Você está na página 1de 48

2º ano/1º semestre

Caderno do Estudante
Uma parceria entre a
SEEDUC/RJ e o Instituto
Ayrton Senna

Projeto de Vida
Projeção de futuro e desenvolvimento juvenil
em várias dimensões

p. 2
Introdução
p. 3
Ficha 1
p. 4
Ficha 2
p. 6
Ficha 3
p. 8
Ficha 4
p. 11
Ficha 5
p. 16
Ficha 6
p. 18
Sumário

Ficha 7
p. 20
Ficha 8
p. 25
Ficha 9
p. 30
Ficha 10
p. 33
Ficha 11
p. 35
Ficha 12
p. 38
Ficha 13
p. 42
Ficha 14
p. 43
Ficha 15
p. 47
Ficha 16

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 1


Introdução
Caro jovem,

Este Caderno do Estudante é um instrumento fundamental para a sua participação nos


encontros de Projeto de Vida do 1º semestre do 2º ano. Nele estão dispostas fichas de
atividades quem complementam a mediação do professor orientador. Elas apresentam
textos de referências, orientações para as atividades e sugerem dicas e estratégias
para você fortalecer a sua formação como estudante protagonista. Para utilizá-lo, siga
sempre as indicações do professor ao longo do semestre.

Uma das competências socioemocionais mais importantes para o século 21 é a


responsabilidade, ou seja, a capacidade de agir de forma organizada e eficiente. Para
os encontros de Projeto de Vida ser responsável é fundamental, a começar pela
importância de gerir bem seus materiais para participar ativamente da aula. Por isso,
tenha sempre com você este Caderno, para estar a postos sempre que o orientador
solicitá-lo.

Bom trabalho!

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 2


Projeto de Vida
Ficha 1

Relação orientador-aluno

Emico Okumo, professora do Instituto de Física da USP, tem a seguinte opinião sobre
a relação entre orientador e orientando*:

“Há que haver entre o orientador e orientando uma empatia, uma comunhão de ideias
com relação à vida acadêmica, um respeito mútuo, uma colaboração de ambas as
partes, uma concepção de ética e honestidade e um compromisso.

A orientação não é simples, pois cada estudante é diferente do outro: uns odeiam ser
cobrados, outros até gostam disso, uns têm mais facilidade e são mais organizados do
que outros em tudo, até em redigir; a taxa de produção de um pode ser maior do que
do outro, uns têm receio do orientador. Assim, o orientador tem que também se
adaptar ao orientando, captando sutilezas, motivando e cativando, mas chamando a
atenção quando necessário.

Sinto que todos necessitam de afeição, receber elogios e jogar conversas fora na hora
do café. Aqueles que não conseguem largar livros ou o trabalho de pesquisa
necessitam de aconselhamento para praticar esporte, ver espetáculos, ler outro tipo de
livro ou mesmo dormir. Outros não conseguem se concentrar num assunto e se
interessam por tudo e são muito dispersivos. No fundo, o orientador é mais um
facilitador do que qualquer outra coisa, pois quem tem que se dedicar e trabalhar é o
estudante”.

Veja também o que Lydia Masako Ferreira, Fabianne Furtado e Tiago Santos Silveira,
professores da Universidade Federal de São Paulo, pensam sobre o assunto**:

“Algumas qualidades são indispensáveis a um orientador (...): profissionalismo,


interesse, flexibilidade, paciência, comunicação, criatividade, respeito, honestidade,
responsabilidade, organização. (...) Por outro lado, cabe aos alunos orientandos:
motivação, objetividade, curiosidade, entusiasmo (...) respeito, autodisciplina e
dedicação.

A relação de convivência é fundamental. Deve estar baseada na parceria,


consistência, respeito mútuo e compromisso de ambas as partes. Dela é que surgem
os estímulos, os desafios e as proposições de ideias (...) Se a relação é saudável (...)
certamente dará bons e contínuos frutos, implicando em responsabilidade social e
cidadania”.

* Trecho editado a partir de post do blog “Ciência Prática”, disponível em: http://bit.ly/orientadoraluno1.
**Trechos editados do artigo “Relação orientador-orientando. Conhecimento multiplicador”. Disponível em
http://bit.ly/orientadoraluno2.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 3


Projeto de Vida
Ficha 2
Estamos no 2º ano do Ensino Médio!

Parabéns! Vocês são jovens que estão construindo suas histórias de vida
considerando a importância da escola para a conquista de seus projetos de vida!

No ano anterior, vocês vivenciaram como a escola pode ser um lugar de aprender
para valer quando todos se unem a favor dos mesmos objetivos. Nas aulas de Projeto
de Vida, por exemplo, descobriram muito sobre si mesmos e sobre seus colegas e
professores. Descobriram que sem autoconhecimento, autoconfiança, determinação e
colaboração fica muito difícil chegar a algum lugar.

E tem uma galera nova chegando à escola: as turmas do 1º ano do Ensino Médio. São
jovens que trazem dúvidas, anseios e muitos questionamentos sobre o que é estudar
em uma escola com novos componentes curriculares que dela fazem parte. Vocês se
lembram de como eram quando chegaram à escola no início do ano anterior, não é
mesmo?

Por isso, o desafio agora é elaborar um trote protagonista para as turmas do 1º ano!
Mas vocês sabem o que é um trote? Vejam o que o dicionário tem a dizer:
O trote em escolas e faculdades
consiste em uma “brincadeira”
bem irresponsável, em que os
estudantes mais antigos, os
veteranos, recebem os mais
novos, os calouros, com atitudes
desrespeitosas. Para acabar com
essa prática, muitos estudantes
passaram a promover o trote
solidário, em que planejam
atividades bacanas para
receberem os novos colegas,
fazendo do momento de chegada
deles uma ocasião de alegria!
Fonte: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa

Nosso Trote Protagonista

Não está com nada esse tipo de trote violento ou que coloca as pessoas em situação
de humilhação. Vocês já conheceram alguns exemplos de trote solidário e
protagonista, e agora é o momento de idealizar o de vocês. Para fazerem um trote
agradável, acolhedor e protagonista, pensem, discutam e elaborem uma proposta.
Antes, porém, escolham um líder para gerir o tempo de vocês e apresentar a proposta
ao restante da turma: vocês terão 20 minutos para elaborar a proposta.

Alguns lembretes são importantes:

 A ação proposta deve ser simples, para que possa ser realizada já na próxima
semana e para que não demande muitos recursos nem tenha um planejamento
complicado.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 4


 O Trote Protagonista deverá ocorrer em um momento que não disperse os
jovens do 1º ano das aulas. O intervalo pode ser um bom momento para
realizar o trote!

 É muito importante que o Trote Protagonista envolva toda a turma e seja um


momento de acolhimento!

Agora vocês podem elaborar uma proposta de Trote Protagonista! Anotem as ideias
em um papel para que, na etapa seguinte deste encontro, o líder do time apresente ao
restante da turma as sugestões de vocês.

Abaixo estão algumas questões para fomentar e provocar suas ideias!

 Quais ações simples podemos fazer para apresentar a escola e o trabalho que é
desenvolvido no Ensino Médio para as novas turmas do 1º ano?

 Como podemos comunicar aos estudantes que eles desenvolverão muitas


competências importantes para crescerem como pessoas, estudantes, leitores e
futuros profissionais?

 Como pediremos autorização à equipe de gestão da escola para realizar o trote


protagonista?

 Quanto tempo a ação irá durar e onde será realizada?

 Quais recursos (materiais e não materiais) serão necessários para a realização da


proposta?

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 5


Projeto de Vida
Ficha 3

Colhendo rastros

Ao longo da vida deixamos rastros por toda parte. Uma caminhada na areia da praia e
lá estão nossas pegadas, únicas, que logo se vão com as ondas do mar. Transitamos
pela cidade, somos vistos por muita gente. Vimos tantas outras. Navegamos pelas
redes sociais, compartilhamos pensamentos, curtimos postagens dos amigos. Mas o
que guardamos das experiências que vivenciamos a cada dia? Como fazer para que
nossos sentimentos, ideias, conhecimentos, sonhos permaneçam em nossa memória?

Imagem: Cynthia Sanches


Perguntinhas difíceis essas! Afinal, com o tempo,
acabamos nos esquecendo de muitas coisas
mesmo. Por isso, as pessoas criam maneiras de
registrar aquilo que é importante para elas. Na
escola, fazemos diversos tipos de registro –
entre eles, anotações dos conteúdos das aulas e
resumos de textos. Essas estratégias facilitam a
incorporação de conhecimentos. Nas atividades
de Projeto de Vida, também será essencial
adotar uma estratégia eficiente e prazerosa de
registrar as descobertas, os rastros e as marcas
das experiências vivenciadas. Por quê? Para
que cada um de vocês possa acompanhar o
próprio desenvolvimento, ter evidências dos
conhecimentos aprendidos, das experiências
vividas, dos desafios que enfrentaram e das
conquistas que certamente vão alcançar.

Como vai ser isso?

Vocês vão, em duplas, customizar um caderno, transformando-o no Álbum de


Cartografia Pessoal. Mas, antes de pensar na customização do Álbum, parem por um
minuto e tentem responder: o que é “cartografia” mesmo? Lembraram? Esse termo
vem do grego (chartis = mapa e graphein = escrita) e, segundo a Wikipedia, remete
à “ciência que trata da concepção, produção, difusão, utilização e estudo dos mapas”.
Isso quer dizer que ao longo desse e do próximo ano, em Projeto de Vida, vocês
investigarão seus territórios pessoais, compondo mapas de pensamentos, emoções,
sonhos etc. utilizando palavras e imagens nesse registro.

Como cada um é uma pessoa única em seu modo de pensar, sentir e de ser, cada
Álbum deverá ter uma “cara”. Para tanto, vocês devem customizar a capa de seus
cadernos que serão transformados nesse instrumento de registro, pensando que eles
acompanharão vocês durante o ano. Para se alimentarem de ideias e possibilidades,

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 6


conheçam alguns livros de artista, que são cadernos nos quais os artistas registram,
com imagens, palavras, frases, textos etc., ideias, emoções e pensamentos para
transformar tudo isso em arte. Uma pesquisa na internet pode ser legal para conhecer
alguns livros de artista. Vejam abaixo links para sites interessantes que tratam de
livros de artistas e inspirem-se!

Imagem: livro de artista de Constança Lucas


Pesquisem!

bit.ly/livrosdeartista

bit.ly/livrosdeartista2

bit.ly/livrosdeartista3

O desafio, então, é o de transformar os cadernos comuns que vocês têm em mãos em


álbuns que tenham a ver com vocês. Para começar, cada um faz a sua capa, de modo
que ela tenha a ver com vocês. Cores, formas, palavras, desenhos, fotografias...
Sejam criativos!

Vocês estão trabalhando em duplas e podem e devem colaborar um com o outro


durante este trabalho, dando ideias e palpites. Lembrem-se de que é necessário
cuidar:

 da capa e da contracapa: a capa tem que ter a cara do dono! Utilizem


materiais diversos para criar o design da capa – uma boa dica pode ser cobrir
a capa que já existe com um papel colorido ou com retalhos de pano, fazendo
uma base para a criação que vem por cima. Usem e abusem de papéis
coloridos, imagens de revista, fotografias, desenhos, barbante, botões, linhas
etc. Escolham cuidadosamente as cores, inventem formas, frases, equilibrem
os materiais no espaço. A contracapa pode seguir a mesma linha de design
da capa ou ter estilo próprio;
 do miolo: o miolo do Álbum precisa atender às necessidades de registro.
Vocês podem criar seções, tais como “O que tenho feito”, “Aprendi” ou “Ideias
inesquecíveis”.

Pronto! O Álbum da Cartografia Pessoal está criado e vocês já têm o que precisam
para guardar aquilo que de mais significativo acontecer nas atividades de Projeto de
Vida!

Cuidem bem de seus Álbuns!

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 7


Projeto de Vida
Ficha 4

Eu me amo!
Na década de 1980, quando você ainda nem era nascido, as bandas de rock nacional
viraram uma febre no país. Grupos como Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho,
Titãs, Capital Inicial e muitas outras fizeram centenas de shows, principalmente nas
Regiões Sul e Sudeste, e gravaram LPs que batiam recorde de vendas (para quem
não sabe, naquela época não existia CD e nem MP3! A mídia utilizada era o LP,
abreviação para long play, também conhecidos como “bolachão”, por conta do formato
redondo e grande). É provável que você conheça algum ou alguns dos sucessos
dessas bandas, pois muitas delas existem até hoje.
Uma das bandas que estouraram naquele tempo chama-se Ultraje a Rigor (acesse
http://www.ultraje.com se quiserem conhecer mais sobre a banda). Antes da fama,
seus componentes tocavam cover de rock dos anos 1960, Beatles, punk e new wave.
Algum tempo depois, a Ultraje gravou uma música que virou sucesso: “Eu me amo”,
composição do vocalista e guitarrista Roger. Você já ouviu ou conhece a letra dessa
canção? Se tiver um computador ou smartphone conectado à internet, ouça a música
pelo link bit.ly/eumeamo e confira a letra:

Eu Me Amo
Ultraje a Rigor

Pra eu gostar de mim, me aceitar assim


Há quanto tempo eu vinha me
Eu que queria tanto ter alguém
procurando
Agora eu sei sem mim eu não sou
Quanto tempo faz, já nem lembro mais
ninguém
Sempre correndo atrás de mim feito um
Longe de mim nada mais faz sentido
louco
Pra toda vida eu quero estar comigo
Tentando sair desse meu sufoco
Refrão
Eu era tudo que eu podia querer
Foi tão difícil pra eu me encontrar
Era tão simples e eu custei pra aprender
É muito fácil um grande amor acabar,
Daqui pra frente nova vida eu terei
mas
Sempre a meu lado bem feliz eu serei
Eu vou lutar por esse amor até o fim
Refrão
Não vou mais deixar eu fugir de mim
Eu me amo, eu me amo
Agora eu tenho uma razão pra viver
Não posso mais viver sem mim
Agora eu posso até gostar de você
Como foi bom eu ter aparecido
Completamente eu vou poder me
Nessa minha vida já um tanto sofrida entregar
Já não sabia mais o que fazer É bem melhor você sabendo se amar

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 8


Quiz da Autoconfiança!
Agora que você ouviu a música ou leu a sua letra, forme dupla com um colega para
que enfrentem o Quiz da Autoconfiança! Vai funcionar assim:
1. Escolha quem da dupla ficará responsável por ler as perguntas.
2. O outro deve controlar o tempo, que é estipulado em 30 segundos para perguntas
de múltipla escolha e 1 minuto para perguntas abertas.
3. Ambos respondem todas as questões.
4. As respostas devem ser registradas nos Álbuns de Cartografia Pessoal.
Entendido? Pronto para começar?

Pensando no trecho da música Eu me amo, “já não sabia mais o que fazer / pra
eu gostar de mim, me aceitar assim”, responda:

1) O que você mais gosta em você?


(30 segundos)
a) Meu cabelo; a cor dos meus olhos; o meu tamanho, etc.
b) Os acessórios que uso (óculos, brincos, anéis, piercings, etc.).
c) Meu jeito de ser, como, por exemplo, a forma como interajo e me
comunico com os outros.
d) Nenhuma das opções acima. Gosto mesmo é...

2) O que você tem mais dificuldade em aceitar em você?


(1 minuto)

3) Você se respeita? Dê exemplo de uma situação real em que respeitou o


próprio jeito de ser ou foi coerente com a sua forma de pensar.
(1 minuto)

Agora, pense no trecho da música: “daqui pra frente nova vida eu terei / sempre
a meu lado bem feliz eu serei” e responda:

4) O que você acha que, se acontecesse na sua vida, lhe daria mais confiança
para caminhar e buscar realizar sonhos?
(30 segundos)
a) Passar de ano e aprender muito sobre os conhecimentos da escola.
b) Fazer novas amizades, e, quem sabe, começar um namoro.
c) Estar próximo da família, usufruindo dessa importante relação.
d) Todas as opções acima e mais uma coisa: ...

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 9


5) O que, em você, será essencial para a sua vida no futuro?
(1 minuto)

Por fim, lembrando um trecho do refrão da música Eu me amo, “eu me amo, eu


me amo / não posso mais viver sem mim”, responda:

Afinal, o que você mais ama em você e não quer perder por nada na vida?
(1 minuto)

Terminou de responder o Quiz? Então, compartilhe seu teste, conversando com o


colega de dupla sobre as respostas que deram para cada questão. Por fim, pense
junto com ele exemplos para ilustrar a maneira como vocês se veem, se valorizam, se
respeitam e confiam em si.

Nossa música
O próximo passo para a dupla é o desafio de contar uma história em um refrão de
música. Essa história vai ser elaborada a partir as respostas que vocês deram no
Quiz da Autoconfiança. Para isso, releiam os registros que fizeram no caderno e
inventem essa história, que pode ser uma mistura de realidade e ficção. Dessa
história, imaginem um refrão de uma música, que conte uma síntese ou um aspecto
essencial, a parte principal da história. Ah, o ritmo é da escolha de vocês: pode ser
rap, funk, rock, samba...

Preparem-se: vai chegar um momento em que vocês vão poder improvisar esse refrão
e contar um pouco da história que criaram! Registrem em seu caderno o refrão que
vocês criaram! Vocês dois também podem registrar, no caderno, seus pensamentos a
respeito desse tema tão importante para a vida.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 10


Projeto de Vida
Ficha 5
JOVENS DE FAMÍLIA1
Em plena transformação, as relações familiares permanecem fundamentais para
os jovens brasileiros.
Yuri Vasconcelos

A família, quem diria, está em alta entre os jovens brasileiros. Uma série de pesquisas
vem confirmando o fato. Um dos primeiros levantamentos a mostrar o quadro foi o
coordenado pelo Instituto da Cidadania, de São Paulo. Realizado no fim de 2003, o
estudo ouviu 3.501 jovens de 15 a 24 anos, de 198 municípios, em áreas urbanas e
rurais de todo o País. Entre várias revelações, a pesquisa mostrou que, para 72% dos
entrevistados, a família é o espaço mais importante para seu amadurecimento,
deixando para trás outras instituições consagradas como a “rua” (13%), a escola (7%),
o trabalho (5%) e a igreja (3%). Outro dado relevante diz respeito às pessoas mais
ouvidas quando os jovens precisam conversar sobre assuntos importantes: primeiro
vem a mãe, com 63% da preferência, seguida do pai (13%), cônjuge (5%), professor
(2%), padre ou pastor (2%).
Esses resultados, aparentemente surpreendentes num momento em que o modelo
familiar tradicional (pai, mãe e filho vivendo juntos) encontra-se em profunda
transformação, não foram novidade para a psicanalista e analista institucional paulista
Maria Ângela Santa Cruz, coordenadora do curso “Adolescência e Juventude na
Contemporaneidade – suas Instituições e sua Clínica”, do Instituto Sedes Sapientiae,
em São Paulo. “A família é um forte referencial para os jovens, e sua importância não
se mede pela calmaria ou falta de conflito.
Contraditoriamente, ela [a família] não tem a exata dimensão de sua própria
importância e dos efeitos que exerce sobre o jovem, em função da forma como o
enxerga e lida com ele”, diz Maria Ângela. “Nos últimos tempos, a família passou a ser
o locus da afetividade; o local onde as relações são baseadas no código dos afetos.”
É o que confirma a pesquisa nacional do instituto Datafolha, realizada em 2007: a
família é a instituição mais importante para 69% dos entrevistados, que afirmam
manter ótima/boa relação com a mãe (91%) e com o pai (76%), e também com os
irmãos.
Longe ou perto demais
Que o diga a universitária cearense Mayara Dayse Sousa Barreto, de 21 anos. Há dois
anos, ela se mudou de Canindé, no interior do Ceará, onde morava com os pais, para
estudar em Fortaleza. “Tenho muita saudade dos meus pais. Sinto falta do carinho
deles”, conta. Desde que mudou para a capital cearense, onde faz o segundo ano do
curso de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mayara vive com seus

1Matéria publicada na Revista Onda Jovem, ano 4, n. 10, março-maio de 2008. Foi editada para este
material. Disponível em: http://bit.ly/jovensdefamilia.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 11


tios e primos. Mas a relação com a “nova” família não é nada fácil. “Eles [os tios] são
controladores e não confiam em mim como os meus pais. Querem sempre saber o
que vou fazer, e eu acho que não preciso dar satisfação”, diz. Para a jovem, morar
longe dos pais traz certa insegurança. “Tenho uma relação muito próxima com meus
pais, principalmente com a minha mãe. São pessoas que eu sei que posso contar nos
momentos difíceis”, afirma.
A brasiliense Danuse Queiroz, de 22 anos, hoje também sabe que pode recorrer aos
pais nos momentos difíceis, embora a relação entre eles tenha sido marcada por
conflitos. “Meus pais são muito religiosos e me privaram de uma série de coisas.
Desde pequena, era obrigada a ir aos cultos e só fui vestir minha primeira calça jeans
aos 15 anos. Pintar as unhas e usar maquiagem, apenas aos 18”, diz Danuse, que faz
o 2º ano do curso de Letras na Unip e trabalha no programa Superação Jovem do
Instituto Ayrton Senna. Para Danuse, seus pais receberam uma educação muito rígida
quando pequenos e achavam que esta era uma forma de protegê-la dos perigos da
vida. “Como eu não aceitava, sempre era tachada de rebelde”, conta. O conflito
também impedia que a jovem falasse com os pais sobre assuntos de sua intimidade.
Finalmente, Danuse criou condições para morar sozinha, mas sem romper com os
pais.
A história da catarinense Maria Luiza Campiotti da Cunha, de 24 anos, é diferente.
Filha única e adotiva, a família, para ela, vem antes de tudo. “Minha família é minha
vida. Ela ocupa um lugar primordial e é meu tudo”, afirma. Segundo a jovem, o fato de
ser adotada é uma situação completamente tranqüila na sua vida. “Falo numa boa que
sou adotada, e muitos amigos nem acreditam. Tenho o sorriso de minha mãe e o jeito
dengoso do meu pai.” Formada em jornalismo, Maria Luiza acredita que a família é o
principal pilar na formação dos indivíduos. “Se você não tem uma família bem
estruturada, que te ama, te orienta e transmite bons valores, nada vai para frente.
Você não vai ser bom aluno, bom amigo, bom trabalhador ou bom companheiro”. E
continua: “Minha família sempre valorizou estar junto e perto de quem você ama.
Temos uma relação muito franca e aberta, e minha mãe costuma dizer que é minha
melhor amiga. Mas existem coisas que não converso com eles, e sei que tem coisas
que eles não falam comigo”, diz.
A jovem catarinense tem razão. Para muitos especialistas, é falsa a idéia de que pais
e filhos podem ser “melhores amigos” e manter uma relação totalmente aberta e sem
segredos. A amizade é um aspecto importante do vínculo familiar. Pode e deve existir,
mas não se deve cair nesse reducionismo. “O lugar dos pais é o da autoridade e do
poder. Eles têm o poder e o dever de sustentar seus filhos e a autoridade civil sobre
eles. Por isso, não podem ser melhores amigos. Nos momentos difíceis, quem segura
a barra e faz o contraponto da realidade são os pais”, afirma o psiquiatra paulista Içami
Tiba, autor do livro Quem ama educa! Formando cidadãos éticos (Integrare Editora).
Opinião semelhante tem a psicanalista Maria Ângela Santa Cruz. “Numa família, não
dá para cair no simplismo de achar que somos todos amigos. A relação de poder
dentro da família está em constante mudança, é verdade, mas os adultos precisam
saber que as crianças e os adolescentes dependem deles”, diz.
Transição tardia
Além de “porto seguro” dos jovens, a família ocupa papel central na fase de transição
para a idade adulta. Sair da casa dos pais e formar suas próprias famílias é um dos

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 12


aspectos mais marcantes dessa passagem. Ao contrário do que acontecia no
passado, no entanto, uma série de fatores tem feito que muitos jovens alonguem sua
estada no lar paterno. Nas classes médias, as características do que os sociólogos
denominam “sociedade de risco”, marcada pelas dificuldades da vida contemporânea,
aliadas à maior liberdade familiar, tornam a casa dos pais atraente por mais tempo.
Nas camadas populares, a convivência também continua, mas com a extensão da
família a partir dos relacionamentos dos filhos, que se estabelecem praticamente
dentro de casa.
Muitas dessas novas famílias já são iniciadas a três, como é o caso do pernambucano
Denis Manoel de Franco, de 25 anos. No ano passado, sua namorada, Geane,
também de 25 anos, ficou grávida, e eles passaram a morar juntos – o rapaz morava
com a mãe, que era viúva havia dez anos. O nascimento da pequena Ana Clara, hoje
com 10 meses, representou uma mudança radical na vida do jovem casal. “Agora
tenho que ser mais responsável, pois alguém depende de mim para viver”, diz Denis,
que trabalha numa fábrica de panelas. “Amo demais minha filha e, embora seu
nascimento não tenha sido planejado, ela é a melhor coisa da minha vida.”
Na família do casal de sergipanos Domingos, de 57 anos, e Domingas Bispo, de 42
anos, moradores em Guarulhos, na Grande São Paulo, também os filhos cresceram e
estão constituindo suas famílias, mas continuam gravitando em torno deles. Diogo, de
21 anos, casou-se em 2007 e passou a morar numa casa de dois cômodos no quintal
dos pais. O mesmo acontece com Cristina, a Tina, de 24 anos, que está para se
mudar para a casa vizinha, em cima da serralheria do pai, para viver com o namorado.
“Não tenho medo da interferência dos meus pais por morarmos tão próximos. Eles
respeitam minha relação com meu namorado, e eu me sinto segura em morar do lado
deles”, diz Tina, que estudou até o 3º ano do ensino médio e há três anos trabalha
com o pai. Segundo Diogo, questões de ordem econômica o levaram a morar com os
pais. “Trabalho no aeroporto de Guarulhos, mas planejo fazer faculdade de Educação
Física. Assim que conseguir um melhor salário, penso em sair daqui e ir para minha
própria casa”, diz o rapaz.
Novos arranjos
A permanência de Tina e Diogo junto aos pais é facilitada pela boa relação existente
entre eles. “Minha família é muito bacana e mais me ajuda do que atrapalha. Meus
pais são autoritários, mas, comparados com os pais de antigamente, até acho que são
liberais”, diz Tina. Este parece ser um novo traço da multifacetada família moderna:
num mundo cada vez mais dinâmico e em permanente transformação, muitos pais têm
uma mentalidade mais aberta, o que possibilita maior aproximação com os filhos. Isso
pode ser constatado não apenas em núcleos familiares tradicionais, formados pelo pai,
mãe e filhos vivendo sob o mesmo teto, mas também naqueles com novos padrões de
arranjo.
Esta é a realidade da universitária paulista Mariana Rebecca Bastos Rocha, de 18
anos, que mora em Belém com a mãe e os avós maternos. Seus pais se separaram
quando ela tinha apenas três anos. Na ocasião, os três viviam em São Paulo. Quatro
anos depois da separação, Mariana mudou-se com a mãe para a capital paraense,
terra dos avós maternos. “Acho que toda criança que cresceu com os pais separados
gostaria que isso não tivesse acontecido. Sinto muita falta da presença de meu pai,
ainda mais agora que ele vive fora do Brasil”, diz Mariana. Segundo a jovem, apesar

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 13


da separação de seus pais, a família tem uma importância incontestável na sua vida.
“Ela é a base de tudo. Sinto-me segura e acolhida pela minha mãe, meu pai e meus
avós. Como minha mãe viaja constantemente, passo a maior parte do tempo na casa
dos meus avós. Daí, ‘rolam’ alguns conflitos no cotidiano. Eles pegam no meu pé
porque acham que eu devo dar mais atenção aos estudos do que aos amigos, por
exemplo”, diz.
Mariana faz parte da grande legião de jovens brasileiros filhos de pais separados.
Segundo a pesquisa Datafolha, um terço (32%) dos jovens de 16 a 25 anos está
nessa condição. Por ser uma situação tão comum, o preconceito diminuiu muito, mas
ela é dolorosa para quem a vivencia, como revela o estudante pernambucano
Juliermes Pereira da Silva, de 17 anos. “Meus pais se separaram quando eu tinha
apenas um ano. Passei a morar com minha mãe e minha avó e, até os sete anos,
quase não tive contato com meu pai. A falta que sentia dele era enorme, enorme
mesmo”, diz o rapaz, que faz o 3º ano do ensino médio e é educador social do Instituto
Papai, de Recife, que presta ajuda a pais jovens. “Nesse período, minha mãe, Michele,
foi pai e mãe ao mesmo tempo”, diz, resumindo a realidade de 30% dos domicílios
brasileiros, que são chefiados por mulheres. “Acho que não ter crescido numa família
com pai e mãe morando juntos trouxe alguns prejuízos, mas, por outro lado, recebi
muito apoio e amor da minha mãe e da minha avó”, diz ele.
Para a psicanalista Maria Ângela Santa Cruz, este é um dos aspectos – se não, o
aspecto – mais importante na relação entre pais e filhos: a disponibilidade afetiva.
“Não concordo com a idéia de que filhos das famílias baseadas no modelo da família
burguesa (pai, mãe e filho) sejam mais estruturados do que os demais. A questão que
realmente importa não é o arranjo familiar, mas o quanto de afeto os pais têm para
investir em seus filhos. E, aí, não importa se é a mãe, tia ou avó que cuida da criança”,
diz ela. “O que importa é a disponibilidade afetiva em relação aos filhos.”
Crescer só
Já que, como apontam estudos e especialistas, a família tem uma importância tão
grande para jovens e adolescentes, o que acontece com quem cresce nas ruas ou em
abrigos, longe dos pais e irmãos biológicos? Eles sentem na pele a carência afetiva e
sofrem com as conseqüências provocadas pela privação do convívio familiar. “A falta
da família faz com que os jovens não vejam o amanhã. Eles ficam sem projeto de vida,
perdem a utopia e não dão atenção à educação. Muitos caem na depressão e alguns
se encaminham para as drogas e o crime”, afirma Herivelto Silva Teixeira, o Del, de 32
anos, ele próprio um ex-menino de rua e atual coordenador do Movimento Nacional
dos Meninos e Meninas de Rua (MNMMR) do Ceará.
Segundo Herivelto, “a família organizada que a gente vê na televisão, nos programas
juvenis ou nas novelas da TV, infelizmente não existe na periferia. O que tem lá são
mãezinhas que trabalham 12 horas por dia e pais alcoólatras. Esta é a triste realidade
das periferias do Brasil”, afirma. “Essas famílias, carentes financeiramente e
desequilibradas, não oferecem oportunidade para seus filhos se desenvolverem
plenamente”, afirma ele.
A relevância da família na estruturação psíquica e social do indivíduo leva os
especialistas a defender o investimento no núcleo familiar de forma a amparar seus
membros jovens. Quando, porém, essa condição não for possível, a dura realidade

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 14


pode ser atenuada se crianças e adolescentes forem encaminhados para instituições e
abrigos bem-estruturados.
“Essas entidades, naturalmente, não substituem os pais biológicos ou adotivos, mas
se elas forem acolhedoras, cria-se um vínculo entre os jovens e as pessoas que as
conduzem. Essas crianças ficam um pouco mais saudáveis do que aquela que não
conta com uma figura substitutiva da mãe e do pai”, diz o psiquiatra paulista Içami
Tiba. O curioso, diz o especialista, é que se essa experiência for positiva e gratificante,
muitas das crianças que viveram um tempo em abrigo, quando adultas, dedicam sua
vida a outras instituições do gênero.
Em São Paulo, a Associação Maria Helen Drexel, que mantém um projeto voltado a
ajudar crianças abandonadas pelos pais, ou cuja família não tem condições
econômicas de mantê-las, prevê também o encaminhamento de jovens que chegam à
maioridade sem ter um lar que os acolha. A instituição mantém oito lares, formados
por um casal social que tem, no máximo, dois filhos biológicos. Cada lar recebe até
dez crianças que lá permanecem até terem condições de voltar para a família de
origem, serem adotadas, ou completarem 18 anos. Segundo Rosana Pereira Damásio,
assistente social da instituição, por meio do convívio com a nova família, “as crianças
recuperam o equilíbrio afetivo indispensável a um desenvolvimento integral e
harmonioso”.
Do total de crianças atendidas pela instituição (253 desde que a associação foi criada,
em 1973), 81 foram adotadas – a grande maioria quando pequenas – e 132
retornaram aos seus lares de origem. As demais saíram da instituição aos 18 anos e
passaram a tocar suas vidas. “Nesse caso, nós continuamos a apoiar os jovens. O
vínculo precisa ser mantido, pois somos a principal referência familiar deles”, diz
Rosana.
O mais importante é ter tido uma rotina de cuidados e afeto. Segundo Cláudia Ramos,
coordenadora dos voluntários da associação, as crianças e os jovens “vivem numa
casa normal, onde a mãe social exerce o papel de mãe biológica mesmo. Ela os leva
na escola, faz comida e vai ao pediatra. O pai, embora não seja funcionário da
associação, tem uma função importante, enquanto figura masculina. Nos lares que
mantemos, são formadas grandes famílias. Prova disso é que as mães sofrem muito
quando vai ocorrer um desabrigamento”.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 15


Projeto de Vida
Ficha 6

Aprendendo e estudando juntos

A gente estuda para aprender, aprofundar um conhecimento, fixar informações na


memória, descobrir coisas novas. Estudar junto com outras pessoas pode ser uma
experiência marcante. Primeiro, porque fica mais motivante. É sempre bom saber que
não estamos sozinhos, que temos com quem contar! Segundo, porque o que um já
sabe é o que o outro está querendo saber. Essa troca é essencial para quem está
aprendendo e para quem já aprendeu – vocês sabiam que uma das melhores
maneiras de fixar conhecimento é ensinar alguém? Então, o desafio dessa atividade
está lançado: estudar junto e entender o que se aprende com isso.

Como vai ser?

Vocês vão se dividir em quartetos, trios ou duplas. Atenção: é importante que haja
pelo menos um quarteto, um trio e uma dupla, pois, ao final da atividade, vocês vão
comparar essas maneiras de agrupamento para estudar.

As duplas, trios e quartetos vão ser organizados por componente curricular. O


professor vai colocar no quadro ou em uma folha de papel os nomes de todo os
componentes curriculares e cada estudante vai se propor a estudar os conhecimentos
que estão sendo trabalhados em um deles. Ao final, os componentes que tiverem mais
adesões trabalharão com quartetos, enquanto os que tiverem sido escolhidos por
menos jovens terão duplas ou trios.

Lembrem-se: na hora de escolher, cada um decide se prefere estudar algo que está
com dificuldade (e, por isso, precisa da ajuda dos colegas para aprender mais) ou um
conhecimento que já está entendendo bastante (e, então, está disposto a dar uma
força para os demais).

Ah, uma informação importante: vocês terão 50 minutos para experimentar essa
maneira de estudar! Então, não percam tempo!

Algumas dicas...

 Escolham um tema que todos queiram estudar.


 Antes de começar, escolham um líder que tenha mais intimidade com o tema.
 Apoiem-se mutuamente e não desistam quando surgir um problema.
 Consultem livros e internet; partilhem anotações feitas nos cadernos.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 16


Depois dos estudos...

É bem provável que os 50 minutos não tenham sido suficientes para os estudos, mas,
com certeza, deu um gostinho do tanto que estudar em duplas, trios ou quartetos pode
ser produtivo e motivante. Que tal pensar sobre isso? Vamos à roda de conversa, com
toda a turma!

Algumas questões para a avaliação de vocês:

 Quem já tem o hábito de estudar com colegas?


 Quais são as diferenças entre estudar sozinho e com os colegas? Elas
influenciam no tanto que se aprende estudando?
 Tem diferença entre estudar em dupla, trio e quarteto? Quais são?
 Vocês pretendem exercitar essa experiência em outros momentos, na escola e
fora dela? Gostariam de continuar estudando juntos?

Continuem estudando juntos sempre que tiverem necessidade! Vocês podem


aproveitar uma aula vaga, um dia do final semana, um tempinho no intervalo, etc.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 17


Projeto de Vida
Ficha 7

Durante as aulas, na escola...


Falta gentileza em:

Lista de gestos simples, que podemos praticar e divulgar na próxima semana, pra
melhorar isso:

Durante o recreio e momentos de lazer, na Escola....


Falta gentileza em:

Lista de gestos simples, que podemos praticar e divulgar na próxima semana, pra
melhorar isso:

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 18


Nos relacionamentos, na escola....
Falta gentileza em:

Lista de gestos simples, que podemos praticar e divulgar na próxima semana, pra
melhorar isso:

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 19


Projeto de Vida
Ficha 8
Competências para o Mundo do Trabalho

Desde o ano passado, temos conversado sobre as Competências para o Século 21 e


a importância delas para quem quer ser um cidadão capaz de fazer a diferença na
sociedade, de aprender sempre e de correr atrás de seus ideais de vida, inclusive no
campo profissional. Vamos relembrar quais são as oito competências?
autoconhecimento, colaboração, abertura para o novo, responsabilidade,
comunicação, pensamento crítico, resolução de problemas e criatividade.
A proposta de hoje é pensarmos um pouco sobre o significado de cada uma dessas
competências e fazermos uma ligação mais direta entre elas e as possibilidades de o
jovem buscar, de forma bem estratégica, um bom “lugar ao sol” no mundo do trabalho.
Ou seja: um espaço de atuação no mundo profissional que combine com seus sonhos.
Para a atividade, você vai usar o quadro “Competências para o Século 21 na Prática –
Estudo de um caso relacionado ao mundo do trabalho”, que está nas últimas páginas
desse texto.
Deu uma olhada no quadro? Então, mãos à obra! Siga os passos abaixo:
1) Leia atentamente as colunas 1 e 2 do quadro. A primeira apresenta o nome da
competência e a segunda traz o significado atribuído a ela em alguns materiais
educativos.
2) Passe para a terceira coluna do quadro. Nela, insira o que você entende como
significado de cada uma das sete competências. Duração das tarefas 1 e 2: 20
minutos.

3) Escolha um colega para discutir. Não seja monótono, procure alguém com quem
você convive pouco, para aproveitar a oportunidade de conhecer melhor e se
aproximar desse colega. A ideia é que cada um leia como preencheu os sete
significados e que vocês parem em cada competência – uma por uma – e vejam o que
há em comum e o que há de diferente na forma como vocês dois entendem a
competência. Discutam um pouco cada uma, expliquem suas escolhas. Anote no seu
quadro tudo o que o colega disser que você achar que enriquece sua compreensão.
Duração da tarefa 3: 10 minutos.
4) Leia a matéria “Jovem se forma em direito e continua sendo engraxate, em Goiás”
(publicada pelo site Globo.com em 26/4/2013, disponível em http://glo.bo/11J9L4X).
5) Use as informações da matéria para preencher a quarta coluna do quadro. Nela,
você deverá indicar se e como Joaquim demonstra cada uma das oito competências
nas atitudes para correr atrás de seus sonhos profissionais.
Duração das tarefas 4 e 5: 30 minutos.
6) Repita o procedimento 3. Discuta com o colega de dupla e altere algo em seu
preenchimento, caso ele traga algum elemento novo ou mostre um outro jeito de ver
determinada questão.
Duração da tarefa 6: 10 minutos.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 20


Jovem se forma em direito e continua sendo engraxate, em Goiás2

Ele pagou faculdade com o que ganha limpando sapatos, até R$ 2 mil por mês. Objetivo
é passar no exame da OAB e, no futuro, ser promotor de Justiça.

Com o dinheiro que ganhou limpando sapatos de profissionais como juízes, desembargadores
e advogados, o engraxate Joaquim Pereira, de 24 anos, acaba de se formar em direito em uma
instituição particular de Goiânia. Mesmo com o diploma em mãos, ele não abandonou o ofício
que aprendeu quando era criança e que lhe rende cerca de R$ 2 mil por mês.
Agora, o objetivo é se preparar para passar no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e, depois, continuar estudando para ser promotor de Justiça. “Não quero ser qualquer
profissional”, ressalta. Até lá, o jovem comunicativo e bem-humorado continuará cativando seus
clientes como engraxate nas ruas do centro da capital. Sem deixar a vaidade de lado, já que
uma das suas peculiaridades é trabalhar sempre bem vestido, com calça, camisa e sapatos
impecáveis.
Ao deixar a cidade de Monte Alegre de Goiás, na região nordeste do Estado, em 2006, o jovem
não se imaginava formado. Joaquim lembra que quando saiu da sua cidade natal para morar na
capital tinha a esperança de que logo seria contratado em uma empresa e se tornaria um
profissional de destaque. Mas viu que não era bem assim. Ele demorou três meses para
conseguir emprego em uma fábrica de enxovais. Quando recebeu o primeiro salário mínimo,
concluiu que não era o suficiente para se manter em Goiânia. Na época, ele morava com o
irmão. “Vim pra trabalhar. Depois, vi que precisava estudar para crescer, para ter um emprego
melhor”, conta.
Entre as coisas que tinha trazido do interior estava a caixa de engraxate, pois sabia que talvez
precisasse usá-la. Em Monte Alegre de Goiás, ele apreendeu a profissão observando. Aos 11
anos começou a limpar sapatos quando queria comprar uma roupa ou um tênis. Apesar de
trabalhar esporadicamente, ganhou experiência.
Devido à insatisfação com o emprego, ele decidiu, em um sábado, ir para as ruas de Goiânia e
ver como se sairia de engraxate. “Ganhei R$ 20 e atendi umas dez pessoas. Mesmo não sendo
muito, fiz as contas e vi que podia render”, afirma. Segundo ele, na segunda-feira, três meses
após ser admitido na fábrica, pediu demissão. “Indagaram porque eu retrairia tanto. Pensaram
que eu estava revoltado”, lembra. O jovem comenta ainda que não foi uma decisão fácil, pois
teve medo de ser rejeitado. “Tive medo da reação dos meus amigos e dos colegas”, diz.
No primeiro semestre que trabalhou como engraxate, Joaquim terminou o ensino médio em
uma escola pública de Goiânia e começou um curso de webdesigner, mas não gostou.
Enquanto isso, a profissão de engraxate deslanchava.
Samba da vitória
As pessoas para quem engraxou sem cobrar nada nas primeiras vezes se tornaram seus
clientes. A simpatia e a abordagem especial atraíram muitos outros e fez com que ele ficasse
conhecido nos locais onde trabalha, como na Praça Cívica, onde está o Centro Administrativo
do Governo de Goiás. O “samba da vitória”, som que ele faz com um pano ao polir os sapatos,
virou sua marca registrada. Joaquim conquistou uma clientela fixa. De R$ 20 por dia, ele
passou a faturar até R$ 100.

2 Paula Resende, para o site Globo.com ( 26/4/2013), disponível em: http://bit.ly/joaquimcompetencia.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 21


Depois de um ano limpando sapatos, Joaquim decidiu que entraria para uma faculdade de
direito. “Vendo o dia a dia dos advogados e conversando com eles, concluí que queria ser um
deles”, afirma. A decisão de ingressar em uma universidade foi criticada por muitos conhecidos.
”Falavam que eu não daria conta de terminar, que era muito difícil e caro”, conta. No entanto,
ele persistiu com o sonho de se formar, passou no vestibular e começou, em 2008, o curso de
direito em uma instituição de ensino particular. “Se a gente quiser ter sucesso na vida, tem que
se submeter ao risco”, ressalta.
Joaquim afirma que os cinco anos da faculdade não foram fáceis. “Já na primeira prova tirei
zero. Aquilo me baqueou, até pensei em desistir, mas falei ‘vou estudar’, e assim fiz”, recorda-
se. Ele estudava de manhã, e à tarde ia trabalhar como engraxate até as 19h, pois precisava
ganhar dinheiro para pagar o curso.
Além de estudar e trabalhar nas ruas, Joaquim tinha de cumprir suas tarefas domésticas, como
lavar roupa e arrumar a casa. O irmão dele se casou e ele foi morar com um amigo, no Centro
de Goiânia. O bacharel em direito ainda conta que separava um tempo para tocar violão e
estudar música, que é uma de suas paixões. Ele é evangélico e gosta de cantar na igreja. “Tem
que ter disciplina para ter tempo de fazer tudo”, ensina.
A ajuda para pagar a faculdade veio no 7º período, quando ele conseguiu uma bolsa da
Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). Na mesma época, ele também conseguiu um
estágio na Procuradoria Geral do Município por indicação de um cliente, onde trabalhou até
dezembro do ano passado. Apesar do trabalho, ele continuou a engraxar nos horários livres.
A colação de grau ocorreu no último dia 19, na capital goiana. “Foi extraordinário. Estou muito
feliz”, comenta. Os pais de Joaquim vieram de Monte Alegre de Goiás para prestigiar o filho.
Ele, que é o caçula da família, também contou com a presença de um, dos três irmãos. “Eles
estão muito orgulhosos de mim, do que conquistei”, ressalta. No evento, Joaquim ainda foi
homenageado pelo reitor da instituição de ensino. O jovem engraxate foi o aluno destaque da
turma.
Mesmo formado, Joaquim não se importa de engraxar sapatos nas ruas de Goiânia. O jovem
tem a admiração de seus clientes. “Ele é um exemplo de que nada é impossível. Poucas
pessoas têm a capacidade e o esforço de concluir um curso superior engraxando sapato”,
ressalta o advogado Aldemir Leão da Silva. O rapaz garante que exercerá a função até
encontrar um bom emprego, com boa remuneração.
Inicialmente, o objetivo é passar no exame da OAB para ter seu registro de advogado e poder
exercer a profissão que escolheu. Devido ao seu esforço, o jovem ganhou um curso
preparatório para a prova, que ocorrerá em agosto. As aulas serão em julho.
Depois de fazer a prova, Joaquim vai começar uma pós-graduação. Ele ganhou bolsa integral
da especialização, que, se ele fosse pagar, custaria cerca de R$ 9 mil. Joaquim sonha alto, ele
quer se tornar um promotor de Justiça. “Vou continuar estudando cada vez mais para passar
em um concurso e ser promotor”, reforça.
Com o dinheiro de engraxate, ele também conseguiu tirar a Carteira Nacional de Habilitação.
Esse é um primeiro passo para alcançar outro objetivo, o de trocar a bicicleta por um carro.
"Quando se sonha, se tem um objetivo e não desiste, as coisas acontecem", ressalta.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 22


Competências para o Século 21 na Prática – Estudo de um caso relacionado ao mundo do trabalho
O que significa, O que significa, O que significa,
Competência
segundo publicações sobre o tema? segundo VOCÊ, aluno/a? segundo o JOAQUIM?
- Refere-se à perseverança e eficiência na busca de
Responsabilidade objetivos, mesmo em situações adversas.
- Está relacionada ao quanto as pessoas são
organizadas, dedicadas, persistentes, autônomas e
determinadas.

- Analisar ideias e fatos em profundidade,


Pensamento crítico investigando os elementos que os constituem e as
conexões entre eles, utilizando conhecimentos
prévios e formulando sínteses.
- Saber analisar e sintetizar ideias, fatos e situações,
assumindo posicionamentos fundamentados.

- Mobilizar conhecimentos e estratégias para


Resolução de solucionar problemas da vida e aprender com o
problemas processo, aplicando as soluções em outros
contextos.
- Saber identificar um problema, levantar hipóteses,
estabelecer relações, gerar alternativas e arriscar-se
a solucioná-lo, sem medo de errar.
- Disposição para novas experiências (estéticas,
Abertura para o novo culturais e intelectuais) e comportamentos de
exploração.
- Ter abertura para errar e aprender coisas novas.
- Demonstrar atitude curiosa, inventiva e
questionadora em relação à vida.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 23


Competências para o Século 21 na Prática – Estudo de um caso relacionado ao mundo do trabalho (Continuação)
O que significa, O que significa, O que significa,
Competência
segundo publicações sobre o tema? segundo VOCÊ, aluno/a? segundo o JOAQUIM?
- Atuar em sinergia e responsabilidade compartilhada,
Colaboração respeitando diferenças e decisões comuns.
- Inclui a habilidade de adaptar-se a diferentes
situações sociais e a reconhecer-se como parte de um
coletivo.
- Disposição para contribuir e construir em conjunto,
em grupos pequenos e grandes.
- Compreender e fazer-se compreender em situações
Comunicação diversas, respeitando os valores e atitudes envolvidos
nas interações.
- Saber ouvir e interagir com o outro.
- Utilizar criticamente as habilidades de leitura e de
produção textual.

- Ser capaz de fazer novas conexões a partir de


Criatividade conhecimentos prévios e outros já estruturados,
trazendo contribuições de valor para si mesmo e para
o mundo.
- Propor novas abordagens e buscar novas soluções,
gerenciando variáveis aparentemente desconexas.

- Capacidade de usar o conhecimento de si, a


Autoconhecimento estabilidade emocional e a habilidade de interagir nas
tomadas de decisão, especialmente em situações de
estresse, críticas ou provocações.
- Reconhecimento das suas próprias qualidades,
confiança em si mesmo para vencer desafios e
capacidade para crescer nessas situações.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 24


Projeto de Vida
Ficha 9

O que é o trabalho?
Essa é uma pergunta difícil de responder. Certamente, não há um conceito ou
significado universal para o trabalho. Apesar disso, podemos buscar nas diferentes
noções e representações desse termo algumas pistas para começar nossa conversa,
que acontecerá ao longo de todo o ano, caminhando em diversas direções. Podemos
pensar, por exemplo, nos vários modos de organização do trabalho, que vão do
trabalho informal, passando pela divisão de trabalho na sociedade industrializada e
chegando aos modos mais atuais, como o coworking. Outra chave possível de
discussão do trabalho é a partir das profissões: aquelas mais tradicionais, como as
relacionadas à medicina e ao direito; aquelas que já não existem mais; e as novas
profissões, especialmente aquelas relacionadas às tecnologias digitais.
Hoje, para iniciar as discussões do bimestre, a proposta é conversar sobre o trabalho
numa perspectiva ampla, para descobrir o que o trabalho significa para nós e que
papel ele ocupa no projeto de vida de cada um. Afinal de contas, trabalhar é bom ou
ruim? É uma obrigação, uma necessidade, um direito ou um prazer? Ou será que ele
pode ser tudo isso ao mesmo tempo?
O portal Dicionário Etimológico apresenta a origem da palavra trabalho da seguinte
maneira:
A palavra "trabalho" tem sua origem no vocábulo latino "TRIPALIUM":
denominação de um instrumento de tortura formado por três (tri) paus (paliu).
Desse modo, originalmente, "trabalhar" significava ser torturado no tripaliu.
Quem eram os torturados? Os escravos e os pobres que não podiam pagar os
impostos. Assim, quem "trabalhava", naquele tempo, eram as pessoas
destituídas de posses. A partir daí, essa ideia de trabalhar como ser torturado
passou a dar entendimento não só ao fato de tortura em si, mas também, por
extensão, às atividades físicas produtivas realizadas pelos trabalhadores em
geral: camponeses, artesãos, agricultores, pedreiros etc. Tal sentido foi de uso
comum na Antiguidade e, com esse significado, atravessou quase toda a Idade
Média. Só no século XIV começou a ter o sentido genérico que hoje lhe
atribuímos, qual seja, o de "aplicação das forças e faculdades (talentos,
habilidades) humanas para alcançar um determinado fim". Com a
especialização das atividades humanas, imposta pela evolução cultural
(especialmente a Revolução Industrial) da humanidade, a palavra “trabalho”
tem hoje uma série de diferentes significados. 
Já o Michaelis – Dicionário de Português Online – apresenta uma série de definições
para trabalho, entre elas:


Adaptado a partir do texto disponível em: www.dicionarioetimologico.com.br/trabalho. Acesso em
novembro de 2014.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 25


1 Ato ou efeito de trabalhar. 2 Exercício material ou intelectual para fazer ou
conseguir alguma coisa; ocupação em alguma obra ou ministério. 3 Esforço,
labutação, lida, luta. 4 Aplicação da atividade humana a qualquer exercício de
caráter físico ou intelectual. 5 Tipo de ação pelo qual o homem atua, de acordo
com certas normas sociais, sobre uma matéria, a fim de transformá-la. 6
Esmero ou cuidado que se emprega na feitura de uma obra. 7 A composição
ou feitura de uma obra.

Como podemos perceber, a noção de trabalho da Antiguidade é bem diferente da que


temos hoje em dia. Ainda assim, será que conseguimos definir um significado para
ela? Ou, nesse ponto da nossa reflexão, deveríamos mudar a pergunta para: Qual o
sentido do trabalho para nós?
Essas dúvidas vão nos guiar pelas próximas etapas desta atividade!

Tempos Modernos
Tempos Modernos é um longa-metragem do ator, diretor e humorista inglês Charlie
Chaplin, que viveu de 1889 a 1977. Nesse filme, lançado em 1936, Chaplin encarna o
seu famoso personagem "O Vagabundo" (The Tramp), que vive o dia a dia das
fábricas num mundo moderno e industrializado. Desde que foi lançado, o filme é
considerado uma das grandes obras do cinema, por abordar de uma forma ao mesmo
tempo crítica e divertida a sociedade da época.

Frame do filme Tempos Modernos

Em uma das cenas do filme, que veremos logo mais, O Vagabundo está em seu
posto, na linha de montagem de uma fábrica, apertando parafusos. Ao seu lado,
outros colegas executam funções semelhantes. O dono da fábrica, que assiste a tudo
isso sentado em sua confortável cadeira, pede que as máquinas sejam aceleradas, de
modo que a velocidade da produção também cresça... Até o momento em que O
Vagabundo, já enlouquecido, não consegue mais acompanhar esse ritmo frenético e é
“engolido” pelas máquinas.
Agora, assistiremos à cena acima descrita. Antes, porém, leia as perguntas abaixo e
pense sobre elas durante o filme (se for conveniente, anote suas observações em seu


Adaptado a partir do texto disponível em: http://bit.ly/michaelistrabalho. Acesso em novembro de
2014.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 26


Álbum de Cartografia Pessoal). Elas guiarão a conversa que teremos em seguida, com
a mediação do professor.
 Qual noção de trabalho está presente nessa cena de Tempos Modernos? Em
outras palavras, se você tivesse que argumentar sobre o que é o trabalho do
ponto de vista do filme, o que você diria?
 Se você estivesse na mesma posição que O Vagabundo, consegue imaginar
qual seria o sentido do trabalho para você?

Trabalhar por quê?

O modo de exploração do trabalho fabril, conforme representado no filme Tempos


Modernos, ainda é recorrente em diversos contextos. Hoje em dia, porém, cresce o
entendimento de que o trabalho, para ser bom, deve ser dotado de sentido. Ou seja,
além de ajudar a pagar as contas, deve ser prazeroso, desafiador e estimulante.

A reportagem O Trabalho perdeu o sentido?, escrita por Ariane Abdallah e David


Cohen para a Época Negócios, aborda esse tema sob diferentes perspectivas (se tiver
um tempo livre para ler a matéria completa, que é bem legal, basta acessar o seguinte
endereço eletrônico: bit.ly/sentidodotrabalho).

Selecionamos abaixo algumas imagens retiradas da matéria. Elas irão fomentar nosso
debate. As primeiras são três ilustrações acompanhadas de dados sobre pesquisas
relacionadas às causas da desmotivação no trabalho. Em seguida, estão três
fotografias de pessoas que saíram de empregos de sucesso – mas sem sentido para
elas – e buscaram investir no próprio sonho.

30% dos trabalhadores 91% das pessoas 38,4% dos brasileiros se


brasileiros se consideram estressadas ficam queixam da falta de
desengajados e 26% se desmotivadas, segundo oportunidades de
queixam de não ter apoio pesquisa do ISMA-Br. e desenvolvimento; 23,2%
de suas empresas, segundo 41% dos brasileiros se sentem falta de
uma pesquisa feita pela dizem mais estressados reconhecimento por seu
consultoria Towers Watson. que em 2011, segundo desempenho, segundo uma
pesquisa da britânica pesquisa da Consultoria
(ilustração Caco Galhardo) Mindmetre. Fellipelli.

(ilustração Caco Galhardo) (ilustração Caco Galhardo)


Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 27
CHOCOLATE EMAGRECE
CINTIA LIMA TINHA STATUS E ÓTIMO SALÁRIO NUMA GRANDE
EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES. MAS ESTAVA FICANDO DOENTE
DE TANTO ESTRESSE. PEDIU DEMISSÃO, APRENDEU A MEDITAR NO
NEPAL E, NA VOLTA, ABRIU UMA CHOCOLATERIA. O ALÍVIO DA
TENSÃO AJUDOU-A A SE EQUILIBRAR – E PERDER OITO QUILOS. JÁ
ENFRENTOU DIFICULDADES NA EMPRESA. MAS SE DIZ CONFIANTE E
REALIZADA (FOTO: ALEXANDRE SEVERO)

ENTRE O DOM E A PAIXÃO


EDUARDO SAMPAIO, 37 ANOS, ERA APAIXONADO POR ARTE, MAS
SUA FACILIDADE COM COMUNICAÇÃO O LEVOU A UMA CARREIRA NO
MARKETING DE GRANDES EMPRESAS. “EU GOSTAVA, MAS TINHA UM
FASCÍNIO PELO UNIVERSO ARTÍSTICO.” EM 2008, CRIOU COM UM
AMIGO A PRIMITIVO FILMS & CONTENT. SÓ FAZ FILMES DE ARTE. DIZ
QUE A EXPERIÊNCIA DO MARKETING O AJUDA NO NEGÓCIO (FOTO:
ALEXANDRE SEVERO)

A CARREIRA SUBIU NO TELHADO


O ENGENHEIRO AGRÔNOMO MARCELO NORONHA SONHAVA EM
TRABALHAR COM PRODUÇÃO ORGÂNICA. DEPOIS DE PASSAR
POR UM PUNHADO DE EMPREGOS (INCLUSIVE UMA
MULTINACIONAL QUE FAZIA EXPERIÊNCIAS COM SEMENTES)
FUNDOU UMA EMPRESA QUE FAZ HORTAS EM VARANDAS OU
TELHADOS. INCLUIU PAIXÃO NO OFÍCIO: “MEU TRABALHO É
COLOCAR VIDA NA CASA DAS PESSOAS” (FOTO: ALEXANDRE
SEVERO)

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 28


Agora que já lemos esses breves relatos, reúnam-se em trios para conversar um
pouco a partir das temáticas que eles suscitam. Registrem os aspectos mais
importantes da discussão no Álbum de Cartografia Pessoal:
 O que é, para você, um trabalho que tenha sentido?
 Na sua vivência pessoal e familiar, como você avalia a percepção das pessoas
que vivem ao seu redor a respeito do trabalho? O sentido do trabalho é algo
importante para elas?

O trabalho para nós

Agora é a vez de vocês, ainda reunidos em trios, exporem o entendimento que têm
acerca do trabalho. Aqui, as respostas de vocês devem abarcar tanto as discussões
levadas a cabo hoje quanto as experiências e os exemplos que vocês veem entre
seus parentes e conhecidos, na mídia e em outros espaços de interação.

As perguntas abaixo guiarão a discussão de vocês, que será mediada pelo professor.
Mas elas são apenas para início de conversa: caso alguém queira sugerir outra
pergunta ou levantar um ponto específico, pode ficar à vontade. Não se esqueçam de
registrar os aspectos mais importantes no Álbum de Cartografia Pessoal!

 O que é o trabalho para você?


 Ao longo dos dois últimos anos das aulas de Projeto de Vida, sua concepção
sobre o trabalho mudou? Como?
 Qual o sentido do trabalho para o seu projeto de vida?
 Como a escola está colaborando para o seu projeto de vida profissional?

E aí, a conversa deu pano pra manga? A discussão de hoje foi só mais uma dentro da
constelação de temáticas que envolvem o mundo do trabalho – e ela pode se
desdobrar em muitas outras, que também serão trabalhadas em Projeto de Vida nos
próximos meses.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 29


Projeto de Vida
Ficha 10
O SEGREDO DO SUCESSO3

Pela primeira vez, começamos a entender quais são os fatores que levam ao sucesso.
Descubra por que algumas pessoas se dão bem na vida - e veja o que você pode
fazer para chegar lá.

A maior de todas as crianças prodígios foi Wolfgang Amadeus Mozart. Aos 3 anos, o
austríaco começou a tocar piano, aos 5 já compunha, aos 6 se apresentava para o rei
da Bavária de olhos vendados, aos 12 terminou sua primeira ópera. Há séculos, ele
vem sendo citado como prova absoluta de que talento é uma coisa que vem de
nascença para alguns escolhidos. Mas parece que não é bem assim. A vocação de
Mozart não apareceu do nada. Seu pai era professor de música e desde cedo dedicou
sua vida a educar o filho. Quando criança, Mozart passava boa parte dos dias na
frente do piano. As primeiras peças que compôs não eram obras-primas – pelo
contrário, contêm muitas repetições e melodias que já existiam. Os críticos de música,
aliás, consideram que a primeira obra realmente genial que o austríaco escreveu foi
um concerto de 1777, quando o músico já tinha 21 anos de idade. Ou seja, apesar de
ter começado muito cedo, Mozart só compôs algo digno de gênio depois de 15 anos
de treino.

A regra das 10 mil horas


Quer brilhar muito na vida? Passe 10 mil horas praticando. Pelo menos, foi isso que os
grandes especialistas de todas as áreas fizeram.
Entenda aqui o tamanho da encrenca:

O mesmo pode ser observado com talentos das mais diversas áreas. Ronaldo, o
Fenômeno, tinha de ser arrancado dos campos de futebol quando criança porque não

3Texto editado a partir da matéria de Karin Hueck publicada na revista Super Interessante em julho de
2010., disponível em: http://bit.ly/seg-sucesso.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 30


queria fazer nada que não fosse jogar bola. Os técnicos de Michael Jordan se
lembram de que o jogador era sempre o primeiro a chegar aos treinos e o último a ir
embora. E mesmo Bill Gates, como bom nerd que era, não fez sua fortuna do nada:
quando adolescente, ele passou boa parte da sua (não muito agitada) vida
programando computadores enfurnado numa sala da Universidade da Califórnia. Ou
seja, mesmo aquelas pessoas bem-sucedidas, que parecem esbanjar talento, ralaram
muito antes de chegar lá.

Isso faz todo sentido, se considerarmos a nova maneira como os cientistas têm
enxergado a influência dos genes na formação de talentos. Aquilo que costumamos
chamar de "talento natural para liderança" ou "aptidão nata para os esportes" parece
não ter nenhuma relação com o nosso DNA. "Não há nenhuma evidência de que
exista uma causa genética para o sucesso ou o talento de alguém", diz Anders
Ericsson, professor de psicologia da Universidade da Flórida que há 20 anos estuda
por que algumas pessoas são mais bem-sucedidas do que outras.

99% transpiração

Em 1992, pesquisadores ingleses e alemães resolveram estudar pessoas talentosas


para entender o que as diferenciava dos reles mortais. Para isso, investigaram
pianistas profissionais e os compararam com pessoas que tinham apenas começado a
estudar, mas desistido. (Pianistas são excelentes cobaias porque seu talento é
mensurável: ou eles sabem executar a música ou não sabem). O problema foi que os
cientistas não conseguiram achar ninguém com habilidades sobrenaturais entre as
257 pessoas investigadas – todos eram igualmente dotados. A única diferença
encontrada entre os dois grupos é que os pianistas fracassados tinham passado muito
menos tempo estudando do que os bem-sucedidos. Quer dizer, não é que faltou
talento para os amadores virarem mestres – faltou dedicação.

Tem que lutar, não se abater

Se treino é responsável por boa parte do sucesso das pessoas que chegaram ao
ponto mais alto do pódio, é preciso entender o que as levou a se esforçar tanto. Quem
passa 10 mil horas da vida se dedicando a qualquer coisa que seja tem pelo menos
uma característica muito ressaltada: o autocontrole. É ele que permite que a pessoa
não se lembre que seria muito mais legal dormir ou estar no bar do que trabalhando.

A questão é entender por que algumas pessoas abrem mão do prazer imediato em
troca do trabalho duro, e por que outras preferem sempre sair mais cedo do escritório.
O processo mental, na verdade, é muito simples: para ter autocontrole, é preciso não
ficar pensando na tentação e focar naquilo que é realmente importante no momento –
por exemplo, terminar o serviço. É possível que esses traços tenham uma origem
genética, mas é mais provável que a diferença esteja em outro ponto importante para
entender o sucesso: motivação. Quem está motivado para ganhar uma medalha
olímpica ou fazer um bom trabalho também abre mão da soneca da tarde com mais
facilidade.

Dinheiro também não é a solução para todos os problemas. Nem sempre ele funciona
como um bom motivador. (Não deixe seu chefe ler isso, se você estiver querendo um
aumento.) Num estudo da Universidade Clark, nos EUA, que testava a capacidade de

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 31


voluntários de resolver problemas de lógica, o dinheiro só atrapalhou. Aqueles que
eram recompensados financeiramente para chegar à solução levavam muito mais
tempo para resolver o problema. Os outros, sem a pressão do dinheiro, se deram
melhor. Em muitos casos, acreditar que você está fazendo algo relevante é mais
eficiente para motivação do que um salário mais rechonchudo. Não é à toa, então, que
empresas que esperam resultados inovadores têm horários e cobranças flexíveis –
para esses funcionários, fazer a diferença e a ilusão de independência valem mais do
que ganhar bem. "O desejo de atribuir significado ao nosso trabalho é uma parte inata
e inflexível da nossa composição. É pelo fato de sermos animais concentrados no
significado que podemos pensar em nos render a uma carreira ajudando a levar água
potável à Malaui rural", escreve o filósofo pop francês Alain de Botton, em seu livro Os
Prazeres e Desprazeres do Trabalho.

Ter habilidade social também é fator determinante para ser bem-sucedido. E é esse o
elemento que foge das estatísticas da ciência. Em áreas em que os mais talentosos
são sempre recompensados, como nos esportes ou na música, a regra das 10 mil
horas e a importância da persistência fazem sempre sentido. Mas, em ambientes onde
a competição é velada, como nos escritórios, o talento pode facilmente ficar em
segundo plano – e perder importância para o tête-à-tête, as famosas afinidades. "A
personalidade de uma pessoa afeta não só a escolha do trabalho mas, mais
importante, quão bem-sucedida ela vai ser na carreira", diz Timothy Judge,
especialista em carreira e personalidade da Universidade da Flórida. Timothy revisou 3
estudos longitudinais de personalidade que acompanharam a carreira de mais de 500
pessoas e chegou a conclusões interessantes. Pessoas autoconscientes, racionais e
que pensam antes de agir costumam ganhar mais e subir mais cargos. Já quem é
extrovertido e emocionalmente estável é mais feliz. Para o pesquisador, depois de
anos observando as pesquisas, subir de status pode ser importante, mas o fator mais
determinante para o sucesso ainda é sentir-se realizado. "Se a pessoa está infeliz no
trabalho, tem de descobrir o que está atrapalhando. Senão o sucesso não vem
mesmo."

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 32


Projeto de Vida
Ficha 11

SONHOS DE UMA NOITE DE TV*

Os modelos de sucesso veiculados pela mídia são distorcidos e não informam para a
tomada de decisões na vida real

Jairo Bouer

Quando se pensa na construção de um projeto de vida, vários fatores apresentam um


peso expressivo na formação da identidade, dos valores, dos sonhos e das ambições.
O ponto de partida é a educação recebida em casa. Depois, os diversos aprendizados
na escola, a companhia dos amigos, as influências da sociedade e, não podemos
esquecer, a interferência que a mídia exerce em todo esse conjunto.

O Brasil é hoje um dos países em que crianças e jovens passam mais tempo na frente
da televisão. Segundo o Ibope, em setembro de 2004, entre os telespectadores de 4 a
17 anos, o tempo gasto com TV foi, em média, de 4 horas e 25 minutos por dia. De
acordo com a pesquisa Perfil da Juventude Brasileira, feita pelo Instituto da Cidadania
com jovens de 15 a 24 anos, 91% dos entrevistados assistem a TV de segunda a
sexta-feira (a taxa é de 87% nos fins de semana).

Em comparação, 49% desses jovens dizem que leem jornais (51% não têm esse
costume) e 67% leem alguma revista (31% dizem que não têm esse hábito). Com
tanta televisão ligada, é inegável que esse meio de comunicação mexa com o
imaginário dos jovens, interferindo em padrões de comportamento, noções de sucesso
e conceitos de felicidade. De fato, a TV parece ter um peso importante nas
construções emocionais e afetivas que vão influenciar na elaboração do projeto de
vida dos jovens.

Mas também não podemos responsabilizar a mídia, isoladamente, por tudo que é
veiculado. O objetivo dos meios de comunicação é atender aos anseios expressos
pela sociedade, respondendo às expectativas de seu público e, com isso, aumentando
sua audiência. Ou seja, existe uma relação de mão-dupla: os meios oferecem
programas, personagens, temas e debates, testam a resposta do telespectador e,
sendo aceitas, mantêm suas pautas. No caso de resposta negativa, as pautas e os
programas são substituídos.

Capa de revista

São inúmeros os exemplos de comportamento que a mídia expõe como "modelos"


para seu público, atribuindo valores positivos a eles, como uma receita para a busca

*Trechos retirados livremente do texto “Sonhos de uma noite de TV”, de Jairo Bauer, publicado na revista
Onda Jovem em 2005 e disponível em http://bit.ly/sonhotv.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 33


da felicidade. Os padrões de sucesso veiculados não só nas ficções, mas também nas
publicações de comportamento voltadas para jovens são peças que ajudam a montar
projetos de vidas. Valores e atitudes tidos como desejáveis e louváveis são exibidos
como um caminho a ser seguido para que se consiga ser bem-sucedido. E há
incontáveis distorções nesse processo.

A começar pelos padrões estéticos. Personagens (em sua função ficcional ou não)
desejáveis são os que têm corpos magros, sem flacidez e bronzeados. Pele lisa,
cabelos sedosos, mantendo asséptica distância da oleosidade e das espinhas típicas
da juventude. Claro, tudo seguindo o velho padrão europeu de traços finos – se tiver
cabelos e olhos claros, melhor. Gordinhos raramente são desejáveis. Funcionam para
situações cômicas, mas não para cenas tórridas de amor. Não se levam em conta
aspectos relacionados à saúde, mas ao julgamento "feio" ou "bonito". À estética, tudo.
À saúde, quase nada.

A vida afetiva também é "contemplada" pelos extremos: os relacionamentos podem


ser "contos de fadas" ou "o inferno na Terra". Na primeira categoria, casais que
enfrentam a tradicional jornada do herói: vencem preconceitos, inimigos e barreiras
sociais e emocionais e conseguem viver felizes para sempre. Na segunda classe,
casais que não se suportam, que vivem em meio a traições, falsidade, ciúmes e
sofrimento.

Obviamente, o modelo a ser buscado pelos jovens é o do conto de fadas. Cria-se


então uma idealização dos envolvimentos emocionais: tudo tem de sair certinho;
brigas e desentendimentos são sinais de fracasso. Ninguém explica que casais
precisam discutir (sem haver nisso um julgamento negativo) para resolver suas
diferenças, e que é necessária uma dose extra de tolerância e paciência para respeitar
os limites do outro.

Outro exemplo da idealização que compõe o repertório de modelos de sucesso é o


financeiro. Herói que se preze não passa apertos com dinheiro. Pode até enfrentar
algumas dificuldades, mas nada desesperador. De preferência, terá uma profissão de
"doutor" – médicos, dentistas, engenheiros, advogados e executivos têm meio
caminho andado para o sucesso. Cantores e atores, então, têm uma estrela
estampada na testa e muita grana no bolso. Só resta pensar o que farão os jovens (na
verdade, a maioria dos brasileiros) que não tiveram acesso ao ensino superior, que
não puderam virar "doutores".

Operadoras de telemarketing podem esquecer a fórmula da felicidade? Domésticas,


mecânicos, padeiros, atendentes do comércio, operários e manicures só serão felizes
se ganharem na loteria ou se forem selecionados para um reality show?

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 34


Projeto de Vida
Ficha 12
Selfie para quê?

Fazer autorretratos sempre foi uma prática comum para muitos artistas. O pintor
Rembrandt, por exemplo, pintou quase 100 autorretratos, registrando boa parte de
sua existência com os pincéis. A artista mexicana Frida Kahlo também usou os
autorretratos para se expressar, bem como o holandês Van Gogh ou a americana
Cindy Sherman... São tantos artistas que nem
dá para listar!

Mas, o primeiro autorretrato fotográfico da


história é atribuído a Robert Cornelius, um
fotógrafo pioneiro da Filadélfia que, em 1839,
registrou o seu selfie. Para conseguir a imagem,
Robert precisou ficar imóvel por mais de um
minuto! O que acharam do resultado da foto,
impresso ao lado?

E depois de quase 200 anos desde que esse


autorretrato foi produzido, vivemos a febre do
selfie. Em 2013, selfie foi considerada a “palavra
do ano” e ganhou um verbete no dicionário
Oxford. Confiram como o dicionário definiu o que
é selfie:

“A photograph that one has taken of oneself,


typically one taken with a smartphone or webcam
and uploaded to a social media website."*

* "Uma fotografia que alguém tomou de si mesmo, tipicamente realizada com um


smartphone ou webcam e enviada para um site de mídia social."

Em qualquer rede social encontramos centenas, milhares, de selfies. Alguns deles


causaram problemas políticos e exigiram retratação:

O selfie de Obama foi


realizado durante o
funeral de Nelson
Mandela e pegou
mal...

Imagem: bit.ly/selfieobama1

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 35


Outras imagens que estão circulando na rede trazem brincadeiras com ícones da
História da Arte em “momento selfie”:

Na primeira imagem, a famosa pintura de Leonardo da Vinci, “Monalisa”, faz biquinho para o
retrato. A segunda imagem traz a pintura chamada “Mulher com brinco de pérola”, do pintor
holandês Vermeer em mais um selfie em frente ao espelho.

Existem muitos outros tipos de selfies rodando pela rede: selfies com cenários, selfies
bem humorados, selfies em que a pessoa quer exibir o corpo ou roupas, selfies de
pessoas dormindo (como se faz um selfie se a pessoa está realmente dormindo?
Mistério...!).

Depois de pensarem em tudo isso, discutam as questões abaixo. Cada um registra


suas respostas no Álbum de Cartografia Pessoal, certo?

 Para que serve um selfie?

 Quantos selfies você já fez até hoje aproximadamente? Qual é o que mais gostou?
Por quê?

 O que você não tolera em um selfie?

Desafio!

O desafio da vez não poderia ser outro: produzir um selfie! Vocês já sabem que
retratos de grupos também são chamados de selfies e é isso que vocês deverão fazer.
Mas, não poderá ser um selfie qualquer! Não basta juntar a galera e apertar o botão
da câmera. Vocês terão que montar um selfie que tenha a ver com a identidade
de cada um.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 36


Para isso, vale utilizar cenários e elementos que possam ajudar a compor a cena.
Poses diferentes (desde que não coloquem em risco a integridade física de vocês!),
vestimentas, objetos... Tá tudo valendo! Vocês já sabem que produzir uma imagem é
investi-la de sentido e de intenções. Sejam produtores críticos e antenados!

Então, planejem como será o selfie do grupo e mãos à obra. O resultado poderá ser
exibido no blog da escola, no grupo do Facebook da turma, nas redes sociais de
vocês...

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 37


Projeto de Vida
Ficha 13
DIREITOS HUMANOS

Nosso tema de hoje é o respeito aos direitos humanos. Não vamos explicar o tema a
vocês, alunos. Trouxemos apenas algumas imagens4, para que debatam (as imagens
estão nas próximas páginas). Para isso, a turma deverá dividir-se em trios. A tarefa de
cada trio é indicar, abaixo das imagens, que situações de desrespeito aos direitos
estão sendo criticadas. Também pedimos que vocês produzam, no quadro ao lado de
cada imagem, uma outra (pode ser desenho, colagem, história em quadrinhos ou
charge) ou um breve texto que faça uma crítica relacionada à mesma questão.

Vocês terão 20 minutos para essa atividade.

Depois, é hora de compartilhar a reflexão e os resultados com os outros trios. Para


isso, todos se reunirão numa roda. Um representante de cada trio vai mostrar o que o
grupo produziu e contar como foi a discussão.

Esse compartilhamento vai durar 15 minutos.

Em seguida, vocês vão se organizar da forma que julgarem mais adequada para
produzir uma pequena revista artesanal, de oito páginas (contando com a capa), sobre
o tema: Mais respeito!. Cada página deverá ter o tamanho de meia folha A4.
Sugerimos, também, o seguinte conteúdo por página:

- Capa.

- Páginas 2 e 3: texto de dois parágrafos que responda à pergunta “Direitos humanos:


e eu com isso?”.

- Páginas 4 e 5: Imagens sobre o tema. Selecionar entre as que vocês produziram na


primeira parte do encontro de hoje.

- Páginas 6 e 7: Enquete (entre os alunos da turma). Um aluno vai recolher uma frase
de cada colega que responda à pergunta: “para você, o que é respeito?”.

- Página 8: Nome das pessoas que realizaram essa minipublicação, indicando quem
fez o quê.

Vocês terão 35 minutos para criar a revista artesanal. Em seguida, para finalizar,
reúnam-se novamente em roda e discutam o que aprenderam com as atividades
desse encontro.

4 Quadrinhos de Renato Lima, disponíveis em http://petisco2.org/pockets/.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 38


Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 39
Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 40
Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/ 1º semestre 41
Projeto de Vida
Ficha 14
FICHA DE REGISTRO DO PERFIL DO JOVEM

Nome / idade do jovem

Gosta de fazer...

Mora em (bairro / região)

Não gosta de fazer...

Lugares prediletos

Tem hobbies ou manias?


Quais?

Seu maior sonho é...

O maior desafio para alcançar


seu sonho é...

Sua principal qualidade é...


Projeto de Vida
Ficha 15

ATAQUE DE NANOMENSAGENS!

Hora de mostrar para a escola porque vocês estão fazendo a diferença!

Durante semestre, vocês têm se empenhado para crescerem como pessoas, para se
superarem como estudantes e para aprenderem a ser protagonistas dentro e fora da
escola. Agora, é hora de contar para toda a escola (e, por que não, para o mundo?)
tudo o que têm aprendido.

A ideia é a seguinte: criar e executar um verdadeiro ataque de nanomensagens na


escola! Não sabem o que é isso? Então, leiam as orientações a seguir e escolham um
líder para comandar essa ação e cuidar da gestão do trabalho!

Vocês sabem o que é “nanomensagem”?

“Nano” é um prefixo que vem do grego e significa ‘muito pequeno’. Tudo a ver com
o tamanho reduzido das mensagens compartilhadas atualmente nas redes sociais,
não é mesmo? Por exemplo, o uso do Twitter tem estimulado as pessoas a
compartilharem ideias, sentimentos e conteúdos com pequenas mensagens que
têm até 140 caracteres.

Para fazer uma nanomensagem, fiquem ligados nas seguintes dicas:

 Concisão: É importante ser breve e preciso na escrita, pois cada


nanomensagem pode ter, no máximo, 100 caracteres. Ou seja, ter até 100
letras e sinais de pontuação, incluindo os espaços...

 Ideias fortes: Apesar de a mensagem ser curta, a força das ideias ultrapassa
sua pequenez na forma e vira um gigante de significados para quem lê!

 Compartilhar: Para que as mensagens elaboradas pelos times circulem pela


escola ou comunidade, é preciso planejar o ataque de nanomensagens e
saber como surpreender os leitores!

Para começar, cada um de vocês deve elaborar, pelo menos, três nanomensagens.
Elas deverão trazer informações sobre os diversos aprendizados que tiveram
participando das aulas de Projeto de Vida desde o 1º ano, como pessoas e como
estudantes.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/1º bimestre 43


Dica: Para se inspirar, que tal conferir seus registros e avaliações sobre as atitudes,
ações, competências e estratégias de estudo que fizeram a diferença nesse percurso?
O Álbum de Cartografia Pessoal pode ser um instrumento muito útil nesse momento!

Escreva aqui as suas nanomensagens que gostaria de espalhar pela escola:

INICIATIVA: Hora de escolher ideias!

Mensagens escritas? Beleza!

Agora, antes de mais nada, é preciso que o time tenha iniciativa para realizar dois
ataques de nanomensagens na escola: um para toda a comunidade escolar e
outro dirigido para um público especial, os gestores e professores!

Pensem em algumas ideias sobre o que podem fazer para que esses ataques
aconteçam de maneira bem criativa e rápida. Vale pensar em como espalhar as
mensagens pela escola, o que pode ser feito para que elas realmente chamem a
atenção e todos as queiram ler. O líder registra as ideias do time em uma folha de
papel.

Ideias registradas? Então, compartilhem com a turma e ouçam o que os demais


times pensaram!

PLANEJAMENTO: Hora de colocar as ideias no papel!

A turma já pensou em algumas ideias para fazer o ataque de nanomensagens. Então,


vocês deverão, agora, planejá-las. O professor será o mediador nesse planejamento,
colaborando para que tudo seja bem pensado. Não podem ficar de fora:

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/1º bimestre 44


 As ideias pensadas para os dois ataques de nanomensagens.
 Divisão de tarefas (quem fará o que).
 Materiais que serão necessários.
 Cronograma de trabalho.
 Comunicação e pedido de autorização dos ataques para a equipe de gestão.

É importante que todos participem desse momento, contribuindo com ideias de


solução e respeitando as contribuições dos colegas. É importante falar, e mais ainda
saber ouvir!

Planejamento escrito? Então, o próximo passo é partir para a execução!

EXECUÇÃO: Hora de colocar mãos à obra!

Algumas dicas para fazer a execução ser um sucesso:

 Espalhem as mensagens quando a escola estiver mais vazia! Assim, o efeito-


surpresa para os leitores será maior. Para isso, combinem com o professor e o
coordenador pedagógico como e quando farão os ataques.

 Usem a criatividade na hora de espalhar as nanomensagens por aí. Lugares


de destaque, com grande visibilidade e de grande circulação são importantes,
mas também não se esqueçam daqueles cantinhos e lugares inesperados que
podem causar uma surpresa nos leitores! Outros lugares interessantes são
(peçam, sempre, autorização ao coordenador pedagógico da escola):
- Sala de leitura
- Sala de informática
- Sala dos professores
- Banheiros

 Onde mais a criatividade mandar: no para-brisa dos carros dos professores,


nas cadeiras dos alunos antes das aulas, no pátio da escola, pelo chão, no
jardim, na sala do diretor...

 Procurem digitar e imprimir as nanomensagens elaboradas! Façam mais de


uma cópia de cada uma delas para poder espalhar muitas mensagens pela
escola! Caso não seja possível digitar, que tal escreverem de próprio punho e
providenciarem xerocópias? Vocês podem, ainda, utilizar revistas com
imagens e letras superbacanas para fazer colagens superimpactantes!

 Que tal incluir um “ataque virtual de nanomensagens”? Enviem suas


mensagens por celular para seus colegas e professores!

AVALIAÇÃO: Hora de comemorar e aprender com os erros!

Depois de terem realizado os dois ataques de nanomensagens na escola, avaliem o


que deu certo e o que poderia ter sido melhor. Avaliem, também, se o objetivo de

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/1º bimestre 45


divulgar na escola as aprendizagens que tiveram nas aulas de Projeto de Vida foi
atingido. O líder anota as opiniões do time no quadro a seguir:

Compartilhem a avaliação com a turma e o(a) professor(a)!

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/1º bimestre 46


Projeto de Vida
Ficha 16
Por que um fluxograma?

Esse semestre está terminando... Dentro de um Segundo a Wikipédia, um fluxograma é


ano e meio você finalizará o Ensino Médio e “uma representação gráfica de um
levará em sua bagagem muitos conhecimentos, determinado processo ou fluxo de trabalho,
experiências e competências que o(a) guiarão em efetuado geralmente com recurso a
suas escolhas de futuro. E, para ajudar a figuras geométricas normalizadas e
organizar tudo isso, a proposta é fazer um setas unindo essas figuras geométricas.
fluxograma! Por meio desta representação gráfica é
possível compreender de forma rápida e
fácil a transição de informações ou
documentos entre os elementos que
participam no processo em causa”.

Disponível em http://bit.ly/fluxograma_.
Acesso em 02/05/2015.

Já deu para compreender o que é um


fluxograma? Com certeza você já se
deparou com alguns por aí, mas não sabia
que eles eram chamados dessa maneira.
Veja só a o fluxograma ao lado.. Ele parte
de um lugar, de uma pergunta: A
criatividade acabou? Para essa pergunta
podem existir as respostas sim e não, e
cada uma delas pode se desdobrar em
novas situações, novas perguntas, novas
respostas, e assim por diante.

O que é mais bacana no fluxograma é que


ele permite traçar diferentes caminhos para
se chegar a um mesmo lugar (no caso do
exemplo, o “compartilhamento de ideias”).
Afinal de contas, todos nós temos sonhos e
desejamos alcançá-los, mas algumas
vezes aparecem desafios que nos obrigam
a persegui-los por outros caminhos.

Por isso, a atividade final do semestre


não poderia ser outra. Ter um projeto de
vida para chamar de seu é reconhecer
seus sonhos, seus esforços, suas
dificuldades, suas necessidades, seus
planos profissionais, sua capacidade de
resiliência e de superar desafios para
chegar ao lugar que deseja.

Fluxograma disponível em:


http://bit.ly/fluxograma_2. Acesso em
02/05/2015

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/1º bimestre 47


Orientações para criar o seu fluxograma!

O seu projeto de vida deve ser um fluxograma que se desdobra ao longo de cinco
anos, numa tentativa de prever em que lugar você estará no futuro.

Antes de pegar a caneta e começar a desenhar, aqui vão algumas perguntas para ajudar
na construção do gráfico:

 Em que “lugar” estou agora?


 Em que “lugar" quero estar dentro de cinco anos, tanto pessoal quanto
profissionalmente?
 Qual percurso eu gostaria de seguir para chegar até lá?
 Nesse percurso, quais desafios podem aparecer, forçando-me a traçar
novas rotas?
 Nessas novas rotas, quais tipos de erros e acertos posso cometer e
como eles demandam a criação de novos trajetos?

E vamos ao trabalho, porque, assim que todos terminarem, será o momento de


compartilhar!

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/1º bimestre 48

Você também pode gostar