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II. Voto.
Cinge a controvérsia sobre a ilegalidade na recusa da concessionária ao fornecimento de energia elétrica para a
residência da recorrida, sob o argumento de que o imóvel tem características de loteamento urbano ou área inferior ao
módulo rural.
De início ressalto que a r. sentença recorrida (mov. 58.1 dos autos de origem) não merece reprimenda.
Explico.
No presente caso, busca-se tutela jurisdicional para garantir a instalação de serviço de energia elétrica. E, conforme
consta nos autos, existe distribuição de energia para residências no perímetro próximo a casa.
Assim sendo, negar o fornecimento de energia e água fere os princípios da dignidade da pessoa humana e moradia. É
desproporcional, portanto, negar tal direito apenas por ser inobservada a legislação pertinente.
Ressalto que o fornecimento do serviço, jamais causará prejuízo ao município que poderá utilizar dos meios adequados
para obrigar a desocupação e a recomposição do status quo ante do imóvel, caso assim entenda necessário.
Desarte, em que pese o inconformismo da recorrente não vislumbro motivos para a reforma da decisão recorrida, vez que
todas as questões postas em juízo foram fundamentadas pormenorizadamente.
Aliás, tal controvérsia apresenta entendimento pacificado por esta Turma Recursal. Veja-se:
Ademais, não há que se falar em aumento de prazo para que ocorra a ligação de energia no imóvel da autora, vez que o
recorrente não demonstrou a impossibilidade do cumprimento da obrigação no prazo estipulado pelo juízo a quo e, em se
tratando de serviço básico essencial, deve ser fornecido de forma mais breve o possível.
Não bastasse isso, há que se destacar que, nos termos dos trâmites administrativos previstos no artigo 27 e seguintes da
Resolução nº 414/210, já existindo imóveis na mesma localidade que possuem o fornecimento da energia elétrica, é
evidente que a companhia deve possuir em seus registros a planta do local que possa possibilitar a execução da obra e
instalação de equipamentos no prazo estipulado pelo juiz singular.
Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e negar provimento ao recurso interposto, mantendo-se a sentença
proferida pelo Juízo de origem por seus próprios fundamentos, nos termos do artigo 46 da Lei 9.099/95.
A manutenção da sentença por seus próprios fundamentos é constitucional, conforme já confirmou o Supremo Tribunal
Federal (AI749963- rel. Min. Eros Grau, julg. 08/09/2009). Como já ressaltou a Min. Fátima Nancy Andrighi “é
absolutamente contra o propósito da simplicidade e da informalidade uma Turma Recursal quando confirma uma
sentença, a denominada dupla conforme, lavrar acórdão para repetir os mesmos fundamentos. Basta uma ementa para o
repositório da jurisprudência, nada mais. É simples assim!” (DIDIER JR (coord. Geral). Juizados Especiais.
Salvador:Juspodivm, 2015, p.31).
Condena-se a parte recorrente ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios no importe de 20 % (vinte
por cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade resta suspensa em razão da gratuidade de justiça concedida.
Ante o exposto, esta 4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por unanimidade
dos votos, em relação ao recurso de COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA, julgar pelo(a) Com
Resolução do Mérito - Não-Provimento nos exatos termos do voto.
O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Marco Vinícius Schiebel, sem voto, e dele
participaram os Juízes Pamela Dalle Grave Flores Paganini (relator), Aldemar Sternadt e Tiago Gagliano
Pinto Alberto.
25 de março de 2022