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Turma: “A”
Beira, 2021 0
Índice
Introdução...................................................................................................................................1
Objectivo geral............................................................................................................................3
Objectivos específicos................................................................................................................3
Metodologias...............................................................................................................................3
1.2.1. Sexualidade..................................................................................................................8
1.3. A Afectividade...............................................................................................................10
Conclusão..................................................................................................................................14
Bibliografia...............................................................................................................................15
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Introdução
O tema deste trabalho justifica-se pela necessidade de reflectir sobre a importância de saber
dos aspectos de vulnerabilidade ao HIV relacionado a anatomia e fisiologia do corpo
feminino. Tema muito importante para nossa vida, saber o porquê as mulheres são muito
vulneráveis ao HIV, o que fez delas serem muito vulneráveis. Ademais, saber sobre os
direitos sexuais, quando surgiram esses direitos. Tão-somente, saber que todo individuo tem
direitos sexuais, mas, este direito não deve ser usado duma forma exagerado, o que nos torna
já vulneráveis. Não obstante, reflectir sobre a sexualidade e afectividade e em fim
compreender sobre sexo e a construção do género.
É relevante estudar este tema, tanto culturalmente, cientificamente. Porque através deste,
resultou-me amplos conhecimentos sobre os aspectos da vulnerabilidade ao HIV relacionado
a anatomia e fisiologia do corpo feminino. A sua importância de saber que na actualidade as
mulheres estão se tornar muito vulneráveis ao HIV, porque usam o seu corpo duma forma
inadequada, isto é, algumas usam o corpo como se fosse algo para gerar rendas e acabam se
infeccionando pelo vírus de HIV.
Quanto a relevância social, com este trabalho, a sociedade saberá com profundidade sobre as
praticas imorais que algumas mulheres fazem na dentro duma sociedade. Essas mulheres,
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nalgumas vezes tiram o bom nome da comunidade porque querem gerar renda usando o seu
corpo e acabam se infectando pelo vírus da HIV.
Outrossim, quanto a relevância científica, com este trabalho, servir-se-á como manual de
apoio nas pesquisas para aquele académico ou estudante que queira saber sobre os aspectos da
vulnerabilidade ao HIV relacionado a anatomia e fisiologia do corpo feminino.
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Objectivo geral
Compreender sobre os aspectos da vulnerabilidade ao HIV relacionado a anatomia e
fisiologia do corpo feminino.
Objectivos específicos
Reflectir e conceituar sobre direitos sexuais; sexualidade e a afectividade; sexo e
género;
Analisar como ocorre o desenvolvimento da sexualidade humana;
Estudar sobre sexo e género.
Metodologias
A realização desse estudo, foi possível mediante de uso das seguintes metodologias:
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1. Aspectos da Vulnerabilidade ao HIV relacionado a Anatomia e Fisiologia do Corpo
Feminino
Delor e Hubert (2000, p. 43) o termo “vulnerabilidade vem sendo usado, em especial, em três
campos: o das catástrofes, o da fome e o da doença mental. Em cada uma dessas situações, o
termo vulnerabilidade é definido de maneira própria e, embora apresentem pontos em comum,
não têm exactamente o mesmo sentido”.
Ayres (1996, p.102) a noção de “vulnerabilidade busca fornecer elementos para avaliar
objectivamente as diferentes oportunidades que todo e qualquer indivíduo têm em se
contaminar, em especial as características individuais e sociais”.
A SIDA, que a princípio era uma doença de carácter dominantemente masculino, nas últimas
décadas vem assumido um carácter feminino, atrelada a essa mudança no perfil dessa
epidemia encontra-se alguns aspectos que favorecem essa vulnerabilidade. Um dos factores
que podem justificar é a juvenilização atrelados a aspectos emocionais, biológicos,
socioculturais, assim como as questões de género (Ayres, 1996, p.103).
A feminização vem no decorrer dos últimos anos sendo preocupação de muitos estudiosos,
podendo ser compreendida a partir de diversos factores: do ponto de vista biológica, a
predisposição da mulher à infecção do HIV se deve a extensão e qualidade da superfície da
mucosa vaginal, somada à concentração e tempo de vida do HIV, significativamente maior do
sémen do que no líquido da mucosa vagina (Jimenez, 2003, p.15).
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A mulher adolescente está cada vez mais tendo relações sexuais com homens mais velhos, o
que a deixa mais vulnerável a infecção pelo HIV e outras DTS, levando em consideração que
esse homem possivelmente teve uma vida sexual mais longa, e consequentemente um maior
número de parceiras. Reflectimos acerca dessas questões e acreditamos que estejam
entrelaçadas com questões voltadas para a postura da mulher diante de suas escolhas. (Dias,
2003, p.18).
Soares (2000, p. 22) com base nos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma
que diariamente mais de 7 mil mulheres de entre 10 a 24 anos no mundo são contaminados
pelo vírus HIV. Dessa forma, a cada minuto, cinco mulheres estão sendo infectados, num total
de 2,6 milhões por ano. Diante de inúmeras constatações acerca da temática na literatura,
pretende-se neste estudo, identificar o conhecimento e comportamento das mulheres sobre
vulnerabilidade ao risco de contrair HIV, considerando as relações de género, sociais e
culturais que estão envolvidas no processo de negociação de comportamentos sexuais seguro.
A condição tende a maximizar os riscos no qual as mulheres podem enfrentar nas situações
quotidianas. A epidemia HIV atingiu inicialmente indivíduos de maior renda, mas a tendência
actualmente é a população de baixo poder económico, afectada pela exclusão social,
desemprego, baixa escolaridade e dificuldade de acesso aos serviços de saúde (Santos, 2004,
p.87).
Dytz (2000, p.80) afirma que “o alvo da atenção das políticas e saúde pública foi e continua
sendo a mulher oriunda de família de baixa renda, que encontra-se mais susceptível de ter
contacto, cada vez mais cedo, com actividade sexuais”. Dados estatísticos revelam alguns
padrões de risco, entretanto não revelam a realidade concreta dessa população alvo, como
também seu nível de qualidade de vida.
Mann (1993, p.155) a vulnerabilidade aumenta a medida que a pessoa inala ou usa qualquer
substância, seja por via oral ou endovenosa, podendo desta forma vir adoptar comportamentos
que a deixa vulnerável a determinadas situações. O consumo de álcool constitui um grave
problema de saúde pública, com complicações que podem atingir a vida pessoal, familiar,
escolar e social do usuário. A acção depressora do álcool no cérebro produz mudanças
emocionais e comportamentais que quando tomada mesmo que em pequenas quantidades é
considerada desinibidora e afrodisíaca.
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Jedás (2004, p.91) evidenciou a vulnerabilidade da mulher em relação à HIV, constatou que
28% das mulheres sexualmente activos fazem uso de álcool antes das relações sexuais. Que
mesmo sabendo avaliar os riscos da HIV, em geral muitos adolescentes se crêem
invulneráveis, outros até saberiam se proteger, porém às vezes não dispõem da habilidade
social para fazê-lo, como também a ansiedade que impedem certos jovens de usar os
preservativos, pois o uso destes exigiria atenção e cooperação de seus parceiros.
Saito (2004, p.20) nos informa que no início do namoro, as mulheres adolescentes costumam
usar preservativos nas relações sexuais, entretanto após algum tempo, eles acreditam que o
anticoncepcional já é o suficiente para evitar o mais temido problema, uma gravidez
indesejada. O amor e a confiança que os adolescentes sentem um pelo outro levam a uma
crença de que o parceiro está livre da HIV, abandonam o preservativo e se tornam
vulneráveis.
Além das questões de género, que envolve o medo de perdê-lo ou até mesmo de serem
rotuladas como “menina fácil” quando solicitado o preservativo ao parceiro, destaca-se algo
muito mais forte, que é o fato de que as mulheres acreditam que estão isentas, e, também que
ao solicitar o preservativo estará pondo em prova a fidelidade de ambos, em especial a do
parceiro, que na concepção destas, acusará sua culpa, é como se fosse um “pacto de amor” à
não adesão ao preservativo. As informações e comportamentos justificam os altos índices em
relação a HIV e gravidez precoce, é o arcaico e actual pensamento mágico: sou imune (Saito,
2004, p.22).
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1.1. Direitos sexuais
Embora o termo direitos sexuais tenha surgido explicitamente com a criação da Rede Mundial
pela Defesa dos Direitos Reprodutivos das Mulheres em 1979, desde o início do século XX
pode-se identificar uma demanda do movimento de mulheres pelo controle da própria
capacidade reprodutiva. Na I Conferência Mundial de Direitos Humanos de 1968, em Teerã,
finalmente reconheceu-se o direito da pessoa a decidir sobre sua reprodução (Santos, 2004,
p.161).
Segundo a definição adoptada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os direitos sexuais
seguem os direitos humanos que já são reconhecidos pelas leis e documentos internacionais
consensuais. Eles incluem o direito de todas as pessoas e repudiam qualquer forma de
coerção, discriminação ou violência, devendo ser protegidos e respeitados (Barzelatto, 1998,
p.2).
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1.2. Sexualidade e afectividade
1.2.1. Sexualidade
Sexualidade é um aspecto central do ser humano durante toda sua vida e abrange o sexo, as
identidades e os papéis de género, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e
reprodução. A sexualidade é experimentada e expressada nos pensamentos, nas fantasias, nos
desejos, na opinião, nas atitudes, nos valores, nos comportamentos, nas práticas, nos papéis e
nos relacionamentos. Embora a sexualidade possa incluir todas estas dimensões, nem todas
são sempre experimentadas ou expressadas. A sexualidade é influenciada pela interacção de
factores biológicos, psicológicos, sociais, económicos, políticos, cultural, éticos, legais,
históricos, religiosos e espirituais (Soares, 2000, p.31).
O conceito de sexualidade é muito mais amplo e, por suas características, restringe-se ao ser
humano. É esse conceito amplo que lhe permite ser tema de interesse multidisciplinar, em que
a Biologia e a Medicina dão conta dos aspectos anatómicos e fisiológicos, a História e a
Sociologia discutem os comportamentos sexuais e suas origens, a Antropologia observa a sua
evolução cultural, a Psicologia, por sua vez, tem se interessado em analisar os sentimentos
envolvidos e como ela se desenvolve no indivíduo.
O conceito de sexualidade também nos remete à compreensão de que o sexo não pode ser
encarado como um ato de puro instinto, pois, como já vimos, o instinto é um comportamento
inato que serve a uma necessidade. O sexo poderia ser encarado dessa forma, na medida em
que serve à reprodução da espécie, como acontece entre animais. No entanto, o homem
distingue-se dos animais pela consciência de existir e por suas características de ser histórico.
Portanto, nele os aspectos instintivos são mitigados e transformados. Na questão sexual, a
escolha do parceiro é feita muito mais pelo prazer que o objecto da escolha nos proporciona
do que pela pressão da necessidade instintiva de reprodução. No homem, o prazer refina o
instinto de reprodução, passando a ser mais determinante e fundamental na sexualidade
(Soares, 2000, p.32-33).
Freud foi um pioneiro no estudo da sexualidade humana. Em 1905, ele publicou um livro,
chamado “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, que causou grande impacto na
sociedade da época. Nele, defende a manifestação da sexualidade em fases muito mais
precoces do desenvolvimento: está presente na criança desde o seu nascimento. É interessante
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observar a ideia que se tinha sobre o assunto no início do século XX e a concepção defendida
por Freud, porque ainda hoje esse tipo de afirmação pode causar inquietação em algumas
pessoas. Em primeiro lugar, a concepção vigente era de que a sexualidade tinha como
objectivo a reprodução, logo, ela somente poderia se manifestar a partir da puberdade,
momento em que o indivíduo começa a se preparar biologicamente para tal tarefa (Bock,
1999, p.126).
A ideia era de que o sexo antes dessa fase estava inactivo e que sua activação se daria com o
surgimento dos harmónios sexuais responsáveis por activar a puberdade. Sendo assim, como
imaginar que um bebé recém-nascido pudesse ter vida sexual? Freud observou que logo ao
nascer a criança apresenta o reflexo da sucção, fundamental para sua alimentação e
consequente sobrevivência. Para ele, esse reflexo é acompanhado do prazer do contacto da
sua mucosa bucal com o seio materno, e isso era óbvio porque se fosse uma experiência
desagradável, o reflexo não se fixaria.
Outro conceito que Freud desenvolve com relação à sexualidade é o de libido, palavra que
deriva do latim e significa desejo, anseio. Refere-se, segundo a Psicanálise, à “energia” que
move os impulsos da vida, dentre os quais o mais importante é o impulso sexual. A libido
pode ser aumentada, diminuída e tem como característica importante a mobilidade,
localizando-se em várias partes do corpo alternadamente (Bock, 1999, p.127-128).
A terceira fase é a fálica, que ocorre por volta dos quatro anos e caracteriza-se pela
localização da libido nos órgãos genitais. Nesta, há a “descoberta” da genitália e a
preocupação com a diferença entre os sexos. É importante salientar que essa fase, apesar de
expressar uma preocupação da criança com os órgãos genitais, ainda não representa a
sexualidade adulta. É ainda uma fase exploratória e de curiosidade. A criança toca seu próprio
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sexo, procura conhecer como é o sexo do coleguinha, preocupa-se em saber como é o corpo
de um adulto (Bock, 1999, p.129-130).
Foucault (1998, p.10), o termo sexualidade surgiu no século XIX, marcando algo diferente do
que apenas um remanejamento de vocabulário. O uso desta palavra é estabelecido em relação
a outros fenómenos, como o desenvolvimento de campos de conhecimento diversos; a
instauração de um conjunto de regras e de normas apoiadas em instituições religiosas,
judiciárias, pedagógicas e médicas; mudanças no modo pelo qual os indivíduos são levados a
dar sentido e valor a sua conduta, desejos, prazeres, sentimento, sensações e sonhos.
Sexualidade é o que há de mais íntimo nos indivíduos e aquilo que os reúne globalmente
como espécie humana. Está inserida entre as “disciplinas do corpo” e participa da “regulação
das populações”. Sendo um “negócio de Estado”, tema de interesse público, pois a conduta
sexual da população diz respeito à saúde pública. De facto falar em sexualidade, é o mesmo
que se referir a algo particular que caracteriza cada indivíduo, envolvendo as áreas dos
relacionamentos que se tem e como estes lidam com a personalidade, moral, sentimentos e
envolvimentos pessoais (Foucault, 1998, p.12).
1.3. A Afectividade
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satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou de tristeza” (Codo &
Gazzotti, 1999, p.48-59).
A dimensão afectiva que é de fundamental importância para Wallon, seja do ponto de vista da
construção da pessoa, como do ponto de vista do conhecimento, é portanto marcante para o
desenvolvimento da humanidade que se manifesta a partir do nascimento e estende-se pelo
primeiro ano de vida da criança. Wallon explica que uma criança sadia, quando já está se
relacionado afectivamente bem com o meio que a cerca, em particular com sua mãe, sente
necessidade de ser objecto de manifestações afectivas para que, assim, seu desenvolvimento
biológico seja perfeitamente normal (Dantas, 1992, p.85).
Assim, vemos que para Wallon, afectividade, além de ser uma das dimensões da pessoa, é
uma das fases mais antigas do desenvolvimento humano, pois quando este, tão logo deixou de
ser puramente orgânico passou a ser afectivo e, da afectividade lentamente passou para a
racionalidade. A afectividade e a inteligência estão imbricadas, havendo um predomínio da
primeira e, mesmo havendo logo uma diferenciação entre as duas, haverá uma permanente
reciprocidade entre elas, e “ao longo do trajecto elas alternam preponderâncias, e a
afectividade reflui para dar espaço à intensa actividade cognitiva assim que a maturação põe
em acção o equipamento sensório-motor necessário á exploração da realidade” (Dantas, 1992,
p.87).
Quando Wallon coloca a afectividade em primeiro lugar, é porque é ela, através da emoção
que é uma impressão corporal de uma estado interno, que faz a comunicação, o intercâmbio
entre os indivíduos, e provoca as primeiras representações, figurações e que, adquirem
consistência nos movimentos (Dantas, 1992, p.90).
Briggs (2000, p.7) estabelece a importância da afectividade na vida de uma criança afirmando
que: “ajudar as crianças a desenvolver sua auto-estima é a chave de uma aprendizagem bem
sucedida”. Sendo assim, as interacções dos professores serão mais objectivas e frutíferas se a
convivência com os seus alunos lhe proporcionarem satisfação por eles serem quem são e
serem como são. É por meio da afectividade que formamos nossos laços, ou seja, construímos
vínculos tornando-nos mais felizes, pois através de relações sadias, naturalmente com
equilíbrio, nossa personalidade e identidade, demonstra um sujeito independente se
reconhecendo e aceitando mutuamente, possuindo autoconhecimento e sendo livre.
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1.4. Sexo e Género
A palavra sexo, de acordo com o Dicionário Novo Aurélio (1986, p.1.580), originária do
latim sexu, consiste na “conformação particular que distingue o macho da fêmea, nos animais
e nos vegetais, atribuindo-lhes um papel determinado na geração e conferindo-lhes certas
características distintivas”. Diz respeito, portanto, aos aspectos biológicos apenas. Podemos
entender, então, que sexo é diferente de sexualidade. O Sexo nos confunde, não só por estar
literalmente relacionado com a mistura de dois seres distintamente diferentes, abrindo-nos uns
para os outros da maneira mais profunda. Isto, para os seres que se relacionam de forma
sexuada, voltado para o ato da reprodução.
Para as ciências sociais e humanas, o conceito de género se refere à construção social do sexo
anatómico. Ele foi criado para distinguir a dimensão biológica da dimensão social, baseando-
se no raciocínio de que há machos e fêmeas na espécie humana, no entanto, a maneira de ser
homem e de ser mulher é realizada pela cultura. Assim, género significa que homens e
mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia de seus corpos. Por
exemplo, o facto de as mulheres, em razão da reprodução, serem tidas como mais próximas da
natureza, tem sido apropriado por diferentes culturas como símbolo de sua fragilidade ou de
sujeição à ordem natural, que as destinaria sempre à maternidade (Dytz, 2000, p.80).
Barbiere (1993, p.30) “os sistemas de género/sexo são o conjunto de práticas, símbolos,
representações, normas e valores sociais que as sociedades elaboram a partir de uma diferença
da anatomia e fisiológica e que dão sentido à satisfação dos impulsos sexuais, à reprodução
humana e em geral ao relacionamento entre as pessoas. (...) Os sistemas de sexo/género são,
portanto, o objecto de estudo mais amplo para compreender e explicar o par subordinação
feminina. A categoria de género busca o(s) sentido(s) do comportamento de homens e
mulheres como seres socialmente sexuados, ou seja, considera uma série de determinações
sociais sobre as mulheres e os homens que se expressam e as quais respondem os
comportamentos de cada um.
Mas o conceito de género não ingressou no feminismo sem um imenso debate e controvérsias
que, a rigor, continuam até hoje. Determinadas feministas alegavam ou alegam que a
categoria género invisibiliza a categoria mulher, por exemplo. De qualquer maneira, género
não é nunca sinónimo de mulher, pois tanto homens quanto mulheres possuem género. De
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alguma forma, a categoria género também abriu espaço para pensar as masculinidades,
estejam elas presentes em corpos lidos como femininos ou masculinos (Barbiere, 1993, p.32-
33).
O conceito de género, foi elaborado para evidenciar que o sexo anatómico não é o elemento
definidor das condutas da espécie humana. As culturas criam padrões que estão associados a
corpos que se distinguem por seu aparato genital e que, através do contacto sexual, podem
gerar outros seres, isto é, a reprodução humana. Estas dimensões se cruzam, mas uma
dimensão não decorre da outra. Ter um corpo feminino não significa que a mulher deseje
realizar-se como mãe. Corpos designados como masculinos podem expressar gestos tidos
como femininos em determinado contexto social, e podem também ter contactos sexuais com
outros corpos sinalizando uma sexualidade que contraria a expectativa dominante de que o
“normal” é o encontro sexual entre homem e mulher (Barbiere, 1993, p.37).
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Conclusão
Pode-se afirmar que a sexualidade e suas formas de expressão são produções humanas e,
como tais, estão sujeitas a uma série de determinantes socioeconómicos. Assim, as
desigualdades de direito e de fato que observamos quando falamos de mulheres são produções
históricas, e, portanto, passíveis de mudanças. Da mesma forma, é possível a superação de
outros tipos de preconceito sexual.
A sexualidade é uma das dimensões do ser humano que envolve género, identidade sexual,
orientação sexual, erotismo, envolvimento emocional, amor e reprodução e, portanto, não
pode ser alienada das características humanas.
A sexualidade constitui-se em uma categoria de análise mais ampla, que considera as relações
de poder, os referenciais de classe, as relações entre os géneros, a diversidade sexual, os
aspectos sociais, históricos, políticos, económicos, éticos, étnicos e religiosos. A sexualidade
compreende também os conceitos de linguagem, corpo e cultura. Portanto, a sexualidade,
como outros saberes, não é dada ou “natural”, mas sim construída por sociedades que
possuem intencionalidade nessa construção.
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Bibliografia
Ayres, R.C.M. (1996). HIV, AIDS, DST e abuso de drogas entre adolescentes:
vulnerabilidade e avaliação de acções preventivas. São Paulo: Casa de Edição.
Czeresnia, D; Santos, E.M; Barbosa, R.H.S; e Monteiro, S.(1995). AIDS: Pesquisa social e
Educação. São Paulo, Hucitec Abrasco.
Dytz, J.L.G. (2002). O modo de vida e seu impacto na saúde reprodutiva da adolescente de
baixa renda: Um encontro da Enfermagem com o adolescente. Brasília, ABEN.
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Soares, M. (2000). HIV Contamina 5 por minuto. In: Jornal o Povo. Fortaleza.
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