 Objecto
Psicologia Social
 Sujeito individual
 Sujeito social
 Objectivo
 Psicologia Social diferente Psicologia  ênfase no SOCIAL
 Psicologia diferente Sociologia  ênfase no INDIVIDUAL
 A Psicologia é o estudo científico do indivíduo e do comportamento individual, mas o
comportamento embora possa ser social, não o é necessariamente.
Os psicólogos abordam o indivíduo fora do contexto social ocupando-se de vários
processos internos como seja percepção, aprendizagem, memória, inteligência, motivação
e emoção.
 A Sociologia é o estudo científico da sociedade humana.
Os sociólogos analisam o comportamento humano num contexto mais amplo.
 A Psicologia Social estabelece a ponte entre a Psicologia e a Sociologia.

Níveis de analise
 Encontram-se duas variantes principais em psicologia Social, onde ambas têm áreas comuns,
mas diferem na focalização central e nos métodos de investigação::
Psicologia Social Sociológica (PSS)
 focalização central é no grupo ou na sociedade
 Analisa as variáveis societais
 O objectivo principal é a descrição do comportamento
 Principais métodos de investigação: Inquéritos e observação participante
 Principais investigadores: Lewin, Festinger, Schachter, Asch, Campbell e Allport
Psicologia Social Psicológica (PSP)
 focalização central é no indivíduo
 Analisa os estímulos imediatos
 O objectivo principal é a predição do comportamento
 Principais métodos de investigação: Experimentação
 Principais investigadores: Mead, Goffman, French, Homans e Bales

1 Célia Silva
 Existem várias razões para se proceder ao estudo das 2 psicologias sociais:
As duas psicologias complementam-se:
Em ultima instancia, as duas abordagens convergem:
 Cada vez há uma maior interacção dos assuntos e dos métodos das duas psicologias
sociais.
A atenção ao mundo subjectivo do individuo é a única contribuição da psicologia
social que é partilhada pela PSS e pela PSP (CartWight 1979)
 Ambas as perspectivas acentuam o meio percepcionado pelo individuo e não tanto
o meio actual.
 Ambas as psicologias sociais se focalizam nas interpretações cognitivas da
realidade e nos comportamentos subsequentes com base nestas interpretações.
 Sendo o comportamento variado e as suas causas diversas, não é de admirar que em psicologia
social se recorra a diferentes níveis de análises:
Doise (1982) - sintetizou essas explicações distinguindo quatro níveis:
1º Estudo dos processos "psicológicos" ou intra-individuais"
2º Estudo da dinâmica de processos "inter-individuais" e "intra-individuais que
ocorrem entre indivíduos (ex: o estudo da atribuição de intenções a outrem)
3º Valorização do estatuto social
4º Influência de certas crenças individuais na criação de representações sociais e
discriminação

O longo passado do pensamento sócio-psicológico


 Platão (427-347 a.c.)  Os homens formam grupos porque não são auto-suficientes
O equilíbrio para uma sociedade depende do lugar que ela saiba dar a três actividades:
 Artesanal
 Guerreira
 Magistratura
Considera que o espírito humano tem três componentes:
 Comportamental  Abdómen
 Afectiva  Tórax
 Cognitivo  Cabeça
 Aristóteles (384-322 a.c.)  A interacção social é necessária para ao desenvolvimento
humano
 Quer Aristóteles quer Platão acreditam que os indivíduos podem ser líderes ou seguidores

COMPORTAMENTO HUMANO

 Hobbes (1588-1679)  Homens têm tendência a amar-se mas o estado natural é a guerra
 Rousseau (1712-1778)  Acha que as ciências e as artes corromperam o Homem
 Bentham (1748-1832)  Comportamento é motivado pela procura do prazer
 Fourier (1792-1837)  A sociedade ideal (falanstério) assentava nas paixões humanas
 Karl Marx (1818-1883)  Condições económicas é que determinam o comportamento
 Lazarus (1824-1903) e Steinthal (1823-1899)  O povo é uma realidade espiritual e colectiva

As origens da Psicologia Social

Francesa
 Comte (1798-1857)
 Inventou o termo "sociologia" e fez muito para situar as ciências sociais na
família das ciências, foi o 1º autor a ter concebido a ideia de uma Psicologia
Social.
 Duas das suas contribuições são geralmente conhecidas:
1º "Lei dos três estádios"
 Estádio teológico - Acontecimentos = Deuses
 Estádio metafísico - Acontecimentos = Ciência
 Estádio positivo - Acontecimentos = Invariabilidade e constância.
 Inventou a "Moral Positiva"  Forma como os indivíduos combinam
influências biológicas e societais.
 Gabriel Tarde (1843-1904) e a Gustave de Bon (1841-1931)
2 Célia Silva
 Deve-se um real desenvolvimento da Psicologia Social
 Dois fenómenos psicológicos:
 Invenção - é fruto de individualidades poderosas que asseguram o
progresso
 Imitação - assegura a unidade e a estabilidade sociais.
 Émile Durkheim (1855-1917) Social irredutível ao individual
 Esta posição entra em choque com a de Tarde que alicerça em
 Uma sociedade pode definir-se como "um grupo de homens que se imitam"
 Tarde  valoriza papel dos meios de comunicação de massa na formação da
opinião pública
 LeBon  Acredita que a multidão modifica o indivíduo  Alma colectiva
 Rengelman  Preguiça Social  A realização individual diminui quando o
individuo trabalha em conjunto

Anglo-saxónica
 Triplett (1898)  Efeitos da competição sobre o desempenho humano
 Edward Ross (1866-1951)  Controlo Social  estudo das inter relações
psíquicas entre o homem e o meio que o rodeia
 William McDougall (1908)  o comportamento social resulta de um pequeno
número de tendências inatas ou instintos
 Allport  o comportamento social é influenciado por muitos factores em que
se incluem a presença dos outros e as suas acções

Evolução da Psicologia Social


 Nos anos 30 surge a publicação de trabalhos de três figuras de 1ª fila, na história da Psicologia
social.
Kurt Lewin (1890-1947)
 Formulou a "Teoria do campo"  O comportamento deriva das características
do individuo + interacção com o meio
 Na resposta à questão sobre o que é que determina o comportamento humano:
Freud  processos psicológicos internos ao indivíduo
Marx  Forças externas
Lewin  Optou por ambos: internos e externos
 Em cada década do sec. XX os interesses da investigação foram-se modificando e ampliando:
Até aos anos 30  Medida das atitudes
Anos 40 a 50  Dissonância Cognitiva / Psicologia Ingénua
 Festinger propõe a Teoria da Dissonância Cognitiva (tentativa de alterar
pensamentos/comportamentos, quando os mesmos são insatisfatórios)
 Fritz Heiner  Psicologia “ingénua” (atribuir sentido à vida tentando controlar o
meio)
Anos 60  Estudo das relações interpessoais, investigação de tópicos, crises de confiança
Anos 70  Estudo dos papéis sexuais, discriminação sexual, psicologia ambiental
 Foram postos em cena novos tópicos (ex: papeis sexuais e descriminação sexual,
psicologia ambiental)
Anos 70 e 80 - duas tendências:
 Influência crescente da perspectiva cognitiva
 A ênfase na vertente aplicada.
Anos 90  Perspectiva cognitiva e vertente aplicada

4 - A PSICOLOGIA SOCIAL COMO CIÊNCIA

 Os psicólogos sociais querem compreender as pessoas e ajudá-las a remediar problemas


humanos.
 Os psicólogos sociais diferenciam-se na medida em que enveredam por uma abordagem
cientifica para os seus assuntos.
 Psicologia Social
Investiga as acções de indivíduos e de indivíduos dentro de grupos, sendo assim uma
ciência comportamental e social.
3 Célia Silva
 "Teoria"
É uma descrição de relações entre símbolos que representam a realidade
Uma teoria deve ser capaz de fazer predições acerca de fenómenos com recurso à lógica
dedutiva  gera hipóteses susceptíveis de serem testadas
São precisamente as teorias que nos ajudam a explicar o que se observa
 Atitude
É um símbolo abstracto utilizado para representar a realidade de que indivíduos têm
preferência por certos objectos específicos:
 Não é real
 Apenas representa coisas reais.
 Construto
Quando um símbolo abstracto numa teoria é definido em termos de acontecimentos
observáveis.

Investigação cientifica
 A Psicologia Social utiliza o método científico para estudar o comportamento social.
 Método científico
Implica observação sistemática, desenvolvimento de teorias que explicam essas
observações, uso de teorias que engendram predições acerca de observações futuras e
revisão de teorias quando as predições não estão certas.
 Indução lógica
É a passagem de observações específicas a regras gerais ou teorias.
 Karl Popper
Mostrou que uma teoria cientifica não pode logicamente ser provada como verdadeira,
mas pode ser refutada (contradizer com argumentos).
Qualidades que uma TEORIA deve ter:
 Concordância com dados conhecidos
 Compreensiva
 Parcimoniosa
 Deve-se poder
 Possuir valor heurístico (descobrir a verdade por si próprio).
 Deve ter valor aplicado
Teoria GENERATIVA (Gergen 1978)
 Dá à pessoa a possibilidade de se interrogarem sobre o que acreditavam antes
e permite optar por novas relações em vez de conservarem crenças dogmáticas
(aceites como incontestáveis).

Objectivos científicos da Psicologia Social


 Os objectivos centrais da investigação em Psicologia Social, são quatro:
Descrição
Explicação
Predição
Controlo
 A investigação pode fornecer informação fidedigna sobre a sociedade, explicá-la, permitir
predições e controlar a ocorrência de fenómenos comportamentais.

O processo de investigação em Psicologia Social


 Este processo cientifico pode sintetizar-se em sete etapas:
1. Tópico de investigação
2. Busca da documentação de investigação
3. Formulação de hipóteses
4. Escolha de um método de investigação
5. Recolha de dados - existem três técnicas básicas:
6. Análise de dados
7. Relatório de resultados
Meta-análise  Avalia a fidelidade dos resultados
São particularmente úteis no estudo das diferenças sexuais no comportamento social

4 Célia Silva
5– TEORIAS EM PSICOLOGIA SOCIAL

 Entre as principais posições teóricas amplas em Psicologia Social figuram as teorias:


Aprendizagem  Comportamento determinado pela aprendizagem anterior
 Há três mecanismos gerais mediante ao quais as pessoas aprendem coisas novas:
 Associação ou condicionamento clássico  aprendizagem reflexiva
 Reforço  recompensa/castigo
 Aprendizagem observacional ou imitação  rápida assimilação/ausência de
reforço
Cognitivas  Comportamento depende do modo como se percepciona a situação
social
 Os elementos do interior - emoções e cognições - são a principal preocupação das
teorias cognitivas.
 Kohler e Koffka
 Percepcionam as situações como “todos dinâmicos”
 Princípios básicos
 Os princípios cognitivos estudam como é que as pessoas processam a
informação.
 A investigação sobre a cognição social tem sido efectuada em três áreas:
 Percepção social  como captamos a informação acerca das outras
pessoas
 Memória social  como armazenam informação em relação às outras
pessoas
 Julgamentos sociais  como juntam informação para chegarem a
conclusões acerca do mundo social
 Esquemas  representações que as pessoas têm nas suas cabeças acerca de
pessoas e de acontecimentos.
 Atribuições causais  modos como as pessoas usam a informação para
determinar as causas do comportamento social (porquê o término de um
relacionamento, por exemplo)
 Contribuições
 As teorias cognitivas permitem explicar situações que parecem numa
primeira abordagem incompreensíveis.
Regras e papeis.  Comportamentos resultam da interacção com os outros
indivíduos
 Foi George Herbert Mead que tomou o conceito de papel popular na sua análise do
self em relação com as pessoas que nos rodeiam.
 Princípios básicos
 Teoria do Papel:
 Posição que o individuo ocupa na sociedade
 Conflito de papeis:
 Conflito interpapel  Exigências incompatíveis – vários papéis
(mulher quer estudar/namorado quer sair)
 Conflito intrapapel  Exigências incompatíveis – um só papel
(estudar para 1 exame ou fazer 1 trabalho)
 Contribuições
 Segundo a teoria dos papéis, a doença mental é muitas vezes aprendida quase
como alguém aprende um papel numa peça de teatro.
 Modelos de auto consciência
 Referem em que condições nos tornam mais conscientes de nós próprios.
 Conceito auto vigilância
 Dá conta da tendência de algumas pessoas observarem o modo como são
percepcionadas pelas outras.
 Área da gestão da impressão
 Aborda o modo como as pessoas tentam criar impressões específicas e
positivas acerca delas próprias

No seio destas três orientações teóricas gerais é possível desenvolverem-se mini-teorias, que tentam
explicar um leque mais restrito do comportamento humano (fenómenos como o amor, solidão, etc)
5 Célia Silva
Uma comparação de teorias
 As três teorias acabadas de apresentar diferem nas questões que tratam e nas questões que ignoram.
 Conceitos diferentes
Teoria da aprendizagem  Relação estímulo resposta + aplicação de reforço
Teoria cognitiva  Importância das cognições na determinação do comportamento
Teoria do papel  Importância dos papéis e normas num grupo
 Diferem de comportamentos explicados
Teoria da aprendizagem  Impacto recompensas e castigos na interacção social
Teoria cognitiva  Mudanças nas crenças/atitudes e efeitos das respostas e estímulos
Teoria do papel  Comportamento e mudança atitude face ao papel que se tem
 Diferem nas suposições acerca da natureza humana
 Teoria da aprendizagem  Actos determinados pelos padrões de reforço
 Teoria cognitiva  Percepção, interpretação e decisões acerca do mundo
 Teoria do papel  Pessoas são conformistas
 Diferem nas concepções do que provoca a mudança no comportamento
 Teoria da aprendizagem  Depende do reforço recebido
 Teoria cognitiva  Alterações nas crenças e atitudes
 Teoria do papel  Alteração no papel que a pessoa ocupa

6 - A PSICOLOGIA SOCIAL CONTEMPORÂNEA

Uma ciência em ebulição


 A psicologia social constitui um dos domínios mais importantes na investigação em psicologia em
particular, e nas ciências sociais, em geral

7 – PERSPECTIVAS INTERNACIONAIS

Estudo da caverna dos ladrões  Redução das hostilidades e pensamentos positivos quando trabalham
em grupo
 Muzafer Sherif e Carolyn Sherif exploram a formação de grupos, o conflito/competição
intergrupal e as técnicas para reduzir o conflito (objectivos supraordenados  objectivos que cada
grupo desejava realizar, mas que não o podia fazer sem a ajuda do outro grupo)
 Foram utilizadas técnicas de observação e entrevistas em profundidade, combinando-as com a
técnica dos questionários estandardizada
 Este estudo ilustra o interesse partilhado por todos os psicólogos sociais pelos pontos de vista
subjectivos das pessoas
 Chama a atenção para as mudanças ocorridas, ao longo do tempo, da perspectiva de um
grupo sobre o outro grupo, combinando nívei de análise psicólogico e sociológico
 Combinam níveis de análise psicológico e sociológico

IV - ATITUDES

3 – O QUE SÃO AS ATITUDES  envolvem sentimentos ou emoções de uma pessoa sobre objectos
ou acontecimentos.

Modelos de atitudes
 Modelo tripartido clássico, a atitude resulta de três componentes (Rosenberg e Hovland, 1960) :
Afectivo  Sentimentos
 (Ex: Sentirmo-nos tensos face a estudantes universitários)
Cognitivo  Crenças e opiniões
 (Ex: Acharmos que os estudantes universitários são arrogantes)
Comportamental  Processo mental e físico
 (Ex: recusarmo-nos a interagir com estudantes universitarios)
 Há quem considere a atitude como sendo unidimensional  Resposta avaliativa (afecto),

6 Célia Silva
favorável ou desfavorável, em relação ao objecto de atitude.
 Modelo unidimensional clássico  Atitude é a resposta que situa o objecto numa posição do
continuum de avaliação
 Zanna e Rempel (1988)
Modelo tripartido revisto  integra todas estas concepções  define a atitude como
uma categorização de um objecto (por ex.: aborto-favoravel…desfavoravel)  a
atitude é um julgamento
Pressupõe que esta avaliação pode basear-se em três espécies de informação:
 Informação cognitiva
 Julgamento a "frio" de que se gosta ou detesta
 Informação afectiva
 Emoção sentida
 Informação baseada no comportamento passado
 Antecipação da acção

Uma atitude pode só derivar de cognições, ou de cognições


e afecto, ou de cognições, afecto e comportamento passado

Características
 Pode-se encarar como um continuum psíquico
 Ressaltam quatro características:
Direcção da atitude  Concordância ou discordância/positivo ou negativo do
objectoda atitude
Intensidade da atitude  Força da atração ou repulsa  extremidade (ligeiramente a
totalmente positiva)
Dimensão da atitude  Unidimensional (1 só domínio da acitvidade
comportamental) e multidimensional (vários domínios)
Acessibilidade da atitude  Objecto de atitude + avaliação afectiva
 Para além das características referidas, as atitudes têm outras características básicas:
As atitudes são inferidas (ex.: preencher um questionário)
As atitudes são dirigidas em relação a um, objecto psicológico ou categoria (ex.:
objectos tangéveis, grupos, ideias abstractas, etc)
As atitudes provêm da experiência.
As atitudes influenciam o comportamento

Funções Psicológicas das atitudes


 As atitudes são úteis para a pessoa que tem uma atitude
 Katz (1960) –
Menciona quatro funções:
 Conhecimento
 Perspectiva cognitiva
 Instrumentalidade (meios atingir)
 Perspectiva behaviourista
 Defesa do eu (protecção da nossa auto-estima)
 Perspectiva psicanalítica
 Expressão de valores (permitindo às pessoas mostrar os valores com que se
identificam e as definem)
 Perspectiva humanística
 As atitudes podem ter três funções: (Schlenker, 1982; Pratkanis e Greenwald, 1989)
Ajudam a definir grupos sociais,
Ajudam a estabelecer as nossas identidades
Ajudam o nosso pensamento e comportamento
 As atitudes constituem, também, elementos importantes da vida cognitiva das pessoas. Guiam o
modo como se pensa, sente e age.

4 – ATITUDES E NOÇÕES CONEXAS


7 Célia Silva
Crenças
 Modelo Tripartido das atitudes  Crenças podem ser consideradas como o componente
cognitivo das atitudes
 Atitude é unitária  Definem as crenças como julgamentos que indicam a probabilidade
subjectiva de uma pessoa ou um objecto tenha uma característica particular.
Nesta perspectiva, crenças e atitudes são claramente distintas:
 As crenças são cognitivas  pensamentos e ideias
 As atitudes são afectivas  sentimentos e emoções

Opiniões  envolvem julgamentos de uma pessoa sobre a probabilidade de acontecimentos ou


relações
 Eysenck (1954)
Distingue quatro níveis:
 Opinião acidental
 Opinião habitual
 Atitude
 Ideologia
 Oskamp (1991)
Defende a perspectiva de que as opiniões são equivalentes a crenças e não tanto a
atitudes.
Valores
 Os valores constituem uma variável psicológica intimamente associada às atitudes.
 Muito embora as atitudes se refiram a avaliações de objectos específicos, os valores são crenças
duradoiras acerca de objectos importantes da vida que transcendem situações específicas
 "Paz", "felicidade", "igualdade", são alguns exemplos de valores
 Os valores constituem um aspecto importante do autoconceito e servem de princípios directores
para uma pessoa (Rokeach, 1972)
 Alguns psicólogos sociais tentaram catalogar um conjunto de valores básicos em que as pessoas
diferem:
Allport e Vernon (1931):
 Teórico, económico, social, estético, politico e religioso
Morris (1956)
 Apresentou cinco dimensões gerais de valores:
 Constrangimento social e autocontrolo
 Prazer e progresso na acção
 Retraimento e autosuficiência
 Receptividade e simpatia
 Autocomplacência e prazer sensual.
Rokeach (1973) - fez a distinção entre:
 Valores finais
 Que dizem respeito aos objectivos últimos da vida  Valores pessoais 
Centrados nas pessoas
 Valores instrumentais
 Que dizem respeito a modo de conduta  Valores sociais  Mais orientados
para a moralidade ou auto-realização
 Elaborou 2 escalas para se avaliarem os valores, cada uma contendo 18 valores finais
e 18 valores instrumentais
 Aos sujeitos a quem se administram estas escalas, é-lhes pedido para ordenar
os valores finais e os valores instrumentais, tendo em conta a sua importância,
os seus princípios orientadores na vida
Figueiredo (1988)
 Utilizou de modo assaz original estas escalas para verificar se existia consenso entre
pais e jovens ao nível dos valores finais e instrumentais.
 O autor encontrou um marcado consenso entre as duas gerações na importância da
"dignidade" e "felicidade" como valores finais e "honesto", "afectuoso",
"responsável", "capaz" como valores instrumentais.
Feather (1994)
 Os valores têm as seguintes propriedades:
8 Célia Silva
 São crenças gerais acerca de objectivos e comportamentos desejáveis
 Envolvem bondade e maldade e têm uma qualidade de "dever" acerca deles,
 Transcendem atitudes e influenciam a norma que as atitudes podem assumir,
 Fornecem padrões para avaliar acções, justificar opiniões e comportamentos,
planificar comportamentos, decidir entre diferentes alternativas e apresentar-se
aos outros,
 Estão organizados em hierarquias para uma determinada pessoa e sua
importância relativa pode variar ao longo da vida,
 Os sistemas de valores variam segundo indivíduos, grupos e culturas.

Ideologia
 A ideologia representa um sistema integrado de crenças, em geral, com uma referência social ou
política
 Rouquete (1996)
A ideologia é o que torna um conjunto de crenças, atitudes e de representações
simultaneamente possíveis e compatíveis no seio de uma população
 Tetlock (1989)
Propôs que os valores terminais, estão na base de toda a ideologia politica.
As ideologias podem variar segundo duas características:
 Podem atribuir diferentes prioridades a valores particulares,
 Há ideologias que são pluralistas e há outras que são monistas

5 – MEDIDAS DE ATITUDES

 Os psicólogos sociais não procuram somente saber o que são as atitudes e como são formadas.
 Tentam também medi-las, avaliar a sua direcção e intensidade, o que permite efectuar
comparações entre os indivíduos e os grupos.
 As atitudes podem ser medidas directa ou indirectamente.

Análise de conteúdo das comunicações


 Thomas e Znaniecki (1918)
Fizeram uma das primeiras tentativas para avaliar as atitudes.
O método que utilizaram consistiu fundamentalmente em inferir as atitudes de diferentes
tipos de documentos escritos.
Eles esperavam a partir deste material identificar atitudes ou temas comuns que
permitissem compreender o comportamento dos imigrantes polacos.
 Eiser (1983)
Propôs que um exame cuidadoso das palavras revestidas de emoções que as pessoas
utilizam em entrevista, pode fornecer uma indicação de valor sobre as atitudes
subjacentes, mesmo que não estejam a fazer afirmações atitudinais directas.

Escala de avaliação com um item


 Trata-se de um método económico de medir uma atitude em muitos estudos com carácter
representativo. Exemplo, em sondagens de opinião (totalmente em desacordo (=1) a Totalmente
em acordo (=7)).
 Este método defronta-se com um problema  a potencial falta de fidelidade

Escala de distância social


 Emory Bogardus (1925)
Propôs esta escala com o objectivo de medir as atitudes étnicas.
Esta técnica mede o grau de distância que uma pessoa deseja manter nas relações com
pessoas de outros grupos.
A escala apresenta-se sob a forma de um quadro de dupla entrada que tem como abcissa o
nome de diferentes grupos humanos
Esta escala tem sido amplamente criticada

Escala de Thurstone
 Thurstone (1928)
9 Célia Silva
Defendeu que há um continuum psicológico de afecto ao longo do qual se podem situar os
indivíduos.
Das diversas técnicas de escalas desenvolvidas por Thurstone a que foi mais amplamente
utilizada foi a escala de intervalos aparentemente iguais.
A elaboração desta escala pode ser sintetizada em oito passos:
 Obtém-se um determinado nrº de itens em relação com o objecto da atitude
 Esses itens são avaliados por um conjunto de juízes com características semelhantes
às das pessoas que serviram de sujeitos
 Pede-se aos juízes para ordenarem os itens em 11 categorias (+ favoravel, neutro, +
desfavoravel)
 Os itens que são ordenados pelos juizes nas mesmas categorias são retidos. Os que
estão em desacordo são afastados
 A cada um dos itens atribui-se um valor da escala
 Retém-se um certo nrº de proposições, de modo que representem a extensão dos
valores da escala ao longo da dimensão favoravel a desfavoravel
 Apresentam-se os itens selecionados numa ordem aleatória a uma população,
pedindo-lhes para escolherem aqueles com que concordam
Este tipo de escala defronta-se com algumas dificuldades:
 A preparação da escala é complicada e morosa, tendo-se encontrado resultados muito
semelhantes quando se utilizam técnicas menos complicadas que esta escala.
 Pode haver um fosso relativamente grande entre o juri e a população a quem se
administra a escala.
 Thurstone partiu da ideia de que os juízes ordenam as proposições
independentemente das suas atitudes, mas o contrário pode ser provado.

Escala de Likert
 Rensis Likert (1932)
Concebeu um dos métodos que mais influência tem tido na medida das atitudes.
Examinou cinco grandes áreas das atitudes:
 Relações internacionais
 Relações raciais
 Conflitos económicos
 Conflitos políticos
 Conflitos religião.
Pode-se sintetizar a construção das escalas de Likert em três etapas:
 Um conjunto de itens são selecionados pelo investigador, com base na experiência,
intuição e pré-teste
 Esses itens são submetidos aos sujeitos que devem dar as suas opinioes, fazendo um
circulo à volta de um ponto numa escala de 1 a 5, cujos extremos são concordo
fortemente (5) e discordo fortemente (1)
 A atitude é determinada pela soma das respostas a todos os itens que têm uma
correlação satisfatória com toda a escala
A principal vantagem desta escala é que ela se constrói mais depressa e com menos gastos
do que uma escala de Thurstone

Escala de Guttman
 Baseia-se no pressuposto de que as opiniões podem ser ordenadas segundo a sua "favoralidade"
de modo que a concordância com uma dada afirmação implica concordância com todos os itens
que exprimem opiniões mais favoráveis - para ele é uma escala unidimensional.
 A elaboração de uma escala deste tipo pode ser sintetizada em três etapas:
Reune-se um grande número de opiniões sobre a atitude que se deseja medir
Administra-se o questionário de opiniões a uma população de sujeitos
Efectua-se uma análise das respostas para se determinar se correspondem ao modelo ideal
 A reprodutividade é a base da escala de Guttman e é geralmente aceite que um conjunto de itens
deve ter um coeficiente de reprodutividade de cerca de 90 (10% ou menos de erro)

Diferenciador semântico
 O problema com escalas como as do tipo Thurstone, Likert ou Guttman é de que para cada novo
objecto de atitude tem de se construir uma nova escala.
10 Célia Silva
 O diferenciador semântico propicia a possibilidade de se medirem diferentes atitudes com a mesma
escala.
 Osgood, Suci e Tannenbaum (1957)
Desenvolveram o diferenciador semântico
 É uma técnica de medida da significação psicológica que têm os objectos ou os
conceitos para o indivíduo.
 É a combinação de um método de associações forçadas, mas controladas e de um
procedimento de escalas permitindo obter a direcção e a intensidade do
significado do conceito.
Por meio do recurso à análise factorial, Osgood e seus colegas identificaram três
dimensões básicas mediante as quais os conceitos podem ser descritos.
Estes factores foram interpretadas como sendo:
 A avaliação
 A potência
 A actividade.
 Usos do diferenciador semântico:
Estudar as diferenças sócio-culturais nas atitudes.
Estudar as diferenças sexuais.
Avaliar o auto-conceito.
 O diferenciador semântico tem a vantagem de ser fácil de construir.

Medidas indirectas
 Os questionários são de longe as técnicas de avaliação das atitudes mais amplamente utilizadas.
 As medidas indirectas mais comuns, em que não se pergunta à pessoa a sua atitude directamente,
são:
Técnicas fisiológicas
 Assentam no pressuposto de que o comportamento afectivo das atitudes produz uma
reacção fisiológica que pode potencialmente ser medida (resposta galvânica da pele e a
resposta pupilar)
Técnicas comportamentais
 Assentam na suposição que o comportamento é consistente com atitudes.
Técnicas projectivas.
 Pede-se aos sujeitos para descreverem uma figura, contarem uma história,
completarem uma frase, ou indicarem como é que alguém reagiria a essa situação.
 Têm a vantagem de que muitas vezes as pessoas projectam as suas próprias atitudes
nos outros.
 A utilização de técnicas indirectas para medir as atitudes reveste-se quer de vantagens, quer de
desvantagens:
Vantagens
 Assinale-se que essas técnicas são menos susceptíveis de suscitarem respostas
socialmente aceites.
 A pessoa não conhece que atitude está a ser medida.
Desvantagens
 Refira-se a dificuldades em medir a intensidade da atitude e sendo as atitudes
inferidas estas técnicas podem deixar a desejar quanto à fidelidade.
 Também podem suscitar problemas éticos.
 Apesar disso as medidas indirectas são a única avenida a seguir quando o investigador trabalha
sobre assuntos sociais muito sensíveis.

6 – ATITUDES E COMPORTAMENTOS

 Os psicólogos sociais também estavam interessados em mudar o comportamento através da


influência exercida sobre as atitudes das pessoas.
 Muitas das definições tradicionais da atitude consideram-na como uma predisposição para agir de
determinado modo.

O dilema da consistência atitude-comportamento


 LaPiere (1934)
11 Célia Silva
Defende que as atitudes e os comportamentos poderiam não estar tão estreitamente
ligados como os psicólogos sociais da época pareciam pensar.
 Kutner, Wilkins e Yarrow (1952)
Nos E.U, muito embora as pessoas negras fossem servidas de modo satisfatório num certo
número de restaurantes, os mesmos restaurantes recusariam posteriormente efectuar
reservas para um acontecimento social que incluía pessoas negras.
Nestes estudos verifica-se uma discrepância entre atitude e comportamento.
 Wicker (1969)
Efectuou uma revisão de estudos empíricos sobre as relações entre atitude e
comportamentos.
Estes estudos raramente apresentam uma correlação superior a .30 e muitas vezes a
correlação está próxima de zero.

Condições metodológicas da predição atitude-comportamento


 Uma primeira tentativa de revalidação da consistência da atitude e do comportamento debruçou-
se sobre os aspectos metodológicos das investigações.
 Referiremos, para além de possíveis problemas de medida:
O princípio de correspondência
 As componentes preditivas do comportamento (atitude ou crença, ou intenção...) e o
comportamento previsto deveriam medir-se a níveis correspondentes de
especificidade.
 Para se aplicar este princípio é necessário precisar os níveis de correspondência
atitude-comportamento por meio de quatro marcadores:
 Uma acção  fumar
 Um alvo  fumar cigarros
 Uma situação  em locais públicos
 E o tempo  nos próximos três meses.
 Quanto mais os quatro marcadores da medida de atitude são parecidos com os
marcadores do comportamento, tanto mais a relação atitude-comportamento será
importante
O princípio de agregação dos comportamentos
 O estudo de LaPiere testou um acto em relação com uma atitude.
 Fishbein e Ajzen
 Efectuaram um estudo relacionando atitudes religiosas com os comportamentos,
para demonstrar que a construção de um índice comportamental compósito pode
aumentar a correlação atitude-comportamento
 Uma das razões para a inclusão de um leque amplo de comportamentos é que o
comportamento é complexo e multideterminado.
 Os factores situacionais também podem influenciar o comportamento.
O princípio do comportamento prototípico
 Há objectos que desencadeiam mais facilmente uma reacção atitudinal que outros.
 Isso observa-se particularmente quando se está perante objectos representativos de uma
classe de objectos.
 Lord, Lepper e Mackie
 Puseram em evidência que as atitudes de estudantes em relação a pessoas
descritas como sendo homossexuais, só prediziam o seu comportamento em
relação aos homossexuais se eles se enquadravam no protótipo que o sujeito
tinha do homossexual típico.
 Quando um homossexual era diferente do protótipo, a relação atitude-
comportamento já não era consistente.
 Quando estamos perante a atitude a respeito de grupos, pode revestir-se de interesse
examinar- se preliminarmente a representação que a amostra tem do alvo.

Modelos teóricos de predicção do comportamento


 É possível que hajam factores que se possam opor ao comportamento implicado por uma atitude
(não dar dinheiro a uma instituição, pode ser pelas necessidades prioritárias não permitirem e nada
tem a ver com a instituição)
 Abordagem das variáveis moderadoras
12 Célia Silva
Representa uma variável que influencia a direcção ou a intensidade da relação entre uma
variável preditora, ou independente, e uma variável critério, ou dependente,
Trata-se pois de uma técnica variável que age sobre a correlação simples entre outras duas
variáveis.
 Um factor que contribui para aumentar a consistência atitude-comportamento é a experiência
directa da pessoa com o objecto da atitude.
 Tem sido sugerido que a ligação entre comportamentos e atitudes formada mediante experiência
directa é mais forte porque tais atitudes são mantidas com mais clareza, confiança e certeza
 Outro factor que afecta a consistência atitude-comportamento é a pertinência pessoal.
Se uma pessoa tem um direito adquirido numa questão aumenta a relação entre atitude-
comportamento.
Um direito adquirido significa que os acontecimentos em questão terão um forte efeito na
própria vida da pessoa.
 A relação entre atitude e comportamento também depende do modo como se espera que nos
comportemos em determinadas situações.
Kiesler
 Assinala que se espera que uma pessoa não expresse sentimentos negativos acerca
das outras directamente
 É difícil que os sujeitos admitam que têm atitudes negativas em relação a outros
sujeitos nas experiências.
 As diferenças individuais também podem ser importantes, pois:
Algumas pessoas estão naturalmente mais dispostas que outras a expressar consistência
entre as suas atitudes e comportamentos.
Norman
 Verificou que os sujeitos com alta "consistência afectivo - "cognitiva", isto é, o
acordo entre os seus sentimentos e as suas atitudes expressas, eram mais susceptíveis
de agir de acordo com as suas atitudes que os sujeitos cujos sentimentos e crenças
estavam em conflito.
 Uma variável que tem sido muito estudada em psicologia é o locus de controlo
No campo da relação atitude-comportamento, Saltzer 1981, mostrou claramente a
importância desta variável para obter boas predições.
 Outro factor de personalidade que pode afectar a consistência atitude-comportamento é a auto
vigilância:
Capacidade de auto-observação e de auto controlo dos comportamentos verbais e não
verbais em função de índices situacionais
Dado que os sujeitos com auto vigilância elevada são pragmáticos, indo de uma situação
para outra como um camaleão, e que os sujeitos com auto vigilância baixa guiam o seu
comportamento a partir dos seus valores, atitudes e convicções pessoais, resulta que a
consistência atitude-comportamento é maior nos sujeitos com auto vigilância baixa.
 A auto consciência contribui para o processo de regulação do comportamento na medida em que
a pessoa centra a sua atenção em certos aspectos salientes de si próprias.
 Teoria da acção reflectida e do comportamento planificado.
Fishbein e Ajzen
 Desenvolveram uma teoria da acção reflectida que mais tarde foi denominada de teoria
do comportamento planificado por Ajzen (1985).
 A teoria da acção reflectida descreve as relações entre crenças, atitudes e
comportamento
 As crenças influenciam:
 Atitudes em relação a um comportamento particular,
 Normas subjectivas
 Estes componentes influenciam as intenções comportamentais que, por sua vez,
influenciam o comportamento.
 A atitude de uma pessoa em relação a um comportamento é determinada pelas crenças
de que realizando, o comportamento, isso leva a resultados desejáveis ou indesejáveis.
 As normas subjectivas envolvem:
 Crenças acerca de comportamentos normativos (isto é, que são esperadas pelos
outros)
 Motivação de uma pessoa para condescender com expectativas normativas.
A atitude tem de se traduzir em intenção para exercer um comportamento.
13 Célia Silva
Certas variáveis exteriores ao modelo podem também influenciar a intenção
comportamental, mas de modo indirecto, por meio de outras componentes do modelo.
Esta aptidão dos factores preditores endógenos do modelo em mediatizar os efeitos de
variáveis externas constitui o postulado de suficiência.
Entre estas variáveis externas encontram-se traços de personalidade, dados sócio-
demográfico, etc
Diversos estudos têm vindo em apoio da teoria da acção reflectida em que a intenção
comportamental era determinada só pela atitude e pela norma subjectiva.
Apesar de certas dificuldades deste modelo, tem havido um consenso quanto à robustez
da teoria da acção reflectida para predizer o comportamento voluntário.
Ajzen (1985)
 Propôs a teoria do comportamento planificado que acrescenta uma variável preditora
ao modelo da acção reflectida.
 Este factor denominado de controlo comportamental percepcionado é
determinado pelas experiências passadas de uma pessoa e pelas crenças sobre como é
susceptível de ser fácil ou difícil a realização do comportamento.
 Mostra que a teoria da acção planificada prevê intenções comportamentais melhor
que a teoria da acção reflectida, isto é, o controlo comportamental percepcionado
acrescenta à predição das intenções comportamentais além dos efeitos de atitudes e
das normas subjectivas.
 A psicologia social contemporânea aborda o construto atitude como um fenómeno individual.
 As atitudes têm sido sobretudo conceptualizadas como estados internos cognitivos e afectivos, ou
como intenções comportamentais e predisposições.
 As atitudes originam e emergem da vida social mediante as interacções quotidianas e as
comunicações com as outras pessoas.
 As atitudes são amplamente partilhadas fornecendo significação cultural para a vida quotidiana.

Aplicação: atitudes politicas e comportamento


 Um grupo de referência é um grupo para onde as pessoas se orientam, recorrendo aos seus padrões
para efectuarem julgamentos sobre elas próprias e sobre o mundo.
 Theodore Newcomb
Ilustra a mudança de atitudes políticas de estudantes universitários de conservadorismo,
aquando da entrada na faculdade, para o liberalismo quando concluíram a licenciatura.

Resumo
 Tradicionalmente, as atitudes têm sido definidas como envolvendo crenças, sentimentos e
disposições a agir.
 Mais recentemente, os teóricos parecem estar a mover-se para uma concepção das atitudes como
avaliações, avaliações estas que se relacionam de modo complexo com crenças, sentimentos e
acções.
 As atitudes ajudam-nos a definir grupos sociais, a estabelecer as nossas identidades e a guiar o
nosso pensamento e comportamento.
As atitudes formam-se através da aprendizagem e são influenciadas pelas pessoas (ou
grupos) significativas da vida de uma pessoa.
 Para dar conta das numerosas variáveis, para além da atitude, que podem influenciar, o
comportamento foram propostos modelos teóricos.
O modelo mais influente da relação atitude-comportamento é o da teoria da acção
reflectida, posteriormente denominado de teoria do comportamento planificado.
 Para o modelo da acção reflectida, o determinante mais imediato do comportamento
é a intenção ou o desejo de agir.
 Por seu lado, a intenção é determinada pela atitude e pelas normas subjectivas.
Para o modelo do comportamento planificado o factor de controlo comportamental
percepcionado é acrescentado a atitude e à norma subjectiva.
 Pressupõe-se que este modelo tem uma eficácia de predição superior em situações em
que o comportamento só esteja tenuemente sob controlo voluntário.

V – REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
14 Célia Silva
1 – INTRODUÇÃO

 Uma das mudanças com maior impacto na vida quotidiana foi o papel cada vez mais importante
assumido pelos meios de comunicação de massa na criação e difusão de informações e de modos de
pensar, de sentir e de agir
 Tarde
Apreendeu a importância da comunicação para reproduzir e transformar as sociedades
humanas, tendo então proposto que a Psicologia Social se ocupasse antes de mais do
estudo comparativo das conversações.
O material base foram conversas gravadas.
 Após esta proposta de Tarde, as sociedades humanas evoluíram
 Uma das mudanças com maior impacto na vida quotidiana foi o papel cada vez mais importante
assumido pelos meios de comunicação de massa na criação e difusão de informação e de modos de
pensar, de sentir e de agir.

 Serge Moscovici
Caracterizou a nossa época como sendo a era por excelência das representações sociais
Mostrou várias semelhanças entre as características do pensamento adulto e do
pensamento infantil.
Efectivamente, quer no pensamento infantil quer no pensamento adulto, há intervenção de
dois sistemas cognitivos que originam as suas características partilhadas:
 "vemos em acção dois sistemas cognitivos, um que procede por associações, inclusões,
discriminações, deduções, isto é, o sistema operatório, e o outro que controla, verifica,
selecciona com ajuda de regras, sejam ela lógicas ou não; trata-se de uma espécie de
meta-sistema que trabalha de novo a matéria produzida pelo primeiro " - Moscovici
(1976).

2 – ORIGENS

 O conceito de representação social resulta do empréstimo pelo vocabulário filosófico do termo


representação.
 O conceito de representação social inscreve-se numa tradição europeia e sociológica, ao invés da
grande maioria dos conceitos de psicologia social que são de origem anglo-saxónica e procedem
da psicologia geral.
 Durkheim
Falara de "representações colectivas" e, em 1898, de "representações sociais",
esforçando-se por distingui-las das"representações individuais
As representações emanam das relações que se estabelecem entre os indivíduos assim
combinados ou entre grupos secundários, que se intercalam entre o indivíduo e a
sociedade total
 Davy
Condensava bem a óptica durkheimiana quando escrevia:"não nos podemos contentar de
postularuma natureza humana formada de um certo número de sentimentos imutáveis e
fundamentais, é necessário explicá-la, ela própria, e explicá-la em função do meio social a
que se adapta constituir, do ponto de vista sociológico, uma psicologia dos sentimentos e
uma psicologia do conhecimento"
 Moscovici
Consagrou um estudo fecundíssimo às representações sociais da psicanálise, e aplicou em
cernar o conceito de representação social.
Foi a partir desta investigação que se afirmou em França uma corrente de estudo sobre as
representações sociais.
 Herzlich
"a psicologia, sabe-se, foi durante muito tempo dominada pela corrente behaviourista. Na
tradição watsoniana da ligação estimulo-resposta, só os comportamentos manifestos,
directamente observáveis, tais como as respostas motoras ou verbais, podiam ser objecto
de estudo. As respostas latentes ou implícitas, tais como as actividades cognitivas, eram
15 Célia Silva
negligenciadas. Em psicologia social, a adjunção do termo social, quer à classe dos
estímulos, quer à classe das respostas, pouco modificava a problemática".
 O interaccionismo simbólico, tendo por origem os trabalhos de Mead - corrente teórica que se
desenvolveu em psicologia social em concorrência com a tradição behaviourista - poderia ter
constituído um terreno mais favorável aos estudos da representação social.
 O conceito de representação social aparece em sociologia onde sofre um longo eclipse.
 Todavia, a sua teoria vai esboçar-se em psicologia social, tendo efectuado uma incursão pela
psicologia da criança (Piaget 1926) e na psicanálise.

3 – NOÇÃO

 A noçao de representação social situa-se efectivamente numa encruzilhada com múltiplos acessos
e com 2 consequências principais:
Pode acontecer que autores que se inscrevem em campos disciplinares diferentes se
encontrem na mesma encruzilhada
Designa um vasto número de fenómenos e de processos

 Moscovici
"Sociedade pensante"  trabalho de construção, mediante trocas e interacções, de ponto
de vista e de saberes, partilhados e distribuídos segundo as fronteiras incertas dos grupos
sociais.
Uma representação social define-se como “a elaboração de um objecto social por uma
comunidade”
 Jodelet (1989)
O conceito de representação social designa "uma forma de conhecimento socialmente
elaborado e partilhado, com uma orientação prática e concorrendo para a construção de
uma realidade comum a um conjunto social".
Para acolher a “sociedade pensante” foram construídas 2 representações: uma moral e
outra biológica
 Como fenómenos, as representações sociais apresentam-se em formas variadas, mais ou menos
complexas: imagens, sistemas de referência, categorias, teorias.
 Os principais aspectos a ter em conta na noção de representação social são os seguintes:
Referência a um objecto. A representação para ser social, é sempre uma representação de
algo.
Resultam de uma actividade construtora da realidade e de uma actividade expressiva.
Adquirem a forma de modelos que se sobrepõem aos objectos, tornando-os visíveis, e
implicam elementos linguísticos, comportamentais ou materiais.
São uma forma de conhecimento prático que nos levam a interrogar-nos sobre os
determinantes sociais da sua génese e da sua função social na interacção social da vida
quotidiana.
 Esta forma de conhecimento permite a apreensão pelos sujeitos sociais dos acontecimentos da
vida corrente, das informações veiculadas, das pessoas do nosso meio próximo ou longínquo 
Trata-se do conhecimento do senso comum em oposição ao conhecimento científico
 Como forma de conhecimento, a representação social implica a actividade de reprodução das
características de um objecto.
 Esta representação não é, porém, o reflexo puro e fiel do objecto, mas uma verdadeira construção
mental
 Moscovici
As imagens são sensações mentais, impressoes que as pessoas e os objectos deixam no
cérebro  reprodução, reflexo, fenómeno passivo
As representações sociais são um fenómeno activo, fazem referência a um objecto, são
um conhecimento prático
 Opinião  Resposta manifesta, sendo o único elemento observável do sistema
 A atitude  Resposta antecipada (preparação para a acção)
 Representação social  Na medida em que é um processo de construção do real, age
simultaneamente sobre o estímulo e a resposta.
 O preconceito está intimamente ligado à atitude tendendo mesmo a confundir-se com ela.
 As noções de estereótipos e de preconceito, na medida em que se aproximam das noções de opinião
e de atitude, respectivamente, são por conseguinte, também diferentes da representação social.
16 Célia Silva
Resumindo:
 Se todos estes "objectos parciais" estão integrados nas representações sociais, estas não são
consideradas "como opiniões sobre" ou "imagens de", mas "teorias", "ciências colectivas"
sui generis, destinadas à interpretação e à leitura do real (Moscovici).
 Contudo, para o psicólogo social, a representação actualiza-se "numa organização psicológica
particular e preenche uma função específica" (Herzlich)
 A representação social desempenha um papel na formação das condutas sociais e das
comunicações, na medida, em que é através dela que o grupo apreende o seu meio.

4 – REPRESENTAÇÕES E COMUNICAÇÃO SOCIAL

 A comunicação social desempenha um papel fundamental nas trocas e interacções quotidianas.


 Moscovici
Examinou a incidência da comunicação a três níveis:
 1ª  Ao nível das dimensões das representações que se referem à construção do
comportamento: opinião, atitude e estereótipos em que há intervenção dos sistemas
de comunicação social
 Distingue três grandes sistemas de comunicação cuja importância
relativa varia segundo o momento histórico e os grupos sociais:
 Difusão  é o sistema de comunicação de massas mais espalhada
na nossa sociedade, não tem a finalidade deliberada reforçar ou
convencer. A difusão produziria sobretudo opiniões sobre a
psicanálise
 Propagação  recorre a mensagens que visam um grupo
particular, com objectos e valores específicos, com uma visão do
mundo bem organizada. A finalidade é a integração de uma
informação nova num sistema de raciocínio e de julgamento já
existente. A propagação trabalha ao nível das atitudes
 Propaganda  desenvolve-se num clima social conflituoso,
podendo oscilar entre o simples proselitismo e a conquista
violenta. A propaganda contribui para a afirmação e reforço da
identidade do grupo. Tem uma função reguladora e organizadora.
Incita igualmente os seus receptores a um determinado
comportamento. A propaganda ao nível dos estereótipos
 2ª  Ao nível da emergência das representações cujas condições afectam os
aspectos cognitivos.
 Há três condições que afectam a formação das representações sociais, as
duas primeiras referindo-se à acessibilidade do objecto:
 Dispersão da informação sobre o objecto da representação. A
dificuldade de acesso à informação vai favorecer a transmissão
indirecta dos saberes e por conseguinte numerosas distorções.
 A posição específica do grupo social em relação ao objecto da
representação. Esta posição vai determinar um interesse
particular por certos aspectos do objecto e um desinteresse
relativo por outros aspectos. Este fenómeno de focalização vai
impedir que os indivíduos tenham uma visão global do objecto.
 Necessidade que sentem os indivíduos de desenvolver
comportamentos e discursos coerentes a propósito de um objecto
que conhecem mal. É o fenómeno da pressão à inferência que
favorecia a adesão dos indivíduos às opiniões dominantes do
grupo.
 Estas três condições seriam necessárias para a emergência de uma
representação social. Trata-se de elementos que vão diferenciar o
pensamento natural nas operações, na lógica e no estilo.
 3ª  Ao nível dos processos de formação das representações, a objectivação e a
ancoragem. Estes processos dão conta da interdependência entre actividade
cognitiva e condições sociais.
17 Célia Silva
5 – ANÁLISE PSICOSSOCIOLÓGICA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL

 As condições sociais em que nos locomovemos determinam não só o que pensamos, mas também,
como pensamos
 Há um acordo em abordar a representação social como o produto e o processo de uma elaboração
psicológica e social do real
 Jodelet
"processos e produtos são indissociáveis, só se pode descobrir a obra nos seus efeitos,
estudar os mecanismos na base da sua produção".

A representação-produto
 Moscovici
Considera cada universo de representações sobre três aspectos:
 Informação
 Diz respeito à soma e organização dos conhecimentos sobre o objecto de
representação.
 A sua apreciação supõe que se relacione o discurso do sujeito com os
caracteres objectivos do objecto
 Atitude
 Exprime a orientação global, positiva ou negativa, em relação ao objecto da
representação.
 A função reguladora é sem dúvida mais importante que a energética.
 Aparece como uma espécie de reacção secundária tendo por função orientar
(por antecipação ou comparação) o comportamento através das estimulações
no meio físico e social.
 Não só orienta o comportamento como regula as trocas com o meio.
 Pode-se considerar o estímulo e a resposta de um sujeito como uma troca,
sendo a atitude o sistema que regula esta troca.
 É reguladora e energética, supondo uma estruturação dos estímulos e das
respostas.
 Campo de representações
 Designa o "conteúdo concreto e limitado das proposições sobre um
aspecto preciso do objecto de representação"
 Remete-nos para a construção significante que é feita do objecto
integrando e interpretando as informações de que o sujeito dispõe - com a
ideia de uma organização ou de uma hierarquia de elementos.
 Gilly
 Relembra que é a propósito do campo de representação que
operacionalmente se encontram maiores dificuldades.
 Se é relativamente fácil apreciar a atitude e a informação "é, pelo
contrário, sempre difícil chegar a um bom conhecimento do
campo. Este último só pode ser apreendido de modo parcial
através dos instrumentos propostos pelo psicólogo destinatário das
respostas construídas".
 Estes três elementos constitutivos da representação social denotam a seu conteúdo e sentido.
 A sua análise torna possível um estudo comparativo dos grupos segundo a homogeneidade ou
heterogeneidade do conteúdo e da estruturação da representação.

A representação-processo
 Moscovici
Põe em evidência dois processos fundamentais que deixam transparecer o modo como o
social transforma um conhecimento em representação e como esta representação
transforma o social, a propósito do estudo de uma teoria científica, a Psicanálise.
Estes dois processos, a objectivação e a ancoragem, mostram a interdependência entre a
actividade psicológica e as condições sociais.
Objectivação
 É o mecanismo que permite concretizar o abstracto
18 Célia Silva
 A objectivação reduz a incerteza perante objectos por meio do recurso a uma
transformação simbólica e imagética
 Jodelet (1983)
 A objectivação pode assim definir-se como uma operação imagética e
estruturante."
 Este processo pode subdividir-se em três fases no caso de um objecto complexo
como uma teoria:
 A selecção e descontextualização
 Dos elementos da teoria constitui a primeira fase que vai da
"teoria à sua imagem".
 Procura-se dar um carácter concreto, imagético, mais facilmente
acessível, a noções mais abstractas.
 A selecção é necessária, pois para o produto da representação se
tornar funcional deve limitar-se a alguns elementos acessíveis.
 O fenómeno de descontextualização aparece sobretudo na
transformação das ideias científicas em conhecimento quotidiano.

 "Esquema figurativo"
 É o núcleo organizador da representação.
 O esquema figurativo forja uma imagem visual de uma
organização abstracta, captando a essência do conceito, da
teoria, ou da ideia que se trata de objectivar.
 A naturalização
 É a operação pela qual os conceitos se movem "em verdadeiras
categorias de linguagem e entendimento - categorias sociais
certamente - próprias para ordenar os acontecimentos concretos e
serem abafados por eles" (Moscovici)
 A representação da realidade torna-se realidade da representação
 A tendência à objectivação posta em evidência a propósito de uma teoria
científica, é caracterizada pela selecção, esquematização e naturalização, e é
susceptível de generalização a toda a representação.
 Foram recentemente avançadas três propostas mais precisas e menos
descritivas para a análise mais minuciosa do processo de objectivação:
 1º  Sugere que o estudo das representações sociais se interesse pela
análise dos discursos sem relação com atitudes socialmente partilhadas.
 2º  Põe a ênfase na metaforização, dispositivo específico de
objectivação de objectos estranhos.
 3º  Diz respeito à possível generalidade de um efeito específico de
objectivação, a personificação.
Ancoragem
 Traduz a intervenção da representação no social.
 Permite transformar o que é estranho em algo familiar.
 Incorpora o que é estranho mediante a inserção numa rede de categorias e de
redes pré-existentes.
 O processo de ancoragem não se limita ao conteúdo, mas engloba as actividades
cognitivas de reconstrução e de remodelação, em três direcções:
 Utilidade
 Significação
 Integração cognitiva
 Articula as 3 funções base da representação:
 Função de orientação das condutas e das relações sociais
 A ancoragem como instrumentalização, permite pois
compreender como os elementos da representação não só
exprimem relações sociais, como contribuem para as constituir.
 Função de interpretação da realidade
 Constitui-se assim uma "rede de significações" a partir dos
valores salientes na sociedade e nos seus diversos grupos.
 Função cognitiva de integração da novidade
 A ancoragem refere-se também à integração cognitivas do objecto
19 Célia Silva
representado no sistema de pensamento pré-existente e às
transformações que daí resultam.
 Jodelet
 A ancoragem e a objectivação que são processos básicos no
engendramento e funcionamento das representações sociais têm uma
relação "dialéctica"
 Combinam-se para tornar inteligível a realidade.
 Moscovici
 Emite a hipótese de que modalidades distintas de conhecimento
coexistem num mesmo indivíduo ou num mesmo grupo, correspondendo
a relações definidas do homem ou do grupo com o seu meio.
 Esta coexistência dinâmica determina um estado de "polifasia cognitiva".
 Este fenómeno relaciona-se com o contacto entre o carácter criador,
autónomo da representação social e os quadros de pensamentos antigos.

6 – ÁREAS DE INVESTIGAÇÃO

 Quando o investigador se debruça sobre o conjunto dos trabalhos efectuados no campo da teoria
das representações sociais, verifica-se uma grande diversidade dos objectos estudados.
 Jodelet
Esta autora, distingue três áreas de investigação sobre as representações sociais:
 Uma área que se relaciona especificamente com a difusão dos conhecimentos e
com a vulgarização cientifica no campo social, ou no campo educativo. Esta área
tende para a autonomia nos problemas e métodos.
 Uma área que integra a noção de representação social como variável
intermediária ou independente no tratamento, a maior parte das vezes
experimental em laboratório, de questões clássicas de psicologia social.
 Uma área mais ampla, em que as representações sociais são apreendidas em
contexto sociais reais ou grupos circunscritos na estrutura social, mediante
formação discursivas diversas.
 Entre estas três áreas há pontos de convergência e de divergência:
 Jodelet
 pertinência,
 estrutura
 processos de constituição Convergência
 funções.

7 – VARIAÇÕES SOBRE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Representações sociais e educação


 Gilly (1989)
O interesse fulcral desta noção no processo educativo é o de nos chamar a atenção para o
papel de “conjuntos organizados de significações sociais”
A investigação nesta área contribui para o estudo da construção e da função das
representações sociais
 Existem dois tipos de trabalhos sobre representações sociais e educação:
Estudos focalizados em instituições, na escola, nos seus agentes
Estudos que abordam representações recíprocas professor-aluno.
 O contexto teórico da representação social aplicado à escola não pode ser evocado de modo
independente de outras constelações de representações sociais, muito em particular as relativas
ao mundo do trabalho.
 Todavia, as representações sociais podem contribuir para a compreensão dos fenómenos
estudados num horizonte mais vasto de significações sociais com que estão em
interdependência.

Estudo experimental das representações sociais: a teoria do núcleo central


20 Célia Silva
 Teoria do núcleo central (Abric, 1987)
Esta teoria articula-se à volta da hipótese geral de que toda a representação está
organizada à volta de um núcleo central.
Este núcleo é o elemento que determina a significação e a organização da representação.
O núcleo central de uma organização tem duas funções principais:
 Função geradora
 Cria ou transforma a significação dos outros elementos da
representação,
 Função organizadora
 Na medida em que depende deste núcleo a natureza dos laços que unem
os elementos da representação.
O núcleo central mais estável da representação, é o que resiste mais à mudança.
Uma representação transforma-se de modo radical quando o núcleo central é posto em
causa e de modo superficial quando há uma mudança do sentido ou da natureza dos
elementos periféricos.
O núcleo central de uma representação social é constituído por dois tipos de elementos,
normativos e funcionais, e os elementos do núcleo central estão hierarquizados.

Representações sociais da emigração


 A realidade do fenómeno migratório assume por essência contornos muito movediços.
 Uma análise deste real efectuado hoje pode já não ser verdadeira no dia seguinte.
 Qualquer que seja o elemento constitutivo da representação da emigração que se considere,
encontramos no seu seio dimensões em que se encontra uma certa estabilidade temporal e outras
que mudaram, embora em graus diversos
 Parece haver uma maior valorização do fenómeno migratório nas representações sociais da migração
em 1987 que em 1982
Existem 3 aspectos que ilustram isto:
 Atitude
 Processo adaptativo
 Projecto migratório

VI – PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO
 As atitudes indicam-nos o modo como pensamos e sentimos em relação a pessoas, objectos e
questões do meio circundante.
 Podem, também, permitir prever como agiremos em contacto com os alvos das nossas crenças.
 O conceito de atitude está relacionada com graves questões sociais como são os problemas de
preconceito e de discriminação.

2 – DEFINIÇÕES: PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E GRUPOS MINORITÁRIOS

 Preconceito
Pode ser definido como uma atitude favorável ou desfavorável em relação a membros de
algum grupo
Baseada, sobretudo, no facto da pertença a esse grupo e não necessariamente em
características particulares de membros individuais.
Os termos endogrupo e exogrupo são úteis para se tratar do preconceito
 Endogrupo
 Composto pelos sujeitos que uma pessoa categorizou como membros do
seu próprio grupo de pertença e com quem tem tendência a identificar-se.
 Exogrupo
 É composto por todos os sujeitos que uma pessoa categorizou como
membros de um grupo de pertença diferente do seu e com quem tem
tendência a identificar-se.
Estes grupos psicológicos definidos em função dos termos "nós" e "eles" são o produto
de um dos processos mais fundamentais do ser humano, a categorização  permite-nos
classificar e ordenar o nosso meio físico e social
Origina comportamentos e acções que podem ter sérias implicações não só na vida
21 Célia Silva
quotidiana como no bem-estar da sociedade.
O facto de se definir preconceito como um tipo especial de atitude tem pelo menos duas
implicações:
 1ª - Pode ser negativo ou positivo
 2ª - Podemos vê-lo como tendo três componentes principais:
 Afectivo  sentimentos preconceituados experienciadas
 Cognitivo  crenças e expectativas acerca dos membros desses grupos
 Comportamental  tendência a agir em relação a esses grupos

Caso essas intenções se concretizem em acções, estamos então perante a discriminação

 Discriminação
É a manifestação comportamental do preconceito
O preconceito nem sempre leva à discriminação, a discriminação nem sempre leva ao
preconceito (podemos não dar guarida a um estrangeiro devido a pressões sociais, mas nada
termos contra ele, pessoalmente)
O comportamento discriminatório pode assumir diferentes formas:
 Nível moderado  pode implicar evitamento,
 Nível acentuado  pode levar a excluir de empregos, de escolas, de alojamentos.
 Nível extremo  revestir-se de agressão contra os alvos do preconceito.
 Allport (1954)
Apresentou um modelo das expressões da passagem ao acto do preconceito com cinco
fases:
 1ª - Anti locução
 Conversa hostil e difamação verbal, propaganda racista
 2ª - Evitamento
 Manter o grupo étnico separado do grupo dominante na sociedade
 3ª - Discriminação
 Excluído de direitos civis
 4ª - Ataque físico
 Violência contra pessoas e propriedades,
 5ª - Extermínio
 Violência indiscriminada contra todo um grupo de pessoas (nazis)
 Grupo minoritário
A pertença a um grupo minoritário envolve mais um estado de espírito do que
características numéricas
O que distinguem um grupo minoritário de um maioritário é precisamente o poder relativo
exercido pelos dois grupos
Wagley e Harris - para eles as minorias:
 São sectores subordinados de uma sociedade,
 Possuem traços físicos e culturais que são pouco apreciados pelos grupos
dominantes,
 Estão conscientes do seu estatuto minoritário,
 Tendem a transmitir normas que encorajam a afiliação
 Casamento com membros do mesmo grupo.

3 - ALGUMAS CATEGORIAS DE PRECONCEITOS E DE DISCRIMINAÇÃO

 Existem quatro formas de intolerância:


Racismo
 Intolerância com base na cor da pele ou na herança étnica,
Sexismo
 Intolerância com base no sexo,
Heterossexismo
 Intolerância com base na orientação sexual
Idadismo
 Intolerância com base na idade.

22 Célia Silva
Racismo
 O racismo é "qualquer atitude, acção ou estrutura institucional que subordina uma pessoa
por causa da sua cor ".
 É a forma de preconceito mais estudada.
 A noção de raça tem a sua origem na biologia e designa uma espécie geneticamente distinta de
outras (Osborne, 1971).
 A discriminação com base na cor da pele torna-se pois uma distinção arbitária e confusa (negros +
claros, tendem a discriminar negros + escuros)
 Muitas vezes estas distinções têm mais a ver com distinções étnicas que sociais.

 Grupo étnico
Conjunto de pessoas que têm antepassados comuns pertencentes a uma mesma cultura e
sentimentos comuns de identificação a um grupo distinto.
 O preconceito com base em distinções étnicas denomina-se etnocentrismo:
Quando as pessoas acreditam que o seu grupo étnico é superior aos outros grupos
 O único tipo de preconceito que rivaliza com o racismo, é o sexismo

Sexismo
 Preconceito e discriminação com base no género
 A investigação sobre sexismo é importante pelo menos por dois motivos:
Ensina-nos algo sobre os mecanismos psicossociais associados ao preconceito geral
Trata-se de uma forma de preconceito que pode afectar um em cada dois seres humanos
 Exemplos de sexismo: oportunidades desiguais na educação, salários diferentes para a mesma
função, etc
 Face-ismo
Diferença da ênfase que a nossa cultura coloca na vida mental para os homens e na
aparência física para as mulheres. (Archer e outros (1983)

Heterossexismo
 É um sistema de crenças culturais, de valores e de hábitos que exalta a heterossexualidade e
critica e estigmatiza qualquer forma não heterossexual de comportamento ou identidade (Bem
1993; Herek 1991).
Idadismo
 Uma maior proporção de pessoas idosas numa sociedade pode suscitar vários problemas
relacionados com o apoio económico, com a saúde, bem como com os papéis na família e na
sociedade.
 Poderá acontecer que as pessoas idosas constituam um peso desproporcionado em relação à força
de trabalho dos mais jovens o que poderá ter como consequência uma competição pelos recursos
entre as necessidades dos idosos e dos jovens.
 Contudo, a forma como os jovens veêm os idosos (eles próprios o serão um dia), varia de sociedade
em sociedade

4 - A FACE MUTANTE DO PRECONCEITO


 Os actos abertamente racistas são relativamente raros.
 Todavia novas formas subtis de racismo, sexismo, heterossexismo e idadismo continuam a surgir e,
porventura, a aumentar.
 Nas sociedades actuais, o racismo é camuflado, sendo mais subtilmente expressado
 Teoria da ambivalência-amplificação
Brancos possuem sentimentos positivos em relação aos negros, mas misturados com
sentimentos negativos. Eles alteram-se consoante as circunstâncias
 Racismo regressivo
Os brancos partilham actualmente uma forma mais igualitária com os negros, que tem
tendência a regredir em situações de stress (voltando a ser discriminatória)
 Racismo aversivo
Brancos escondem o racismo a eles próprios e a pessoas com boas intenções. Os
verdadeiros sentimentos apenas se exprimem quando não podem ser imputados a racismo
(recusar um emprego a um negro, invocando falta de experiência)
 Existem várias formas de detectar o racismo numa investigação:
Bogus pipeline
23 Célia Silva
 É uma máquina que, através da indução de registar os verdadeiros sentimentos,
capta as reais intenções dos investigados
Tempo de reacção
 Pode ser utilizado para evidenciar preconceitos escondidos, devido à pronta-
resposta

5 - GÉNESE DO PRECONCEITO E DA DISCRIMINAÇÃO


 A compreensão da génese do preconceito e da discriminação é necessária para se poderem
utilizar técnicas que permitam erradicá-los.

Abordagens históricas
 Analisar o contexto histórico dos conflitos
E.U.A.  escravatura
África do Sul  Apartheid
Irlanda do Norte  Sectarismo religioso
Profissões de homens e não de mulheres (camionista)
 Factores económicos.
O preconceito da raça pode ser uma máscara para intenções de exploração

Abordagens sócio-culturais
 Aumento de urbanização (estrangeiros podem ser responsabilizados pela propagação de
determinadas doenças)
 Aumento da densidade populacional
 Mobilidade de certos grupos
 Competição para empregos entre membros de diversos grupos
 Mudanças no papel e função da família.

Abordagens situacionais
 As abordagens da situação examinam os factores do meio imediato da pessoa que causam o
preconceito
 O conformismo tem uma forte influência no preconceito (as pessoas fazem-no para obterem
aceitação social)
 O preconceito nas crianças forma-se através da modelagem e do reforço directo
 Em relação ao preconceitos com os negros, a região demográfica (Sul = + preconceituoso que o
Norte), a idade (velhos = + preconceituosos) e o nível de instrução (menor nível de instrução = +
preconceituosos) têm bastante influência.

Abordagens psicodinâmicas
 Acentuam que o preconceito resulta dos próprios conflitos e desadaptações da pessoa. Trata-
se de teorias fundamentalmente psicológicas, que contrastam com as abordagens anteriores
 Segundo estas teorias, para se modificar o preconceito e a discriminação devemos focalizar-nos
na pessoa com preconceito.
 Existem dois tipos de explicação:
O preconceito é visto como enraizado na condição humana (semelhanças)
Resulta de um tipo de personalidade (diferenças)
Ambas as explicações partilham todavia uma característica comum: são exemplos do que
Pettigrew (1959) chama de externalização:
 Um indivíduo trata com os seus problemas e conflitos pela descarga ou
projecção noutros indivíduos ou grupos de pessoas  as pessoas acreditam que a
causa lhes é externa
 Frustração e agressão
John Dollard, Leonard Dood e seus colaboradores
 Sustentaram que o preconceito é uma forma de agressão, e que resulta da
frustração
 Esta interpretação é conhecida como a hipótese do bode expiatório do
preconceito em que membros de grupos minoritários são vítimas inocentes de
agressão deslocada de grupos maioritários (Ex.: imigrantes serem a causa de
desemprego e insegurança no país)
24 Célia Silva
Ao avaliarem as teorias de frustração, Feshbach e Singer (1957) distinguem:
 Ameaças partilhadas
 Possibilidade de haver um ciclone tem como efeito juntar as pessoas
(diminui o preconceito contra os negros)
 Ameaças pessoais
 A perca de um emprego, tem um efeito de escalada no preconceito, tal
como a teoria da frustração prediria.
 Diferenças de personalidade
Adorno e seus colaboradores:
 Escala Anti-semitismo
 Medir as atitudes em relação aos judeus.
 O anti-semitismo não é então mais do que uma manifestação de
etnocentrismo
 Escala F ("F" como facista)
 Mede as tendências anti-democráticas dos sujeitos (autoritarismo)
 Comporta nove componentes:
 Convencionalismo,
 Submissão autoritária,
 Agressão autoritária,
 Anti-intracepção,
 Superstição e estereotipia,
 Poder e dureza,
 Destrutividade e cinismo,
 Projecção,
 Atitudes sexuais puritanas.
 Em função dos dados recolhidos, os sujeitos foram repartidos em duas
categorias correspondentes a dois tipos de personalidade:
 A autoridade autoritária
 Indivíduo que recalcou as suas tendências individuais
 Tende a projectar sobre os outros as tendências que não
aceita para ele
 Está muito preocupado pela pureza da sua consciência
 Mostra uma intolerância rígida em relação aos outros
 Admira o poder e faz prova de uma dominação excessiva
sobre os fracos e de uma submissão exagerada aos fortes
 Rokeach chamou a atenção para a sub estimação do
autoritarismo. Defendeu que o autoritarismo pode estar
associado não só à extrema direita como à extrema esquerda.
São pessoas com "mentes fechadas". Elaborou uma escala de
dogmatismo - medir o autoritarismo em si.
 Hyman e Sheatsley  A personalidade autoritária é mais
suscep´tivel de existir entre as pessoas com menor nível de
instrução e com estatuto socio-económico mais baixo
 Pettigrew  valoriza o contexto cultural
 A anti-autoritária

Abordagens cognitivas
 Aspectos de como processamos informação podem estar na origem de preconceitos.
 Quatro espécies de informação podem ser utilizadas para desenvolver o preconceito:
Categorização social (CS)
 Os indivíduos dividem o mundo em duas categorias: "nós" (endogrupo) e "eles"
(exogrupo)
 A categorização social, para além de produzir o favoritismo do endogrupo, afecta
as nossas percepções e memória
 Park e Tothbart (1982)
 Os membros do endogrupo tendem a ver os membros do exogrupo como
sendo mais homogéneos e menos diferenciados que os membros do seu
próprio grupo.
 A categorização social acentua diferenças entre grupos e semelhanças dentro de
25 Célia Silva
grupos.
 Para certos autores, o viés do endogrupo apoiam indirectamente a auto-estima do
indivíduo criando uma identidade social positiva.
 A CS cdesempenha um papel na génese do preconceito
 O paradigma do "grupo mínimo" mostra que a categorização social é só por si
suficiente para suscitar discriminação social.
O poder dos estereótipos
 Estereótipo
 "imagens na cabeça" que temos acerca de membros de um grupo.
 Um dos objectivos fundamentais da Psicologia Social é a descoberta do modo
como as pessoas compreendem e reagem às outras no seu meio.
 Os estereótipos acerca de grupos sociais constituem um conjunto importante e
usual de expectativas acerca de outros.
 São um conjunto de crenças que se associam a grupos sociais (grupos étnicos,
sexuais e etários)
 Os estereótipos estão armazenados na memória a longo termo. (Stangor e Lange
1994)
 Entre as explicações avançadas para o desenvolvimento dos estereótipos refira-se a
homogeneidade do exogrupo  tendência para assumir que há maior semelhança
entre membros dentro de Exogrupo que dentro do endogrupo
 Tem sido sugerido que muitos casos os estereótipos surgem e mantêm-se
mediante a operação de correlação ilusória  consiste em percepcionar uma
relação que não existe realmente entre pertença a um grupo e o facto de possuir
certos traços inusitados.
 Os estereótipos são fundamentalmente esquema, e interpretamos e relembramos a
informação que confirma os nossos esquemas
 Outro fenómeno que favorece a estabilidade cognitiva dos estereótipos consiste
na profecia de auto- realização (somos simpáticos porque acreditamos que
determinada pessoa é simpática, o que faz com que essa pessoa aja, efectivamente, de
forma simpática)  Crer é ver
Atribuição
 Atribuição
 É o processo de explicar o comportamento
 Tentativas de explicação de acontecimentos surpreendentes ou negativos podem
ser distorcidos pelo pensamento estereotipado. Duas consequências importantes
são:
 Rotulagem enviesada
 Rótulo enviesado descreve o mesmo comportamento de modo
favorável para o endogrupo, e desfavorável para o exogrupo.
 Erro irrevogável da atribuição
 As pessoas com preconceitos têm tendência a cometerem este
erro, que é uma extensão do erro fundamental da atribuição.
 Quando as pessoas com preconceito vêem o alvo do preconceito a
executar uma acção negativa, tendem a atribui-la a traços estáveis
dos membros dos grupos minoritários:"lá nasceram assim".
 Todavia quando vêem a executar uma acção positiva, ela não é
atribuída a disposições internas
 Pettigrew
 Pessoas com preconceitos tratam das acções positivas do
exogrupo, de 4 formas:
 O caso excepcional  diferenciando-se o actor dos
outros membros dos grupos minoritários
 Vantagem especial ou sorte
 Os factores situacionais que estão fora de controlo
 Alta motivação para o sucesso e esforço
extraordinário
Crenças sociais
 As crenças são uma fonte importante de atitudes preconceituosas.
 Alguns preconceitos estão baseados em ideologias religiosas ou politicas.
26 Célia Silva
 O preconceito pode também apoiar-se em crenças de que o mundo é um lugar justo
 Lerner (1980)
 Notou que muitas pessoas acreditam nesse mundo justo e denominou este
fenómeno de crença num mundo justo  Quem sofre merece o seu
sofrimento
 As pessoas nos países mais pobres tendem a acreditar que o mundo não é um lugar
justo

Alvo de preconceito
 Preconceito e hostilidades intergrupais podem por vezes basear-se em características reais de grupo
 Reputação ganha

Quadro integrador de teorias


 Duckitt (1992)  quatro causas de preconceito:
São referidos processos psicológicos universais assentes na propensão inerentemente
humana para o preconceito.
Dinâmicas sociais e intergrupais descrevem as condições de contacto intergrupal que
elaboram esta propensão para padrões normativos de preconceito.
Os mecanismos de transmissão explicam como estas dinâmicas intergrupais e padrões
partilhados de preconceito são transmitidos socialmente a membros individuais destes
grupos.
Dimensões de diferenças individuais determinam susceptibilidade dos indivíduos ao
preconceito e por isso modulam o impacto dos mecanismos de transmissão social sobre os
indivíduos.

6 - CONSEQUÊNCIAS DO PRECONCEITO E DA DISCRIMINAÇÃO

Reacções das vítimas de preconceito


 Allport
Identificou mais de 15 consequências possíveis do facto de ser vítima de preconceito.
Dentre delas:
 Afastamento e passividade
 Militância
 Agressão contra o exogrupo e auto-aversão
Sugeriu que as reacções podem ser circunscritas a duas categorias:
 Defesas intra punitivas
 São as que implicam auto-culpabilidade  membros serão hostis ao seu
próprio grupo
 Defesas extra punitivas
 Colocam a culpa nos outros  membros manifestarão lealdade em relação ao
seu próprio grupo e agressividade em relação a outros grupos
 Tajfel e Turner (1979)
Avançam três tipos de respostas:
 As pessoas podem aceitar com passividade e resignação, muito embora com
ressentimento
 Podem tentar libertar-se e fazê-lo em sociedade
 Podem tentar acção colectiva e melhorar o estatuto do próprio grupo
 Taylor e McKirnon (1984)
Traçam modelo de 5 estádios, por forma a mostrar como os grupos tratam com o
preconceito e uma posição desvantajosa na sociedade:
 Relações grupais claramente estratificadas
 Emergência de uma ideologia individualista
 Mobilidade social individual
 Tomadas de consciência
 Relações intergrupais competitivas
 Auto complacência
Os indivíduos atribuem o seu sucesso a eles próprios e os seus fracassos a factores
externos.
27 Célia Silva
Contudo, também existe a situação em que membros do grupo preferem censurar-se a eles
próprios pelo fracasso, para evitar censurar outros membros do grupo
 A experiência de preconceito pode ter como resultado um aumento de auto- estima para os
membros dos grupos  A discriminação aumenta o sentimento de pertença ao grupo, podendo,
dessa forma, existir uma superioridade da minoria
 A discriminação é pois percepcionada como ameaçadora e em certas circunstâncias as pessoas
discriminadas podem agir contra o grupo dominante (Ex.: negros participantes em motins)

Consequências de racismo sobre racista


 As consequências do racismo não têm unicamente efeitos traumáticos sobre as vítimas do
preconceito e do comportamento racista.
 O racismo tem efeitos sobre todas as pessoas, sejam elas as vítimas, as perpetradoras ou muito
simplesmente os seus observadores.
 Dennis (1981)
Demonstra que a imersão de pessoas numa rede social racista torna difícil para qualquer
pessoa branca evitar a sua influência
 Terry (1981)
Defende que o racismo mina e distorce a autenticidade das pessoas brancas.
 Karp (1981)
Apoia-se numa perspectiva psicodinâmica, vendo o racismo como um mecanismo de defesa
para lidar com feridas do passado
Karp vê o racismo como um mecanismo de defesa para lidar com feridas do passado
(perspectiva psicodinâmica)
As consequências emocionais do racismo são pesadas: culpa, vergonha, bem como sentir-
se mal em ser branco.

7 - REDUÇÃO DO PRECONCEITO E DA DISCRIMINAÇÃO

Tomada de consciência

Tomada de consciência da pertença a um grupo minoritário


 Técnicas de tomadas de consciência são cada vez mais utilizadas por grupos de mulheres,
negros, idosos e migrantes.
 Este processo tem como objectivo tornar os membros desses grupos sensíveis às influências
opressivas que pesam sobre a sua vida, assegurando-lhes um meio de defesa colectiva.
 Mednick (1975)
Descreve o processo de tomada de consciência pela insatisfação que os indivíduos sentem
da sua condição (Ex.: tarefas domésticas podem tornar as mulheres infelizes por serem
alienantes)
O agente de tomada de consciência tenta propor uma ideologia que permite congregar as
mulheres.
Mostra-se que o sistema social controla o indivíduo sendo responsável pela sua situação
insatisfatória.
A mulher apercebe-se que pode exercer mais controlo como membro de um grupo e este
pode então dirigir uma acção contra o sistema
Há investigação que tem mostrado que os participantes valorizam o seu auto conceito,
adquirem um sentimento de competência e de igualdade (Eastman, 1973).

Tomada de consciência de distinções


 A maior parte das vezes processamos a informação de forma automática e passiva, sem que
façamos as nossas próprias formulações em relação a algo ou alguém
 Langer, Bashner e Chanowitz (1985)
Efectuaram uma experiência que mostra a possibilidade de contrariar essa tendência
através da indução nas pessoas para estarem mais atentas aos outros.
Pôs-se a hipótese de que as pessoas que fossem treinadas a adoptar um estado atento
demonstrariam menor preconceito em relação aos deficientes.
 É possivel que as pessoas tomem consciência dos outros de forma mais activa, em vez de se
contentarem com as distinções pré-estabelecidas
28 Célia Silva
O assimilador cultural
 É uma técnica de sensibilização aos julgamentos correctos a respeito das expectativas de um
grupo ou cultura.
 Permite considerar o mundo social em consonância com o ponto de vista de uma outra pessoa.
 São ensinadas as normas e os modos de vida de outro grupo com o intuito de permitir efectuar
atribuições certas a propósito do comportamento dos membros do outro grupo
 Este tipo de treino cognitivo pode reduzir o preconceito e o pensamento estereotipado

Hipótese de contacto
 Há razões para se pensar que o tipo de contacto intergrupal desempenha um papel importante para
que se efectue com sucesso.
 Vários factores devem ser tomados em consideração:
Igualdade de estatuto social (Ex.: entre homens e mulheres)
Contacto intimo (Ex.: autóctone a trabalhar com imigrante)
Objectivos comuns
Normas sociais que favoreçam a igualdade

Para além da hipótese de contacto


 Uma das críticas da hipótese do contacto é o ênfase colocado na mudança de atitudes
preconceituosas do grupo dominante, e a ignorância das atitudes dos membros de grupos
minoritários
 Para uma promoção mais eficaz da harmonia intergrupal, os cientistas sociais devem considerar:
As atitudes e crenças dos membros dos grupos minoritários
As crenças e ansiedades de todas as pessoas envolvidas no contacto intergrupal

Contacto vicariante através dos meios de comunicação social


 Os meios de comunicação de massa têm, por um lado, intencionalmente, outras vezes de modo
inadvertido, mantido estereótipos e preconceitos.
 Embora, hoje em dia, não sejam tão extremistas, continuam a evidenciar retratos negativos de várias
minorias e mulheres
 Como é que se podem mudar atitudes negativas em relação a minorias que são alvo de estereótipos?
Allport (1954)
 "O preconceito pode ser reduzido pelo contacto com estatuto igual entre grupos
da maioria e da minoria na prossecução de objectivos comuns".
Aronson
 Ele a sua equipa desenvolveram uma técnica de aprendizagem que foi
denominada de "técnica do quebra-cabeças".
 A técnica foi assim chamada porque os estudantes tinham de cooperar par "juntar"
as suas lições diárias.

DesForges
 Ele a sua equipa sugerem que fornecer uma estrutura na situação de contacto
ajuda a reduzir o efeito de expectativas cognitivas e de esquemas cognitivos
preexistentes
 Estádio 1  Expectativa
 As pessoas que sabem que estão para interagir com um membros de
um grupo estereotipado, esperam interagir com alguém semelhante
ao membro típico
 Estádio 2  Adaptação
 Contacto cooperativo com estatuto igual com um membro de um
grupo estereotipado negativamente, suscita uma impressão mais
positiva dessa pessoa que a esperada
 Estádio 3  Generalização
 A impressão positiva de modo inesperado desse membro do grupo
específico, generaliza-se na um retrato mais npositivo do membro
típico e a uma atitude mais positiva.

29 Célia Silva

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