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Lauro Mattei2
1. INTRODUÇÃO
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1.8 milhões e atendendo 1046 agricultores familiares. Neste caso, os principais produtos
comercializados foram o feijão, milho e arroz. Já nos anos seguintes esta modalidade foi
sendo implementada em praticamente todas as regiões do estado, atingindo
aproximadamente 100 municípios no ano de 2005.
A modalidade CDLAF está sendo operacionalizada pelo governo estadual e pelas
administrações municipais através de convênios diretos celebrados entre o MDS, o
Governo Catarinense e as referidas administrações locais. Informações obtidas no momento
da realização da pesquisa de campo (meses de novembro e dezembro de 2005) revelaram
atrasos na implementação das ações decorrentes desses convênios. O cenário de
implementação desta modalidade pelas administrações municipais é bastante diverso,
embora se observe um envolvimento bem expressivo de administrações municipais com o
programa desde 2003, especialmente nos municípios da região Oeste, onde predomina a
agricultura familiar.
Decorridos mais de três anos do início da implantação do programa no estado de
SC, justifica-se a realização de um estudo que procure analisar possíveis impactos do
mesmo sobre as economias locais e, especialmente, sobre as condições socioeconômicas
dos agricultores familiares, considerando-se que o PAA é uma política pública que também
foi concebida para apoiar este segmento de produtores.
Para tanto, o texto está organizado em cinco seções, além desta introdução. Na
primeira delas, discutem-se brevemente as principais características demográficas e
socioeconômicas da microrregião Extremo-Oeste Catarinense, bem como os objetivos e os
procedimentos metodológicos da pesquisa realizada em alguns municípios localizados na
região acima mencionada. A segunda seção apresenta alguns indicadores de impactos do
programa, tomando-se como referência a percepção dos diferentes atores sociais envolvidos
com o PAA. Na terceira seção são discutidos os aspectos relativos à gestão e à
institucionalidade do programa, a partir das opiniões dos gestores locais e estaduais. A
quarta seção trata dos indicadores de impactos do programa sobre as sociedades locais,
destacando-se o papel do mesmo na esfera produtiva e seus reflexos na área social, ao
disponibilizar alimentos para instituições que trabalham com populações carentes.
Finalmente, na quinta seção são elaboradas as considerações relativas ao programa, no que
diz respeito às semelhanças e diferenças entre as modalidades do PAA, bem como as razões
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que levam as administrações municipais a se envolver com o programa. Posteriormente, são
organizadas algumas recomendações gerais em relação às esferas da produção, da gestão e
institucional.
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Catarinense revelaram-se bastante eficazes para responder aos objetivos da pesquisa, tanto
pelo domínio da agricultura familiar enquanto atividade econômica preponderante como
pela maior inserção do PAA na região.
No universo amostral foram considerados agricultores familiares beneficiados pelo
programa; agricultores familiares não beneficiados; associações de agricultores
beneficiadas; entidades sociais locais beneficiadas pelo programa; gestores locais e
estaduais do programa, além de outros atores sociais relevantes no âmbito local.
No caso do estado de Santa Catarina, o universo amostral para cada município ficou
definido da maneira como segue:
a) Agricultores beneficiados pelo programa: 20 entrevistas
b) Agricultores não beneficiados: 5 entrevistas
c) Associações beneficiadas: até 3 entrevistas
d) Entidades beneficiadas pelo programa: até 3 entrevistas
e) Gestores locais do programa: até 3 entrevistas
f) Gestor estadual: 2 entrevistas (CONAB e Governo Estadual)
O quadro 1 apresenta a amostra total da pesquisa, totalizando 95 questionários
aplicados entre os diversos atores sociais envolvidos com o PAA. Desta forma, percebe-se
que a metodologia nacional para as amostras estaduais foi cumprida, exceto apenas na
categoria dos gestores municipais, uma vez que a gestão do programa nos municípios
pesquisados normalmente é feita por uma única pessoa.
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Agricultura e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina conhecer as iniciativas previstas
para a execução do PAA sob responsabilidade do governo estadual.
Fonte: <http://www.citybrazil.com.br/sc>
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vindos da região Noroeste do rio Grande do Sul, em sua maioria descendentes de
imigrantes italianos e alemães.
Nesta última área de ocupação do estado catarinense desenvolveu-se um sistema
produtivo baseado nas pequenas unidades familiares de produção, cuja economia era de
subsistência, sendo baixo o volume de excedentes comercializados. Mas aos poucos esse
regime de produção agrícola familiar permitiu acumulação de capital que levou a
emergência de outras atividades econômicas, especialmente das agroindústrias de carnes,
que se transformariam na locomotiva econômica do período pós-guerra, através do sistema
de integração produtiva.
Nas últimas décadas do século XX, ocorreram grandes mudanças neste sistema de
integração entre proprietários rurais e empresas de beneficiamento de carne de suínos e
aves. Em grande medida, essas alterações têm a forma de diminuição na quantidade de
produtores rurais integrados a cada empresa, simultaneamente ao aumento de capacidade
dos contingentes que permanecem vinculados às agroindústrias. Assim, por exemplo, o
tamanho médio dos aviários cresceu consideravelmente, o que significa avanços em termos
de escala e benefícios logísticos para as empresas. A contrapartida reside no deslocamento
de numerosos produtores, que se viram desligados do sistema tradicional e passaram a
enfrentar graves problemas. Esse quadro não é estranho, certamente, à intensificação – ou
pelo menos à manutenção da magnitude – dos fluxos migratórios desde áreas do Oeste e
Extremo-Oeste catarinense para os municípios litorâneos, em particular rumo às áreas de
Florianópolis, Joinville e Blumenau.
Além desse problema estrutural, verifica-se que na década de 1990 ocorreu um
reordenamento institucional na região Oeste como um todo e, mais particularmente, no
Extremo-Oeste. Assim, novos municípios foram criados a partir de municípios maiores. Na
área de estudo este aspecto é mais relevante para o caso de São Miguel do Oeste que, entre
1989 a 1998, deu origem a mais dois municípios (Paraíso e Bandeirantes), além de
contribuir, juntamente com Guaraciaba, com parte da área de um novo município chamado
Barra Bonita.
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1.2.1 - Aspectos da dinâmica demográfica recente da região
Na análise comparativa do início da década de 1990 ao seu final, nota-se que apenas
4 municípios (Dionísio Cerqueira, Itapiranga, Mondai e Princesa), do total de 21
municípios que formam a microrregião, elevaram sua população, porém a baixos índices
percentuais. Nos demais municípios, observa-se uma forte queda, indicando a existência de
êxodo em direção a outras regiões do próprio estado ou para estados vizinhos.
Uma segunda informação importante é que são municípios pequenos e com um
estoque populacional baixo no contexto regional e estadual. Assim, verifica-se que nada
menos que oito municípios apresentam uma população inferior a 5.000 mil habitantes. Se
considerarmos o parâmetro de 10 mil habitantes, apenas 4 municípios o ultrapassam. Uma
explicação plausível neste caso é que nas duas últimas décadas ocorreu um movimento
emancipatório, com desagregação de pequenas localidades e formação de novos
municípios.
Em síntese, a microrregião Extremo-Oeste Catarinense tem se revelado,
principalmente na década de 1990, como um local de esvaziamento populacional. Mesmo
em municípios mais estruturados, como é o caso de São Miguel do Oeste, nota-se uma
redução da população total, implicando que as pessoas estão migrando para outros locais
para garantir sua reprodução social.
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média estadual, enquanto outros se situam em patamares bem inferiores ao parâmetro
estadual. Mas o fato mais relevante a ser observado é que em todos os municípios ocorreu
uma redução expressiva deste indicador, o que pode estar relevando melhorias nas
condições de acesso a saúde.
Este aspecto se expressa na esperança de vida ao nascer, que sofreu uma evolução
positiva em todos os municípios da região, fato que os situa bem próximos à média
estadual. Registre-se, inclusive, que em alguns lugares esse indicador supera, tanto a média
estadual como a nacional.
Também a freqüência escolar sofreu uma evolução bastante expressiva em todos os
municípios, especialmente no caso das crianças na faixa etária entre 7 a 14 anos. Com isso,
nota-se que em toda a região o percentual deste quesito supera a 95%, percentual bem
superior ao conjunto do estado de SC. Além disso, deve-se registrar, ainda, a expansão do
percentual de alunos com freqüência no ensino médio, pois em todos os municípios esse
percentual ultrapassa a 60%, o que pode ser considerado um bom indicador,
comparativamente ao desempenho estadual.
Em termos da taxa de analfabetismo também se observa uma evolução positiva em
todos os municípios, levando o conjunto da região a se posicionar adequadamente no
âmbito estadual. No entanto, em alguns municípios este quesito ainda permanece em
patamares elevados, como é o caso de Dionísio Cerqueira, que se situa no grupo dos
municípios que detém as maiores taxas de analfabetismo da região.
De alguma forma, as informações anteriores não se refletem sobre o comportamento
do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), uma vez que apenas 7 dos 21 municípios da
região superaram o patamar de 0,800, o que é muito significativo, considerando-se que o
IDH médio de SC estava ao redor de 0,887. No entanto, verifica-se que a grande maioria
dos municípios da região Extremo-Oeste permanece no patamar inferior a 0,800, o que
indica um nível médio de desenvolvimento.
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dos estabelecimentos agropecuários em todos os municípios na faixa de até 20 hectares,
sendo que a área total também se concentração nestes estratos. Isto significa que a região
apresenta uma das melhores distribuições da propriedade da terra no estado de Santa
Catarina.
A estrutura da produção primária é fortemente condicionada pela produção agrícola.
Em grande medida, os municípios produzem produtos tradicionais da agricultura familiar
(milho, mandioca e trigo) e, em menor proporção, feijão e arroz. Estes produtos
normalmente são vendidos in natura ou então são utilizados para o tratamento dos animais.
Além disso, deve-se registrar a forte presença da cultura do fumo em praticamente todos os
municípios da região e, também, a presença da soja na maior parte deles. Naquelas
localidades onde as culturas de subsistência predominam, é muito comum a presença de
hortifrutigranjeiros e de algumas frutas, especialmente as de clima temperado.
Todavia, é necessário mencionar que nesta região está em curso um processo de
desarticulação da forma tradicional de organização da produção familiar com as
agroindústrias, levando muitos agricultores a reestruturar suas unidades de produção.
Porém, quando isto não é possível muitos deles são obrigados a abandonar a atividade
agropecuária.
O setor secundário da economia regional está ancorado nas indústrias de
transformação e, em menor escala, na indústria da construção civil, enquanto o setor
terciário está fortemente atrelado ao comércio local e, em menor escala, as prestações de
serviços. As indústrias de transformações se concentram em um pequeno número de
municípios, destacando-se São Miguel do Oeste, São José do Cedro, Dionísio Cerqueira e
Itapiranga. Neste ramo industrial prevalecem os setores diretamente ligados à produção
primária, como é o caso das indústrias de lacticínios e das indústrias frigoríficas de carnes
de aves e suínos. Já a indústria da construção civil apresenta uma grande concentração na
cidade de São Miguel do Oeste, município pólo que comanda o desenvolvimento regional.
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uma importante atividade econômica, tanto pela sua abundância como pela sua diversidade.
Como este processo foi acelerado, o ciclo madeireiro teve vida curta e já nos anos de 1960
a região começa a se inserir no modelo da agricultura moderna, o qual atinge seu auge na
década de 1980.
A partir daí a região vem passando por sucessivas crises com reflexos sobre as
esferas demográfica e social. Por um lado, já começam a ser visíveis os vazios
demográficos, além de um processo de envelhecimento acentuado da população residente
nas áreas rurais. Por outro, a migração de contingentes populacionais, especialmente dos
jovens, tem provocado reduções demográficas expressivas em vários municípios, com
efeitos negativos sobre a própria arrecadação financeira das administrações municipais e
sobre as transferências governamentais.
Esta situação tende a piorar caso não sejam encontradas alternativas viáveis na
própria região. A principal delas está relacionada à solução dos impasses atuais que afetam
o sistema de produção agropecuária, que se desenvolveu a partir de uma premissa produtiva
que tende a elevar seqüencialmente a escala de produção. Neste percurso, muitos vão
ficando para trás, restando-lhes apenas a alternativa de migrar para outras partes do estado e
do país.
Esta seção sistematiza alguns elementos dos três aspectos centrais do trabalho,
tomando-se como referência analítica as opiniões dos atores sociais entrevistados nos
municípios visitados.
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implementado qualquer tipo de ação, apesar do convênio ter sido celebrado há tempos com
o MDS.
Outra informação relevante é sobre a dinâmica do trabalho rural. Dentre os
beneficiários da modalidade CAEAF é bastante expressivo o percentual de agricultores que
já trabalhou fora do meio rural. Este aspecto também é importante dentre os não
beneficiários, cujo recurso ao trabalho fora do meio rural é bem representativo nos
municípios pesquisados.
Do ponto de vista do tamanho dos estabelecimentos agropecuários dos beneficiários
do programa, verifica-se que em todos os municípios e em todas as modalidades
praticamente não foram registrados estabelecimentos com área superior a 50 hectares,
sendo que a grande maioria se situa na faixa de até 20 hectares, o que é muito compatível
com a estrutura agrária da microrregião geográfica pesquisada.
Este fato explica, em parte, porque a grande maioria dos entrevistados (82%)
também tem participação no Pronaf. Isto significa dizer que há uma forte
complementaridade entre as duas políticas públicas, considerando-se que grande parte dos
instrumentos do Pronaf está direcionada ao estímulo produtivo, através do acesso ao crédito
em condições favoráveis.
Do ponto de vista da renda, verificou-se que em todos os municípios pesquisados é
importante o impacto do programa sobre o nível de renda dos agricultores, sendo que
muitos foram categóricos em afirmar que a renda agropecuária aumentou após a
implementação do PAA.
Quanto à produção, nota-se que a maior parte dos entrevistados afirmou que o
programa os estimulou a produzirem novos produtos agropecuários, isto porque a grande
maioria dos participantes na modalidade CAEAF afirmou ter ampliada a cesta de produtos
que vinha sendo produzida nos estabelecimentos agropecuários.
Em relação à tecnologia utilizada pelos agricultores, verifica-se que a maioria dos
entrevistados afirmou que fez melhorias tecnológicas no sistema produtivo. No entanto,
este item deve ser relativizado, considerando-se que mudanças tecnológicas são mais
difíceis de serem internalizadas nas unidades de produção, especialmente naquelas em
condições mais debilitadas, devido aos elevados custos financeiros.
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Diante da hipótese de ocorrer interrupção do programa, observaram-se dois tipos
distintos de reações dos beneficiários. Para aqueles segmentos que o programa foi decisivo
para a inserção nos mercados locais, a descontinuidade do mesmo causaria impactos mais
visíveis e imediatos sobre a estrutura de produção. Já para aqueles segmentos que
participam do programa, mas que podem ter outros mecanismos de comercialização (feiras
locais, atacadistas, supermercados, etc.), talvez a interrupção do mesmo signifique apenas
uma readequação aos espaços dos mercados locais.
A avaliação geral realizada pelos agricultores beneficiados sobre o PAA foi muito
positiva, embora se torne necessário registrar que vários entrevistados manifestaram
descontentamentos com alguns aspectos do programa, principalmente na parte relativa aos
mecanismos de implementação desta nova política pública.
No entanto, cabe destacar que as críticas foram feitas no sentido de aprimorar e
melhorar as ações do programa, visando a sua continuidade nos próximos períodos, uma
vez que se criou uma expectativa muito favorável em relação ao enfrentamento de um
gargalo muito significativo para os agricultores familiares, que é o processo posterior à
produção no interior das unidades de produção.
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No entanto, destacaram que as principais dificuldades para participar do programa
dizem respeito à documentação exigida, ao excesso de mecanismos burocráticos e ao
atendimento das propostas, via manutenção da regularidade das quantidades produzidas.
Em termos de mudanças na produção a partir da implementação do programa,
constatou-se que passaram a produzir novos produtos (hortifrutigranjeiros e frutas), além de
terem ampliado a área de produção, especialmente de produtos olerícolas, bem como a
criação de frangos. Chama a atenção que, caso o programa seja desativado, a produção
deverá diminuir e a comercialização direta com as entidades sociais poderá ser suspensa.
Por outro lado, se observou que houve pequenas mudanças nas relações com os
comerciantes locais, uma vez que parte dos produtos que antes eram comercializados com
estes passou a ser destinada às entidades sociais beneficiárias do programa.
Os entrevistados foram unânimes em afirmar que os preços praticados pelo PAA
cobrem os custos de produção para todos os produtos comercializados e que durante o
processo de comercialização usam embalagens próprias, algumas inclusive com rótulos,
sendo que o transporte dos produtos é feito de forma coletiva e individual entre os
associados.
Finalmente, em termos de sugestões de melhorias do programa, foram destacados os
seguintes pontos: ampliar o valor específico por agricultor; antecipar mais os recursos para
manter a regularidade da oferta dos produtos; reduzir os mecanismos burocráticos; ampliar
o volume de vendas; melhorar a distribuição dos recursos entre as associações visando
ampliar as vendas; aumentar a fiscalização sobre os produtos, tanto no momento da
aquisição como na distribuição; e estimular parcerias entre as agroindústrias familiares
existentes nos municípios.
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que elas fornecem alimentação à população e que parte dessa alimentação passou a ser
composta pelos produtos oriundos do PAA.
O fornecimento de alimentos a essas organizações sociais tinha origem nos
supermercados locais e em atacadistas. Mais recentemente passaram a obter parte dos
alimentos direto dos agricultores, sendo que muitos desses alimentos são preparados nas
cozinhas das próprias entidades.
Todos os respondentes informaram conhecer as ações do PAA, tendo acesso às
condições do mesmo através da prefeitura local, de órgãos governamentais e de meios de
comunicação, sendo que todas as entidades passaram a fazer parte do programa via convite
da administração municipal.
Os respondentes afirmaram, ainda, que no momento do recebimento dos produtos
fazem controle, tanto da quantidade como da qualidade dos alimentos, e que após o final
das doações pretendem continuar comprando produtos oriundos da agricultura familiar.
A freqüência do recebimento dos alimentos varia de semanal a quinzenal e até
mesmo mensal, sendo que em alguns casos (Hospitais) chega a ser de duas vezes por
semana. Com isso, avaliou-se que houve alterações qualitativas no cardápio, com
ampliação da diversidade de produtos aos necessitados.
Isto significa que os principais benefícios do programa estão relacionados à
aquisição de alimentos diretos dos agricultores; a melhoria na diversidade e qualidade dos
produtos; a economia na aquisição de remédios no caso específico dos hospitais; e a própria
economia de recursos financeiros por parte das entidades.
A título de sugestão de melhorias no programa, apontou-se a necessidade de ampliar
o programa para todas as comunidades, visando incentivar a produção local, como forma de
ampliar a quantidade de produtos destinados às entidades sociais.
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coordenações locais que ficaram responsáveis pela implementação das atividades do PAA
nos municípios.
Outro aspecto relevante do programa é a possibilidade concreta da receita financeira
advinda do programa permanecer nos municípios. Isto induz as autoridades municipais a
apoiar o programa e gera efeitos diretos e indiretos sobre a economia, ao mesmo tempo em
que propicia a oportunidade de valorização dos produtos localmente.
Também foi considerada muito relevante a articulação local entre os diferentes
atores sociais, culminando com a formação de coordenações políticas locais, para além das
administrações públicas. Registre-se, neste caso, a presença de diversas organizações
sociais, bem como o importante papel desempenhado pelos CONSEA municipais.
O processo de definição dos preços, por sua vez, também funciona como um
instrumento de adesão ao programa, pois em todos os casos pesquisados observou-se que o
patamar fixado supera os custos de produção e compete com os preços praticados pelos
comerciantes locais, fato avaliado positivamente pelos agricultores familiares.
Os gargalos do programa estão mais localizados no âmbito da produção, uma vez
que muitos agricultores cadastrados não têm condições e capital suficiente para atender a
demanda, além do que a oferta de produtos continua sendo muito irregular. Já no âmbito
das administrações municipais, a principal dificuldade diz respeito à falta de pessoal
qualificado nos municípios para coordenar as ações deste tipo de política pública.
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Neste processo, a administração local avaliou que o arranjo institucional do programa foi
bom, apenas devendo ser melhorado os aspectos de comunicação junto aos agricultores
familiares.
Em termos da distribuição espacial do programa, avaliou-se que o mesmo ficou
preso à capacidade de produção de cada agricultor e/ou entidade (quando a compra era
realizada coletivamente), o que atingiu um número pequeno de agricultores. Mas há
possibilidades concretas de atingir um número bem maior de agricultores, o que
beneficiaria um número ainda maior de entidades sociais locais, especialmente as escolas e
também grupos de idosos.
Do ponto de vista dos critérios adotados para selecionar os agricultores que
participam do programa, considerou-se a capacidade de produção individual, a organização
em grupos e o enquadramento na categoria de agricultor familiar, de acordo com as normas
do PRONAF. Duas características, porém, aproximam este público alvo: o baixo nível de
renda e as unidades familiares de produção com área bastante reduzida.
Quanto aos produtos adquiridos pelo programa, destacam-se o leite, mandioca,
batata-doce, feijão, fubá, doces, mel, etc. Além destes, poderiam ser fornecidos também
queijos, embutidos de carnes, frutas, mel e peixes. O controle de qualidade dos produtos
era feito visualmente pela coordenação local, não sendo realizado nenhum tipo de análises
laboratoriais. Apenas as entidades cadastradas faziam anotações em fichas próprias sobre
quantidade e qualidade dos produtos.
Os critérios para definição dos preços dos produtos obedeciam a um levantamento
dos mesmos nos supermercados locais, a partir do qual se elaborava uma média para cada
produto. De um modo geral, avaliou-se que os preços superavam os custos de produção,
sendo avaliados positivamente pelos agricultores, comparativamente aos preços praticados
pelos comerciantes locais. Além disso, o pagamento era feito logo após a entrega dos
produtos, possibilitando ao agricultor um fluxo financeiro contínuo.
Os critérios adotados para identificar as entidades recebedoras dos produtos
seguiram os parâmetros da relevância do trabalho social executado pelas mesmas junto às
famílias de baixa renda, sendo excluídas as entidades sociais independentes e as famílias de
alta renda.
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3.2 - A percepção dos gestores estaduais
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maior do programa no grupo D, que normalmente é composto pelos agricultores familiares
mais bem posicionados no cenário da agricultura familiar regional.
Quanto aos aspectos relativos à produção, vários pontos precisam ser mencionados.
O primeiro deles é que a cesta de produtos adquiridos pelo programa obedeceu a dois
critérios básicos: a facilidade de distribuição e os hábitos alimentares regionais. Com isso,
verifica-se que arroz, milho, feijão, leite, mel, biscoitos e hortifrutigranjeiros prevaleceram
nas aquisições e doações simultâneas. O segundo aspecto está relacionado aos produtos
com potencial, mas que não foram incluídos no programa. Neste caso, não foram incluídos
os produtos processados e derivados da produção animal, devido aos problemas relativos à
questão sanitária. Finalmente, registre-se que o controle de qualidade dos produtos é feito
pelas entidades sociais receptoras, as quais têm o direito de rejeitar determinados produtos.
Do ponto de vista do monitoramento e controle das ações, verifica-se que, no
âmbito estadual, toda gestão do programa está centralizada na superintendência da
CONAB, sendo que o acompanhamento de desempenho do PAA é feito através de
relatórios mensais que permitem identificar os estágios de execução de cada projeto. Além
disso, são realizadas visitas de supervisão em municípios que têm dificuldades para
executar as ações previstas. Neste caso, a empresa conta com a participação dos
articuladores do programa no âmbito local, que normalmente são os comitês gestores e os
conselhos de segurança alimentar e nutricional.
No entanto, cabe aqui uma pequena qualificação sobre a participação desses atores
locais no processo de gestão do programa. Embora este aspecto tenha sido avaliado
positivamente pelos gestores estaduais, sabe-se que o envolvimento de atores sociais em
programas públicos desta natureza é muito diferenciado, fazendo com que algumas
localidades se destaquem mais que outras. Neste caso, dois pontos são determinantes: o
grau de organização social dos atores e a estrutura e organização pública municipal. Assim,
naqueles locais onde esses dois aspectos estão articulados e melhor desenvolvidos, tende a
ocorrer um funcionamento mais adequado do programa.
Em termos dos impactos do programa no âmbito local verifica-se que há um
envolvimento muito expressivo com o programa, tanto por parte dos agricultores familiares
como das entidades sociais beneficiadas. Os primeiros porque, além de não perderem sua
produção, têm mais um espaço de comercialização, que poderá resultar em aumento de
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renda. Já as entidades sociais, em sua maioria com dificuldades financeiras, podem
economizar recursos próprios e melhorar a qualidade e a quantidade dos alimentos
utilizados em seus programas junto às populações carentes e às crianças, doentes, etc.
Além disso, observa-se um maior envolvimento das administrações locais,
especialmente na modalidade CAEAF, porque o PAA desempenha um papel social
relevante, ou seja, se ele não existisse outro tipo de ação pública teria que ser implementada
para atender as famílias em estado de insegurança alimentar. Porém, deve-se registrar que a
continuidade e a expansão de um programa desta natureza dependem do aporte de recursos
por parte das autoridades federais. Sem dúvida, este ponto já pode ser considerado um fator
limitante no cenário atual.
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No âmbito das administrações municipais, observam-se avanços e limitações no
processo de implementação desta nova política pública. Em termos de avanços, deve-se
registrar que, mesmo diante da alternância do poder político local em 2004, ocorreu a
continuidade das ações. Já as limitações dessas administrações se localizam na estrutura
administrativa, pois se observou a falta de técnicos qualificados e com capacidade gerencial
para planejar e coordenar as ações do programa, e na esfera financeira, considerando-se as
dificuldades orçamentárias pelas quais passam essas administrações públicas locais.
No entanto, é necessário fazer uma distinção entre as duas modalidades estudadas.
No caso da modalidade CAEAF, todo o arranjo institucional foi se formando a partir das
ações desencadeadas pela CONAB, órgão público responsável execução do programa no
âmbito estadual. Já na modalidade CDLAF, executada a partir de convênio direto entre as
administrações municipais e o MDS, prevaleceu a dinâmica de cada localidade.
Quanto à participação social, nota-se que nos municípios onde existem movimentos
sociais organizados e também uma tradição de diálogo democrático entre as administrações
e órgãos públicos e esses movimentos, o processo transcorreu de forma mais harmoniosa,
estimulando, inclusive, a participação de organizações da sociedade local, especialmente
dos sindicatos e das associações dos agricultores familiares.
Finalmente, deve-se registrar o importante papel desempenhado pelo CONSAD
Extremo-Oeste e pelos CONSEAs municipais na articulação e implementação do programa
em toda a região. Essas instituições foram muito eficazes no processo de articulação e de
mediação de interesses entre os atores envolvidos, especialmente entre as representações da
sociedade civil e as administrações públicas locais.
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Deste modo, as diferentes modalidades do PAA vieram suprir uma necessidade
premente deste segmento de produtores rurais, na medida em que estabelecem novas
formas de comercialização nos próprios locais da produção.
Neste sentido, um dos aspectos mais citados pelos agricultores e suas organizações
foi a possibilidade de organizar e planejar parte da produção a partir de uma lógica local, ou
seja, a demanda dos mercados locais foi considerada um importante fator de estímulo à
produção de vários tipos de alimentos que não estavam sendo priorizados no plano de
atividades das unidades de produção. Paralelamente a isto, os agricultores passaram a ter
um compromisso relativo à periodicidade de fornecimento dos alimentos às entidades
credenciadas pelas coordenações locais, fato que os obriga a adotar uma estratégia clara em
relação ao processo produtivo.
Outro ponto relevante diz respeito ao processo de definição dos preços dos produtos
agropecuários, que possibilitou o estabelecimento de um preço “mais justo”, segundo a
interpretação da maioria dos entrevistados. Este aspecto é essencial, especialmente para
aqueles segmentos de agricultores mais vulneráveis e que geralmente têm pouco poder de
barganha para defender melhores preços aos seus produtos quando conseguem se inserir
nos mercados locais e regionais.
Este critério de definição de preços e a certeza de que os produtos seriam
comercializados estimularam o aumento da produção de vários produtos, especialmente de
hortifrutigranjeiros, devido ao seu ciclo curto, além da diversificação da oferta, causando
pequenas mudanças nas relações comerciais locais que tradicionalmente eram comandadas
pelo pequeno comércio varejista local.
No entanto, deve-se registrar que esses aspectos são bem mais visíveis entre os
agricultores com dificuldades, tanto de meios de produção como de acesso aos mercados.
Com isso, o programa transforma-se em uma importante oportunidade para esses
segmentos, especialmente para melhorar seus níveis de renda. Já para os segmentos de
agricultores melhor posicionados no sistema familiar, torna-se mais difícil creditar ao PAA
efeitos diretos sobre o processo produtivo e o nível de renda familiar.
De outro lado, as próprias entidades sociais beneficiadas acabaram percebendo a
importância do programa. Neste caso, ressaltou-se a maior variedade de produtos, o
aumento da qualidade dos alimentos, a economia de recursos financeiros por parte das
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instituições beneficiadas, a ampliação dos atendimentos e a integração com as organizações
de produtores, viabilizando a compra direta do produtor.
Deste modo, percebe-se que o programa tem um componente social importante,
uma vez que, além de estimular o fornecimento de alimentos direto aos consumidores, cria-
se a possibilidade de se estabelecer laços de solidariedade entre pessoas e entidades sociais,
enaltecendo o papel destas nas sociedades locais.
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alimentar. Neste caso, o PAA precisa combinar um conjunto de ações imediatas com outras
de cunho estrutural. Isso significa manter e ampliar a disponibilidade de recursos
financeiros para atender adequadamente essas duas ordens de questões, estabelecendo
cronogramas orçamentários que não venham a frustrar as expectativas, especialmente dos
agricultores familiares, que precisam planejar com boa antecedência o processo produtivo.
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Dentre todas as modalidades do PAA, a modalidade CAEAF – doação simultânea -,
sob a gestão da CONAB, é a que vem apresentando melhor desempenho, não somente pelo
fato de ter expandido suas ações de cinco municípios, em 2003, para oitenta, em 2005 e de
ter triplicado o volume de recursos orçamentários disponíveis, mas também pela forma
como as ações vêm sendo implementadas junto aos atores sociais envolvidos.
O órgão executor desta modalidade conseguiu implementar uma articulação local ao
redor do programa, envolvendo produtores rurais, administrações municipais e entidades
sociais, cujos resultados favoráveis já foram percebidos nas visitas às localidades
selecionadas. No entanto, esse processo precisa avançar mais, especialmente na esfera da
produção, onde se localizam diversos gargalos que podem vir a comprometer a
continuidade da modalidade.
Além disso, como o critério de seleção dos agricultores familiares segue as regras
do PRONAF, notou-se uma concentração de beneficiários enquadrados como grupo D, o
que poderia estar levando a uma focalização excessiva dessa modalidade no segmento de
agricultores familiares mais bem posicionados no âmbito da agricultura familiar local.
Já a modalidade CDLAF, realizada através de convênios entre as administrações
municipais e o MDS, apresentou situações um pouco distintas nos municípios visitados.
Estas diferentes formas de implementar o programa estão relacionadas, fundamentalmente,
ao clima político reinante no município, o qual espelha a própria amplitude das ações que
foram desenvolvidas e a forma com que as administrações públicas municipais se
relacionam com as comunidades e demais organizações sociais.
Assim, naquelas localidades onde anteriormente ao programa já existia uma tradição
“mais democrática” de gestão de políticas públicas, verificou-se que a participação e o
envolvimento dos beneficiários (agricultores e entidade sociais locais) ocorreram de forma
mais tranqüila e menos conflitiva. Já nos casos onde as administrações municipais não
implementaram nenhuma das atividades previstas nos convênios, observou-se uma
descrença generalizada entre os atores sociais entrevistados. Este aspecto pode ser resumido
através de um sentimento expressado por um grupo de atores: “algumas administrações
municipais atuam contra os interesses do PFZ porque esse programa está sendo implantado
pelo Governo Lula”. De certa forma, esta afirmação traduz a forma como interesses
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políticos antagônicos se expressam localmente no âmbito das políticas públicas e a própria
motivação e mobilização das administrações municipais, conforme veremos na seqüência.
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Finalmente, deve-se registrar que ainda são poucas as administrações municipais
que incorporam às suas atividades programas desta natureza como espaços efetivos de
democratização da política pública e de construção da cidadania, através do estímulo à
participação dos atores sociais locais e à construção de instrumentos de gestão social que
poderiam potencializar os resultados da política pública.
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bom envolvimento dos atores sociais com o programa, deve-se ter cautela com este tipo de
análise. Na verdade, o que se observou foi uma forte centralização das ações do programa,
tanto no âmbito estadual (CONAB) como na esfera das administrações municipais, além de
um baixo envolvimento das representações sociais, especialmente dos sindicatos e
federações de agricultores familiares.
Do ponto de vista institucional, diversos gestores entrevistados fizeram menção a
uma coordenação local para implementar o programa nos municípios. No entanto, não ficou
clara a forma de funcionamento desta coordenação, bem como o grau de institucionalidade
a ela conferido. Nas visitas de campo notamos que esta coordenação local, na verdade, está
fortemente atrelada à autoridade municipal responsável pela condução do programa.
Em termos de inovações institucionais, verificamos que as mudanças foram poucas.
Houve casos que, em função de requisitos do próprio PAA, as administrações municipais
estavam formando Conselhos Municipais de Segurança Alimentar (Consea), cujas
atribuições ficavam restritas à parte meramente operacional (burocrática) do programa.
Com isso, perdem-se oportunidades para construir instituições locais com representação
social e com legitimidade para democratizar as políticas públicas.
Principais Recomendações
a) Esfera da produção
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Neste caso, torna-se necessário uma melhor articulação entre as políticas de apoio à
produção e os processos de comercialização, de tal forma que expectativas não sejam
frustradas e o programa não seja desativado. Para tanto, é essencial envolver a Epagri neste
processo, enquanto empresa responsável pela assistência técnica aos agricultores no estado
de SC, visando organizar e planejar melhor as atividades produtivas, como forma de atacar
a sazonalidade, bem como promover e ampliar a diversidade de oferta de produtos
alimentares.
Além disso, é fundamental a continuidade de uma política de crédito que estimule a
diversificação produtiva, de tal forma que os agricultores familiares possam manter uma
regularidade da produção no mercado, fato que certamente contribuirá para elevar o nível
de capitalização das unidades familiares, capacitando-as a dar respostas adequadas às
demandas existentes.
Também se sugere uma política de agroindustrialização mais ativa, no sentido de
agregar valor aos produtos oriundos da agricultura familiar. Neste caso, devem-se buscar
parcerias entre agroindústrias locais, como forma de potencializar o espaço criado pelo
PAA.
Resumidamente, significa dizer que é necessário uma política de fomento à
produção mais robusta e articulada aos novos canais de comercialização que se abrem nos
espaços locais, como elementos essenciais para a sobrevivência e ampliação do programa.
O processo de gestão social das políticas públicas deve ser sempre buscado e
aprimorado, como meio de democratizar essas políticas. O PAA, por ser uma política nova,
tem a possibilidade concreta de avançar neste campo, inovando tanto nas formas como nos
mecanismos de representação social.
Ao longo de todo o trabalho vimos diversas manifestações relacionadas a uma
determinada coordenação local. No entanto, não foi possível investigar em profundidade a
composição da mesma, bem como sua forma de atuação. Porém, nas entrevistas com os
gestores locais ficou a impressão que esta articulação está centralizada nas administrações
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municipais, particularmente nos secretários municipais das pastas mais próximas ao
programa.
Para tanto, propõem-se a criação de comitês gestores locais nos moldes iniciais do
PFZ, com autonomia em relação às administrações municipais, como forma de envolver
tanto as organizações dos agricultores familiares, bem como as demais representações
sociais locais.
Além disso, propõem-se também a criação de um sistema de monitoramento e
acompanhamento de execução das atividades dos projetos, de tal forma que a sociedade
local tenha conhecimento da dimensão das ações desenvolvidas pelo programa no
município.
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VI - BIBLIOGRAFIA
CASTRO, Josué. Geografia da fome: o dilema brasileiro, pão ou aço. São Paulo:
Braziliense, 10ª edição, 1985.
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PROGRAMA FOME ZERO: uma proposta política de combate à fome no Brasil. São
Paulo: Instituto Cidadania, 2001, 128p.
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