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ADMINISTRAÇÃO PUBLICA – GEP029

O NEPOTISMO: A REDUÇÃO DOS CONCURSOS PÚBLICOS

Juliana Lima de Souza – 21.1.9360


Querem Nascimento - 21.1.9223
Thais de Cássia – 21.1.924

Três Marias

2022
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Nepotismo (do latim nepos, sobrinho, neto ou descendente) é o termo utilizado para
designar o favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detrimento de pessoas mais
qualificadas, especialmente no que se refere à nomeação ou elevação de cargos.

Muitos historiadores acreditam que o termo nepotismo surgiu com a Igreja Católica e o
costume que os Papas tinham de nomear seus sobrinhos para cargos eclesiásticos. Atualmente,
o termo ganhou uma conotação pejorativa indicando a prática de nomear parentes para
ocuparem cargos na Administração Pública independente de mérito, priorizando os laços
sanguíneos. Infelizmente, tal prática ainda vem sendo assunto recorrente nos noticiários do país.

A Administração Pública e os agentes públicos são, respectivamente, o local onde


ocorre a prática nepótica e os responsáveis.

Para Meirelles (1989), Administração pública na sua acepção formal constitui-se do


conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo. Sob o aspecto
material é o conjunto de funções necessárias à realização dos serviços públicos. (Meirelles,
1989)

Já os agentes públicos são as pessoas físicas que exercem em algum momento,


independente de remuneração, a atividade administrativa. A forma de ingresso desses agentes
na administração pública acontece, em regra, por meio de concurso público, entretanto a própria
Constituição Federal traz uma observação com relação a cargos em comissão e função de
confiança.

A proposta do presente trabalho é decorrer sobre o referido tema, que nos últimos anos
vem atormentando a Administração Pública. Ademais, apresentar considerações pelo o ângulo
do ordenamento jurídico em face da Constituição Federal de 1988, da Súmula Vinculante nº 13
e da PEC 32/2020. E, no intuito de enriquecer conhecimento, responder algumas questões, tais
como: O nepotismo, de fato, é vedado em nosso País? O que está sendo proposto para acabar
com essa prática?
2 REVISÃO DA LITERATURA

Em nosso ordenamento, temos a lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, da Improbidade


Administrativa determina que agentes públicos tem que observar os princípios de legalidade,
impessoalidade e moralidade, no desempenho de suas funções. Assim, se houver prova e
constatação da prática de nepotismo, que firam tais práticas, deve a pessoa contratada nestes
termos ser exonerada ou ainda ter o ato normativo que indicou e determinou sua contratação
anulado.

De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU) alguns casos não são


considerados nepotismo, em nenhuma das três esferas governamentais. São eles:

• Provimento efetivo: Quando servidores federais ocupam os chamados cargos


de provimento efetivo (foi aprovado por meio da realização de concurso público ou prova),
trabalha como empregado federal permanente - mesmo se aposentado, tem sua escolaridade
compatível com o cargo e qualificação profissional.

• Cargo em comissão em nível mais alto: Outro caso que dá a exceção ao


nepotismo é aquele em que a nomeação da pessoa - ainda que sem vínculo funcional com a
administração pública, seja para um cargo em comissão de nível hierárquico mais alto.

• Cargo mais baixo hierarquicamente: Esta exceção se baseia nas pessoas que,
já atuantes na esfera pública, sejam indicadas ou nomeadas para cargos hierarquicamente iguais
ou mais baixo do que já ocupavam.

Neste caso a exceção ao nepotismo se refere às nomeações, designações ou contratações


realizadas anteriormente ao início do vínculo familiar entre o agente público e o nomeado.

Há também o nepotismo cruzado. São situações em que a contratação de familiares se


dá para vagas de prestação de serviços terceirizados, além das contratações não previstas -
inseridas no contexto de indício de influência (Neste caso, é vedado).

Quanto aos concursos públicos, a preocupação com as reduções, ou até o fim deles não
é de hoje. Por motivos econômicos, governos anteriores também restringiram a realização de
certames e realizaram concursos limitados. Para Paulo Guedes, ministro da economia, a
resposta aponta para o “sim”.
Isso, porque no último dia 1º de junho foi publicado no Diário Oficial da União o
Decreto N. 9.739/2019, que estabelece novas regras para a autorização e realização de
concursos públicos. Com o novo decreto, o cadastro de reserva não poderá ultrapassar os 25%
do quantitativo original de vagas, porcentagem que, anteriormente, era de 50%. E isso somente
se a justificativa do órgão federal para a formação de cadastro de reserva for aprovada pelo
Ministério.

A questão é polêmica, pois com as novas regras a preocupação é de que falte pessoas
qualificadas e adequadas para funções fundamentais no serviço público federal. Sem uma
previsão para o fim da suspensão e com o desejo do governo pela terceirização e digitalização
de serviços, o fim dos concursos estará cada vez mais presente.

Além do citado, temos a proposta, como citado acima, a PEC 32/2020 na qual trata-se
de uma Proposta de Emenda à Constituição pelo Poder Executivo que altera regras sobre
servidores públicos e modifica a organização da Administração Pública direta e indireta de
qualquer um dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. A
proposta altera 27 dispositivos da Constituição e introduz 87 novos, sendo quatro artigos
inteiros. As principais medidas tratam de contratação, remuneração e desligamento de
servidores públicos. Seus principais pontos são:

• Fragilização da estabilidade;

• Cargos públicos passam a pertencer ao Governo e não ao Estado;

• Avaliação de desempenho com regras pouco claras e sem segurança jurídica para
os servidores;

• Apadrinhamento político;

• Redução de jornada e salários;

• Falácia da economia (redução nos gastos).

No contexto do governo brasileiro atual, há uma tendência a alterar direcionamentos


tradicionais: por meio de Decreto Presidencial foram estabelecidas novas diretrizes e regras
para o lançamento de concursos públicos.

Ainda, o Ministério da Economia tem apoiado medidas que sustentam a crescente


informatização e terceirização. Esses fenômenos podem levar à dispensa da presença dos
servidores públicos a partir da substituição destes por robôs ou aplicativos.
Apesar de todo esse contexto, o que se observa na prática é a continuidade na realização
de diversos concursos por todo o país. Existem inúmeras vagas abertas para cargos Municipais,
Estaduais e Federais, qualquer que seja o nível de ensino desejado.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O nepotismo se configura como utilização de cargos públicos para beneficiar


parentes para ocupar cargos em comissão onde o parentesco é a fonte do fundamento da
nomeação assim como a manutenção , pois não se imagina que o dirigente irá fiscalizar com o
mesmo rigor o parente, porquanto apesar do ocupante em cargo em comissão ter ingressado
antes do parente gerador da vedação prevista na súmula, a sua continuação no cargo tendo como
subordinado o parente, gera uma natural tolerância que não existiria numa relação sem
parentesco.

Veja que não se pode permitir, na avaliação do nepotismo, um critério subjetivo


para concluir se o parente é ou não beneficiado de forma indevida, esse benefício deve ser
presumido pois como se trata de coisa pública o critério a ser utilizado para proibir deve ser
sempre objetivo, ou seja, se há o parente que possa influenciar no processo de nomeação se
presume indevido o ingresso.

Com isso é até possível, e isso não se questiona, que eventuais injustiças isoladas
sejam cometidas, entretanto, como já dito antes, em nome da moralidade e impessoalidade
(princípios expressos na constituição) devem ser desprezadas as situações isoladas em benefício
de toda a coletividade.

A não aplicação da súmula gera inquestionável violação ao princípio republicano por


seus consectários que são: a isonomia, moralidade e impessoalidade. Ademais, são
inconstitucionais quaisquer medidas que direta ou indiretamente desrespeitar a súmula que, se
não é o meio mais adequado para reprimir atos atentatórios aos princípios citados, é atualmente
o único instrumento democrático e decorrente do estado de direito que o cidadão dispõe para
repreender tais agentes públicos que insistem em administrar o bem comum como patrimônio
particular. Desta forma, gerar a convicção na sociedade que aqueles cidadãos só estão em
posição de poder para beneficiar si próprio e familiares.

A democracia no estado de direito gera a possibilidade de todos os poderes


administrarem, onde a clássica separação entre as funções do Estado traçada por Montesquieu
não vige de forma absoluta, porquanto, ao conduzir os negócios do Estado a sociedade pluralista
tem voz ativa por si ou por seus agentes que não se circunscreve apenas aos eleitos para tal,
mas por todos os agentes públicos de qualquer dos poderes que devem agir sempre em nome
do povo.

A Reforma, na verdade, significa sucateamento e retrocessos para o setor público e para


a sociedade em geral, que terá um serviço público de menor qualidade. O texto permite que a
Administração Pública seja toda composta por temporários e terceirizados, tornando
desnecessário para o gestor realizar concursos públicos. Além disso, a PEC traz uma falácia ao
dizer que todos os servidores efetivos terão a estabilidade assegurada. O texto traz também
hipóteses de desligamento de servidores estáveis por simples declaração de desnecessidade ou
obsolescência de seus cargos.

Quanto aos concursos, é preciso entender de uma vez por todas que os concursos
públicos não vão acabar. Afinal, a máquina pública precisa renovar seus servidores para
continuar em funcionamento e cumprir com seus deveres constitucionais, como o maior deles,
prestar serviço ao público, de maneira eficiente, integra.
REFERÊNCIAS

BÄCHTOLD, Ciro. Noções de Administração Pública. Cuiabá: Ed UFMT; Curitiba: UFPR,


2008.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,


DF, Senado, 1998. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso em:
01 mai. 2022.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1.009.926-SC: Relatora


Ministra Eliana Calmon. Brasília. Julgado em 17.12.2009. Disponível em:
http://jus.com.br/artigos/18512/sumula-vinculante-n-13-stf-contradicoes-no-combate-ao-
nepotismo-no-brasil#ixzz2vVAuMIYS. Acesso em: 01 mai. 2022.

GOMES, Reinaldo. O Nepotismo nas Administrações Públicas e o Direito Fundamental à


Igualdade. Instituto Rui Barbosa, 2019. Disponível em: https://irbcontas.org.br/artigo/o-
nepotismo-nas-administracoes-publicas-e-o-direito-fundamental-a-igualdade/. Acesso em: 01
mai. 2022.

LOZANO, Jose Ricardo Leal. Fundamentos conceituais de administração pública.


Goiânia: UCG-Xerox, 2006.

Supremo Tribunal Federal: Agravo Regimental em Medida Cautelar em Reclamação nº


6650-PR: Relatora Ministra Ellen Gracie. Tribunal Pleno. Julgado em 16/10/2008. Disponível
em:https://www.lfg.com.br/conteudos/artigos/geral/o-que-e-o-nepotismo-e-como-esta-sendo-
aplicado-nos-tempos-atuais. Acesso em: 01 mai. 2022.
Supremo Tribunal Federal. Mandado de Segurança nº 23780-MA: Relator Ministro
Joaquim Barbosa. Tribunal Pleno. Julgado em 28/09/2005. Disponível
em:http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14736327/mandado-de-seguranca-ms-23780-
ma.Acesso em: 01 mai.2022.

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