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ARTIGO ARTICLE 155

Mídia, clonagem e bioética

Media, cloning, and bioethics

Sérgio Ibiapina Ferreira Costa 1

Débora Diniz 2

1 Centro de Ciências da Abstract This article was based on an analysis of three hundred articles from mainstream
Saúde, Universidade Federal
Brazilian periodicals over a period of eighteen months, beginning with the announcement of the
do Piauí. Teresina, PI
64049-550, Brasil. Dolly case in February 1997. There were two main objectives: to outline the moral constants in
2 Núcleo de Estudos e the press associated with the possibility of cloning human beings and to identify some of the
Pesquisas em Bioética,
moral assumptions concerning scientific research with non-human animals that were published
Universidade de Brasília.
Anis: Instituto de Bioética, carelessly by the media. The authors conclude that there was a haphazard spread of fear con-
Direitos Humanos e Gênero. cerning the cloning of human beings rather than an ethical debate on the issue, and that there is
C. P. 04554 Brasília, DF
a serious gap between bioethical reflections and the Brazilian media.
70919-970, Brasil.
debdiniz@zaz.com.br Key words Cloning; Media; Periodicals; Bioethics; Ethics

Resumo Para este artigo, foram analisadas trezentas matérias extraídas dos principais jornais
da mídia impressa brasileira sobre o tema da clonagem, em um período de dezoito meses, a con-
tar do anúncio de Dolly, feito em fevereiro de 1997. A análise do material teve dois grandes obje-
tivos: mapear os constantes morais a que a possibilidade da clonagem de seres humanos esteve
associada e identificar alguns dos pressupostos morais da pesquisa científica com animais não-
humanos e que foram reproduzidos irrefletidamente pela mídia. Além do reconhecimento de
que houve antes uma difusão irrefletida do medo da clonagem em seres humanos que mesmo
um debate ético frente à questão, a conclusão a que os autores chegaram com este estudo foi que
há um sério descompasso entre as reflexões bioéticas e a mídia brasileira.
Palavras-chave Clonagem; Mídia; Periódicos; Bioética; Ética

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Introdução tão comuns à pesquisa científica são anôni-


mos). Enquanto os animais não-humanos, já
Na edição de março-abril de 1998 da revista utilizados pela clonagem a título de rotina da
Hastings Center Report, editada por um dos pesquisa científica, encontram-se no passado
centros mais importantes do mundo na pes- e no presente, no futuro estaria a possibilidade
quisa bioética, foi publicado o artigo “Bad Co- de abertura da técnica para os humanos. E,
pies: how popular media represent cloning as neste futuro, infelizmente, a tônica não foi a
an ethical problem”, de autoria de Patrick Hop- ética da clonagem, entendida aqui em um sen-
kins, que, com uma perspicácia fora do co- tido positivo da reflexão cuidadosa, mas sim a
mum, analisou como a mídia impressa e tele- antiética da mesma. Falou-se muito mais das
visiva dos Estados Unidos lidou com a clona- conseqüências negativas da técnica de que
gem de Dolly, a ovelhinha nascida de reprodu- seus possíveis benefícios à humanidade. Como
ção assexuada, apresentada ao mundo em fe- acertadamente escreveu o ombudsman do jor-
vereiro de 1997 incialmente pela revista Nature nal Folha de São Paulo, em matéria do dia
(Hopkins, 1998). Ora, a começar pelo título 2/3/97: “...A ovelha não foi recebida com oti-
“Bad Copies” (“Cópias Mal-Feitas”), uma ironia mismo, mas antes como a prova da iminente
inteligente ao estilo narrativo adotado pela mí- decadência da espécie humana, incapaz de re-
dia norte-americana frente à clonagem de frear seus instintos diante das mórbidas possi-
Dolly, o artigo de Hopkins foi antes inovador bilidades colocadas à sua disposição pela ciên-
por seu argumento de fundo que mesmo por cia...” (Santos, 1997:1-6). Na verdade, durante
suas análises de caso. Vale acompanhar algu- os primeiros meses de divulgação da notícia,
mas das palavras iniciais do autor e que, em com raras exceções, quase não houve espaço
larga medida, resumem seu argumento-chave: na mídia para avaliar as vantagens da técnica
“...a maioria dos americanos recebeu treina- em animais humanos.
mento sobre a ética da clonagem antes de saber Em certo sentido, em nome do medo e da
o que seria a clonagem propriamente dita...” proteção, muitas vezes irrefletida, dos animais
(Hopkins, 1998:1). Ou seja, segundo o autor, humanos, revivemos histórias trágicas de into-
para um grande público, aí inclusos não ape- lerância desmedida como, por exemplo, face à
nas leigos na medicina mas todos aqueles não astronomia na Idade Média: os biólogos esco-
iniciados nos segredos da genética, a ética da ceses incorporaram o espírito de Galileu e
clonagem veio antes da técnica da clonagem. Dolly foi algo como a besta apocalíptica. Para
O fenômeno Dolly na mídia, ao contrário utilizarmos um substantivo suave para o teor
do que se poderia deduzir da idéia de Hopkins da mídia ao descrever a clonagem de Dolly, di-
da ética antes da técnica, não subverteu a lógi- ríamos que faltou, no mínimo, tranqüilidade. A
ca do pensar-fazer científico tradicional, carac- tônica foi o medo, a apreensão e a angústia
terizada pelo fato de a reflexão ética, regra ge- moral diante de uma técnica cujas possibilida-
ral, ser posterior ao avanço científico. E, de fa- des de mal uso em humanos fizeram relembrar
to, não foi neste sentido que Hopkins afirmou eventos da história mundial de que a humani-
que, para a clonagem de Dolly, a “ética veio an- dade se envergonha. Do passado histórico, res-
tes da técnica” (Hopkins, 1998:6). O que o autor gatou-se a sombra do nazismo que obscureceu
considerou foi que a mídia norte-americana toda e qualquer possibilidade imediata de fu-
deteve-se antes nos aspectos morais da técnica turo digno para a clonagem em seres humanos.
(e, principalmente, em seus prováveis desdo- Assim, diferente da tese de Hopkins sobre a
bramentos em seres humanos) que propria- divulgação da ética da clonagem como anterior
mente nas sutilezas da técnica. Pouco se falou à técnica, consideramos que o ocorrido, pelo
da história da clonagem, como dos girinos e anúncio de Dolly, foi antes a difusão do terror
dos ratos clonados desde os anos 50. Ou mes- da clonagem que mesmo da ética da clonagem
mo do uso da clonagem na agricultura ou na (para uma introdução à idéia do terror midiáti-
pecuária desde os anos 80. O tempo histórico co frente à clonagem, vide Klotzko, 1997; Gar-
da mídia foi outro. A mídia deteve-se no futuro rafa & Diniz, 1998). Ou melhor, a antiética da
da clonagem. Ou melhor que isto: a mídia en- clonagem veio antes da técnica ou mesmo da
treteve-se em imaginar e, muitas vezes, em ética da clonagem. E neste processo de exposi-
fantasiar o futuro da clonagem. ção das fantasias e dos possíveis malefícios da
Mas o futuro fantasioso não teve como pro- clonagem em humanos, o medo foi o grande
tagonistas os animais clonados no tempo pre- inspirador da narrativa midiática. Fomos, por-
sente da clonagem, tais como as ovelhas (Dolly, tanto, primeiramente alfabetizados no medo
Polly e Molly), os macacos (Neti e Ditto), os be- da clonagem em humanos que mesmo apre-
zerros (Charlie e George) ou os ratos (estes de sentados à reflexão ética e crítica sobre os usos

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e abusos da técnica. O resultado foi, então, um remos neste artigo é o defendido por Singer,
conjunto de alegorias apocalípticas (“exército 1993).
de Hitler”, “fim da diversidade” ou “nascimento Antes, porém, de passarmos à apresentação
de Frankensteins”) que transformou o hipoté- de como foi feita a pesquisa, gostaríamos de
tico defensor da clonagem em humanos num esclarecer alguns de nossos pressupostos para
sujeito anônimo também temeroso de expor este artigo. O primeiro é que uma análise como
suas opiniões. Um exemplo interessante deste esta não visa pôr em julgamento a mídia pro-
processo foi a matéria publicada no jornal Fo- priamente dita nem tampouco a forma como
lha de São Paulo, em 2/3/97, em que numa pe- noticia os fatos. Partimos da idéia de que a mí-
quena subseção do texto de página inteira so- dia não cria realidades, ela reproduz e redi-
bre clonagem, intitulada “Comentário”, lia-se: mensiona realidades que existem antes e além
“...Contra o presidente Bill Clinton, o papa e as dela. Diferente de Arlene Klotzko que – ao ana-
grandes autoridades ministeriais européias, di- lisar como a mídia norte-americana difundiu o
versos médicos ouvidos por esta Folha, admiti- caso Dolly em comparação à mídia inglesa –
ram, ‘na condição de anonimato, é óbvio’, que julga e reprime o estilo narrativo da mídia nor-
não vêem em princípio nenhum problema ético te-americana, considerando-a uma das princi-
na duplicação de seres humanos...”[sem grifos pais responsáveis pela criação do terror da clo-
no original] (Schwartsman, 1997:1-6). Ou seja, nagem em seres humanos, nós, por outro lado,
sob o domínio coletivo do medo era mais do reconhecemos que a mídia teve (e tem) um pa-
que “óbvio” que médicos simpatizantes da idéia pel fundamental na reprodução do medo e, tal-
da clonagem em humanos solicitassem o ano- vez, na recriação do mesmo, mas considera-
nimato. mos também que o terror existe anterior e in-
O medo, no entanto, foi parte considerável dependentemente do esforço da mídia em criá-
do explicitamente exposto pela mídia. E para a lo. Logo, a mídia será utilizada como o porta-
sua compreensão, o artigo de Hopkins foi fun- voz de um medo coletivo da clonagem em se-
damental. O autor enumerou os constantes res humanos. Na verdade, até mesmo entre
morais utilizados pela mídia norte-americana bioeticistas famosos como é o caso de Leon
por ocasião da divulgação de Dolly. Na taxono- Kass, bioeticista norte-americano de filiação
mia final, os constantes morais mais recorren- religiosa, esta idéia irrefletida do medo face à
tes foram agrupados em três grandes catego- clonagem de seres humanos é aceita. Kass a
rias, assim estipuladas pelo autor: “... perda da considera como parte do que chama wisdom of
unicidade e individualidade do humano, as mo- repugnance (sabedoria da repugnância), isto é,
tivações patológicas de quem poderia desejar conhecimentos que os seres humanos pos-
um clone e o medo da ‘perda de controle’ da suem e não necessitam de argumentos racio-
ciência criando assim o ‘admirável mundo nais para sustentá-los (Kass, 1998). Basta ape-
novo’” (Hopkins, 1998:6). O mérito deste exercí- nas o apelo à sabedoria da repugnância para
cio analítico foi ter mapeado o universo simbó- justificá-los, diz ele.
lico do medo existente em torno da possibili-
dade de clonagem de seres humanos.
Neste artigo, repetiremos a idéia de Hop- A pesquisa
kins tendo como estudo-de-caso a mídia im-
pressa brasileira. Usaremos a taxonomia norte- Para este artigo, analisamos trezentas matérias
americana como pano-de-fundo para traçar- jornalísticas, publicadas entre os meses de fe-
mos as semelhanças e as particularidades do vereiro de 1997 (anúncio de Dolly pela revista
fenômeno Dolly na mídia brasileira. Nosso ob- Nature) e setembro de 1998, nos seguintes jor-
jetivo, ao analisar o estilo narrativo da mídia nais de circulação nacional diária: Folha de São
impressa nacional frente à Dolly, foi, contudo, Paulo, Correio Braziliense, Gazeta Mercantil,
além do meramente descritivo. Apontar os Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo e O Glo-
constantes morais comumente referidos pela bo; além de três semanários: Época, IstoÉ e Ve-
mídia brasileira foi apenas o primeiro passo na ja. Do total de reportagens levantadas e previa-
identificação do que, aqui, chamaremos de mente analisadas, reduzimos nossa amostra a
pressuposto ideológico da pesquisa científica, trinta e seis matérias por considerá-las repre-
que esteve presente em quase todas as maté- sentativas do universo selecionado e a elas fa-
rias analisadas. Ou seja, utilizaremos o fenô- remos referências mais específicas. A alusão ao
meno Dolly como indicador de um dos dados material ilustrativo que, em geral, acompa-
mais importantes da pesquisa científica e que, nhou as matérias será feita apenas a título
comumente, encontra-se oculto: a ideologia complementar, uma vez que suas análises fo-
especista (o conceito de especismo que utiliza- ram secundárias nesta pesquisa. Registramos,

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entretanto, que uma reflexão sobre o mesmo logia do estado nazista, especialmente à figura
seria de extrema valia. Além disso, antecipa- de Hitler. Entre os projetos megalomaníacos
mos também que não foi preocupação deste passíveis de serem realizados por intermédio
artigo avaliar o grau de precisão da mídia im- da clonagem, estariam os milionários que dese-
pressa na divulgação das notíticas científicas, jariam se replicar ou os grandes investidores re-
ou seja, consideramos que um julgamento so- pletos de inimigos em busca de sócios confiáveis
bre o cuidado da mídia no trato de questões ou mesmo modelos ou cantores famosos (Sha-
científicas é outra tarefa bem distinta daquela ron Stone e Michael Jackson encabeçaram a
a que nos propusemos aqui (sobre este tema lista dos clonáveis pela mídia norte-americana).
da ética da comunicação científica na mídia vi- 3) O desejo de substituição de uma criança
de, por exemplo, Jasmin, 1997; Leone, 1997 e morta.
Lucas, 1997). Este projeto moral apontado como possível
por intermédio da clonagem foi o que maior
simpatia teve dos americanos comuns, os ame-
“Um mundo artificial vai substituir ricanos classe-média, como chamou o autor:
o mundo real”: as alegorias em torno “...Comumente contrastada aos projetos mega-
da clonagem lomaníacos ou egoístas, a motivação do casal
por clonar, visando “substituir” a criança mor-
Comecemos pelos constantes morais identifi- ta, é a que tem a maior simpatia da classe-mé-
cados por Hopkins em sua análise da mídia dia” (Hopkins, 1998:10). A substituição do fi-
norte-americana: lho-querido-morto foi um dos poucos projetos
1) O medo da perda da unicidade de cada de clonagem humana moralmente aceitáveis
ser humano. juntamente à idéia de produção de órgãos para
A idéia de que a clonagem viria afetar a dig- transplantes ou de utilização da clonagem co-
nidade humana, já que acabaria com a origina- mo técnica reprodutiva para casais radical-
lidade de cada ser foi o argumento mais citado mente inférteis.
pela mídia norte-americana. O interessante Se por um lado estas três grandes catego-
desta recorrência moral, a perda da unicidade rias foram as que maior recorrência apresen-
do indivíduo, é sua referência à ideologia indi- taram na mídia dos Estados Unidos, a mídia
vidualista, característica marcante da socieda- impressa brasileira, por outro lado, desenhou
de norte-americana que sobrevaloriza o indiví- duas grandes tendências. Antes de apresentá-
duo e todos seus derivados filosóficos. Isto é, las, vale lembrar que não é necessário recorrer
em um contexto de indivíduo como valor, a às teorias da comunicação social para saber-
possibilidade de perda desta originalidade é mos que boa parte do que se divulga sobre te-
mais grave que em outras realidades sócio-cul- mas científicos internacionais na mídia brasi-
turais. Hopkins, ao analisar um trecho da revis- leira é reinterpretação do já publicado em ou-
ta Time sobre o assunto, comentou com um tros periódicos ou mesmo cópias mal-feitas do
certo ar de ironia: “...Isto conduz a um vago me- já divulgado (houve, é claro, algumas exceções
do valorativo de que a clonagem é simplesmen- a estas cópias mal-feitas, publicadas na sua
te anti-americana...Clonagem, a revista Time maioria pela mídia especializada em divulga-
teme, está ao lado dos insetos robôs e da ideolo- ção científica; por exemplo Dieguez, 1997: Co-
gia comunista. A não-clonagem está ao lado do mo Foi Possível?; Schramm, 1997: O Fantasma
individualismo americano e do Mistério...” da Clonagem Humana e Garrafa & Diniz, 1998:
(Hopkins, 1998:9). Ou seja, a clonagem em hu- Clonagem, Terror e Mídia). Ou seja, em alguma
manos não apenas afetaria o valor-indivíduo, medida os constantes morais identificados por
mas, principalmente, iria de encontro à pró- Hopkins em sua análise da mídia norte-ameri-
pria idéia de construção de nação para os nor- cana também podem ser encontrados nas ma-
te-americanos. A possibilidade de clonagem de térias sobre clonagem extraídas da mídia brasi-
humanos incorporou, em alguma medida, a leira; porém, o mais interessante para nós vem
simbologia do inimigo. sendo o reconhecimento de constantes morais
2) O receio do surgimento de projetos me- nacionais, se assim podemos denominar as pe-
galomaníacos por parte de indivíduos egocên- culiaridades da angústia moral provocada pela
tricos. clonagem no contexto brasileiro. Vamos, então,
Esta idéia foi a que maior referência fez a fil- aos constantes morais encontrados na mídia
mes e à literatura de ficção científica, como por brasileira:
exemplo ao filme The Boys from Brazil (Os Me- 1) A mais importante delas é a referência à
ninos do Brasil), ao livro Brave New World de Al- Igreja Católica e aos seus postulados morais
dous Huxley (Admirável Mundo Novo) e à ideo- contrários à clonagem de seres humanos.

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Em matéria publicada no Estado de São 5/3/97 (Alcântara, 1997), que anunciou Dolly,
Paulo, poucos dias após o anúncio de Dolly, onde se vê um time de futebol composto ape-
27/2/97 (Vlahou, 1997), lia-se a seguinte man- nas por Ronaldinhos), não seríamos os cloná-
chete: “Vaticano pede proibição de clonagem veis, uma vez que para os padrões hierárquicos
humana”, sendo seguida de uma enorme foto- mundiais os nossos humanos seriam menos
grafia do papa em movimento de bênção. O humanos. Outra possibilidade, em que brasi-
texto da matéria, em entrevista a um bioeticis- leiros clonáveis foram cotados, mas em tom de
ta italiano, de inspiração religiosa, dizia: “...A humor, teve a dançarina Carla Perez como uma
possibilidade de clonar uma pessoa traz à men- das mais votadas, em pesquisa realizada pelo
te o terrível caso do nazista Menguele... esta se- jornal Folha de São Paulo, em 1/3/97 (Gutkoski,
ria a forma mais forte de domínio do homem so- 1997). Se alguém pensar em clonar brasileiros,
bre o homem...” (Vlahou, 1997). A referência ao dizia ainda o jornalista, é para servir a interes-
Evangelium Vitae, principal documento que ses escusos, como o sugerido pelo filme Meni-
suporta os argumentos religiosos contrários à nos do Brasil.
manipulação da reprodução humana, teve por 3) A possibilidade da reprodução sem o ma-
objetivo reforçar a autoridade de Deus na cria- cho.
ção da vida e, ao mesmo tempo, visou destituir Não temos como afirmar se este tópico não
o ser humano de seu projeto cosmogônico de esteve presente nos artigos da mídia norte-
recontar a origem da vida. A metáfora mais re- americana ou se não foi recorrente a ponto de
corrente foi a que, assim como os físicos co- o autor catalogá-lo. Curiosamente, entre nós,
nheceram o pecado com a construção da bom- encontramos uma série de artigos que aponta-
ba atômica, os cientistas de Dolly intentaram vam para o possível descarte do macho no pro-
conhecer a criação, um projeto vedado aos hu- cesso reprodutivo com o advento da clonagem
manos. Em uma matéria publicada no Correio como técnica reprodutiva. Para uma jornalista,
Braziliense (1997b), no dia 2/3/97, intitulada se, um dia, houver a difusão e popularização da
“Religiões, inquietas, pedem cautela”, onde a fo- clonagem, os homens correrão perigo. Podere-
to do papa ocupava quase a metade da página mos ter, dizia outra jornalista mais afoita, uma
do jornal, lia-se logo nas primeiras linhas: “...A sociedade de mulheres. Um psicanalista, irôni-
vida ainda é uma exclusividade de Deus...”. ca e debochadamente, proclamou a era da clo-
Além desse recurso à autoridade da Igreja Ca- nagem como “o fim da era do espermatozóide”;
tólica como fonte normatizadora da prática, o dizia ele em uma matéria publicada na Gazeta
uso da linguagem religiosa para descrever a Mercantil em 28/2/97: “...Prevê-se agora uma
descoberta foi uma constante. Manchetes com nova avalanche cultural de feministas leves e
forte teor apelativo como as que se seguem fo- pesadas – de Gloria Steinem a Camille Paglia.
ram muito comuns: “Homem brinca de ser Dolly significa nada menos que o fim da era do
Deus” (Correio Braziliense, 1997a), “Os erros dos espermatozóide...” (Escobar, 1997). Dolly, dizia
sócios de Deus” (O Estado de São Paulo, 1997), ele, foi a primeira fêmea a ter nascido de três
“O homem que quer ser Deus” (Gomes, 1998). mães e nenhum pai. Em outra matéria, datada
2) A referência a projetos megalomaníacos. no dia 16/3/97, no jornal Folha de São Paulo
Assim como o encontrado por Hopkins, (Lara, 1997), lia-se: “...Não há dúvida de que
também identificamos uma referência cons- um avanço tecnológico enorme foi alcançado.
tante à possibilidade da clonagem reproduzir Ele não dispensa, contudo, o uso de óvulos. Eles
indivíduos que se julgam melhores que outros. são importantíssimos para o processo...Nesse
Diferente, no entanto, do desenvolvido pela caso, o que ficou dispensado foi o macho!...”.
mídia norte-americana em que os clonáveis se- Além dos constantes morais enumerados
riam Sharon Stone ou Ronald Reagan, para a acima, outras possibilidades de mal uso da
nossa realidade, os alvos dos projetos egóicos técnica da clonagem em humanos foram suge-
estariam fora do Brasil e não entre nós. Sofre- ridas. A idéia de fabricação de seres metamor-
ríamos as conseqüências do ego de um louco foseados – os monstros da criação humana,
clonado. Se clonados, não o seríamos para li- em que a figura de Frankenstein estaria para
derar, mas sim para sermos escravizados, se- os humanos assim como o Rama, um animal
ríamos o exército dos manipulados. Assim, engenherado misto de camelo e lhama, para
enquanto nos Estados Unidos a pergunta foi os animais não-humanos – foi comum, até
“quem será clonado?”, entre nós a certeza foi mesmo pelas suas referências à engenharia
de que, com raríssimas exceções de clonáveis genética como a ciência da manipulação da vi-
como Pelé ou Ronaldinho com o intuito de for- da, fato que, na verdade, é anterior à clonagem
marmos um time de futebol perfeito (vide, por propriamente dita. O curioso, no entanto, é
exemplo, a foto da matéria da revista Veja, em que, se, por um lado, a idéia da fabricação de

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seres-Frankensteins ou, ainda, de humanos O conceito de especismo foi originalmente


com características genéticas pré-seleciona- difundido na bioética por Peter Singer, no li-
das, foi recebida com profundo desprezo e, até vro Animal Liberation, para quem a ideologia
mesmo, foi rejeitada pela mídia brasileira, a especista seria uma forma de “...tirania dos
criação de animais não-humanos sem prece- humanos sobre os animais não-humanos...”
dentes na natureza, como o Rama, foi, por ou- (Singer, 1990:i). Após este livro, o autor publi-
tro lado, considerada um grande avanço cien- cou outros escritos sobre a questão, mas foi em
tífico. Vale conferir trechos da reportagem- Ética Prática – a obra que o tornou mundial-
anúncio do Rama na Veja (1998), em 28/1/98: mente conhecido – onde Singer retomou algu-
“...Para que foi criado um animal assim? ‘Es- mas das idéias originais contidas em Animal
peramos que ele venha a ter as melhores quali- Liberation, reforçando ainda mais suas compa-
dades de cada uma das duas espécies’, afirma rações com os humanos, especialmente com o
Skidmore, uma especialista em reprodução de que denominou os humanos não-pessoas (Sin-
camelo...Ela acredita que o Rama vai produzir ger, 1993). Assim, o autor definiu o especismo:
lã nobre como a do lhama, mas em quantidade “...Especismo – a palavra não é atraente, mas na
maior por causa do tamanho...O experimento ausência de outra melhor – é o preconceito ou
foi possível porque camelo e lhama descendem uma atitude seletiva em favor dos interesses dos
de um mesmo ancestral que viveu há 30 mi- membros da própria espécie em detrimento dos
lhões de anos...”[sem grifos no original]. Ora, membros de outras espécies...” (Singer, 1990:6).
algumas das expressões utilizadas pela pes- A etimologia do conceito remete, portanto, a
quisadora, especialmente as grifadas, apon- outras práticas discriminatórias já conhecidas
tam para as conseqüências da ideologia espe- do pensamento coletivo, tais como o racismo
cista na prática científica, as quais conduzem ou o sexismo. O autor considera que, assim co-
o pesquisador a lidar com a técnica sob pers- mo o racismo que se fundamenta no pressu-
pectivas radicalmente diversas a depender do posto da superioridade de algumas raças em
sujeito da pesquisa, se humanos ou animais detrimento de outras ou o sexismo que se ba-
não-humanos. seia na hierarquia de um sexo sobre o outro, o
especismo parte, por um lado, de uma supre-
macia dos humanos em face de outros animais
“Monstros de mil utilidades”: e, por outro lado, de um certo desprezo pelos
a ideologia especista e a clonagem animais não-humanos. O especismo é, então,
dos animais não-humanos em larga medida, um recurso ideológico que
visa proteger os membros da espécie Homo sa-
Uma análise direcionada às manchetes do fe- piens quando em conflito com os interesses de
nômeno Dolly seria o material etnográfico su- outros animais não-humanos.
ficiente para refletir sobre a ideologia especista Todo esse aparato teórico-ideológico este-
do pensar-fazer científico. Na verdade, as con- ve presente no teor narrativo do fenômeno
seqüências do olhar especista foram tão ou Dolly pela mídia impressa brasileira, especial-
mais marcantes que as provocadas pelo medo mente nas diferenças narrativas entre huma-
frente à clonagem. Por um lado, poderíamos nos e animais não-humanos. Vale conferir as
até mesmo considerar que os efeitos da ideolo- palavras de um jornalista da revista Veja, em
gia especista sob a mídia foram ainda mais 14/1/98, por ocasião do anúncio do cientista
perniciosos que os provocados pelo terror da Richard Seed de que iria clonar seres humanos
possibilidade da clonagem em seres humanos. (a manchete era “O homem que quer ser Deus”):
Como já foi mencionado, após um ano da di- “...Seed abriu uma das portas da mais pertur-
vulgação de Dolly, iniciou-se um pequeno mo- badora ciência moderna, um limiar que até
vimento por parte da mídia nacional com o in- agora nenhum outro cientista ousara cruzar...”
tuito de revisitar a aversão desmedida frente à (Gomes, 1998:42). Ora, enquanto a técnica da
clonagem (um exemplo foi “Relatório vê vanta- clonagem esteve restrita aos animais não-hu-
gens em clonar humanos”, publicado na Folha manos e às plantas não houve nenhum estar-
de São Paulo, em 13/1/98 – Laurance, 1998). dalhaço nacional, nem mesmo mundial, sobre
Foram matérias isoladas, é claro, mas o mesmo a produção de vida por reprodução assexuada
não se processou diante dos princípios da ou fruto de manipulação laboratorial. Até aí,
ideologia especista. A ideologia especista per- nenhum cientista que criasse vidas em um
maneceu no lugar silencioso do não-dito e, o balde (como dizia um jornalista – Morais, 1997
mais importante, manteve-se inabalável. Seu –, em artigo no Estado de São Paulo, 28/2/97,
uso foi absolutamente irrefletido, seja por par- sobre a desova dos salmões: “...tudo isso ocorre
te dos cientistas ou dos leigos. num balde, desses de plástico...”) ou que repro-

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duzisse características genéticas de um animal Ora, as centenas de ovelhas-monstro foram um


não-humano em outro (como os frangos que fato, antes mesmo que a possibilidade de cria-
foram programados para cantar como codor- ção de humanos-monstro. E, para este fato, do
nas) foi considerado “sócio de Deus” ou mesmo total de artigos analisados, não encontramos
foi visto como tendo pretensões divinas. Na uma matéria sequer que se pronunciasse con-
verdade, o pecado da manipulação, ou melhor trariamente. Não nos deparamos com nenhu-
dizendo, os limites éticos face à manipulação ma entidade de defesa ou de proteção da vida
genética, somente começaram a ser discutidos de animais não-humanos denunciando os
quando a ciência ameaçou tocar em uma de abusos da técnica. Do ponto de vista ético ou
suas mais sagradas criaturas: os seres humanos. antiético, falou-se apenas da possibilidade do
A questão não esteve, portanto, na técnica uso da técnica em humanos. E sobre isto, todos
da clonagem propriamente dita ou em seus be- os “advogados” da espécie humana se pronun-
nefícios para os humanos por meio dos ani- ciaram: teólogos, bioeticistas (estes em peque-
mais não-humanos, mas na possibilidade de no número), cientistas, juristas, antropólogos,
manipulação direta de humanos. Ou segundo psicanalistas, filósofos, etc. Todos, quando con-
palavras dos jornalistas: “...Diante do Instituto vidados a falar, reproduziram não apenas a
Roslin, pergunta-se ao futuro: o que acontecerá ideologia especista, mas também, e principal-
nestes laboratórios? Os mais temerosos imagi- mente, o princípio da santidade da espécie hu-
nam que uma nova maldição pode nascer dali, mana em detrimento de outros animais não-
um dia: a possibilidade de clonar seres huma- humanos (sobre o princípio da santidade da vi-
nos... (Sá, 1997)”, “...A invenção de Dolly abre de da humana vide Kuhse, 1987). Eles repetiram,
fato a possibilidade de clonagem de seres huma- quase que em coro, o princípio da intocabili-
nos...” (Sá, 1997), “...mas as principais questões dade da vida humana.
levantadas pelo artigo de Wilmut dizem respei- A questão da clonagem de Dolly fechou-se,
to à possibilidade de clonagem humana...” (Sá, portanto, em torno de três pontos fundamen-
1997), somente para citarmos alguns exemplos. tais: o medo, a ideologia especista da ciência e
Logo, não é vedado aos humanos brincarem de o princípio da santidade da vida dos membros
Deus; eles devem, apenas, selecionar bem seus da espécie humana. Assim, refletir sobre as
brinquedos. Todos os animais não-humanos possibilidades de benefício da técnica ou mes-
estão, à princípio, disponíveis, as ressalvas re- mo de seus usos em humanos somente pode-
metem a casos específicos como a extinção ou rão ocorrer, caso se reflita antes sobre esta tría-
ao número de animais utilizados em cada pro- de moral arraigada ao pensamento científico.
cedimento, como considerou, por exemplo, o
porta-voz oficial de bioética da Igreja Católica:
“...é diferente a posição da Igreja [Católica] Para além do medo...
com relação à clonagem de animais. Segundo o A principal lição de Dolly na mídia
monsenhor [diretor do Instituto Católico de Bioé-
tica], é aceitável, mas apenas se for praticada No Brasil, a relação entre a mídia e a bioética,
em número restrito de animais e não colocar em apesar de urgente, inexiste. Os bioeticistas ain-
perigo a espécie...” (Vlahou, 1997:A16). da não ocuparam o espaço midiático e os pou-
Deixemos de lado a pergunta se os seres cos convidados a se pronunciar sobre o fenô-
humanos valem ou não este respeito que justi- meno Dolly, por exemplo, o fizeram antes co-
fique uma não-manipulação em seu nome. Es- mo representantes de entidades dogmáticas
se seria tema para outro artigo. E assim como que mesmo como bioeticistas acadêmicos ou
Singer que considerou “...o objetivo do meu ar- estudiosos da ética da clonagem. Dentre o to-
gumento é elevar o status dos animais, e não di- tal de matérias analisadas, os poucos bioeticis-
minuir o dos seres humanos...” (Singer, 1993: tas brasileiros que encontramos com voz ativa
88), nossa intenção não é avaliar se os huma- sobre a questão se confundiram, na maioria
nos são ou não dignos de tamanha deferência, das vezes, com postulados confessionais, em
o que buscamos, na verdade, é apontar algu- geral os da Igreja Católica. Afora isto, quando
mas das conseqüências deste protecionismo houve referências à bioética laica, estas se de-
irrefletido. E, para isto, o fenômeno Dolly for- ram de maneira tangencial e, em geral, bus-
nece pistas singulares. Foram produzidos cerca cou-se o recurso de autoridade fora do Brasil,
de 277 embriões antes do anúncio definitivo de como, por exemplo, nos comitês consultivos de
Dolly (Wilmut et al., 1997). Segundo consta, fo- bioética de outros países ou mesmo em trechos
ram ovelhas mal-formadas, seres dignos do ad- de entrevista a bioeticistas estrangeiros repro-
jetivo “monstro” tão comumente utilizado pe- duzidos já de outras matérias. Infelizmente, o
los jornalistas que escreveram sobre o assunto. poder esclarecedor e desmistificador da bioéti-

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162 COSTA, S. I. F. & DINIZ, D.

ca ficou fora da descrição que a mídia brasilei-


ra fez do fenômeno Dolly. E, sem sombra de
dúvida, este descompasso entre a bioética lai-
ca e a mídia foi também um dos grandes res-
ponsáveis pela difusão irresponsável do medo
diante da possibilidade de clonagem dos seres
humanos.

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