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Psicologia Social - Pontos Fulcrais - Célia Silva
Psicologia Social - Pontos Fulcrais - Célia Silva
Tópicos da Psicologia Social Psicólogos Sociais ocupam-se das atitudes das pessoas, das opiniões, das
crenças, dos valores, dos sentimentos, das representações sociais.
O psicólogos sociais abordam uma ampla gama de comportamentos humanos, mas os seus focos de
interesse na investigação limitam-se a pontos restritos, que são divididos em três grupos:
Fisiológico pressão arterial, tensão, adrenalina
Cognitivo-atitudinal impacto valores dos pais nos filhos, intenções de voto, etc
Realização resolução de problemas em grupo, etc
Níveis de analise
Encontram-se duas variantes principais em psicologia Social, onde ambas têm áreas comuns,
mas diferem na focalização central e nos métodos de investigação::
Psicologia Social Sociológica (PSS)
focalização central é no grupo ou na sociedade
Analisa as variáveis societais
O objectivo principal é a descrição do comportamento
Principais métodos de investigação: Inquéritos e observação participante
Principais investigadores: Lewin, Festinger, Schachter, Asch, Campbell e Allport
Psicologia Social Psicológica (PSP)
focalização central é no indivíduo
Analisa os estímulos imediatos
O objectivo principal é a predição do comportamento
Principais métodos de investigação: Experimentação
Principais investigadores: Mead, Goffman, French, Homans e Bales
1 Célia Silva
Existem várias razões para se proceder ao estudo das 2 psicologias sociais:
As duas psicologias complementam-se:
Em ultima instancia, as duas abordagens convergem:
Cada vez há uma maior interacção dos assuntos e dos métodos das duas psicologias
sociais.
A atenção ao mundo subjectivo do individuo é a única contribuição da psicologia
social que é partilhada pela PSS e pela PSP (CartWight 1979)
Ambas as perspectivas acentuam o meio percepcionado pelo individuo e não tanto
o meio actual.
Ambas as psicologias sociais se focalizam nas interpretações cognitivas da
realidade e nos comportamentos subsequentes com base nestas interpretações.
Sendo o comportamento variado e as suas causas diversas, não é de admirar que em psicologia
social se recorra a diferentes níveis de análises:
Doise (1982) - sintetizou essas explicações distinguindo quatro níveis:
1º Estudo dos processos "psicológicos" ou intra-individuais"
2º Estudo da dinâmica de processos "inter-individuais" e "intra-individuais que
ocorrem entre indivíduos (ex: o estudo da atribuição de intenções a outrem)
3º Valorização do estatuto social
4º Influência de certas crenças individuais na criação de representações sociais e
discriminação
COMPORTAMENTO HUMANO
Hobbes (1588-1679) Homens têm tendência a amar-se mas o estado natural é a guerra
Rousseau (1712-1778) Acha que as ciências e as artes corromperam o Homem
Bentham (1748-1832) Comportamento é motivado pela procura do prazer
Fourier (1792-1837) A sociedade ideal (falanstério) assentava nas paixões humanas
Karl Marx (1818-1883) Condições económicas é que determinam o comportamento
Lazarus (1824-1903) e Steinthal (1823-1899) O povo é uma realidade espiritual e colectiva
Francesa
Comte (1798-1857)
Inventou o termo "sociologia" e fez muito para situar as ciências sociais na
família das ciências, foi o 1º autor a ter concebido a ideia de uma Psicologia
Social.
Duas das suas contribuições são geralmente conhecidas:
1º "Lei dos três estádios"
Estádio teológico - Acontecimentos = Deuses
Estádio metafísico - Acontecimentos = Ciência
Estádio positivo - Acontecimentos = Invariabilidade e constância.
Inventou a "Moral Positiva" Forma como os indivíduos combinam
influências biológicas e societais.
Gabriel Tarde (1843-1904) e a Gustave de Bon (1841-1931)
2 Célia Silva
Deve-se um real desenvolvimento da Psicologia Social
Dois fenómenos psicológicos:
Invenção - é fruto de individualidades poderosas que asseguram o
progresso
Imitação - assegura a unidade e a estabilidade sociais.
Émile Durkheim (1855-1917) Social irredutível ao individual
Esta posição entra em choque com a de Tarde que alicerça em
Uma sociedade pode definir-se como "um grupo de homens que se imitam"
Tarde valoriza papel dos meios de comunicação de massa na formação da
opinião pública
LeBon Acredita que a multidão modifica o indivíduo Alma colectiva
Rengelman Preguiça Social A realização individual diminui quando o
individuo trabalha em conjunto
Anglo-saxónica
Triplett (1898) Efeitos da competição sobre o desempenho humano
Edward Ross (1866-1951) Controlo Social estudo das inter relações
psíquicas entre o homem e o meio que o rodeia
William McDougall (1908) o comportamento social resulta de um pequeno
número de tendências inatas ou instintos
Allport o comportamento social é influenciado por muitos factores em que
se incluem a presença dos outros e as suas acções
Investigação cientifica
A Psicologia Social utiliza o método científico para estudar o comportamento social.
Método científico
Implica observação sistemática, desenvolvimento de teorias que explicam essas
observações, uso de teorias que engendram predições acerca de observações futuras e
revisão de teorias quando as predições não estão certas.
Indução lógica
É a passagem de observações específicas a regras gerais ou teorias.
Karl Popper
Mostrou que uma teoria cientifica não pode logicamente ser provada como verdadeira,
mas pode ser refutada (contradizer com argumentos).
Qualidades que uma TEORIA deve ter:
Concordância com dados conhecidos
Compreensiva
Parcimoniosa
Deve-se poder
Possuir valor heurístico (descobrir a verdade por si próprio).
Deve ter valor aplicado
Teoria GENERATIVA (Gergen 1978)
Dá à pessoa a possibilidade de se interrogarem sobre o que acreditavam antes
e permite optar por novas relações em vez de conservarem crenças dogmáticas
(aceites como incontestáveis).
4 Célia Silva
5– TEORIAS EM PSICOLOGIA SOCIAL
No seio destas três orientações teóricas gerais é possível desenvolverem-se mini-teorias, que tentam
explicar um leque mais restrito do comportamento humano (fenómenos como o amor, solidão, etc)
5 Célia Silva
Uma comparação de teorias
As três teorias acabadas de apresentar diferem nas questões que tratam e nas questões que ignoram.
Conceitos diferentes
Teoria da aprendizagem Relação estímulo resposta + aplicação de reforço
Teoria cognitiva Importância das cognições na determinação do comportamento
Teoria do papel Importância dos papéis e normas num grupo
Diferem de comportamentos explicados
Teoria da aprendizagem Impacto recompensas e castigos na interacção social
Teoria cognitiva Mudanças nas crenças/atitudes e efeitos das respostas e estímulos
Teoria do papel Comportamento e mudança atitude face ao papel que se tem
Diferem nas suposições acerca da natureza humana
Teoria da aprendizagem Actos determinados pelos padrões de reforço
Teoria cognitiva Percepção, interpretação e decisões acerca do mundo
Teoria do papel Pessoas são conformistas
Diferem nas concepções do que provoca a mudança no comportamento
Teoria da aprendizagem Depende do reforço recebido
Teoria cognitiva Alterações nas crenças e atitudes
Teoria do papel Alteração no papel que a pessoa ocupa
7 – PERSPECTIVAS INTERNACIONAIS
Estudo da caverna dos ladrões Redução das hostilidades e pensamentos positivos quando trabalham
em grupo
Muzafer Sherif e Carolyn Sherif exploram a formação de grupos, o conflito/competição
intergrupal e as técnicas para reduzir o conflito (objectivos supraordenados objectivos que cada
grupo desejava realizar, mas que não o podia fazer sem a ajuda do outro grupo)
Foram utilizadas técnicas de observação e entrevistas em profundidade, combinando-as com a
técnica dos questionários estandardizada
Este estudo ilustra o interesse partilhado por todos os psicólogos sociais pelos pontos de vista
subjectivos das pessoas
Chama a atenção para as mudanças ocorridas, ao longo do tempo, da perspectiva de um
grupo sobre o outro grupo, combinando nívei de análise psicólogico e sociológico
Combinam níveis de análise psicológico e sociológico
IV - ATITUDES
3 – O QUE SÃO AS ATITUDES envolvem sentimentos ou emoções de uma pessoa sobre objectos
ou acontecimentos.
Modelos de atitudes
Modelo tripartido clássico, a atitude resulta de três componentes (Rosenberg e Hovland, 1960) :
Afectivo Sentimentos
(Ex: Sentirmo-nos tensos face a estudantes universitários)
Cognitivo Crenças e opiniões
(Ex: Acharmos que os estudantes universitários são arrogantes)
Comportamental Processo mental e físico
(Ex: recusarmo-nos a interagir com estudantes universitarios)
Há quem considere a atitude como sendo unidimensional Resposta avaliativa (afecto),
6 Célia Silva
favorável ou desfavorável, em relação ao objecto de atitude.
Modelo unidimensional clássico Atitude é a resposta que situa o objecto numa posição do
continuum de avaliação
Zanna e Rempel (1988)
Modelo tripartido revisto integra todas estas concepções define a atitude como
uma categorização de um objecto (por ex.: aborto-favoravel…desfavoravel) a
atitude é um julgamento
Pressupõe que esta avaliação pode basear-se em três espécies de informação:
Informação cognitiva
Julgamento a "frio" de que se gosta ou detesta
Informação afectiva
Emoção sentida
Informação baseada no comportamento passado
Antecipação da acção
Características
Pode-se encarar como um continuum psíquico
Ressaltam quatro características:
Direcção da atitude Concordância ou discordância/positivo ou negativo do
objectoda atitude
Intensidade da atitude Força da atração ou repulsa extremidade (ligeiramente a
totalmente positiva)
Dimensão da atitude Unidimensional (1 só domínio da acitvidade
comportamental) e multidimensional (vários domínios)
Acessibilidade da atitude Objecto de atitude + avaliação afectiva
Para além das características referidas, as atitudes têm outras características básicas:
As atitudes são inferidas (ex.: preencher um questionário)
As atitudes são dirigidas em relação a um, objecto psicológico ou categoria (ex.:
objectos tangéveis, grupos, ideias abstractas, etc)
As atitudes provêm da experiência.
As atitudes influenciam o comportamento
Ideologia
A ideologia representa um sistema integrado de crenças, em geral, com uma referência social ou
política
Rouquete (1996)
A ideologia é o que torna um conjunto de crenças, atitudes e de representações
simultaneamente possíveis e compatíveis no seio de uma população
Tetlock (1989)
Propôs que os valores terminais, estão na base de toda a ideologia politica.
As ideologias podem variar segundo duas características:
Podem atribuir diferentes prioridades a valores particulares,
Há ideologias que são pluralistas e há outras que são monistas
5 – MEDIDAS DE ATITUDES
Os psicólogos sociais não procuram somente saber o que são as atitudes e como são formadas.
Tentam também medi-las, avaliar a sua direcção e intensidade, o que permite efectuar
comparações entre os indivíduos e os grupos.
As atitudes podem ser medidas directa ou indirectamente.
Escala de Thurstone
Thurstone (1928)
9 Célia Silva
Defendeu que há um continuum psicológico de afecto ao longo do qual se podem situar os
indivíduos.
Das diversas técnicas de escalas desenvolvidas por Thurstone a que foi mais amplamente
utilizada foi a escala de intervalos aparentemente iguais.
A elaboração desta escala pode ser sintetizada em oito passos:
Obtém-se um determinado nrº de itens em relação com o objecto da atitude
Esses itens são avaliados por um conjunto de juízes com características semelhantes
às das pessoas que serviram de sujeitos
Pede-se aos juízes para ordenarem os itens em 11 categorias (+ favoravel, neutro, +
desfavoravel)
Os itens que são ordenados pelos juizes nas mesmas categorias são retidos. Os que
estão em desacordo são afastados
A cada um dos itens atribui-se um valor da escala
Retém-se um certo nrº de proposições, de modo que representem a extensão dos
valores da escala ao longo da dimensão favoravel a desfavoravel
Apresentam-se os itens selecionados numa ordem aleatória a uma população,
pedindo-lhes para escolherem aqueles com que concordam
Este tipo de escala defronta-se com algumas dificuldades:
A preparação da escala é complicada e morosa, tendo-se encontrado resultados muito
semelhantes quando se utilizam técnicas menos complicadas que esta escala.
Pode haver um fosso relativamente grande entre o juri e a população a quem se
administra a escala.
Thurstone partiu da ideia de que os juízes ordenam as proposições
independentemente das suas atitudes, mas o contrário pode ser provado.
Escala de Likert
Rensis Likert (1932)
Concebeu um dos métodos que mais influência tem tido na medida das atitudes.
Examinou cinco grandes áreas das atitudes:
Relações internacionais
Relações raciais
Conflitos económicos
Conflitos políticos
Conflitos religião.
Pode-se sintetizar a construção das escalas de Likert em três etapas:
Um conjunto de itens são selecionados pelo investigador, com base na experiência,
intuição e pré-teste
Esses itens são submetidos aos sujeitos que devem dar as suas opinioes, fazendo um
circulo à volta de um ponto numa escala de 1 a 5, cujos extremos são concordo
fortemente (5) e discordo fortemente (1)
A atitude é determinada pela soma das respostas a todos os itens que têm uma
correlação satisfatória com toda a escala
A principal vantagem desta escala é que ela se constrói mais depressa e com menos gastos
do que uma escala de Thurstone
Escala de Guttman
Baseia-se no pressuposto de que as opiniões podem ser ordenadas segundo a sua "favoralidade"
de modo que a concordância com uma dada afirmação implica concordância com todos os itens
que exprimem opiniões mais favoráveis - para ele é uma escala unidimensional.
A elaboração de uma escala deste tipo pode ser sintetizada em três etapas:
Reune-se um grande número de opiniões sobre a atitude que se deseja medir
Administra-se o questionário de opiniões a uma população de sujeitos
Efectua-se uma análise das respostas para se determinar se correspondem ao modelo ideal
A reprodutividade é a base da escala de Guttman e é geralmente aceite que um conjunto de itens
deve ter um coeficiente de reprodutividade de cerca de 90 (10% ou menos de erro)
Diferenciador semântico
O problema com escalas como as do tipo Thurstone, Likert ou Guttman é de que para cada novo
objecto de atitude tem de se construir uma nova escala.
10 Célia Silva
O diferenciador semântico propicia a possibilidade de se medirem diferentes atitudes com a mesma
escala.
Osgood, Suci e Tannenbaum (1957)
Desenvolveram o diferenciador semântico
É uma técnica de medida da significação psicológica que têm os objectos ou os
conceitos para o indivíduo.
É a combinação de um método de associações forçadas, mas controladas e de um
procedimento de escalas permitindo obter a direcção e a intensidade do
significado do conceito.
Por meio do recurso à análise factorial, Osgood e seus colegas identificaram três
dimensões básicas mediante as quais os conceitos podem ser descritos.
Estes factores foram interpretadas como sendo:
A avaliação
A potência
A actividade.
Usos do diferenciador semântico:
Estudar as diferenças sócio-culturais nas atitudes.
Estudar as diferenças sexuais.
Avaliar o auto-conceito.
O diferenciador semântico tem a vantagem de ser fácil de construir.
Medidas indirectas
Os questionários são de longe as técnicas de avaliação das atitudes mais amplamente utilizadas.
As medidas indirectas mais comuns, em que não se pergunta à pessoa a sua atitude directamente,
são:
Técnicas fisiológicas
Assentam no pressuposto de que o comportamento afectivo das atitudes produz uma
reacção fisiológica que pode potencialmente ser medida (resposta galvânica da pele e a
resposta pupilar)
Técnicas comportamentais
Assentam na suposição que o comportamento é consistente com atitudes.
Técnicas projectivas.
Pede-se aos sujeitos para descreverem uma figura, contarem uma história,
completarem uma frase, ou indicarem como é que alguém reagiria a essa situação.
Têm a vantagem de que muitas vezes as pessoas projectam as suas próprias atitudes
nos outros.
A utilização de técnicas indirectas para medir as atitudes reveste-se quer de vantagens, quer de
desvantagens:
Vantagens
Assinale-se que essas técnicas são menos susceptíveis de suscitarem respostas
socialmente aceites.
A pessoa não conhece que atitude está a ser medida.
Desvantagens
Refira-se a dificuldades em medir a intensidade da atitude e sendo as atitudes
inferidas estas técnicas podem deixar a desejar quanto à fidelidade.
Também podem suscitar problemas éticos.
Apesar disso as medidas indirectas são a única avenida a seguir quando o investigador trabalha
sobre assuntos sociais muito sensíveis.
6 – ATITUDES E COMPORTAMENTOS
Resumo
Tradicionalmente, as atitudes têm sido definidas como envolvendo crenças, sentimentos e
disposições a agir.
Mais recentemente, os teóricos parecem estar a mover-se para uma concepção das atitudes como
avaliações, avaliações estas que se relacionam de modo complexo com crenças, sentimentos e
acções.
As atitudes ajudam-nos a definir grupos sociais, a estabelecer as nossas identidades e a guiar o
nosso pensamento e comportamento.
As atitudes formam-se através da aprendizagem e são influenciadas pelas pessoas (ou
grupos) significativas da vida de uma pessoa.
Para dar conta das numerosas variáveis, para além da atitude, que podem influenciar, o
comportamento foram propostos modelos teóricos.
O modelo mais influente da relação atitude-comportamento é o da teoria da acção
reflectida, posteriormente denominado de teoria do comportamento planificado.
Para o modelo da acção reflectida, o determinante mais imediato do comportamento
é a intenção ou o desejo de agir.
Por seu lado, a intenção é determinada pela atitude e pelas normas subjectivas.
Para o modelo do comportamento planificado o factor de controlo comportamental
percepcionado é acrescentado a atitude e à norma subjectiva.
Pressupõe-se que este modelo tem uma eficácia de predição superior em situações em
que o comportamento só esteja tenuemente sob controlo voluntário.
V – REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
14 Célia Silva
1 – INTRODUÇÃO
Uma das mudanças com maior impacto na vida quotidiana foi o papel cada vez mais importante
assumido pelos meios de comunicação de massa na criação e difusão de informações e de modos de
pensar, de sentir e de agir
Tarde
Apreendeu a importância da comunicação para reproduzir e transformar as sociedades
humanas, tendo então proposto que a Psicologia Social se ocupasse antes de mais do
estudo comparativo das conversações.
O material base foram conversas gravadas.
Após esta proposta de Tarde, as sociedades humanas evoluíram
Uma das mudanças com maior impacto na vida quotidiana foi o papel cada vez mais importante
assumido pelos meios de comunicação de massa na criação e difusão de informação e de modos de
pensar, de sentir e de agir.
Serge Moscovici
Caracterizou a nossa época como sendo a era por excelência das representações sociais
Mostrou várias semelhanças entre as características do pensamento adulto e do
pensamento infantil.
Efectivamente, quer no pensamento infantil quer no pensamento adulto, há intervenção de
dois sistemas cognitivos que originam as suas características partilhadas:
"vemos em acção dois sistemas cognitivos, um que procede por associações, inclusões,
discriminações, deduções, isto é, o sistema operatório, e o outro que controla, verifica,
selecciona com ajuda de regras, sejam ela lógicas ou não; trata-se de uma espécie de
meta-sistema que trabalha de novo a matéria produzida pelo primeiro " - Moscovici
(1976).
2 – ORIGENS
3 – NOÇÃO
A noçao de representação social situa-se efectivamente numa encruzilhada com múltiplos acessos
e com 2 consequências principais:
Pode acontecer que autores que se inscrevem em campos disciplinares diferentes se
encontrem na mesma encruzilhada
Designa um vasto número de fenómenos e de processos
Moscovici
"Sociedade pensante" trabalho de construção, mediante trocas e interacções, de ponto
de vista e de saberes, partilhados e distribuídos segundo as fronteiras incertas dos grupos
sociais.
Uma representação social define-se como “a elaboração de um objecto social por uma
comunidade”
Jodelet (1989)
O conceito de representação social designa "uma forma de conhecimento socialmente
elaborado e partilhado, com uma orientação prática e concorrendo para a construção de
uma realidade comum a um conjunto social".
Para acolher a “sociedade pensante” foram construídas 2 representações: uma moral e
outra biológica
Como fenómenos, as representações sociais apresentam-se em formas variadas, mais ou menos
complexas: imagens, sistemas de referência, categorias, teorias.
Os principais aspectos a ter em conta na noção de representação social são os seguintes:
Referência a um objecto. A representação para ser social, é sempre uma representação de
algo.
Resultam de uma actividade construtora da realidade e de uma actividade expressiva.
Adquirem a forma de modelos que se sobrepõem aos objectos, tornando-os visíveis, e
implicam elementos linguísticos, comportamentais ou materiais.
São uma forma de conhecimento prático que nos levam a interrogar-nos sobre os
determinantes sociais da sua génese e da sua função social na interacção social da vida
quotidiana.
Esta forma de conhecimento permite a apreensão pelos sujeitos sociais dos acontecimentos da
vida corrente, das informações veiculadas, das pessoas do nosso meio próximo ou longínquo
Trata-se do conhecimento do senso comum em oposição ao conhecimento científico
Como forma de conhecimento, a representação social implica a actividade de reprodução das
características de um objecto.
Esta representação não é, porém, o reflexo puro e fiel do objecto, mas uma verdadeira construção
mental
Moscovici
As imagens são sensações mentais, impressoes que as pessoas e os objectos deixam no
cérebro reprodução, reflexo, fenómeno passivo
As representações sociais são um fenómeno activo, fazem referência a um objecto, são
um conhecimento prático
Opinião Resposta manifesta, sendo o único elemento observável do sistema
A atitude Resposta antecipada (preparação para a acção)
Representação social Na medida em que é um processo de construção do real, age
simultaneamente sobre o estímulo e a resposta.
O preconceito está intimamente ligado à atitude tendendo mesmo a confundir-se com ela.
As noções de estereótipos e de preconceito, na medida em que se aproximam das noções de opinião
e de atitude, respectivamente, são por conseguinte, também diferentes da representação social.
16 Célia Silva
Resumindo:
Se todos estes "objectos parciais" estão integrados nas representações sociais, estas não são
consideradas "como opiniões sobre" ou "imagens de", mas "teorias", "ciências colectivas"
sui generis, destinadas à interpretação e à leitura do real (Moscovici).
Contudo, para o psicólogo social, a representação actualiza-se "numa organização psicológica
particular e preenche uma função específica" (Herzlich)
A representação social desempenha um papel na formação das condutas sociais e das
comunicações, na medida, em que é através dela que o grupo apreende o seu meio.
As condições sociais em que nos locomovemos determinam não só o que pensamos, mas também,
como pensamos
Há um acordo em abordar a representação social como o produto e o processo de uma elaboração
psicológica e social do real
Jodelet
"processos e produtos são indissociáveis, só se pode descobrir a obra nos seus efeitos,
estudar os mecanismos na base da sua produção".
A representação-produto
Moscovici
Considera cada universo de representações sobre três aspectos:
Informação
Diz respeito à soma e organização dos conhecimentos sobre o objecto de
representação.
A sua apreciação supõe que se relacione o discurso do sujeito com os
caracteres objectivos do objecto
Atitude
Exprime a orientação global, positiva ou negativa, em relação ao objecto da
representação.
A função reguladora é sem dúvida mais importante que a energética.
Aparece como uma espécie de reacção secundária tendo por função orientar
(por antecipação ou comparação) o comportamento através das estimulações
no meio físico e social.
Não só orienta o comportamento como regula as trocas com o meio.
Pode-se considerar o estímulo e a resposta de um sujeito como uma troca,
sendo a atitude o sistema que regula esta troca.
É reguladora e energética, supondo uma estruturação dos estímulos e das
respostas.
Campo de representações
Designa o "conteúdo concreto e limitado das proposições sobre um
aspecto preciso do objecto de representação"
Remete-nos para a construção significante que é feita do objecto
integrando e interpretando as informações de que o sujeito dispõe - com a
ideia de uma organização ou de uma hierarquia de elementos.
Gilly
Relembra que é a propósito do campo de representação que
operacionalmente se encontram maiores dificuldades.
Se é relativamente fácil apreciar a atitude e a informação "é, pelo
contrário, sempre difícil chegar a um bom conhecimento do
campo. Este último só pode ser apreendido de modo parcial
através dos instrumentos propostos pelo psicólogo destinatário das
respostas construídas".
Estes três elementos constitutivos da representação social denotam a seu conteúdo e sentido.
A sua análise torna possível um estudo comparativo dos grupos segundo a homogeneidade ou
heterogeneidade do conteúdo e da estruturação da representação.
A representação-processo
Moscovici
Põe em evidência dois processos fundamentais que deixam transparecer o modo como o
social transforma um conhecimento em representação e como esta representação
transforma o social, a propósito do estudo de uma teoria científica, a Psicanálise.
Estes dois processos, a objectivação e a ancoragem, mostram a interdependência entre a
actividade psicológica e as condições sociais.
Objectivação
É o mecanismo que permite concretizar o abstracto
18 Célia Silva
A objectivação reduz a incerteza perante objectos por meio do recurso a uma
transformação simbólica e imagética
Jodelet (1983)
A objectivação pode assim definir-se como uma operação imagética e
estruturante."
Este processo pode subdividir-se em três fases no caso de um objecto complexo
como uma teoria:
A selecção e descontextualização
Dos elementos da teoria constitui a primeira fase que vai da
"teoria à sua imagem".
Procura-se dar um carácter concreto, imagético, mais facilmente
acessível, a noções mais abstractas.
A selecção é necessária, pois para o produto da representação se
tornar funcional deve limitar-se a alguns elementos acessíveis.
O fenómeno de descontextualização aparece sobretudo na
transformação das ideias científicas em conhecimento quotidiano.
"Esquema figurativo"
É o núcleo organizador da representação.
O esquema figurativo forja uma imagem visual de uma
organização abstracta, captando a essência do conceito, da
teoria, ou da ideia que se trata de objectivar.
A naturalização
É a operação pela qual os conceitos se movem "em verdadeiras
categorias de linguagem e entendimento - categorias sociais
certamente - próprias para ordenar os acontecimentos concretos e
serem abafados por eles" (Moscovici)
A representação da realidade torna-se realidade da representação
A tendência à objectivação posta em evidência a propósito de uma teoria
científica, é caracterizada pela selecção, esquematização e naturalização, e é
susceptível de generalização a toda a representação.
Foram recentemente avançadas três propostas mais precisas e menos
descritivas para a análise mais minuciosa do processo de objectivação:
1º Sugere que o estudo das representações sociais se interesse pela
análise dos discursos sem relação com atitudes socialmente partilhadas.
2º Põe a ênfase na metaforização, dispositivo específico de
objectivação de objectos estranhos.
3º Diz respeito à possível generalidade de um efeito específico de
objectivação, a personificação.
Ancoragem
Traduz a intervenção da representação no social.
Permite transformar o que é estranho em algo familiar.
Incorpora o que é estranho mediante a inserção numa rede de categorias e de
redes pré-existentes.
O processo de ancoragem não se limita ao conteúdo, mas engloba as actividades
cognitivas de reconstrução e de remodelação, em três direcções:
Utilidade
Significação
Integração cognitiva
Articula as 3 funções base da representação:
Função de orientação das condutas e das relações sociais
A ancoragem como instrumentalização, permite pois
compreender como os elementos da representação não só
exprimem relações sociais, como contribuem para as constituir.
Função de interpretação da realidade
Constitui-se assim uma "rede de significações" a partir dos
valores salientes na sociedade e nos seus diversos grupos.
Função cognitiva de integração da novidade
A ancoragem refere-se também à integração cognitivas do objecto
19 Célia Silva
representado no sistema de pensamento pré-existente e às
transformações que daí resultam.
Jodelet
A ancoragem e a objectivação que são processos básicos no
engendramento e funcionamento das representações sociais têm uma
relação "dialéctica"
Combinam-se para tornar inteligível a realidade.
Moscovici
Emite a hipótese de que modalidades distintas de conhecimento
coexistem num mesmo indivíduo ou num mesmo grupo, correspondendo
a relações definidas do homem ou do grupo com o seu meio.
Esta coexistência dinâmica determina um estado de "polifasia cognitiva".
Este fenómeno relaciona-se com o contacto entre o carácter criador,
autónomo da representação social e os quadros de pensamentos antigos.
6 – ÁREAS DE INVESTIGAÇÃO
Quando o investigador se debruça sobre o conjunto dos trabalhos efectuados no campo da teoria
das representações sociais, verifica-se uma grande diversidade dos objectos estudados.
Jodelet
Esta autora, distingue três áreas de investigação sobre as representações sociais:
Uma área que se relaciona especificamente com a difusão dos conhecimentos e
com a vulgarização cientifica no campo social, ou no campo educativo. Esta área
tende para a autonomia nos problemas e métodos.
Uma área que integra a noção de representação social como variável
intermediária ou independente no tratamento, a maior parte das vezes
experimental em laboratório, de questões clássicas de psicologia social.
Uma área mais ampla, em que as representações sociais são apreendidas em
contexto sociais reais ou grupos circunscritos na estrutura social, mediante
formação discursivas diversas.
Entre estas três áreas há pontos de convergência e de divergência:
Jodelet
pertinência,
estrutura
processos de constituição Convergência
funções.
VI – PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO
As atitudes indicam-nos o modo como pensamos e sentimos em relação a pessoas, objectos e
questões do meio circundante.
Podem, também, permitir prever como agiremos em contacto com os alvos das nossas crenças.
O conceito de atitude está relacionada com graves questões sociais como são os problemas de
preconceito e de discriminação.
Preconceito
Pode ser definido como uma atitude favorável ou desfavorável em relação a membros de
algum grupo
Baseada, sobretudo, no facto da pertença a esse grupo e não necessariamente em
características particulares de membros individuais.
Os termos endogrupo e exogrupo são úteis para se tratar do preconceito
Endogrupo
Composto pelos sujeitos que uma pessoa categorizou como membros do
seu próprio grupo de pertença e com quem tem tendência a identificar-se.
Exogrupo
É composto por todos os sujeitos que uma pessoa categorizou como
membros de um grupo de pertença diferente do seu e com quem tem
tendência a identificar-se.
Estes grupos psicológicos definidos em função dos termos "nós" e "eles" são o produto
de um dos processos mais fundamentais do ser humano, a categorização permite-nos
classificar e ordenar o nosso meio físico e social
Origina comportamentos e acções que podem ter sérias implicações não só na vida
21 Célia Silva
quotidiana como no bem-estar da sociedade.
O facto de se definir preconceito como um tipo especial de atitude tem pelo menos duas
implicações:
1ª - Pode ser negativo ou positivo
2ª - Podemos vê-lo como tendo três componentes principais:
Afectivo sentimentos preconceituados experienciadas
Cognitivo crenças e expectativas acerca dos membros desses grupos
Comportamental tendência a agir em relação a esses grupos
Discriminação
É a manifestação comportamental do preconceito
O preconceito nem sempre leva à discriminação, a discriminação nem sempre leva ao
preconceito (podemos não dar guarida a um estrangeiro devido a pressões sociais, mas nada
termos contra ele, pessoalmente)
O comportamento discriminatório pode assumir diferentes formas:
Nível moderado pode implicar evitamento,
Nível acentuado pode levar a excluir de empregos, de escolas, de alojamentos.
Nível extremo revestir-se de agressão contra os alvos do preconceito.
Allport (1954)
Apresentou um modelo das expressões da passagem ao acto do preconceito com cinco
fases:
1ª - Anti locução
Conversa hostil e difamação verbal, propaganda racista
2ª - Evitamento
Manter o grupo étnico separado do grupo dominante na sociedade
3ª - Discriminação
Excluído de direitos civis
4ª - Ataque físico
Violência contra pessoas e propriedades,
5ª - Extermínio
Violência indiscriminada contra todo um grupo de pessoas (nazis)
Grupo minoritário
A pertença a um grupo minoritário envolve mais um estado de espírito do que
características numéricas
O que distinguem um grupo minoritário de um maioritário é precisamente o poder relativo
exercido pelos dois grupos
Wagley e Harris - para eles as minorias:
São sectores subordinados de uma sociedade,
Possuem traços físicos e culturais que são pouco apreciados pelos grupos
dominantes,
Estão conscientes do seu estatuto minoritário,
Tendem a transmitir normas que encorajam a afiliação
Casamento com membros do mesmo grupo.
22 Célia Silva
Racismo
O racismo é "qualquer atitude, acção ou estrutura institucional que subordina uma pessoa
por causa da sua cor ".
É a forma de preconceito mais estudada.
A noção de raça tem a sua origem na biologia e designa uma espécie geneticamente distinta de
outras (Osborne, 1971).
A discriminação com base na cor da pele torna-se pois uma distinção arbitária e confusa (negros +
claros, tendem a discriminar negros + escuros)
Muitas vezes estas distinções têm mais a ver com distinções étnicas que sociais.
Grupo étnico
Conjunto de pessoas que têm antepassados comuns pertencentes a uma mesma cultura e
sentimentos comuns de identificação a um grupo distinto.
O preconceito com base em distinções étnicas denomina-se etnocentrismo:
Quando as pessoas acreditam que o seu grupo étnico é superior aos outros grupos
O único tipo de preconceito que rivaliza com o racismo, é o sexismo
Sexismo
Preconceito e discriminação com base no género
A investigação sobre sexismo é importante pelo menos por dois motivos:
Ensina-nos algo sobre os mecanismos psicossociais associados ao preconceito geral
Trata-se de uma forma de preconceito que pode afectar um em cada dois seres humanos
Exemplos de sexismo: oportunidades desiguais na educação, salários diferentes para a mesma
função, etc
Face-ismo
Diferença da ênfase que a nossa cultura coloca na vida mental para os homens e na
aparência física para as mulheres. (Archer e outros (1983)
Heterossexismo
É um sistema de crenças culturais, de valores e de hábitos que exalta a heterossexualidade e
critica e estigmatiza qualquer forma não heterossexual de comportamento ou identidade (Bem
1993; Herek 1991).
Idadismo
Uma maior proporção de pessoas idosas numa sociedade pode suscitar vários problemas
relacionados com o apoio económico, com a saúde, bem como com os papéis na família e na
sociedade.
Poderá acontecer que as pessoas idosas constituam um peso desproporcionado em relação à força
de trabalho dos mais jovens o que poderá ter como consequência uma competição pelos recursos
entre as necessidades dos idosos e dos jovens.
Contudo, a forma como os jovens veêm os idosos (eles próprios o serão um dia), varia de sociedade
em sociedade
Abordagens históricas
Analisar o contexto histórico dos conflitos
E.U.A. escravatura
África do Sul Apartheid
Irlanda do Norte Sectarismo religioso
Profissões de homens e não de mulheres (camionista)
Factores económicos.
O preconceito da raça pode ser uma máscara para intenções de exploração
Abordagens sócio-culturais
Aumento de urbanização (estrangeiros podem ser responsabilizados pela propagação de
determinadas doenças)
Aumento da densidade populacional
Mobilidade de certos grupos
Competição para empregos entre membros de diversos grupos
Mudanças no papel e função da família.
Abordagens situacionais
As abordagens da situação examinam os factores do meio imediato da pessoa que causam o
preconceito
O conformismo tem uma forte influência no preconceito (as pessoas fazem-no para obterem
aceitação social)
O preconceito nas crianças forma-se através da modelagem e do reforço directo
Em relação ao preconceitos com os negros, a região demográfica (Sul = + preconceituoso que o
Norte), a idade (velhos = + preconceituosos) e o nível de instrução (menor nível de instrução = +
preconceituosos) têm bastante influência.
Abordagens psicodinâmicas
Acentuam que o preconceito resulta dos próprios conflitos e desadaptações da pessoa. Trata-
se de teorias fundamentalmente psicológicas, que contrastam com as abordagens anteriores
Segundo estas teorias, para se modificar o preconceito e a discriminação devemos focalizar-nos
na pessoa com preconceito.
Existem dois tipos de explicação:
O preconceito é visto como enraizado na condição humana (semelhanças)
Resulta de um tipo de personalidade (diferenças)
Ambas as explicações partilham todavia uma característica comum: são exemplos do que
Pettigrew (1959) chama de externalização:
Um indivíduo trata com os seus problemas e conflitos pela descarga ou
projecção noutros indivíduos ou grupos de pessoas as pessoas acreditam que a
causa lhes é externa
Frustração e agressão
John Dollard, Leonard Dood e seus colaboradores
Sustentaram que o preconceito é uma forma de agressão, e que resulta da
frustração
Esta interpretação é conhecida como a hipótese do bode expiatório do
preconceito em que membros de grupos minoritários são vítimas inocentes de
agressão deslocada de grupos maioritários (Ex.: imigrantes serem a causa de
desemprego e insegurança no país)
24 Célia Silva
Ao avaliarem as teorias de frustração, Feshbach e Singer (1957) distinguem:
Ameaças partilhadas
Possibilidade de haver um ciclone tem como efeito juntar as pessoas
(diminui o preconceito contra os negros)
Ameaças pessoais
A perca de um emprego, tem um efeito de escalada no preconceito, tal
como a teoria da frustração prediria.
Diferenças de personalidade
Adorno e seus colaboradores:
Escala Anti-semitismo
Medir as atitudes em relação aos judeus.
O anti-semitismo não é então mais do que uma manifestação de
etnocentrismo
Escala F ("F" como facista)
Mede as tendências anti-democráticas dos sujeitos (autoritarismo)
Comporta nove componentes:
Convencionalismo,
Submissão autoritária,
Agressão autoritária,
Anti-intracepção,
Superstição e estereotipia,
Poder e dureza,
Destrutividade e cinismo,
Projecção,
Atitudes sexuais puritanas.
Em função dos dados recolhidos, os sujeitos foram repartidos em duas
categorias correspondentes a dois tipos de personalidade:
A autoridade autoritária
Indivíduo que recalcou as suas tendências individuais
Tende a projectar sobre os outros as tendências que não
aceita para ele
Está muito preocupado pela pureza da sua consciência
Mostra uma intolerância rígida em relação aos outros
Admira o poder e faz prova de uma dominação excessiva
sobre os fracos e de uma submissão exagerada aos fortes
Rokeach chamou a atenção para a sub estimação do
autoritarismo. Defendeu que o autoritarismo pode estar
associado não só à extrema direita como à extrema esquerda.
São pessoas com "mentes fechadas". Elaborou uma escala de
dogmatismo - medir o autoritarismo em si.
Hyman e Sheatsley A personalidade autoritária é mais
suscep´tivel de existir entre as pessoas com menor nível de
instrução e com estatuto socio-económico mais baixo
Pettigrew valoriza o contexto cultural
A anti-autoritária
Abordagens cognitivas
Aspectos de como processamos informação podem estar na origem de preconceitos.
Quatro espécies de informação podem ser utilizadas para desenvolver o preconceito:
Categorização social (CS)
Os indivíduos dividem o mundo em duas categorias: "nós" (endogrupo) e "eles"
(exogrupo)
A categorização social, para além de produzir o favoritismo do endogrupo, afecta
as nossas percepções e memória
Park e Tothbart (1982)
Os membros do endogrupo tendem a ver os membros do exogrupo como
sendo mais homogéneos e menos diferenciados que os membros do seu
próprio grupo.
A categorização social acentua diferenças entre grupos e semelhanças dentro de
25 Célia Silva
grupos.
Para certos autores, o viés do endogrupo apoiam indirectamente a auto-estima do
indivíduo criando uma identidade social positiva.
A CS cdesempenha um papel na génese do preconceito
O paradigma do "grupo mínimo" mostra que a categorização social é só por si
suficiente para suscitar discriminação social.
O poder dos estereótipos
Estereótipo
"imagens na cabeça" que temos acerca de membros de um grupo.
Um dos objectivos fundamentais da Psicologia Social é a descoberta do modo
como as pessoas compreendem e reagem às outras no seu meio.
Os estereótipos acerca de grupos sociais constituem um conjunto importante e
usual de expectativas acerca de outros.
São um conjunto de crenças que se associam a grupos sociais (grupos étnicos,
sexuais e etários)
Os estereótipos estão armazenados na memória a longo termo. (Stangor e Lange
1994)
Entre as explicações avançadas para o desenvolvimento dos estereótipos refira-se a
homogeneidade do exogrupo tendência para assumir que há maior semelhança
entre membros dentro de Exogrupo que dentro do endogrupo
Tem sido sugerido que muitos casos os estereótipos surgem e mantêm-se
mediante a operação de correlação ilusória consiste em percepcionar uma
relação que não existe realmente entre pertença a um grupo e o facto de possuir
certos traços inusitados.
Os estereótipos são fundamentalmente esquema, e interpretamos e relembramos a
informação que confirma os nossos esquemas
Outro fenómeno que favorece a estabilidade cognitiva dos estereótipos consiste
na profecia de auto- realização (somos simpáticos porque acreditamos que
determinada pessoa é simpática, o que faz com que essa pessoa aja, efectivamente, de
forma simpática) Crer é ver
Atribuição
Atribuição
É o processo de explicar o comportamento
Tentativas de explicação de acontecimentos surpreendentes ou negativos podem
ser distorcidos pelo pensamento estereotipado. Duas consequências importantes
são:
Rotulagem enviesada
Rótulo enviesado descreve o mesmo comportamento de modo
favorável para o endogrupo, e desfavorável para o exogrupo.
Erro irrevogável da atribuição
As pessoas com preconceitos têm tendência a cometerem este
erro, que é uma extensão do erro fundamental da atribuição.
Quando as pessoas com preconceito vêem o alvo do preconceito a
executar uma acção negativa, tendem a atribui-la a traços estáveis
dos membros dos grupos minoritários:"lá nasceram assim".
Todavia quando vêem a executar uma acção positiva, ela não é
atribuída a disposições internas
Pettigrew
Pessoas com preconceitos tratam das acções positivas do
exogrupo, de 4 formas:
O caso excepcional diferenciando-se o actor dos
outros membros dos grupos minoritários
Vantagem especial ou sorte
Os factores situacionais que estão fora de controlo
Alta motivação para o sucesso e esforço
extraordinário
Crenças sociais
As crenças são uma fonte importante de atitudes preconceituosas.
Alguns preconceitos estão baseados em ideologias religiosas ou politicas.
26 Célia Silva
O preconceito pode também apoiar-se em crenças de que o mundo é um lugar justo
Lerner (1980)
Notou que muitas pessoas acreditam nesse mundo justo e denominou este
fenómeno de crença num mundo justo Quem sofre merece o seu
sofrimento
As pessoas nos países mais pobres tendem a acreditar que o mundo não é um lugar
justo
Alvo de preconceito
Preconceito e hostilidades intergrupais podem por vezes basear-se em características reais de grupo
Reputação ganha
Tomada de consciência
Hipótese de contacto
Há razões para se pensar que o tipo de contacto intergrupal desempenha um papel importante para
que se efectue com sucesso.
Vários factores devem ser tomados em consideração:
Igualdade de estatuto social (Ex.: entre homens e mulheres)
Contacto intimo (Ex.: autóctone a trabalhar com imigrante)
Objectivos comuns
Normas sociais que favoreçam a igualdade
DesForges
Ele a sua equipa sugerem que fornecer uma estrutura na situação de contacto
ajuda a reduzir o efeito de expectativas cognitivas e de esquemas cognitivos
preexistentes
Estádio 1 Expectativa
As pessoas que sabem que estão para interagir com um membros de
um grupo estereotipado, esperam interagir com alguém semelhante
ao membro típico
Estádio 2 Adaptação
Contacto cooperativo com estatuto igual com um membro de um
grupo estereotipado negativamente, suscita uma impressão mais
positiva dessa pessoa que a esperada
Estádio 3 Generalização
A impressão positiva de modo inesperado desse membro do grupo
específico, generaliza-se na um retrato mais npositivo do membro
típico e a uma atitude mais positiva.
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