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ME 101 – Acoplamentos

ME 101 - ACOPLAMENTOS

APRESENTAÇÃO

A maneira mais simples para que ocorra a transmissão mecânica de energia (como, por
exemplo, entre um motor e uma bomba) é a de se ter os eixos unidos diretamente.
Ao conjunto mecânico empregado para realizar essa união de eixos denomina-se
acoplamento.
Nesse sentido, esse texto complementa o da disciplina CT 109 – Transmissão de Potência e
foi estruturado da seguinte maneira:

O Capítulo 1 apresenta a classificação dos acoplamentos, descrevendo muitos tipos, bem


como as suas características principais.

No Capítulo 2 são avaliados as características e aspectos comuns a todos os tipos de


acoplamentos Falk Steelflex empregados na MRN,

Os Capítulos 3 e 4 complementam o anterior, detalhando, inclusive, os procedimentos de


montagem e desmontagem dos acoplamentos Falk Steelflex do tipo “F” e dos tipos “FT”, “PT” e
“CMT”, respectivamente.

O Capítulo 5, por outro lado, é dedicado aos acoplamentos de engrenagem da Falk do tipo
“G”, assim como os seus procedimentos de montagem e desmontagem.

O Capítulo 6, por sua vez, se dedica a analise e aplicabilidade dos acoplamentos


hidrodinâmicos do tipo enchimento constante.

Finalmente, no Capítulo 7, são objeto de estudo os denominados acoplamentos comandados,


ou seja, as embreagens.
ME 101 - ACOPLAMENTOS

ÍNDICE

CAPÍTULO 1: CONCEITOS BÁSICOS _____________________________________________ 1


RESUMO __________________________________________________________________________ 1
1.0 - INTRODUÇÃO _________________________________________________________________ 1
2.0 - CLASSIFICAÇÃO ______________________________________________________________ 1
3.0 – ACOPLAMENTOS RÍGIDOS ____________________________________________________ 1
3.1 - Acoplamento Por Flanges ________________________________________________________________ 1
3.2 - Acoplamento Com Luva de Compressão ou de Aperto _________________________________________ 2
4.0 – ACOPLAMENTOS FLEXÍVEIS (ELÁSTICOS) _____________________________________ 3
4.1 – Isentos de Lubrificação _________________________________________________________________ 3
4.2 – Acoplamentos Com Lubrificação__________________________________________________________ 7
4.3 – Junta Universal________________________________________________________________________ 8
5.0 - EMBREAGENS _________________________________________________________________ 8
6.0 – ACOPLAMENTOS HIDRODINÂMICOS __________________________________________ 9

CAPÍTULO 2: ASPECTOS COMUNS AOS TIPOS DE ACOPLAMENTOS FALK STEELFLEX


_____________________________________________________________________________ 10
RESUMO _________________________________________________________________________ 10
1.0 - INTRODUÇÃO ________________________________________________________________ 10
2.0 – OPERAÇÃO DO SISTEMA GRADE - RANHURA__________________________________ 10
3.0 – DESALINHAMENTO DE EIXOS ________________________________________________ 11
4.0 – ASPECTOS GERAIS ___________________________________________________________ 12
5.0 - LUBRIFICAÇÃO ______________________________________________________________ 12
6.0 – GRADES ELÁSTICAS _________________________________________________________ 12
6.1 - Instalação das Grades __________________________________________________________________ 12
6.2 – Remoção das Grades __________________________________________________________________ 13

CAPÍTULO 3: ACOPLAMENTOS FALK STEELFLEX TIPO “F” _____________________ 14


RESUMO _________________________________________________________________________ 14
1.0 - INTRODUÇÃO ________________________________________________________________ 14
2.0 – PARTES COMPONENTES______________________________________________________ 14
3.0 – PROCEDIMENTOS DE MONTAGEM____________________________________________ 15
APÊNDICE: DADOS DE INSTALAÇÃO ______________________________________________ 17
ME 101 - ACOPLAMENTOS

CAPÍTULO 4: ACOPLAMENTOS FALK STEELFLEX TIPOS “FT”, “PT” E “CMT” _____ 18


RESUMO _________________________________________________________________________ 18
1.0 - INTRODUÇÃO ________________________________________________________________ 18
2.0 – PARTES COMPONENTES______________________________________________________ 18
3.0 – OPERAÇÃO DO ACOPLAMENTO ______________________________________________ 19
4.0 – PROCEDIMENTOS DE MONTAGEM____________________________________________ 19
5.0 – DESACOPLAMENTO __________________________________________________________ 22
6.0 - SUBSTITUIÇÃO DA LONA DE FRICÇÃO ________________________________________ 22
7.0 - SUBSTITUIÇÃO DE ANEL RANHURADO E BUCHA ______________________________ 22
APÊNDICE: DADOS DE INSTALAÇÃO ______________________________________________ 23

CAPÍTULO 5: ACOPLAMENTO DE ENGRENAGENS FALK TIPO “G”________________ 24


RESUMO _________________________________________________________________________ 24
1.0 - INTRODUÇÃO ________________________________________________________________ 24
2.0 – PARTES COMPONENTES______________________________________________________ 24
3.0 – OPERAÇÃO DO ACOPLAMENTO ______________________________________________ 25
4.0 - LUBRIFICAÇÃO ______________________________________________________________ 25
5.0 – PROCEDIMENTOS DE MONTAGEM____________________________________________ 26
APÊNDICE: DADOS DE INSTALAÇÃO ______________________________________________ 27

CAPÍTULO 6: ACOPLAMENTOS HIDRODINÂMICOS______________________________ 28


RESUMO _________________________________________________________________________ 28
1.0 - INTRODUÇÃO ________________________________________________________________ 28
2.0 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO _____________________________________________ 28
3.0 – SITUAÇÕES OPERACIONAIS __________________________________________________ 29
4.0 - CARACTERÍSTICAS___________________________________________________________ 30

CAPÍTULO 7: EMBREAGENS___________________________________________________ 32
RESUMO _________________________________________________________________________ 32
1.0 - INTRODUÇÃO ________________________________________________________________ 32
2.0 – EMBREAGEM POR ATRITO ___________________________________________________ 32
ME 101 - ACOPLAMENTOS

3.0 – TIPOS DE EMBREAGEM POR ATRITO _________________________________________ 32


4.0 - EMBREAGEM DE DISCO AUTOMOTIVAS_______________________________________ 34
5.0 - EMBREAGEM ELETROMAGNÉTICA ___________________________________________ 35
6.0 - EMBREAGEM HIDRÁULICA ___________________________________________________ 35
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ____________________________________________________ 35
ME 101 - ACOPLAMENTOS

“A união faz a força”

Ditado popular
ME 101 - ACOPLAMENTOS

CAPÍTULO 1: CONCEITOS BÁSICOS

RESUMO

Este capítulo apresenta a classificação dos


acoplamentos, descrevendo muitos tipos, bem como as
suas características principais.

1.0 - INTRODUÇÃO

Como analisado com maiores detalhes na


disciplina CT 109 - Transmissão de Potência, as cargas
mecânicas em geral, necessitam de uma fonte de Figura 2 – Exemplo de acoplamento em um
energia para acioná-las. acionamento de bomba.
Nela, verificou-se que, para que uma máquina
ou sistema (carga) realize seu trabalho, ela deve
receber a energia que necessita de outra máquina ou 2.0 - CLASSIFICAÇÃO
sistema (fonte). Existem, basicamente, dois tipos gerais para
Além disto, comentou-se que, nas máquinas essa união de eixos, ou seja, os acoplamentos
rotativas, tanto o fornecimento quanto o recebimento permanentes e os móveis.
de energia na forma de força e movimento, ocorre No caso dos acoplamentos permanentes ou
através dos eixos. fixos, os quais podem ser rígidos ou flexíveis, as uniões
A maneira mais simples para que ocorra a são desfeitas apenas para reparos ou por motivos
transmissão mecânica de energia (como, por exemplo, especiais.
entre um motor e uma bomba) é a de se ter os eixos Os acoplamentos móveis, ou mais
unidos diretamente, tal como o ilustrado propriamente, as embreagens, por sua vez, transmitem
esquematicamente na figura 1. potência apenas quando acionados, isto é, obedecendo
a um comando. Nesses casos, a união entre os eixos
pode ser feita e desfeita à vontade.
Além desses, pode-se considerar os
acoplamentos hidrodinâmicos como um terceiro tipo
devido à suas características construtivas.
Os aspectos básicos desses tipos são
analisados a seguir.

3.0 – ACOPLAMENTOS RÍGIDOS

Os acoplamentos rígidos são empregados para


P – Potência transmitida; M – Torque motor; Mc – Torque unir eixos de tal maneira que funcionem como se
resistente; n – rotação. constituíssem em uma única peça, sendo, portanto,
necessário que estejam alinhados de forma precisa.
Figura 1 – Motor acionando uma bomba – 3.1 - Acoplamento Por Flanges
Representação esquemática.
O acoplamento por flange é o método clássico
Ao conjunto mecânico empregado para de conectar eixos e é bem adequado à transmissão de
realizar essa união de eixos denomina-se acoplamento. grandes potências em baixa velocidade.
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 1: Conceitos Básicos - 1
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Para assegurar um alinhamento preciso, estes


acoplamentos são fabricados freqüentemente, com um
ressalto que encaixa num rebaixo, como ilustrado na
figura 5.

Figura 3 – Flanges.

Figura 5 – Flanges.

Algumas vezes, o alinhamento é obtido,


fazendo-se um eixo ultrapassar o seu flange e avançar
um pouco no furo do flange conjugado e, algumas
vezes, faceando os flanges no lugar após terem sido
forçados nos eixos.
Os parafusos de ligação dos flanges devem
suportar as suas porções de carga tão uniformemente
quanto possível. Para isso devem ser encaixados
precisamente e apertados firmemente. Para melhores
resultados, os orifícios para os parafusos devem ser
alinhados e retificados no lugar.

3.2 - Acoplamento Com Luva de Compressão ou


de Aperto

A figura 6 mostra um tipo de conexão


conhecido como luva de compressão ou de aperto.

Figura 4 – Acoplamento com flanges. Figura 6 – Luva de compressão ou de aperto.


________________________________________________________________________________________________
Capítulo 1: Conceitos Básicos - 2
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Esta peça é montada sobre a junção de dois Os acoplamentos elásticos são construídos em
eixos, com uma chaveta, encaixada entre eles, forma articulada, elástica ou articulada e elástica.
passando ao longo de toda sua extensão. Permitem a compensação de até 6 graus de ângulo de
Dessa forma, o acoplamento com luva de torção e deslocamento angular axial.
compressão ou de aperto, facilita a manutenção de Esses acoplamentos sempre apresentam
máquinas e equipamentos, com a vantagem de não se melhores resultados quando o desalinhamento é casual,
interferir no posicionamento dos eixos, podendo ser tal como os que decorrem do assentamento de pisos ou
montado e removido sem problemas de alinhamento. fundações, desgaste de mancais, variações de
temperatura ou uma deflexão anormalmente grande na
conexão, devida a uma correia apertada demais, por
4.0 – ACOPLAMENTOS FLEXÍVEIS (ELÁSTICOS) exemplo. Algumas conexões podem tolerar maior
desalinhamento que outras, sem conseqüência, mas, em
As finalidades básicas dos acoplamentos qualquer caso, um bom alinhamento é benéfico.
flexíveis ou elásticos, além da transmissão de potência, Existem muitos tipos de acoplamentos
são: elásticos, sendo os principais analisados a seguir.
a) tornar mais suave a transmissão em eixos 4.1 – Isentos de Lubrificação
que apresentem movimentos bruscos, ou
seja, aliviar choques e absorver vibrações Acoplamento elástico de pinos
existentes, bem como compensar Nos acoplamentos elásticos de pinos, os
movimento axial dos eixos; elementos transmissores são pinos de aço com mangas
de borracha.

b) permitir o funcionamento do conjunto


com pequenos desalinhamentos (seja dos
eixos quanto do próprio acoplamento).

Figura 8 - Acoplamento elástico de pinos.

Tais acoplamentos se destinam a montagens


de eixos, absorvendo desalinhamentos radiais,
angulares e especialmente os axiais, além de
amortecerem choques e vibrações prejudiciais aos
elementos de máquinas mais sensíveis como
rolamentos, retentores, etc, podendo trabalhar na
Figura 7 – Exemplos de desalinhamento de eixos. horizontal ou vertical.
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Capítulo 1: Conceitos Básicos - 3
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Além disso, não necessitam de lubrificação e


permitem a troca das buchas amortecedoras de
borracha sem o deslocamento das partes acopladas.

Acoplamento elásticos tipo “pneu”


Nos acoplamentos altamente elásticos,
também conhecidos por acoplamentos tipo pneu, os
discos de acoplamento são unidos perifericamente por
uma ligação de borracha apertada por anéis de pressão.
Esse acoplamento permite o jogo longitudinal de eixos.

Figura 10 - Acoplamento tipo pneu.

Acoplamento “peflex”
O acoplamento “peflex” é semelhante ao
anterior, possuindo o elemento elástico moldado em
borracha natural maciça com grande grau de absorção
de vibrações e melhor resposta elástica, sem provocar
empuxo axial, mesmo em altas rotações, forma
compacta e disposição dos insertos roscados
vulcanizados no corpo do elemento elástico.
Nesse acoplamento, o torque é transmitido por
compressão, não tendo incidência, portanto, os efeitos
da tração e cisalhamento, como nos acoplamentos com
elementos elásticos tipo "pneu". Outra virtude é que,
devido à fixação dos cubos nos elementos elásticos
serem através de insertos metálicos, os parafusos de
fixação não possuem contato físico com a borracha
preservando-a assim de um desgaste por atrito e
proporcionando uma melhor transmissão de força.
Além disto, a manutenção é rápida e simples,
constituindo-se apenas na substituição do elemento
elástico, quando necessário, sem que haja o
afastamento dos cubos.

Figura 9 - Acoplamento altamente elástico. Figura 11 – Acoplamento “peflex”.


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Capítulo 1: Conceitos Básicos - 4
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Acoplamento com disco flexível Acoplamento elástico de garras


O acoplamento de discos flexíveis consiste em Os acoplamentos de garras são formados por
dois cubos flangeados, uma parte central e elementos dois cubos simétricos de ferro fundido, unidos por um
flexíveis intermediários formados de blocos de discos colar de borracha sintética altamente resistente, de
finos de aço, os quais são unidos em diferentes pontos. construção simples e fácil montagem. Tais
acoplamentos são de uso universal, dispensando
lubrificação e manutenção especiais.

Figura 12 – Acoplamento com disco flexível.

A flexão dos discos permite desalinhamento,


sendo que, com dois conjuntos, admite o paralelo.
Não há qualquer jogo no acoplamento,
nenhum movimento relativo e nem é necessário
lubrificar.

Figura 14 – Acoplamento com garras.

Esses acoplamentos se destinam a montagens


de eixos, absorvendo desalinhamentos axiais, radiais e
angulares além de amortecerem choques e vibrações
prejudiciais aos elementos de máquina tais como
Figura 13 – Acoplamento com disco flexível. mancais, rolamentos, selos mecânicos, retentores, etc.
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Capítulo 1: Conceitos Básicos - 5
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Figura 17 – Acoplamento com pino e disco de


neoprene.

Figura 15 – Acoplamento com garras.

Figura 16 – Instalação de elemento elástico em campo.

Outros acoplamentos
Existem muitos outros tipos de acoplamentos
como ilustram as figuras 17 a 19 mostram alguns
exemplos. Figura 18 – Acoplamento com pino e disco elástico.
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Capítulo 1: Conceitos Básicos - 6
ME 101 - ACOPLAMENTOS

montada uma grade elástica (fita de aço) que liga os


cubos. O conjunto está alojado em duas tampas
providas de junta de encosto e de retentor elástico junto
ao cubo. Todo o espaço entre os cabos e as tampas é
preenchido com graxa.

Figura 19 – Acoplamento com disco de borracha


vulcanizada.

Figura 22 – Acoplamento elástico de grade.

Esses acoplamentos suportam elevados


torques e absorvem desalinhamentos radiais, axiais e
angulares além de amortecerem vibrações e choques
em eixos, protegendo mancais, rolamentos, retentores e
Figura 20 – Acoplamentos de lonas. demais componentes mecânicos acoplados.
Apresentam facilidade de montagem e substituição das
grades elásticas sem necessidade de realinhamento dos
eixos, diminuindo o tempo de manutenção.
Apesar desse acoplamento ser flexível, os
eixos devem estar bem alinhados no ato de sua
instalação para que não provoquem vibrações
excessivas em serviço.

Acoplamento elástico de engrenagens


No acoplamento elástico de engrenagens, os
cubos apresentam dentes de engrenagens,
externamente, em toda a sua volta, que se engrenam
com os dentes internos da peça de fora. A flexibilidade
Figura 21 – Acoplamentos Oldham. é obtida por folga entre os dentes.

O formato do acoplamento Oldham, mostrado


na figura 21, permite o desalinhamento paralelo, pois
quando a peça central é montada, seus ressaltos se
encaixam nos rasgos das peças conectadas aos eixos
que são unidos.

4.2 – Acoplamentos Com Lubrificação

Os principais tipos de acoplamentos elásticos


com exigência de lubrificação são os de grades e os de
engrenagem.

Acoplamento elástico de grade


O acoplamento de grade consiste de dois
cubos providos de flanges com ranhura, nas quais está Figura 23 – Acoplamento elástico de engrenagens.
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Capítulo 1: Conceitos Básicos - 7
ME 101 - ACOPLAMENTOS

4.3 – Junta Universal calhas permite que o plano de contato entre as esferas e
as calhas divida, sempre, o ângulo dos eixos em duas
Uma junta universal, também conhecida por partes iguais. Essa posição do plano de contato é que
junta Cardan, é usada para unir eixos que formam um possibilita a transmissão constante da velocidade.
ângulo fixo ou variável durante o movimento,
possibilitando transmitir grandes forças. É um dos tipos
mais simples de juntas, formada basicamente por uma
cruzeta ligada a uma forquilha conduzida por meio de
quatro articulações, como ilustra a figura 24.

Figura 26 – Junta homocinética.

5.0 - EMBREAGENS

Embreagem, também conhecida por fricção, é


um dispositivo que funciona a base do atrito,
Figura 24 – Junta universal. permitindo a fácil conexão e desconexão dos eixos,
porém transmitindo força e movimento somente
Com apenas uma junta universal o ângulo quando acionados, isto é, obedecendo a um comando.
entre as árvores não deve exceder a 15º. Entretanto, As embreagens mantêm os eixos, motriz e
para valores superiores a este, porém menores que até comandado, à mesma velocidade angular.
25º, utilizam-se duas juntas, como ilustrado na figura Segundo o tipo de comando, existem as
25. embreagens manuais, eletromagnéticas, hidráulicas,
pneumáticas e as diretamente comandadas pela
máquina de trabalho.

Figura 25 – Junta universal dupla.

Observa-se que a junta Cardan não consegue


dar ao eixo comandado uma velocidade constante igual
à do eixo motriz.
Uma solução para isso é o emprego de uma
junta homocinética, a qual transmite velocidade
constante.
Ela tem comando realizado através de esferas
de aço que se alojam em calhas. O formato dessas Figura 27 – Exemplo de embreagem industrial.
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Capítulo 1: Conceitos Básicos - 8
ME 101 - ACOPLAMENTOS

6.0 – ACOPLAMENTOS HIDRODINÂMICOS

Os acoplamentos hidrodinâmicos foram


concebidos para transmitir potência de forma gradativa
por meio da força dinâmica de fluidos em circulação
dentro do acoplamento.
Seus componentes principais são dois rotores
com pás, um rotor bomba e um rotor turbina, bem
como uma concha externa.
Ambos os rotores são suportados por
rolamentos relativamente um ao outro.
A transmissão de torque é obtida com o
mínimo desgaste mecânico e não há contato mecânico
entre as peças que transmitem o torque.
O acoplamento contem uma quantidade
constante de fluido de trabalho, usualmente óleo
mineral.
O torque fornecido pelo motor de
acionamento é convertido em energia cinética do fluido
de trabalho no rotor bomba que esta conectado ao
mesmo.
No rotor turbina esta energia cinética é
novamente convertida em energia mecânica.
Em combinação com um motor elétrico de
indução, os acoplamentos hidrodinâmicos permitem
partidas sem resistência a sua aceleração, alcançando
rapidamente a rotação de trabalho com pequeno
consumo de corrente se comparado a sistemas sem
proteção na partida.
Devido a essas características, eles são
aplicados a sistemas mecânicos, moinhos, correias
transportadoras, elevadores de caneca, ventiladores, Figura 28 – Exemplos de aplicação de acoplamentos
centrífugas, britadores, entre outros. hidrodinâmicos.

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Capítulo 1: Conceitos Básicos - 9
ME 101 - ACOPLAMENTOS

CAPÍTULO 2: ASPECTOS COMUNS AOS TIPOS


DE ACOPLAMENTOS FALK STEELFLEX

RESUMO A transmissão de potência entre eixos é


realizada através das grades, as quais deslizam nas
Este capítulo apresenta as características e ranhuras e se flexionam quando em carga, operando da
aspectos comuns a todos os tipos de acoplamentos Falk seguinte maneira com:
Steelflex empregados na MRN.
Carga leve
A grade se apóia apenas nas extremidades das
1.0 - INTRODUÇÃO ranhuras. O longo vão entre os pontos de apoio
permanece livre para flexionar sob variações de carga,
Steelflex é uma marca registrada da Falk como ilustra a figura 2.
Corporation e se refere a uma família de acoplamentos
de grade criados, os quais, no Brasil, são fabricados
pela PTI - Power Transmission Industries do Brasil
S/A (PTI-Falk).
Entre as várias possibilidades, na MRN se
empregam, basicamente, os de tipos F, FT ,PT, e CMT,
sendo as suas características e aspectos comuns
analisados a seguir.

2.0 – OPERAÇÃO DO SISTEMA GRADE -


RANHURA

Como citado anteriormente, um acoplamento


de grade consiste de dois cubos providos de flanges
com ranhuras, nas quais está montada uma grade Figura 2 – Sistema grade – ranhura com carga leve.
elástica (fita de aço) que liga os cubos, como
exemplifica genericamente a figura 1. Plena carga
Aumentando-se a carga, a distância entre os
apoios nas ranhuras diminui proporcionalmente, mas
um vão livre permanece para amortecer choques.

Figura 1 – Acoplamento elástico de grade. Figura 3 – Sistema grade – ranhura em plena carga.
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Capítulo 2: Aspectos Comuns aos Tipos dos Acoplamentos Falk Steelflex - 10
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Sobrecarga
O acoplamento é elástico dentro de sua
capacidade. Nos picos de carga a grade se acomoda ao
longo de toda a ranhura, transmitindo diretamente toda
a carga.

Figura 5 – Compensação de desalinhamento paralelo.

Por outro lado, no caso de desalinhamento


angular, a compensação é obtida devido à ação de
deslizamento das ranhuras em relação à grade, como
ilustra a figura 6.

Figura 4 – Sistema grade – ranhura em sobrecarga.

Observa-se, portanto, que a utilização das


grades nas ranhuras, propicia uma grande resilência
torcional (torção elástica), ou seja, uma elevada
habilidade de distribuir os picos de carga ou choques
sobre um período de tempo, reduzindo,
conseqüentemente, os esforços nas máquinas
acopladas. Tais choques são reduzidos devido a energia
absorvida durante a deflexão da grade.
Além disso, o atrito de deslizamento entre as
grades e as ranhuras durante a deflexão introduz um
amortecimento no sistema, o que auxilia na redução
dos níveis de vibração. Figura 6 – Compensação de desalinhamento angular.
Em resumo, os acoplamentos steelflex podem
suportam elevados torques e amortecerem vibrações e Os deslocamentos axiais são absorvidos
choques em eixos, protegendo mancais, rolamentos, devido à existência de folga entre os flanges e entre as
retentores e demais componentes mecânicos acoplados, extremidades da grade e a tampa, o que permite que os
sem causar esforços prejudiciais aos rolamentos das cubos se movimentem livremente em relação à grade,
máquinas acopladas. cabendo às ranhuras o papel de guia.

3.0 – DESALINHAMENTO DE EIXOS

Como visto, as grades dos acoplamentos


steelflex podem se movimentar nas ranhuras,
permitindo absorver pequenos desalinhamentos
paralelo e angular, bem como eventuais deslocamentos
axiais dos eixos.
A acomodação do desalinhamento paralelo
ocorre devido ao fato de que a grade desliza nas
ranhuras dos flanges, se inclinando e defletindo no
sentido do desalinhamento, e, assim, equiparando o
posicionamento relativo entre os cubos ao girar.
A figura 5 ilustra o exposto. Figura 7 – Compensação de deslocamento axial.
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Capítulo 2: Aspectos Comuns aos Tipos dos Acoplamentos Falk Steelflex - 11
ME 101 - ACOPLAMENTOS

4.0 – ASPECTOS GERAIS e) Neutro - Não deve corroer aço ou causar


intumescimento ou deterioração do
Os acoplamentos Falk Steelflex podem ser Neoprene;
montados tanto na vertical como na horizontal sem a f) Puro - Isento de materiais estranhos.
necessidade de utilização de peças especiais.
Para os melhores resultados montar os Para uma lubrificação de até 3 em 3 anos
acoplamento "standard" com desalinhamento mínimo e (semipermanente), a Falk recomenda usar o
"gap" normal. lubrificante "still-bottom" com base asfáltica e
Para montagem de cubos com pequena viscosidade 2000 SSU a 100 0C. Em condições normais
interferência aquecer em forno ou banho de óleo. Para de temperatura este lubrificante, devido à sua alta
cubos grandes, de acordo com a Falk, aquecer viscosidade, não é bombeado facilmente. Neste caso
uniformemente com maçarico, mas não aplicar chama engraxar os acoplamentos manualmente ou aquecer a
direta nas ranhuras. Também não aquecer o cubo graxa e aplicá-la.
acima de 135 0C. A tabela 1 a seguir, apresenta algumas das
Atenta-se que, para obtenção de bons graxas recomendadas pela Falk e respectivo fabricante.
resultados na operação, é importante que, na
montagem: Fabricante Lubrificante
a) todas as peças sejam rigorosamente Falk LTG
limpas; Maxlub APG
Bardahl
b) o acoplamento seja alinhado de modo a Bardahl General Purpose
se reduzirem a um mínimo eventuais Castrol LM Grease.
Castrol
desalinhamentos angulares e paralelos; Castrol EPL 2 Grease
c) a folga do acoplamento seja ajustada Beacon 2
Esso
conforme recomendado nos próximos Esso Multi Purpose Grease
capítulos; Ipiflex 2
Ipiranga
d) verificar, novamente, o alinhamento após Litholine EP 2
a fixação definitiva das máquinas às suas Mobi1ux EP 2
Mobil Oil
bases. Móbil Grease Hp 222
Petrobrás Lubrax Industrial GMA 2
Alvania R2
5.0 - LUBRIFICAÇÃO Shell
Alvania EP2
Multifak 2
Uma lubrificação adequada é essencial para o Texaco
Multifak EP 2
perfeito funcionamento dos acoplamentos, sendo
recomendação da Falk que eles sejam lubrificados uma
Tabela 1 – Graxas recomendadas pela Falk para
vez por ano, no mínimo.
acoplamentos Steelflex.
Se, entretanto, há a ocorrência de umidade
excessiva, grandes variações de temperatura, reversões
rápidas ou grandes desalinhamentos de eixos (nesse
caso, o movimento de vaivém das grades e cubos é 6.0 – GRADES ELÁSTICAS
considerável), a lubrificação deve ser efetuada com
uma maior freqüência. 6.1 - Instalação das Grades
As especificações dos lubrificantes para
lubrificação anual dos acoplamentos Steelflex, As barras da grade são exatamente radiais,
trabalhando em temperaturas ambiente entre -34 a +66portanto é necessário estender ligeiramente a grade de
0
C, são: modo que passe sobre as ranhuras do cubo em seu
diâmetro externo. Para conseguir isto com um mínimo
a) Ponto de gotejamento – 150 0C ou acima; alargamento, começar por qualquer extremidade,
b) Consistência - NLGI 2 com valor de batendo levemente de maneira a introduzir
penetração entre 250 e 300; parcialmente todas as barras nas ranhuras.
c) Separação e resistência - baixo valor de Depois que as barras estiverem semi-
separação do óleo e alta resistência à introduzidas nas ranhuras, bater a grade até atingir a
separação por centrifugação; posição correta.
d) Componente líquido - Deve possuir Ao montar grades de duas camadas colocar de
excelentes propriedades lubrificantes tal forma que o centro do segmento da grade externa
equivalente aos óleos minerais refinados superponha a extremidade do segmento da camada
de alta qualidade; interna (ver A e B da figura 8).
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Capítulo 2: Aspectos Comuns aos Tipos dos Acoplamentos Falk Steelflex - 12
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Usando-se as ranhuras adjacentes como apoio,


deslocar radialmente as barras da grade em etapas
uniformes e graduais.
Proceder assim, alternando-se os lados das
dobras, levantando a grade a cerca de meia altura , até
chegar ao seu final.
Repetindo-se esse processo, a grade se
destacará das ranhuras.

Figura 8 – Montagem de grade elástica.

6.2 – Remoção das Grades

Para a remoção das grades, a única ferramenta


necessária é uma haste de ferro cilíndrica ou chave de
fenda que se ajuste convenientemente em sua dobra.
Começar pela extremidade, introduzir a haste
cilíndrica ou chave de fenda na primeira dobra. Figura 9 – Remoção das grades.

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Capítulo 2: Aspectos Comuns aos Tipos dos Acoplamentos Falk Steelflex - 13
ME 101 - ACOPLAMENTOS

CAPÍTULO 3: ACOPLAMENTOS FALK


STEELFLEX TIPO “F”

RESUMO c) A grade elástica de modelos menores é


Este capítulo apresenta as características inteiriça, enquanto as dos maiores
construtivas dos acoplamentos Falk Steelflex do tipo compõe-se de várias secções e camadas;
“F”, assim como os seus procedimentos de montagem d) A guarnição é colocada entre as tampas,
e desmontagem. impedindo, assim, o vazamento da graxa.

1.0 - INTRODUÇÃO

Os acoplamentos de grade Falk Steelflex tipo


“F” destinam-se à aplicações industriais em geral,
podendo, de acordo com o fabricante, ser utilizado em
mais de 90% das instalações.
Eles estão disponíveis em vários tamanhos,
apresentam capacidade de furação de até 305 mm e
podem suportar torques de até 640.000 Nm.
A seguir se efetua a análise de suas
características construtivas, assim como os seus
procedimentos de montagem e desmontagem,
baseando-se em manuais da própria Falk.
Observa-se, entretanto, que, no texto a seguir,
as várias imagens referentes à montagem dos
acoplamentos foram digitalizadas a partir de
fotografias em preto e branco disponíveis nos citados Figura 1 – Acoplamento Falk Steelflex do tipo “F”.
manuais. Desta forma, alguns de seus elementos
sofreram um processo de colorização através de
computador, com o objetivo de facilitar a compreensão
e, portanto, as cores não correspondem,
necessariamente, às reais.

2.0 – PARTES COMPONENTES

A figura 1 apresenta o aspecto de um


acoplamento do tipo “F” montado, enquanto a figura 2
a vista em corte com as peças montadas. A figura 3,
por outro lado, fornece a vista explodida do
acoplamento.
Em relação às peças do acoplamento, tem-se
que:
a) Os anéis de neoprene e as tampas de
vedação são idênticas;
b) Os cubos são simétricos, podendo,
entretanto divergir no diâmetro dos furos Figura 2 – Vista em corte de um acoplamento Falk
e os rasgos de chaveta; Steelflex do tipo “F”.
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 3: Acoplamentos Falk Steelflex Tipo “F” - 14
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Figura 3 – Vista explodida de um acoplamento Falk Steelflex do tipo “F”.

3.0 – PROCEDIMENTOS DE MONTAGEM

Para a montagem correta dos acoplamentos,


recomenda-se adotar o seguinte procedimento:
Montar a tampa, anel de vedação cubo e guarnição
sobre o eixo.
Colocar a tampa com o anel de vedação no
eixo antes de colocar o cubo. Montar os cubos em seus
respectivos eixos de modo que a face de cada cubo
fique rente à extremidade do eixo correspondente.
Colocar a guarnição cuidadosamente.

Folga e alinhamento angular


Para obtenção dos melhores resultados instalar
o acoplamento com a folga dada na tabela do apêndice
desse capítulo, sendo admissível uma tolerância de +
10 %. Alinhar os acoplamentos mediante colocação de
um espaçador cuja espessura seja igual à folga exigida
entre as faces dos cubos e repetir o processo de
Figura 4 – Exemplos de utilização do acoplamento alinhamento de 90° a 90°. Verificar com calibre de
Falk Steelflex tipo “F”. lâminas.
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 3: Acoplamentos Falk Steelflex Tipo “F” - 15
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Instalar a grade interna


A grade interna, quando houver, apresenta cor
de alumínio.
Introduzir todos os segmentos da grade da
camada interna como explicado no Capítulo 2. Usar
um martelo de borracha resistente ou plástico para
evitar danos na grade e cubo.

Alinhamento paralelo
Alinhar os eixos de modo que uma régua
assente em esquadro em ambos os cubos, e também em
outra posição a 90" da anterior. Apertar os parafusos de
fixação e verificar novamente o alinhamento e folga.

Colocar a grade externa


A grade externa, quando houver, apresenta cor
dourada e é marcada com a inscrição "EXT".
Introduzir todos os segmentos da grade da
camada externa como foi explicado no Capítulo 2.
Notar o posicionamento das dobras e das extremidade
livres da grade. Não danificar a grade ou as ranhuras
do cubo.

Aplicar graxa
Encher de lubrificante a folga, ranhuras e
rebaixos laterais. Verificar se os rebaixos laterais estão
totalmente cheios.

Encher os espaços vazios com lubrificante


Encher de graxa o quanto possível os espaços
vazios em torno da grade, removendo o excedente
rente ao diâmetro externo para permitir a passagem da
guarnição e tampas. Centrar a guarnição, remover os
bujões e lubrificar ligeiramente o anel de vedação para
facilidade de montagem.
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 3: Acoplamentos Falk Steelflex Tipo “F” - 16
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Completar com graxa adequada até que


transborde por outro orifício. Então recolocar o bujão.
Proceder assim até que todos os bujões tenham sido
recolocados.
Verificar se todos os bujões foram
recolocados após a lubrificação.

Colocar as tampas, lubrificar a cada 12 meses


Colocar as tampas com os "plugs" defasados
de 180° (90° para as tampas com dois furos de
lubrificação).
Verificar perfeito assentamento dos anéis de
vedação.
Remover todos os bujões e introduzir a pistola
de lubrificação em um dos orifícios dos "plugs".

APÊNDICE: DADOS DE INSTALAÇÃO

Grade
Velocidade Graxa
Tamanho Folga (mm) N0 de N0 de Segmentos
Máxima (rpm) (Peso em Kg)
Camadas por Camada
3 6.000 0,03 3 1 1
4 6.000 0,04 3 1 1
5 6.000 0,06 3 1 1
6 6.000 0,09 3 1 1
7 6.000 0,09 3 1 2
8 5.000 0,14 3 1 2
9 4.500 0,17 3 1 2
10 3.750 0,17 5 1 2
11 3.600 0,23 5 1 2
12 3.600 0,28 5 2 2
13 2.700 0,34 5 2 2
14 2.500 0,68 6 2 2
15 2.400 0,68 6 2 2
16 2.300 0,91 6 2 2
17 2.200 1,25 6 2 2
18 2.100 1,47 6 2 3
190 2.000 3,63 6 2 4
200 1.800 4,5 13 2 4
210 1.600 5,8 13 2 4
220 1.500 6,3 13 2 4
230 1.300 7,6 13 2 6
240 1.200 12,2 19 2 8
250 1.000 15,3 19 ? 8
260 900 19,4 19 2 8
270 700 24,5 19 2 8
280 600 31,4 19 2 8
290 500 38,5 19 2 9
300 400 42 19 2 10

________________________________________________________________________________________________
Capítulo 3: Acoplamentos Falk Steelflex Tipo “F” - 17
ME 101 - ACOPLAMENTOS

CAPÍTULO 4: ACOPLAMENTOS FALK


STEELFLEX TIPOS “FT”, “PT” E “CMT”

RESUMO 2.0 – PARTES COMPONENTES

Este capítulo apresenta as características A figura 1 apresenta o aspecto de um


construtivas dos acoplamentos Falk Steelflex dos tipos acoplamento do tipo “FT” montado, enquanto a figura
“FT”, “PT” e “CMT”, assim como os seus 2 a vista em corte com as peças montadas. A figura 3,
procedimentos de montagem e desmontagem. por outro lado, fornece a vista explodida do
acoplamento.

1.0 - INTRODUÇÃO

Muitos acionamentos na MRN estão sujeitos a


grandes impactos de carga e podem travar.
Naturalmente, nesses casos, é necessário
proteger os equipamentos, pois os danos resultantes
dessa situação podem resultar em um custo elevado.
Nesse contexto, se utilizam acoplamentos de
grade limitadores de torque que permitem tal proteção,
tais como os Falk Steelflex tipo “FT”, “PT” e “CMT”.
O tipo FT é um acoplamento que pode ser
ajustado para escorregar com uma sobrecarga
determinada, sem -necessidade de reajuste, uma vez
eliminada a causa da sobrecarga.
No tipo PT, os cubos guiados em tampas de
aço permitem que os acoplamentos suportem um eixo
flutuante entre si, dispensando-se os mancais. Figura 1 – Acoplamento Falk Steelflex do tipo “FT”.
Desalinhamentos paralelos substanciais são
acomodados devido à distância que separa os pontos de
articulação angular.
O tipo CMT, por outro lado, é empregado para
reversões rápidas ou em espaços limitados
principalmente nas aplicações verticais.
A seguir se efetua a análise de suas
características construtivas, assim como os seus
procedimentos de montagem e desmontagem,
baseando-se em manuais da própria Falk, enfocando-se
principalmente, o tipo FT, pois os demais apresentam
características semelhantes.
Observa-se, entretanto, que, no texto a seguir,
as várias imagens referentes à montagem dos
acoplamentos foram digitalizadas a partir de
fotografias em preto e branco disponíveis nos citados
manuais. Desta forma, alguns de seus elementos
sofreram um processo de colorização através de
computador, com o objetivo de facilitar a compreensão
e, portanto, as cores não correspondem, Figura 2 – Vista em corte de um acoplamento Falk
necessariamente, às reais. Steelflex do tipo “FT”.
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 4: Acoplamentos Falk Steelflex Tipos “FT”, “PT” e “CMT” - 18
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Figura 3 – Vista explodida de um acoplamento Falk Steelflex do tipo “FT”.

3.0 – OPERAÇÃO DO ACOPLAMENTO Apertar os parafusos de fixação quando


existirem.
A operação do acoplamento limitador de
torque pode ser compreendida com o auxílio da figura
3.
Sendo o cubo “F” montado sobre o eixo
motriz, a força é transmitida através da grade para o
anel ranhurado. Quando a máquina acionada está
sujeita a uma sobrecarga, o cubo “FT” e o disco
impulsor param devido à ação da lona de fricção que os
unem, enquanto o resto do conjunto gira sobre as
buchas de bronze. Assim que o torque é reduzido aos
valores estabelecidos de trabalho, o acoplamento
automaticamente retransmitirá a carga.
Se a lona de fricção desgastar devido ao
escorregamento excessivo, deve-se compensar o
desgaste comprimindo as molas conforme explicado à
frente.

4.0 – PROCEDIMENTOS DE MONTAGEM

Para a montagem correta dos acoplamentos,


recomenda-se adotar o seguinte procedimento:

Montagem das tampas, anel de vedação e cubos no Montagem do conjunto da luva de conjugado
eixo Manter a lona de fricção limpa e livre de óleo.
Colocar a tampa com o anel de vedação no Limpar cuidadosamente o cubo FT ou PT e os mancais
eixo antes do cubo. da luva de torque.
Para colocação, aquecer os cubos que vão ser Colocar o conjunto de luva de conjugado
montados com interferência como explicado o Capítulo sobre o cubo FT ou PT.
2. Montar o disco impulsor, molas, arruelas, anel
Montar os cubos em seus respectivos eixos de guia e porcas retentoras.
modo que a face de cada cubo fique rente à Apertar as porcas até que as molas estejam
extremidade do eixo correspondente. comprimidas ligeiramente.
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 4: Acoplamentos Falk Steelflex Tipos “FT”, “PT” e “CMT” - 19
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Folga e alinhamento angular


Para os melhores resultados instalar
acoplamento observando a folga conforme descrito no
Capítulo 2. Colocação da guarnição e lubrificação
Alinhar os acoplamentos mediante a Colocar cuidadosamente a guarnição entre os
colocação de um espaçador, cuja espessura seja igual cubos deixando-a próxima da tampa.
ao "gap" requerido entre as faces dos cubos, como Em seguida colocar graxa o quanto possível
mostrado na figura a seguir. na folga e ranhuras.
Repetir o processo de alinhamento com
intervalos de 90°.
Verificar com calibre de lâminas.

Colocação da grade
Alinhamento paralelo Colocar a grade conforme instruções
Alinhar os eixos de modo que a régua assente fornecidas no Capítulo 2.
em esquadro em ambos os cubos e também noutra Os acoplamentos do tamanho de 3 a 11
posição a 90° da anterior como mostrado na figura a possuem uma só camada de grade cor de alumínio.
seguir. Tamanhos maiores possuem 2 camadas de
Apertar os parafusos de fixação e verificar grade; a camada interna é cor de alumínio, a camada
novamente o alinhamento e folga. externa é dourada e marcada com "EXT".
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 4: Acoplamentos Falk Steelflex Tipos “FT”, “PT” e “CMT” - 20
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Lubrificação anual
Enchimento com graxa Lubrificar os acoplamentos até que a graxa
Encher os espaços em torno da grade com o transborde pelo outro orifício. Em seguida colocar os
máximo possível de graxa. bujões.
Eliminar a graxa em excesso em relação a
superfície da grade.
Lubrificar levemente os anéis de vedação com
óleo para facilitar o deslizamento da tampa sobre os
cubos.

Regulagem da mola
Para se obter os melhores resultados, as
comprimir as molas levemente (1/16" para molas leves
e 1/32" para molas pesadas) e amaciar a lona de fricção
deixando o acoplamento escorregar durante 1000
Colocação das tampas rotações ou um tempo em minutos equivalente a 1000
Colocar as tampas tal que as engraxadeiras ou dividido pela rpm.
orifícios de lubrificação estejam defasados de 180° e Desde que a compressão da mola determina o
alinhar as tampas para evitar oscilação. torque de escorregamento para o acoplamento FT, as
Apertar os parafusos das tampas e verificar se molas devem ser comprimidas a uma distância "X",
os anéis de vedação estão bem ajustados. como ilustra a figura a seguir.
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 4: Acoplamentos Falk Steelflex Tipos “FT”, “PT” e “CMT” - 21
ME 101 - ACOPLAMENTOS

cubo são uniformemente espaçadas e não requerem


marcas de referência.

6.0 - SUBSTITUIÇÃO DA LONA DE FRICÇÃO

Depois de desligado o acoplamento e


deslocada a máquina motriz ou acionada, retirar o anel
guia, arruelas de assento e molas. O conjunto da luva
de controle de torque, pode então ser removido como
um sub-conjunto.
Se o anel ranhurado e buchas estiverem em
boas condições e não necessitarem substituição, a lona
De modo a determinar a dimensão “X” para
velha pode ser removida e a nova lona instalada sem
um determinado torque, emprega-se o gráfico de
necessidade de maior desmontagem.
regulagem das molas, o qual é fornecido com o
acoplamento. A figura a seguir apresenta um exemplo
típico (apenas ilustrativo e não deve ser usado).
7.0 - SUBSTITUIÇÃO DE ANEL RANHURADO E
BUCHA

Desmontar a luva de torque e montar


novamente na seguinte ordem:

a) Se necessário rebitar nova lona de


fricção na luva de torque ou disco de
torque;
b) Colocar a tampa “F” com um novo anel
de vedação sobre o cubo da luva de
torque;
c) Pressionar o anel ranhurado sobre a luva,
furar e rosquear os novos furos para os
parafusos de fixação. Colocar parafusos
de fixação;
d) Pressionar as buchas no furo da luva de
torque;
e) Verificar a folga entre o diâmetro interno
da bucha e o diâmetro externo do cubo
Os gráficos são válidos independentemente do “FT” ou “PT” em ambas as
número de escorregamentos ou desgaste da lona. extremidades. Pode ser necessário
Dessa forma, ajustar qualquer carga regulando rasquetear o furo da bucha para
todas as molas com a mesma compressão para obter conseguir a folga especificada na tabela
pressão uniforme na lona de fricção. 1. Não retirar o grafite das ranhuras da
Para prevenir distorção do anel guia apertar bucha.
cada porca aproximadamente 2 voltas em seqüência até
conseguira medida X desejada. Com o gastar da lona
reajustar a dimensão original X exceto quando o torque Tamanho do acoplamento Mínimo Máximo
requerido tenha sido mudado. 3, 4, 5, 6 0,10 0,18
Medir diretamente sobre as molas como 7 0.13 0,20
mostrado. 8e9 0,15 0,22
10 a 18 0,18 0,25
190, 200 0,20 0,33
5.0 – DESACOPLAMENTO
210, 220, 230 0,03 0,10
Sempre que necessário desmontar o 240 0,10 0,18
acoplamento, remover a tampa e retirar os segmentos
da grade como mostrado no Capítulo 2. As ranhuras do Tabela 1 – Folga entre bucha e luva (mm)
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 4: Acoplamentos Falk Steelflex Tipos “FT”, “PT” e “CMT” - 22
ME 101 - ACOPLAMENTOS

APÊNDICE: DADOS DE INSTALAÇÃO

Folga do acoplamento
Grade
Velocidade Graxa (mm)
Tamanho
Máxima (rpm) (Peso em Kg) N0 de Segmentos
Mínimo Normal Máximo N0 de Camadas
por Camada
3 5.500 0,03 1,6 3,2 4,0 1 1
4 5.300 0,04 1,6 3,2 4,8 1 1
5 4.600 0,06 1,6 3,2 4,8 1 1
6 4.250 0,09 1,6 3,2 48 1 1
7 3.900 0,09 1,6 3,2 4,8 1 2
8 3.150 0,14 1,6 32 6.4 1 2
9 2.900 0,17 1,6 32 6,4 1 2
10 2.600 0,17 1,6 4.8 9,5 1 2
11 2.450 0,23 1,6 4,8 95 1 2
12 2.150 0,28 1,6 4,8 9,5 2 2
13 1.900 0,34 1,6 4,8 9,5 2 2
14 1.700 0,68 1,6 6,4 13 2 2
15 1.500 0,68 1,6 6,4 13 2 2
16 1.350 0,91 1,6 6,4 13 2 2
17 1.250 1,25 1,6 6,4 13 2 2
18 1.100 1,47 1,6 64 13 2 3
190 1.050 3,63 1,6 6,4 13 2 4
200 910 4,5 1,6 6,4 13 2 4
210 825 5,8 1,6 6,4 13 2 4
220 825 6,3 16 6,4 13 2 4
230 750 7,6 1,6 6,4 13 2 6
240 675 12,2 1,6 6.4 13 2 8

________________________________________________________________________________________________
Capítulo 4: Acoplamentos Falk Steelflex Tipos “FT”, “PT” e “CMT” - 23
ME 101 - ACOPLAMENTOS

CAPÍTULO 5: ACOPLAMENTO DE
ENGRENAGENS FALK TIPO “G”

RESUMO 2.0 – PARTES COMPONENTES

Este capítulo apresenta as características A figura 1 apresenta o aspecto de um


construtivas dos acoplamentos Falk do tipo “G”, assim acoplamento do tipo “G” montado, enquanto a figura 2
como os seus procedimentos de montagem e a vista em corte com as peças montadas. A figura 3,
desmontagem. por outro lado, fornece a vista explodida do
acoplamento.

1.0 - INTRODUÇÃO

Na MRN utiliza-se uma outra linha de


acoplamentos da Falk, os quais são de engrenagem e
denominados de tipo “G”. Na atualidade, eles são
classificados como da linha lifelign pelo fabricante.
Tais acoplamentos são apropriados para serem
empregados como união entre eixos quando se
acionam, principalmente, ventiladores, bombas,
guindastes misturadores, moinhos, trituradores e
muitas outras aplicações exijam médias e altas
potências, pois apresenta maior capacidade de
transmissão de torque que qualquer outro tipo,
considerando-se um determinado diâmetro. Isto resulta
em tamanhos menores e, conseqüentemente, em Figura 1 – Acoplamento Falk Lifelign do tipo “G”
redução de peso e de tamanho físico.
Além disso, ainda apresentam boa resistência
à ambientes agressivos e à altas temperaturas.
Eles estão disponíveis em vários tamanhos,
apresentam Possuem uma grande capacidade de
furação (de até 1.093 mm) e podem suportar torques de
até 8.193.813 Nm.
Observa-se que o acoplamento Falk Lifelign
tipo “G” é específico para montagens na horizontal.
A seguir se efetua a análise das características
construtivas, assim como os seus procedimentos de
montagem e desmontagem, baseando-se em manuais
da própria Falk.
Observa-se, entretanto, que, no texto a seguir,
as várias imagens referentes à montagem dos
acoplamentos foram digitalizadas a partir de
fotografias em preto e branco disponíveis nos citados
manuais. Desta forma, alguns de seus elementos
sofreram um processo de colorização através de
computador, com o objetivo de facilitar a compreensão
e, portanto, as cores não correspondem, Figura 2 – Vista em corte de um acoplamento Falk
necessariamente, às reais. Lifelign do tipo “G”.
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 5: Acoplamentos de Engrenagens Falk Tipo “G” - 24
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Figura 3 – Vista explodida de um acoplamento Falk Lifelign do tipo “G”.

3.0 – OPERAÇÃO DO ACOPLAMENTO

A operação do conjunto é simples, ou seja, ao


se acionar um dos cubos, os seus dentes se engrenam
com os do respectivo flange (tampa dentada), fazendo-
o girar. Como o segundo flange está parafusado ao
primeiro, também ele irá se movimentar. Seus dentes
se engrenam com os do outro cubo, permitindo a
transmissão de potência.
Os dentes dos cubos são triplamente
abaulados (ou seja, no topo, raiz e flancos) e
apresentam um certo afastamento (folga) com os
dentes do flange. Nesse afastamento introduz-se um
lubrificante revestindo as superfícies de contato.
Essa disposição permite um engrenamento
preciso e suave, obtendo-se a elasticidade necessária
para acomodar eventuais desalinhamentos paralelo e Figura 5 – Exemplo de utilização do acoplamento Falk
angular e deslocamentos axiais. Lifelign do tipo “G”.

4.0 - LUBRIFICAÇÃO

Uma lubrificação adequada é essencial para o


perfeito funcionamento dos acoplamentos de
engrenagens, sendo recomendação da Falk que eles
sejam lubrificados de 6 em 6 meses, no mínimo.
Se, entretanto, há a ocorrência de umidade
excessiva, grandes variações de temperatura, reversões
rápidas ou choques fortes ou excessivos, a lubrificação
deve ser efetuada com uma maior freqüência.
Para satisfazer as limitações de resistência à
separação por centrifugação e de fluidez, são
recomendadas duas classes de graxa para os
acoplamentos de engrenagens, ou seja, para:
a) serviço normal usar graxa NLGI n0 1;
b) baixas rotações, isto é, quando a rotação
do acoplamento for menor que o mínimo
especificado na tabela 1, usar graxa
Figura 4 – Desalinhamentos e deslocamento axial. NLGI n0 0.
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 5: Acoplamentos de Engrenagens Falk Tipo “G” - 25
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Tamanho do
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 70 80 90
acoplamento

Intervalo de rotação 1.030/ 700/ 550/ 460/ 380/ 330/ 290/ 250/ 230/ 210/ 190/ 60/ 140/ 120/
com graxa NLGI n0 1 10.000 8.000 6.500 5.500 4.800 4.300 3.850 3.600 3.300 3.000 2.850 2.500 1.750 1.550

Tamanho do
100 110 120 130 140 150 160 180 200 220 240 260 280 300
acoplamento

Intervalo de rotação 110/ 100/ 94/ 88/ 82/ 76/ 72/ 64/ 58/ 52/ 48/ 44/ 40/ 38/
com graxa NLGI n0 1 1.450 1.330 1.200 1.075 920 770 650 480 370 290 200 200 200 200

Tabela 1 – Intervalos de rotação para graxas NLGI n0 1.

Algumas das graxas recomendadas pela Falk d) Usar um lubrificante que possua as
são fornecidas nas tabelas 2 e 3. especificações fornecidas anteriormente;
e) Preencher com graxa os dentes da tampa
Fabricante Lubrificante e untar levemente com graxa os
Mobil Oil Mobilux EP1 vedadores antes da montagem;
Petrobrás Lubrax Industrial GMA1EP f) Para os melhores resultados, usar um
Shell Alvania EP 1 relógio comparador.
Texaco Multifak EP 1
Por outro lado, para a montagem correta dos
0 acoplamentos, recomenda-se adotar o seguinte
Tabela 2 - Graxas NLGI n 1 recomendadas pela Falk
procedimento:
para acoplamentos de engrenagens.
Montagem das tampas, vedadores e cubos
Fabricante Lubrificante Colocar as tampas com os anéis de vedação
Mobil Oil Mobilux EP 0 sobre os eixos antes de montar os cubos. Montar os
Petrobrás Lubrax Industrial GRT cubos em seus respectivos eixos, como mostrado na
Alvania EP Grease RO figura, de modo que a face de cada cubo fique rente
Shell com a extremidade de seu eixo.
Alvania Grease EPW
Texaco Multifak EP 0 Posicionar o equipamento em alinhamento
aproximado com a folga próxima da especificada, a
Tabela 3 – Graxas NLGI n0 0 recomendadas pela Falk qual é fornecida no anexo a esse capítulo.
para acoplamentos de engrenagens.

Observa-se que, de acordo com a Falk, quando


instalado inicialmente com a graxa LTG, de sua
própria fabricação, o acoplamento de engrenagem
poderá operar 3 anos sem necessidade de re-
lubrificação.

5.0 – PROCEDIMENTOS DE MONTAGEM

Antes de iniciar a montagem é necessário: Folga e alinhamento angular


Usar uma barra espaçadora que meça em
a) Limpar todas as peças; espessura a folga especificada, a qual é fornecida no
b) Esquentar os cubos em um banho de óleo anexo a esse capítulo.
ou em um forno, no máximo a 135 °C; Inserir a barra, como mostra a figura,
c) Não repousar os dentes da engrenagem mantendo a mesma profundidade com intervalos de
no fundo do recipiente ou aplicar chama 90° e medir o vão livre entre barra e face do cubo com
diretamente nos dentes da mesma; calibre de lâminas.
________________________________________________________________________________________________
Capítulo 5: Acoplamentos de Engrenagens Falk Tipo “G” - 26
ME 101 - ACOPLAMENTOS

A diferença entre as medidas mínima e Usar parafusos, porcas e arruelas de pressão


máxima não pode exceder ao limite angular fornecidos com o acoplamento.
especificado, o qual é fornecido no anexo a esse Observa-se que é importante apertar parafusos
capítulo. da tampa e porcas com torque especificado no anexo a
esse capítulo. Para tanto, é conveniente empregar-se
um torquímetro.

Alinhamento paralelo
Alinhar até que a régua assente em esquadro
(ou dentro dos limites especificados, os quais são
fornecidos no anexo a esse capítulo) sobre ambos os Lubrificação
cubos como mostra a figura e também a intervalos de Encher com graxa recomendada até que um
900. Verificar com calibrador de lâminas. O vão livre excesso transborde em um outro orifício, então inserir
não pode exceder ao desvio limite especificado, o bujão. Continuar procedendo assim até que todos os
fornecido no anexo a esse capítulo. bujões tenham sido colocados.
Apertar todos os parafusos fortemente e Além disso, ventilar a tampa superior pela
repetir a etapa anterior e essa. Realinhar o acoplamento inserção de uma lâmina padrão entre o vedador e cubo.
se necessário. Encher até que um excesso saia pela lâmina.
Engraxar os dentes do cubo. Verificar se todos os bujões foram colocados
após a lubrificação.

Inserir guarnição e unir tampas


Inserir a guarnição entre as tampas. Posicioná-
las com orifícios de lubrificação a 90° e juntá-las.

APÊNDICE: DADOS DE INSTALAÇÃO


Tamanho 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 70
Folga (separação de cubo) - mm 3 3 3 5 5 6 6 8 8 8 8 10
Limites de alinhamento para Paralelo (Máx) 0,13 0,13 0,25 0,25 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30
Funcionamento - mm Angular (Máx) 0,13 0,13 0,25 0,25 0,40 0,40 0,50 0,50 0,50 0,80 0,80 0,80
Furo Máximo com chaveta quadrada - mm 35 54 67 83 95 114 130 140 162 178 197 216
Graxa Kg 0,03 0,06 0,17 0,23 0,34 0,45 0,79 1,10 1,6 1,9 3,5 6,4
Torque do parafuso de Flange Kg-cm 110 200 200 480 480 970 970 970 1.700 1.700 .
Torque do parafuso de flange Kg-cm 100 170 410 830 830 1.400 1.400 1.400 1.600 1.600 1.600 2.500

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Capítulo 5: Acoplamentos de Engrenagens Falk Tipo “G” - 27
ME 101 - ACOPLAMENTOS

CAPÍTULO 6: ACOPLAMENTOS
HIDRODINÂMICOS

RESUMO Para aplicações industriais, em lugar do ar,


utiliza-se, usualmente, uma quantidade constante de
Este capítulo se dedica a analise e óleo mineral como fluido de trabalho e, no lugar das
aplicabilidade dos acoplamentos hidrodinâmicos do hélices dos ventiladores, coloca-se, frente a frente, dois
tipo enchimento constante. rotores aletados, um chamado de rotor bomba e, o
outro, de rotor turbina. A figura 2 ilustra.

1.0 - INTRODUÇÃO

Os acoplamentos hidrodinâmicos foram


concebidos para transmitir potência de forma gradativa
por meio da força dinâmica de fluidos em circulação
dentro do acoplamento.
Dessa forma, são utilizados com motores
elétricos em aplicações tais como correias
transportadoras, britadores, moinhos, escavadeiras e
bombas, entre muitas outras.
Ressalta-se que existem duas classes desses
acoplamentos, ou seja, eles podem ser de fluído
constante ou regulável, sendo somente os primeiros
analisados a seguir.
Figura 2 - Rotores aletados.
2.0 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
Estes rotores são alojados em uma carcaça
O funcionamento dos acoplamentos fechada por uma concha externa, como a mostrada na
hidrodinâmicos se baseia no princípio de Föttinger, o figura 2.
qual pode ser mais facilmente entendido colocando-se Ambos os rotores são montados sobre dois
dois ventiladores, frente a frente, e fazendo-se o eixos independentes (primário e secundário) e
ventilador 1 girar. Ao receber a corrente de ar, a hélice suportados por rolamentos.
do ventilador 2 também gira e, se não houver perdas, a
sua rotação será a mesma que a do primeiro ventilador.

Figura 1 - Demonstração do funcionamento. Figura 3 – Vista em corte de um acoplamento.


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Capítulo 6: Acoplamentos Hidrodinâmicos - 28
ME 101 - ACOPLAMENTOS

A transmissão de torque é obtida com o 3.0 – SITUAÇÕES OPERACIONAIS


mínimo desgaste mecânico e não há contato mecânico
entre as peças que o transmite. Referindo-se a função do acoplamento
O torque fornecido pelo motor de observam-se três situações básicas, ou seja:
acionamento é convertido em energia cinética do fluido
de trabalho no rotor bomba (equivalente ao ventilador Parado
1 da figura 1) que está conectado ao mesmo, ou seja Todo o fluído repousa no acoplamento.
produz um fluxo de óleo (como no caso do ar da figura
1).
No rotor turbina (equivalente ao ventilador 2
da figura 1) esta energia cinética é novamente
convertida em energia mecânica (ou seja, ao receber o
fluxo de óleo nas palhetas, o rotor gira como o
ventilador 2 da figura 1) e aciona a carga mecânica.

Figura 6 – Acoplamento parado – Fluido em repouso.

Partida
O rotor bomba acelera o fluido de trabalho
conforme aumenta a rotação do motor de acionamento
de forma a criar um fluxo circular de fluido na câmara
de trabalho.
Toda superfície das pás do rotor turbina são
atingidas e movidas por ação da energia cinética.
A evolução do torque durante o processo de
partida é indicada pela curva característica do
acoplamento.

Figura 4 – Acoplamento hidrodinâmico.

Figura 7 – Partida.

Operação sob carga normal


Devido à pequena diferença de rotação entre
Figura 5 – Motor de indução trifásico, acoplamento rotor bomba e turbina obtém-se um fluxo constante que
hidrodinâmico e carga. circula no acoplamento.
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Capítulo 6: Acoplamentos Hidrodinâmicos - 29
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Somente o torque requerido pela máquina é Admitindo-se a escolha correta do tamanho do


transmitido. acoplamento, este somente exercerá sua plena carga
Através da utilização de partes adicionais sobre o motor após este último ter alcançado seu torque
denominadas câmaras de compensação (câmara de máximo. Desta forma, o torque máximo pode ser
retardamento e câmara retardamento anular exterior), o utilizado na aceleração, e, tendo em vista o baixo fator
desempenho de partida do acoplamento pode ser de escorregamento do acoplamento, só é exigida ao
alterado. motor na sua velocidade nominal de rotação o torque
requerido para funcionamento da máquina acionada. A
figura 10 ilustra.

Figura 8 – Operação em carga.

4.0 - CARACTERÍSTICAS

Os acoplamentos hidrodinâmicos apresentam


as características de todas as máquinas de fluxo, ou
seja, o torque motor transmitido aumenta com o
quadrado da velocidade de rotação do acionamento,
MN – Torque nominal da carga.
enquanto a potência em função do cubo.
Tal comportamento permite que a aceleração
Figura 10 - Característica torque em função da rotação
do motor acionador se verifique, praticamente, sem
(carga + acoplamento).
carga. A figura 9 ilustra esse fato para um motor de
indução trifásico do tipo gaiola.
Em função do exposto, os acoplamentos
hidrodinâmicos são usados para aceleração suave de
grandes massas, sem necessidade de se empregar
motores superdimensionados, e apresentam as
seguintes vantagens:

a) Partida do motor elétrico sob condições


“sem carga”, mesmo quando a máquina a
acionar estiver carregada ou bloqueada;
b) Queda instantânea da corrente de partida;
c) Aceleração suave de grandes massas;
d) Limitação do torque máximo através do
controle do volume de óleo;
e) Transmissão de potência sem desgastes
mecânicos;
f) Proteção dos os elementos elétricos e
mecânicos do acionamento, mesmo sob
grande freqüência de reversão de
MN – Torque nominal do motor. rotação;
g) Amortecimento efetivo de golpes,
Figura 9 – Característica torque em função da rotação oscilações de carga e vibrações
(motor + acoplamento). torsionais;
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Capítulo 6: Acoplamentos Hidrodinâmicos - 30
ME 101 - ACOPLAMENTOS

h) O eixo da carga pode até travar, i) O rendimento do sistema é alto em


enquanto o eixo do motor continuará função do baixo escorregamento
girando sem sobrecarga; nominal.

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Capítulo 6: Acoplamentos Hidrodinâmicos - 31
ME 101 - ACOPLAMENTOS

CAPÍTULO 7: EMBREAGENS

RESUMO

Os acoplamentos comandados, mais


especificamente as embreagens, são o objeto de estudo
desse capítulo.

1.0 - INTRODUÇÃO

As embreagens são elementos importantes na


transmissão e controle de torque, velocidade, e
potência em vários acionamentos. Elas se caracterizam
por permitir a fácil conexão e desconexão de eixos,
atuando apenas sob um comando.
Naturalmente, o fato de poder desconectar a a) Eixo motor livre.
carga do motor quando se deseja, resulta em um
funcionamento sem solicitações excessivas do motor
acionador, tanto na partida quando na frenagem.
Em função dos aspectos citados, há a uma
melhoria na segurança operacional em seu uso, pois
permitem efetuar o desacoplamento muito rápido para
imediata parada do mecanismo movido, em caso de
acidente.
As embreagens mantêm os eixos, motriz e
comandado, à mesma velocidade angular.
No entanto, como o desacoplamento é fácil e
rápido, pode-se executar ações, por exemplo, de troca
de engrenagens em transmissões. Sendo assim, as
embreagens aparecem associadas a mecanismos de
inversão de marcha e de variação de velocidade.
É importante ressaltar-se que as embreagens b) Eixos embreados (acoplados), girando juntos.
possuem semelhanças significativas com os freios,
elementos empregados para ou parar (ou desacelerar) Figura 1 – Ação de embrear.
carga.
As embreagens (e, também, os freios) podem Naturalmente, é possível que haja alguma
ser classificadas pela técnica que se emprega para diferença entre velocidades, sendo esse fato chamado
acoplar ou parar a carga (fricção, eletromagnético, de escorregamento, deslizamento ou patinagem.
aprisionamento mecânico), e pelo método empregado
para comandá-los (mecânico, elétrico, pneumático,
hidráulico, auto-ativado). 3.0 – TIPOS DE EMBREAGEM POR ATRITO

2.0 – EMBREAGEM POR ATRITO


Existe uma grande variedade de embreagens
por atrito, sendo algumas delas relacionadas a seguir:
As embreagens que transmitem força e
movimento por atrito também são conhecidas por Embreagem de disco
fricções. Consiste em anéis planos apertados contra um
Essa transmissão ocorre ao acoplar (embrear) disco feito de material com alto coeficiente de atrito,
a transmissão ao eixo do motor, como procura ilustrar a para evitar o escorregamento quando a potência é
figura 1. transmitida.
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Capítulo 7: Embreagens - 32
ME 101 - ACOPLAMENTOS

ângulo não deve ser inferior a 8º para evitar o


emperramento.

Figura 2 – Representação simplificada de uma


embreagem de disco.

Normalmente a força é fornecida por uma ou


mais molas e a embreagem é desengatada por uma
alavanca.

Figura 5 – Embreagem cônica.

Embreagem centrífuga
A embreagem centrífuga é empregada quando
o engate de um eixo motor deve ocorrer
progressivamente, a uma rotação predeterminada.
Os pesos, por ação da força centrífuga,
empurram as sapatas que, por sua vez, completam a
transmissão do torque.
Figura 3 – Embreagem de disco.

Embreagem cônica
A embreagem cônica apresenta duas
superfícies de fricção cônicas, uma das quais pode ser
revestida com um material de alto coeficiente de atrito.

Figura 6 – Embreagem centrífuga.

Figura 4 – Representação simplificada de uma Embreagem de roda livre ou unidirecional


embreagem cônica. A embreagem de roda livre ou unidirecional
possui vários roletes dispostos, cada um, em um espaço
A capacidade de torque de uma embreagem em forma de cunha, entre as árvores interna e externa.
cônica é maior que a de uma embreagem de disco de Dessa forma, em um certo sentido de giro, os
mesmo diâmetro. roletes avançam e travam o conjunto impulsionando o
Sua capacidade de torque aumenta com o eixo conduzido. No outro, eles repousam na base da
decréscimo do ângulo entre o cone e o eixo. Esse rampa e nenhum movimento é transmitido.
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Capítulo 7: Embreagens - 33
ME 101 - ACOPLAMENTOS

O desembrear faz-se separar três partes do


conjunto da embreagem: o volante do motor, o disco e
o platô, ou placa de pressão da embreagem. O volante
do motor está fixado por meio de parafusos ao
virabrequim e roda solidário com este. O disco de
embreagem encaixa, por meio de estrias, no eixo
primário da caixa de cambio e, assim, roda com este; o
platô da embreagem fixa o disco de encontro ao
volante do motor [1].
Quando se diminui a pressão do platô
(carregando no pedal da embreagem), o virabrequim e
o eixo primário da caixa de cambio passam a ter
movimentos independentes. Quando o motorista soltar
o pedal, aqueles se tornam solidários [1].
Ambas as faces do disco da embreagem, um
disco fino de aço de elevada tenacidade, estão
revestidas com um material de fricção (a guarnição da
embreagem). Quando o disco da embreagem está
fixado de encontro ao volante do motor por meio do
platô da embreagem, a força de aperto deverá ser
suficientemente grande para evitar qualquer
deslizamento (patinagem) sempre que o motor
transmite o torque máximo ao volante [1].

Figura 8 – Componentes de uma embreagem


Figura 7 – Embreagem de roda livre. automotiva [1].

4.0 - EMBREAGEM DE DISCO AUTOMOTIVAS

Nas embreagens automotivas, o termo


“embrear” significa "desacoplar" a transmissão,
diferentemente dos outros tipos apresentados.
A embreagem, portanto, destina-se a desligar
o motor das rodas motrizes quando se efetua uma
mudança de velocidade ou quando se arranca. Torna-
se, assim, possível engatar suavemente uma nova
engrenagem antes da transmissão voltar a ser ligada, ou
quando houver um novo arranque, permitindo que o
motor atinja as rotações suficientes para deslocar o
automóvel [1]. Figura 9 – Platô.
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Capítulo 7: Embreagens - 34
ME 101 - ACOPLAMENTOS

Uma característica importante da embreagem


eletromagnética é poder ser comandada a distância
através de cabo.

6.0 - EMBREAGEM HIDRÁULICA

No caso da embreagem hidráulica, os eixos


motor e movido, carregam impulsores com pás radiais.
Os espaços entre as pás são preenchidos com
óleo, que por elas circulam quando o eixo motor gira.
A roda no eixo motor motora atua como uma
bomba, enquanto a roda no eixo movido como uma
turbina, de forma que a potência é transmitida, havendo
sempre uma perda de velocidade devido ao
escorregamento.

Figura 10 – Disco de embreagem.

Note-se que o disco de embreagem da figura


10 apresenta um conjunto de molas, cuja função é a de
minimizar eventuais impactos (choques) no engate da
engrenagem.

5.0 - EMBREAGEM ELETROMAGNÉTICA

Nas embreagens eletromagnéticas, o eixo


conduzido possui um flange com revestimento de
atrito.
Uma armadura, em forma de disco, é
impulsionada pela árvore motora e pode mover-se
axialmente contra molas.
Uma bobina de campo, fixa ou livre para girar
com a árvore conduzida, é energizada produzindo um Figura 12 – Embreagem hidráulica.
campo magnético que aciona a embreagem.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

[1] Costa, P.G. – “Embreagem” – disponível na


Internet no seguinte endereço:
http://www.oficinaecia.com.br/bibliadocarro/biblia.
Figura 11 – Embreagem eletromagnética. asp?status=visualizar&cod=87
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Capítulo 7: Embreagens - 35

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