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UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP

CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


POLO TUCURUÍ - PA
CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM

DANILSON PONTES BAHIA

CUIDADOS DE ENFERMAGEM AOS ACOMETIDOS POR


TUBERCULOSE EM AMBIENTE CARCERÁRIO

Tucuruí-PA
2022-1
DANILSON PONTES BAHIA

CUIDADOS DE ENFERMAGEM AOS ACOMETIDOS POR


TUBERCULOSE EM AMBIENTE CARCERÁRIO

Trabalho de Conclusão de Curso II


apresentado como exigência parcial para
obtenção do grau de Bacharel em
Enfermagem da Instituição Anhanguera –
UNIDERP.
Orientador (a): Aline Chagas

Tucuruí-PA
2022-1
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, segundo ao
meu pai, mãe e meu noivo que estiveram ao meu lado e
me acompanharam todo este tempo de graduação.
AGRADECIMENTO
Agradeço por primeiro lugar a Deus por ter me sustentado do começo ao fim
deste curso, por ele sempre me reerguer quando eu precisava e por ainda o fazer.

Ao meus amados pais agradeço pelo tempo em que esteve presente em vida,
que pela sua presença permanente, amor e dedicação me mostrou com exemplos
no dia a dia, e em especial durante os cinco anos do meu curso, seus ensinamentos
me mantiveram forte e me deram forças para continuar.

Aos meus amigos, que me ajudaram e escutaram minhas reclamações,


amenizaram meu choro e me aconselharam nos momentos em que mais precisei.

Agradeço aos meus orientadores pela paciência e pela colaboração em cada


orientação e correção do meu Trabalho de Conclusão de Curso. Que sorte a minha
tê-los na construção deste trabalho, me orientando e impondo desafios com
determinação e confiança no meu potencial.

A todos os meus professores pois sem o conhecimento passado por cada um


de vocês eu jamais saberia ao menos aferir uma pressão ou escutar o relato de
queixas de um paciente ou até mesmo atender com carinho, com destreza e
atenção pela qual aprendi, e nunca vou me esquecer do olhar holístico que um
enfermeiro precisa ter.

Enfim, agradeço a todo incentivo que recebi da parte de cada pessoa que
colaboraram para minha formação, minha gratidão será eterna.
SUMÁRIO

RESUMO.......................................................................................................................4

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................5

2. OBJETIVOS...........................................................................................................6

2.1 GERAL....................................................................................................................6

2.2 ESPECÍFICOS........................................................................................................6

3. DEFINIÇÃO DE TUBERCULOSE.........................................................................7

4. ASSISTÊNCIA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM................................................10

5. CUIDADOS PRESTADOS A POPULAÇAO PRIVADA DE LIBERDADE..........11

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................15

REFERÊNCIAS...........................................................................................................16
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RESUMO

São poucos os estudos sobre o conhecimento da tuberculose (TB) entre os detentos,


trabalhadores do sistema penitenciário e da rede pública de saúde (RPS), e aqueles
realizados com outras populações apontam a falta do conhecimento sobre a doença como
uma das principais barreiras para a percepção dos sintomas, diagnóstico precoce, adesão
ao tratamento e cura. Objetivo: Verificar, através de uma revisão de literatura, as principais
razões dos casos de tuberculose nos presídios brasileiros. Metodologia: Foi realizada uma
busca na base de dados do Scientific Electronic Library Online (scielo), com os termos
“tuberculose”, “presídio” e “brasileiros”. A busca totalizou 34 documentos, dos quais somente
8 foram utilizados para a referida pesquisa. Nos resultados encontrados observa-se que o
número de casos de tuberculose no Brasil vem aumentando nos últimos anos nos presídios,
pois as pessoas privadas de liberdade são um grupo que tem até 28 vezes mais chances
de contrair a patologia. Foi evidenciado que a tuberculose é um dos grandes problemas
nas penitenciárias e que a principal força contra essa patologia são as ações de controle
realizadas pelas equipes de enfermagem, tornando cada vez mais necessário a
presença de um módulo de saúde em ambientes prisionais do Brasil

Palavras-Chave: Tuberculose; Prisões; Conhecimento.


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1. INTRODUÇÃO

A tuberculose (TB) é uma das principais causas de morbidade e mortalidade


relacionadas às doenças infecciosas nos países em desenvolvimento. Um desafio
notável para o controle da TB envolve a incidência desproporcional observada entre
as populações de maior risco, incluindo a carcerária. No ambiente prisional, essa
desigualdade é resultante de fragilidades sociais inerentes ao próprio indivíduo, bem
como desse espaço, onde a superlotação, a ventilação deficiente, a nutrição
precária, o consumo de drogas e as doenças associadas convivem com precários ou
inexistentes serviços de saúde.
Os elevados índices de TB nos presídios e o contingente de pessoas
incluídas neste grupo de risco no Brasil justificam o interesse acadêmico por este
tema. Esforços têm sido realizados para melhorias no âmbito da saúde prisional e,
em relação à TB, o Plano Nacional de Saúde Prisional prevê uma série de ações
estratégicas orientadas ao controle da doença. Em 2010, pela primeira vez, o
Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil incluiu um
capítulo específico que contempla recomendações para o diagnóstico, o tratamento
e o acompanhamento dos casos de TB nos presídios. Neste contexto de mudanças
recentes nas políticas de saúde prisional brasileiro.
Exclusão social e miséria estão diretamente relacionadas com a tuberculose,
afetando principalmente pessoas submetidas a condições inadequadas de moradia,
alimentação, educação e saneamento básico. O abuso de álcool, drogas ilícitas e
tabaco também contribuem para um maior risco de infecção e doença, assim como a
coinfecção com o HIV. Neste contexto, algumas populações são consideradas mais
vulneráveis para a TB e vêm sendo priorizadas nas políticas e programas de
controle da doença – pessoas em situação de rua, povos indígenas, portadores de
HIV, usuários de drogas, pacientes mantidos em instituições fechadas (asilos, casas
de repouso, hospitais psiquiátricos e albergues) e pessoas privadas de liberdade
(PPL) (DARA et al., 2009; BRASIL, 2011).
a prisão passa a ser reconhecida como local legítimo para punição dos
criminosos e sua reabilitação, cabendo ao Estado afastar estas pessoas do meio em
que vivem, temporária ou definitivamente, em tempo parcial ou diuturnamente,
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privando-as de liberdade. Isoladas em presídios, são tuteladas pelo Estado que


arroga para si o dever de fazer cumprir tanto as penalidades impostas pelas faltas
cometidas, quanto o de garantir condições adequadas de vida, recuperação e
capacitação para a reinserção social destas pessoas (FOCAULT, 1984).
Independente da época e do local, as pessoas encarceradas sempre estiveram e
estão submetidas a condições nem sempre mínimas para sua sobrevivência,
sujeitas a diferentes formas de vitimização, como precárias condições de vida e
higiene, tortura e outras formas de violência, estresse físico e mental, entre outras.
Assim, a privação da liberdade é a principal forma de punição empregada pelos
danos cometidos contra a ordem social vigente e, através do isolamento e de
trabalhos forçados e castigos, busca-se regenerar o indivíduo, acreditando-se que
seja possível com isso sua transformação e recuperação social (FOCAULT, 1984).
Como Foucault (1984, p. 209) bem sintetiza: “Em suma, o encarceramento penal,
desde o início do século XIX, recobriu ao mesmo tempo a privação de liberdade e a
transformação técnica dos indivíduos”.
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2. OBJETIVOS

2.1 GERAL
 Verificar, através de uma revisão de literatura, as principais razões dos
casos de tuberculose nos presídios brasileiros.

2.2 ESPECÍFICOS
 Conhecer o conceito, diagnóstico e tratamento da tuberculose.
 Identificar as políticas públicas para o controle da tuberculose dentro
do sistema prisional.
 Apontar a atuação do enfermeiro no controle da tuberculose nos
presídios brasileiros.
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3. DEFINIÇÃO DE TUBERCULOSE

A tuberculose é uma doença infecciosa, causada pelo Mycobacterium


tuberculosis, que compromete principalmente os pulmões, podendo, entretanto,
manifestar-se clinicamente de inúmeras maneiras e em diversos órgãos
(KOZAKEVICH; DA SILVA, 2016).
A TB é transmitida por via aérea, na maioria dos casos. A fala, o espirro e,
principalmente, a tosse de um doente com tuberculose pulmonar ativa lançam no ar
gotículas contaminadas de tamanhos variados. Apenas as gotículas com diâmetro
de 2 a 10 µm (Núcleos de Wells) e poucos bacilos (1 ou 2) conseguem alcançar os
bronquíolos e alvéolos pulmonares onde iniciam sua multiplicação (ROSSONI, et al;
2016).
A TB primária é considerada aquela que se desenvolve até cinco anos após
a primo-infecção ou infecção tuberculosa, ela acomete os pulmões e gânglios
satélites dos hilos, mediastino ou peribrônquicos. A TB pode se manifestar de várias
formas clínicas que podem estar relacionada ao órgão afetado ou não, grande parte
dos pacientes a TB primária tem forma insidiosa, porém podem apresentar febre
baixa, sudorese noturna, inapetência e irritação. Os sintomas clássicos da TB
pulmonar incluem tosse persistente, produtiva ou não, febre vespertina, sudorese
noturna e emagrecimento (ROSSONI, et al; 2016).
É de crucial importância identificar e tratar, o mais precocemente possível, os
casos de tuberculose nas penitenciárias. A busca passiva se dá a partir da demanda
espontânea, onde a Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) busca a equipe de saúde
que investiga a TB (TAVARES; ARARA; LIMA; 2020).
Entre os fatores associados à TB em presídio destacam-se, a origem de
comunidades socioeconomicamente desfavorecidas, a baixa escolaridade, a TB
prévia, os antecedentes de encarceramento e o HIV.
Os Sintomas da Tuberculose (TB) podem variar de pessoa para pessoa, mas
os mais comuns relatados são algia aguda ou crônica, expectoração sanguinolenta,
fadiga, febre, perda de peso e sudorese, edema em gânglios (TAVARES; ARARA;
LIMA; 2020).
Para os diagnósticos relacionados às funções do sistema respiratório, cabe
ao enfermeiro prescrever intervenções que visem o controle da qualidade da
ventilação como, por exemplo, o controle da frequência respiratória inibe a expiração
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excessiva, o que leva a uma perda de CO² pelo organismo, prevenindo uma alcalose
respiratória; o posicionamento e o conforto do paciente favorecem positivamente a
expansão pulmonar, o que reduz o esforço respiratório (ROSSONI, et al; 2016).
A busca ativa de sintomático respiratório, que se dá no ingresso da PPL ao
ambiente carcerário, realizando rastreamento de massa em campanhas, idealmente
duas vezes ao ano. Esse tipo de busca tem um papel importante na detecção
precoce de TB, e pode-se tratar e identificar possíveis focos, impedindo novos
casos. O exame de saúde admissional deve ser feito até sete dias após o ingresso
na unidade prisional (TAVARES; ARARA; LIMA; 2020).
Para o diagnóstico conclusivo da tuberculose, o enfermeiro realiza a coleta
de exames de baciloscopia direta. A cultura deve ser realizada para a confirmação
do diagnóstico em amostras de pessoas com sintomas de TB e que tiveram o exame
de baciloscopia direta negativa e em casos de controle do tratamento. A
baciloscopia direta de escarro é o principal método de diagnóstico para a
tuberculose. Ele é um exame simples, barato e que dá a confirmação exata do bacilo
no exame. Uma coleta realizada de escarro da árvore brônquica, por meio de
expectoração espontânea, conclui a coleta do material para o exame. Para o
paciente devem ser passadas informações simples para a coleta. O paciente pela
manhã deve realizar a higiene oral, inspirar profundamente, segurar a respiração por
um instante e escarrar forçando a tosse. O paciente deve repetir esse procedimento
até ter três amostras de escarro e colocar em um pote com tampa (TAVARES;
ARARA; LIMA; 2020).
O tratamento de TB nas PPL deve ser Tratamento Diretamente Observado
(TDO) e realizado exclusivamente por profissionais de saúde, onde esse vínculo
entre paciente privado de liberdade e profissional pode ser fortalecido, garantindo
assim o acesso ao serviço de saúde caso ocorra alguma intercorrência. Assim, se
reduz a possibilidade de uso irregular do tratamento, favorecendo o reconhecimento
do preso como alguém que está doente, cujo cuidado é responsabilidade dele e dos
profissionais de saúde (TAVARES; ARARA; LIMA; 2020).
O tratamento da tuberculose é realizado com antibioticoterapia com duração
mínima de seis meses, onde os dois primeiros meses ou fase intensiva do
tratamento são administrados os medicamentos Isoniazida, Rifampicina,
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Pirazinamida e o Etambutol, nos demais quatro meses ou fase de manutenção são


apenas a Rifampicina e Isoniazida. Todo caso de tuberculose necessita ser
notificado para realização do levantamento dos casos, e da notificação mais correta
possível para evitar que pacientes abandonem o tratamento, piorando muito uma
possível reabilitação (TAVARES; ARARA; LIMA; 2020).
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4. ASSISTÊNCIA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM

São atribuições do Depen, estabelecidas no art. 72 da Lei n.º 7.210 de 11 de


julho de 1984 e no Decreto n.º 6.061 de 15 de março de 2007, zelar para que as
normas de execução penal sejam corretamente aplicadas em todo o Brasil, entre
elas garantir o direito ao acesso à saúde, implantação de unidades e serviços penais
(BRASIL, 2019).
Na intenção de reduzir a incidência da doença, foi implantado pelo Ministério
da Saúde, no Brasil, o Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), que
preconiza a horizontalização das medidas de controle, vigilância, prevenção e
tratamento da doença para a Atenção Primária à Saúde (APS), visando,
principalmente, aumentar a adesão dos pacientes, a descoberta das fontes de
infecção (pacientes pulmonares bacilíferos) e a cura, para reduzir o risco de
transmissão da doença na comunidade. Essa estratégia de organização ampliou o
acesso das populações mais vulneráveis ou sob risco acrescido de contrair a
doença, pois lida diretamente com o usuário e seu contexto de vida (ANDRADE, et
al. 2017).
Em 2010, pela primeira vez, o Manual de Recomendações para o Controle da
Tuberculose no Brasil incluiu um capítulo específico que contempla recomendações
para o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento dos casos de TB nos
presídios. Neste contexto de mudanças recentes nas políticas de saúde prisional no
Brasil, torna-se essencial a elaboração de estudos que permitam construir sínteses
sobre os desenvolvimentos recentes e indiquem as lacunas de conhecimento
associadas ao assunto (VALENÇA et al., 2016).
No sistema prisional, a TB tem sido considerada um problema de saúde
pública, já que sua incidência é maior entre os presos do que na população em
geral. Vale ressaltar que a TB é uma doença de transmissão aérea, facilitada em
ambientes de pouca ventilação e iluminação, e encontra nos ambientes superlotados
dos presídios condições muito favoráveis para a infecção dos detentos (MACHADO,
et al; 2016).
Uma vez que se entende a busca ativa para TB como a implementação de
ações visando identificar pessoas sintomáticas e realizar diagnóstico de TB ativa, e
a busca passiva como a detecção de TB ativa entre pessoas que se apresentam ao
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serviço de saúde para avaliação dos sintomas, em muitos dos estudos avaliados, as
ações de busca ativa e/ou passiva são componentes da etapa de coleta de dados.
A triagem para detecção de TB tem como objetivo primário, aumentar a
detecção precoce de casos e, em consequência disso, melhorar os desfechos
individuais e diminuir a transmissão do M. tuberculosis na comunidade. Em presídio
do sul do Brasil, a busca ativa por meio de sintomas clínicos, o uso do cultivo
permitiu o diagnóstico precoce de 25% dos casos esperados em um ambiente hostil,
onde o acesso à saúde é restrito e o sistema de saúde nem sempre é alcançado.
Também em outros dois presídios do Sul, 48% e 66,7% dos casos foram
diagnosticados apenas por cultura, demonstrando a maior sensibilidade do método
em relação a microscopia e permitindo o início do tratamento precoce, antes que o
paciente tivesse microscopia positiva.
Verifica-se que existem aspectos que podem dificultar a implementação das
medidas recomendadas pela investigação científica. Pois, de acordo com estudo
que avaliou o conhecimento, as atitudes e as práticas sobre TB, tanto entre os
detentos quanto entre os trabalhadores de saúde e do presídio, foram observadas
conceitos equivocados sobre a doença.
Além disso, segundo a experiência do doente apenado, o atraso no diagnóstico
da TB (fator que contribui para os alarmantes índices da doença em presos), “está
relacionado à naturalização da desassistência ao sujeito preso, à interpretação do
presídio como um lugar de morte e sofrimentos e à privação do direito à saúde para
detentos em decorrência de sua posição”. Com isso, evidencia-se, ainda, maior
descaso de uma doença que já é mundialmente reconhecida como negligenciada,
na medida em que a privação de liberdade impõe iniquidade de acesso à assistência
em saúde para este grupo populacional. Desta forma, o cenário da pesquisa aponta
para outro grande desafio ao controle da TB em presídio: a mudança de concepções
sobre o direito à saúde dos apenados. Enxergar o acesso ao sistema de saúde
como direito dos detentos e não como concessão do sistema prisional, pode ser o
primeiro passo para promover a autonomia dos presos sobre a própria saúde.
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5. CUIDADOS PRESTADOS A POPULAÇAO PRIVADA DE LIBERDADE

A tuberculose (TB) merece uma atenção especial dos profissionais de saúde e


da sociedade como um todo. Em relação aos cuidados de saúde, o enfermeiro
desempenha papel crucial nos programas de controle de TB, sendo “papel do
enfermeiro ser o protagonista na prevenção e controle da TB, realizando o
planejando intervenções de forma integral (políticas, econômicas e sanitárias), a
partir do âmbito local até o internacional” (ROSSONI, et al; 2016).
De acordo com ministério da saúde, o planejamento das ações de controle de
tuberculose está respaldado na Lei de Execuções Penais (LEP), na Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade (PNAISP) e junto
ao CNPCP e deve ser realizado por estados e municípios em conjunto com as
Secretarias de Administração Penitenciária e/ou Justiça. Para que a PNAISP seja
implantada de forma universal e com qualidade, incluindo as ações de controle de
tuberculose, é de suma importância que haja articulação entre os gestores de saúde
e de administração penitenciária em todos os níveis da federação. Sobre condutas
específicas de controle da TB em unidades prisionais, ver capítulo Ações
Estratégicas para Situações/Populações Especiais.
Cabe ao enfermeiro frente ao paciente acometido com TB obter história
completa e realizar o exame físico no indivíduo. Se observadas manifestações como
sudorese noturna, tosse produtiva, fadiga, perda de peso, anorexia e febre, cabe ao
enfermeiro realizar uma avaliação mais completa da função respiratória (ROSSONI,
et al; 2016).
Os presídios são ambientes repletos de particularidades que podem interferir
no desenvolvimento de ações voltadas à saúde. Encontra-se que as limitações para
o controle da doença em presídios estejam atreladas a imprecisão de algoritmos
diagnósticos e a falta de estrutura laboratorial adequada. Sendo a recomendação
principal aumentar a frequência das triagens de casos com suspeita de TB
(VALENÇA et al., 2016).
Nesse sentido, o profissional de enfermagem é de suma importância na
prevenção, controle e reestabelecimento dos pacientes, para isso é necessário o
levantamento dos diagnósticos de enfermagem, pois permitem o direcionamento da
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atenção às necessidades do paciente uma vez que auxiliam no estabelecimento de


medidas preventivas e de intervenções que foquem em cada problema detectado.
Eles ainda possibilitam agilidade, facilidade e direção nas escolhas das intervenções
de enfermagem permitindo o alcance dos resultados e promovendo a melhora na
qualidade da assistência prestada ao paciente e também, que a mesma seja
realizada de forma sistemática e individualizada (ROSSONI, et al; 2016).
O uso de taxonomias de enfermagem como a Classificação Internacional para
a Prática de Enfermagem (CIPE®) colabora com os enfermeiros no raciocínio clínico
durante o processo de cuidar, pois estabelece uma relação concreta entre os
exames clínicos, os diagnósticos, as intervenções e os resultados de enfermagem.
Também a aplicação da CIPE® permite a padronização da linguagem de
enfermagem, facilitando a avaliação da qualidade da assistência por meio da
documentação dos registros, dando visibilidade ao trabalho do enfermeiro dentro da
equipe (ROSSONI, et al; 2016).
Diferentes estudos indicam maior sensibilidade na detecção de casos de TB
através de rastreio radiológico. Entretanto, a disponibilidade de equipamentos e
profissionais para este fim não são realidade da maioria dos presídios. Portanto a
mobilização de um grande número de presos até um serviço de saúde para
realização de exame radiológico seria a única opção para proceder à triagem por
exame de imagem, porém, este seria um obstáculo de difícil transposição, tanto pela
logística, quanto pela disponibilidade de viaturas e pessoal para esse fim. Assim, a
avaliação clínica por meio de questionários tem sido método de escolha em
diferentes presídios (VALENÇA et al., 2016).
O envolvimento de diferentes profissionais é fundamental para o
encaminhamento de ambas as estratégias de busca (ativa e passiva), quando, em
especial, os agentes penitenciários foram os principais envolvidos. Os agentes
mobilizavam os detentos até o local para entrevistas, avaliação de sintomas e
orientação para coleta de escarro, quando indicado. Sem a possibilidade de
mobilizar detentos, como ocorrido em situações de pouco pessoal da segurança na
escala de trabalho e problemas relacionados à manutenção da disciplina no interior
das galerias, não se desenvolviam as avaliações planejadas. Este é um dos
exemplos da inconstância na manutenção de uma das rotinas que fazem parte do
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processo de controle da TB. A complexa dinâmica organizacional e funcional do


presídio determina adaptações constantes, exigindo uma plasticidade
comportamental em cada uma das atividades propostas, independente se na etapa
de detecção, diagnóstico, seguimento clínico ou avaliação dos resultados
(VALENÇA et al., 2016).
Também foram identificados como importantes colaboradores neste processo
os detentos trabalhadores do ambulatório da instituição, uma vez que contribuíram
para organizar a demanda de atendimento da busca ativa e passiva de TB, bem
como para o recolhimento das amostras coletadas e o seguimento clínico dos casos
detectados. Entende-se que, em parte, esses detentos desempenharam uma
posição semelhante ao dos agentes comunitários de saúde (ACS), fortalecendo o
vínculo entre a equipe de saúde e os pacientes, por conhecerem o ambiente onde
se inserem as práticas de saúde (VALENÇA et al., 2016).
No contexto do estudo, os serviços de saúde envolvidos no controle da TB
dentro e fora do presídio são os mesmos, o Programa Municipal de Controle da TB
(PMCT), o Serviço de Assistência Especializada, o Laboratório de Análises Clínicas
do município e clínicas ou hospitais para exame radiológico; articulados pela
unidade de saúde do paciente, nesse caso, a de saúde prisional. Contudo, com a
restrição da autonomia sobre a própria saúde e a privação da liberdade, os presos
dependem de terceiros na busca de atendimento, marcação de exames e
recebimento de medicações, por exemplo. Em outro local de estudo e na
perspectiva do doente apenado, o atraso no diagnóstico da TB é relacionado à
naturalização da desassistência como consequência de sua condição de estar
cumprindo pena privativa de liberdade (VALENÇA et al., 2016).
Ainda que no presente estudo os trabalhadores envolvidos tenham dedicado
tempo e esforços na tentativa de qualificar o controle da TB, a interação entre
presídio e serviços de saúde foi frágil do ponto de vista operacional. Ao menos, em
parte, isso se deve ao fato desta articulação ter dependido, quase que
exclusivamente, de pessoas que compreendiam a TB no presídio como um
problema. Como consequência, maior parte das ações centralizaram-se naqueles
trabalhadores sensibilizados com isso (VALENÇA et al., 2016).
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De tal forma, o eventual afastamento dessas pessoas poderia determinar a


descontinuidade das estratégias de controle da TB desenvolvidas. Logo, há a
necessidade de implementar todas as ações como um processo, tomando, como
base, um algoritmo adequado às especificidades do presídio, com rotinas
conhecidas e estabelecidas tanto pelos serviços de saúde, quanto pelo presídio, não
apenas pelos indivíduos envolvidos em um determinado momento (VALENÇA et al.,
2016).
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A TB prisional está associada a características individuais e a condição de vida


antes do encarceramento, bem como a fatores ambientais relacionados à reclusão.
Considera-se que entre tais fatores ambientais se incluem, além do espaço físico, a
questão organizacional do sistema, questões de ordem política e de recursos
humanos, tais como as dificuldades para o desenvolvimento de intervenções para
detecção precoce dos casos índices, a articulação do sistema prisional com o
sistema de saúde e a atuação de equipes multiprofissionais qualificadas para o
manejo desse problema no interior dos presídios. Dessa forma, a questão
socioambiental é outro aspecto que pode ser objeto de estudo a ser explorado pelas
pesquisas com enfoque na TB em presídios.
A discussão de resultados produzidos por estudos brasileiros, cotejada pela
literatura internacional, permite aos profissionais e gestores da área da saúde a
obtenção de informações relevantes sobre como o problema da TB em presídio tem
sido abordado em diferentes contextos. Estudos com o mesmo objetivo do presente
trabalho não foram até então publicados e os resultados aqui descritos podem
subsidiar a formulação e a adoção de estratégias voltadas à melhor resolubilidade
dos problemas associados à TB em presídio.
Embora a condição de reclusão represente uma oportunidade singular para
intervir, especificidades do próprio confinamento podem estar relacionadas com
fragilidades para a implementação de políticas públicas de saúde. Assim, quais são
as potencialidades e as fragilidades para o estabelecimento de ações que visam a
minimizar a carga da doença neste cenário? Como se estabelece o fluxo
diagnóstico, principalmente no que diz respeito à mobilização dos detentos dentro do
presídio para os atendimentos junto à equipe de saúde? Em presídios que não
dispõem de infraestrutura laboratorial própria (provavelmente a maioria), como
ocorre o encaminhamento das amostras clínicas para o laboratório de referência?
Os exames radiológicos são realizados? A comunicação de resultados laboratoriais
(tanto entre laboratório-equipe de saúde, quanto entre equipe de saúde-presos) é
efetiva para a tomada de decisão clínica? De que forma se dá o seguimento clínico
dos casos de TB detectados, considerando as possibilidades de mudança de
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instituições penais, liberdade de presos em tratamento, a realização periódica de


exames de controle e o fornecimento de medicações? Neste sentido, estudos
científicos podem contribuir para melhor conhecimento da magnitude da TB prisional
e eventualmente responder aos principais questionamentos apresentados.
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REFERÊNCIAS

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22

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