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Empreitada

A Obra
Art. 1207º → parte obriga-se a realizar uma obra mediante um preço

No que consiste uma obra?


● Construção, criação, reparação, modificação, demolição ou destruição de uma coisa móvel ou imóvel

Doutrina maioritária (Batista Machado, Pires de Doutrina maioritária (Pedro de Albuquerque):


Lima, Romano Martinez, Menezes Leitão): ●A obra intelectual também é passível de ser objeto de
●Noção de obra abrange apenas e só um resultado empreitada (desde que se verifiquem os elementos
material, excluindo-se a obra intelectual típicos do contrato de empreitada):
→ Regime empreitada tem em vista coisas corpóreas → Existência de um corpus mechanicum
→ Na encomenda de obras intelectuais não existe um → O resultado exteriorizar-se numa coisa concreta,
plano convencional corpórea ou incorpórea, suscetível de entrega e
→ Nas obras artísticas deve admitir-se que o criador se aceitação
desvincule da prestação que não conseguir cumprir ao → O resultado ser específico e concreto (puder ser
contrário da empreitada separado do processo produtivo)
● Consequência: classificam-se como prestações de → O resultado deve ser concebido e alcançado em
serviço atípicas (regime do mandato → art. 1156º) conformidade com um projeto

O Preço
Art. 1207º → empreitada é um contrato oneroso – exigência de uma contraprestação e da fixação desse valor
● Sempre que não seja possível distinguir uma contraprestação monetária estamos perante um contrato atípico
Art. 1211º/2 e 883º → o preço não tem de ser delimitado é partida

Estabelecimento do preço:

Empreitada por preço global: Empreitada por percentagem:


●O preço é fixado globalmente, independentemente das ● A remuneração encontra-se por contabilização dos
quantidades de trabalho e de materiais a realizar custos que o empreiteiro teve na realização da obra, que
efetivamente → assunção do risco pelo empreiteiro (a lhe são reembolsados, acrescidos de um valor que resulta
obra pode sair mais cara ou mais barata do que o de uma razão/percentagem, a título de margem de lucro
acordado) → maior risco para o empreiteiro (a remuneração ficará
Empreitada por artigo, por medida ou sempre limitada á percentagem previamente delimitada
(apesar de ser vantajoso na parte em que sabe sempre
por tempo de trabalho: qual será o reembolso pelos custos) e é extremamente
● É feita uma fixação prévia dos preços unitários, sendo vantajoso para o dono da obra (pode controlar os custos)
o preço final a multiplicação dos preços peças
quantidades utilizadas → ambas as partes assumem
algum risco (o empreiteiro sofre com a fixação prévia e
unitária dos custos e o dono da obra sofre pelo
desconhecimento das quantidades exatas e necessárias)
Direito do Dono da Obra
Aquisição e Receção da Obra:

● Art. 1208º → Corresponde á satisfação do interesse Não (Pedro de Albuquerque):


patrimonial do dono da obra – é feito de acordo com o (1) reconhecimento ao empreiteiro da possibilidade de
que fora convencionado
impor alterações ao projeto ao dono da obra (mas não
● Implica o cumprimento de todas as regras da arte a possibilidade de pôr termo ao contrato)
aplicáveis á atividade do empreiteiro (incluindo a boa-fé (2) caso o dono da obra não concorde com as
→ art. 762º/2 → implica que o empreiteiro dê conta ao
alterações, não pode exigir o cumprimento nos termos
dono da obra de problemas já que o que se pretende é iniciais, mas pode sempre opor-se a que tais alterações
uma obra sem vícios) → a violação destes deveres pode se concretizem, pondo termo ao contrato (art. 1229º)
dar lugar a incumprimento defeituoso
(3) caso o dono da obra continue a insistir no
● Tem o dono da obra o direito de receber uma
cumprimento do contrato e a execução do projeto que
prestação desconforme com as regras da arte ou outras conduza a consequências nefastas para o empreiteiro,
que regulem o exercício da atividade do empreiteiro? admite-se que o empreiteiro resolva o contrato
(caso em que o empreiteiro nota que a execução do
→ É a solução mais adequada porque o empreiteiro,
projeto nos temos convencionados colocaria riscos de
apesar de ficar exonerado de responsabilidade criminal
segurança):
não fica de responsabilidade civil; não é certo o
Sim (Vaz Serra): se o dono da obra, adequadamente
entendimento de que o único interesse em jogo é o do
informado, continua a insistir na execução nos termos dono da obra uma vez que o empreiteiro também tem
convencionados, o empreiteiro deve cumprir, ficando uma reputação profissional; é a solução mais consoante
exonerado de responsabilidade com o art. 1215º

Fiscalização da Obra:
● Art. 2109º → o dono da obra pode fiscalizar o processo ● A hipótese de o dono da obra ter, não apenas a
de execução da mesma, sempre de acordo com a boa- possibilidade, mas o conhecimento de o empreiteiro se
fé (não prejudicando a execução) encontrar em desvio face ao plano convencionado e
● Podem as partes afastar o direito do dono da obra de nada dizes vindo mais tarde a invocar direitos
fiscalizar a sua execução? relativamente aos defeitos de execução:
Menezes Leitão → 1209º é injuntivo → tal possibilidade Menezes Leitão → interpretação literal: poderá
tornaria o contrato numa compra e venda de coisa futura efetivar uma situação de renúncia
Pedro de Albuquerque → o poder de fiscalização é Pedro de Albuquerque:
essencial á qualificação como empreitada (1) Regra geral: a fiscalização satisfaz um interesse do
● art. 1209º/2 → o exercício dos poderes de fiscalização dono da obra e não garante, ao empreiteiro, uma
não implica uma renúncia aos direitos resultantes de uma instância de controlo externo, logo, não afasta a
má execução (tal renuncia só acontece quando o dono existência de um cumprimento defeituoso (fiscalização
da obra der o expresso consentimento á forma como a não pode funcionar de forma desvantajosa para o dono)
obra está a ser executada) (2) Apesar disso o contrato de empreitada rege-se por
deveres de boa-fé, assim, havendo conhecimento efetivo
dos errões, não há lugar a benefício pelo dono da obra
Deveres do Dono da Obra
Pagamento do Preço:
● Art. 406º, 1214º e 1217º → Dever principal do dono da Falta de pagamento → permite ao empreiteiro
obra invocar a exceção de não cumprimento (art. 428º),
Tempo → no momento de aceitação da obra - art. recusando-se a executar a obra até que este ocorra
1211º/2 (supletivo) (leva a indemnização por danos moratórios e pode
converter-se em incumprimento definitivo levando á
resolução do contrato)

Verificação e Aceitação da Obra:


● Art. 1218º/1 → O dono da obra deve verificá-la após a Consequências da aceitação:
sua conclusão e antes da sua aceitação: visa confirmar 1. transferência da propriedade → art. 1228º/2
a concordância da obra com o acordado
2. transferência do risco → art. 1219º/1 e 2
Posição jurídica do dono da obra quanto á
3. irresponsabilidade do empreiteiro pelos vícios
verificação:
conhecidos do dono da obra e não ressalvados e pelos
● Ónus do dono da obra (Pedro de Albuquerque): o vícios aparentes que se presumem conhecidos → art.
dono da obra pode escolher não realizar, importando 1224º/1
isso um conjunto de consequências potencialmente 4. vencimento da obrigação de pagamento → art.
negativas 1211º/2
● Direito do dono da obra ● Aceitação com reservas: ocorre se a obra tiver
●Dever do dono da obra: resulta do art. 1228º71 defeitos, mas o dono da obra aceita (prescinde dos
Prazo → art. 1218º/2 (supletivo) direitos que o assistem)
Comunicação – deve ser comunicado ao empreiteiro ● Aceitação sem reservas: ocorre se o dono da obra
aceitar a obra, sem quaisquer menção de defeitos
o resultado da verificação → art. 1218º/4 8empreitado exonerado de defeitos conhecidos)
● Na falta de verificação ou comunicado, o silêncio tem
valor de aceitação sem reservas → art. 1218º/5 e 1219º/1
Direito do Empreiteiro
Receção do preço

Direito de Retenção:

● Art. 754º → O empreiteiro tem o direito a retenção Requisitos:


da obra e demais objetivos que deva entregar
(1) detenção legítima da coisa
● Objetivo: repor equilíbrio do contrato (2) detentor ser credor do titular da coisa
● Pode ser exercido sobre coisa de terceiro?
(3) conexão entre a coisa e o direito de crédito
Doutrina maioritária (Pedro de Albuquerque) →
sim, desde que o empreiteiro tenha adquirido a posse
por título legitimo

Deveres do Empreiteiro
Realização da obra: Fornecimento de Materiais:
● Art. 1208º → deve ser realizada de acordo com ● Art. 1210º/1 → devem ser fornecidos pelo empreiteiro
critérios específicos uma vez que se pretende uma (supletivo) e devem ser de qualidade média → art.
obra sem vícios ou faltas de qualidade (boa-fé → art. 1210º/2
762º/2) ● E se forem de qualidade inferior á média? →
Regras de arte → regras standard: na falta de acordo cumprimento defeituoso (art. 1220º)
entre as partes, representam aquelas objetivamente ● E se forem de qualidade acima da média? → não há
consideradas, de conhecimento do empreiteiro lugar á revisão do preço, por vontade unilateral do
Diligencia exigida → diligência média (resulta dos empreiteiro (art. 1215º)
temos do acordo, pode ser que o empreiteiro tenha Entrega da Coisa:
sido escolhido pelas suas habilidades especificas → art.
● Consiste no memento do cumprimento da obrigação
236º)
e depende de um prazo
Não cumprimento → se não for realizado no prazo
● E se as partes não estipularem um prazo?
convencionado leva a mora do empreiteiro (art. 805º/2
Romano Martinez → obrigação natural → art.
a), exceto se for imputável ao dono da obra
(prorrogação do prazo) 777º/2
Prazo → se não for estipulado estamos perante uma Pedro de Albuquerque e Menezes Leitão →
obrigação natural → art. 777º/2 depende da interpelação pelo dono da obra – art 777º/1

Guarda e Conservação da Coisa

Outros Deveres Acessórios:


● Entrega de todos os documentos pertinentes á obra
● Deveres de infirmação de forma leiga e sem deter
informação
Propriedade e Risco
Transferência de Propriedade:
Art. 1212º → Exceção às regras gerais de transferência Empreitada de coisa imóvel:
de direitos reais, por efeito do contrato → art. 408º ● Se o solo/superfície pertencerem ao dono da obra
Empreitada de coisa móvel: → o dono da obra é proprietário da coisa ainda que os
materiais tenham sido fornecidos pelo empreiteiro (a
● Se os materiais foram no todo ou maioritariamente
propriedade destes vai se transmitindo á medida que
fornecidos pelo empreiteiro – a propriedade transmite-
são incorporados no solo) → art. 1212º/2
se com a aceitação da obra por parte do dono da obra
→ art. 1212º/1 1ºparte ● Se o solo/superfície pertencerem a terceiro → a
transferência de propriedade ocorre se e quando se
● Se os materiais são do dono da obra → ele não
verificar a transferência da propriedade do solo para o
perde a propriedade sobre eles e adquire-a sobre a
dono da obra
obra completa, quando esta é transmitida → art. 1212º/1
2º parte Regência: omissão voluntária: estamos perante um
contrato misto/atípico onde, juntamente com a
obrigação de realizar a obra, o empreiteiro faz a
promessa de vender o imóvel

Risco de Deterioração ou Perecimento:


Art. 1228º → Princípio geral (art. 796º/1) de que o risco Exceção → risco corre por conta do dono da obra
corre por conta do proprietário da coisa nas situações em que este esteja em mora quanto á
● Perda e deterioração dos materiais por incorporar → aceitação e á verificação
regime do 1228º/1

Subempreitada
Art. 1213º → contrato pelo qual um terceiro se obriga Substitutos: tomam a posição do empreiteiro na
para com o empreiteiro a realizar a obra a que este se execução da obrigação principal e o fazem com
encontra vinculado, ou parte dela autonomia de meios
Art. 1213º/1 → regime do subcontrato: empreiteiro fica, Art. 264º/1 → requer aceitação do dono da obra, que o
em relação ao subempreiteiro, na mesma posição do contrato base o permita e que seja necessário para a
dono da obra em relação ao dono da obra: execução do contrato
(1) o regime da empreitada é aplicável á subempreitada Auxiliares: meros prestadores de apoio material ao
→ exceto os preceitos que tenham em vista a
empreiteiro, enquanto este executa, por si, as
proteção do dono da obra (o empreiteiro não está na
prestações assumidas
mesma posição → art. 1214º/3)
Art. 264º/4 → só não é permitido se a procuração o
(2) a subempreitada é um contrato subordinado ao
impedir ou se tal resultar da natureza do ato a praticar
contrato de empreitada, logo, está numa relação de
● Geralmente admite-se a subempreitada, exceto se se
dependência com este
demonstrar que o contrato foi celebrado em função de
Admissibilidade: particulares qualidades do empreiteiro (infungibilidade da
Em que momento é possível a subcontratação? prestação)
→ art. 1213º/2 (remete ao art. 264º): nos momentos em
que seja possível a subcontratação – depende se
estamos perante um substituto ou um auxiliar:
Inadmissibilidade: Relação do Dono da Obra e do
Consequências: Subempreiteiro:
● Alguma doutrina → nulidade do contrato Art. 1226º → empreiteiro é colocado como intermédio
Pedro de Albuquerque → responsabilidade da responsabilidade
contratual do empreiteiro perante o dono da obra e ● Há que ter em conta que a subempreitada é uma
inoponibilidade do contrato de subempreitada substituição do empreiteiro na execução da prestação,
→ se for detetada durante a execução da obra: pode pelo que há associação indubitável entre os fins de
ser impedida pelo dono da obra ambos os contratos → retira-se, assim, um interesse
direto do dono da obra na prestação do subempreiteiro
→ se for realizada a subempreitada em contrato
→ deve estabelecer-se algum tipo de relação próxima
realizado em função das qualidades do subempreiteiro:
cumprimento defeituoso Pode o subempreiteiro exigir o pagamento do
preço da subempreitada ao dono da obra? →
Posição do Empreiteiro:
Pedro de Albuquerque: sim → dono da obra benefício
● O empreiteiro não fica exonerado da sua diretamente do trabalho do subempreiteiro e este tem
responsabilidade: é responsável por todos os defeitos direito de retenção sobre a coisa e pode exercê-lo
da obra, ainda que derivem de culpa do subempreiteiro contra o dono da obra.
→ art. 800º Pode o dono da obra exigir ao subempreiteiro
● Empreiteiro dispõe de direito de regresso face ao a reparação dos defeitos da obra?
subempreiteiro →art. 1226º
● Pedro de Albuquerque: ação direita (não é contrária
Pedro de Albuquerque → limita este direito nas
ao art. 1226º)
situações em que o empreiteiro haja aceitado sem
● Menezes Leitão: nega ação direta (a relação é entre
reservas a prestação do subempreiteiro, existindo vícios
o dono da obra e o empreiteiro)
aparentes dessa prestação, depois detetados e
denunciados pelo dono da obra
● O não pagamento pelo dono da obra ao empreiteiro
não é fundamento para o não pagamento da obra pelo
empreiteiro ao subempreiteiro, se tal não resultar do
contrato
Alterações ao Plano Convencionado
Art. 1214º a 1217º: Alterações da Iniciativa do
NOTA: o dono da obra pode emitir simples instruções
complementares ao projeto, ou o empreiteiro pode Empreiteiro:
fazer pequenos ajustes que estejam dentro da margem Art. 1214º/1 → estão vedadas → uma modificação tem de
de previsibilidade → não representam uma alteração ao estar sujeita á vontade de ambas as partes (art. 406º/1)
plano ● Nos casos em que o empreiteiro considere o plano
Alterações Necessárias: convencional alterado, a proposta deve ser feita ao dono
da obra, que só mediante aceitação deste se torna uma
Art. 1215º → ocorrem se as regras técnicas ou a
alteração eficaz → art. 406º/1 → caso sejam realizadas
salvaguarda de direitos de terceiro exigiram a introdução sem a correspondente alteração, o dono da obra pode
de modificações ao plano convencionado – derrogação aceitá-las (tem-se por obra defeituosa) e não fica
do princípio da estabilidade dos contratos (art. 406º/1) → obrigado a aumentar o preço (funciona como uma
admite-se uma alteração unilateral que resulta de fatores penalização ao empreiteiro)
externos as partes
Pedro de Albuquerque → art. 1214º/2 deve ser alvo
Art. 1215º/2 → possibilidade de o empreiteiro denunciar o
de interpretação restritiva → nos casos em que a
contrato, se o preço for elevado em mais de 20% face
alteração resulte numa valorização objetiva e não se
ao inicialmente considerado, exigindo uma indeminização
verificar qualquer desvalorização subjetiva, este solução
equitativa
torna-se abusiva (afasta-se a parte do artigo que tem a
● No caso de as alterações comportarem uma diminuição coisa como defeituosa (1ºparte) mas não a parte que
de custos para o empreiteiro - o dono da obra tem impede que se invoque o enriquecimento sem causa)
direito á diminuição da contraprestação a pagar ao
Art. 1214º/3 → exceção
empreiteiro
Art. 1216º/3: o empreiteiro mantém o direito á Alterações da Iniciativa do Dono da
remuneração, deduzida apenas do que eventualmente Obra:
tenha utilizado em outras aplicações da sua atividade
● Quando não há acordo acerca da natureza necessária Art. 1216º → nas alterações impostas pelo dono da obra
das alterações, quais as consequências aplicáveis ao não funciona o art. 406º: podem ser impostas
empreiteiro que executa as alterações? unilateralmente pelo dono da obra
Limites → art. 1216º/1:
Pedro de Albuquerque:
● Se o dono da obra aceitar a obra não se justifica uma ● Limites qualitativos → não pode alterar a natureza da
consequência negativa para o empreiteiro obra (tem de se limitar a algo que ainda compreendido
possa ser considerado necessário, oportuno e proveitoso
● Se o dono da obra demonstrar que as alterações não
correspondem á sua planificação poderá exigir a sua ● Limites quantitativos → a alteração não pode exceder

eliminação (art. 1214º/2 1º parte) a quinta parte do preço estipulado


NOTA: o dono da obra não pode exigir o cumprimento Art. 1216º/ e 219º → Liberdade de forma de comunicação
da obra sem essas alterações necessárias, pode apenas ● Estado verificados os requisitos, o empreiteiro fica
exigir que essas alterações não se realizem (o vinculado á realização das alterações – pode comportar
empreiteiro pode recusar-se a efetuar a obra) consequências para o equilíbrio contratual – art. 1216º/2
e 3 corrigem esse desequilíbrio: aumento do preço e do
prazo da obra
● Pode o empreiteiro renunciar, antecipadamente, por
meio de clausula contratual, ao direito de receber
compensação? → proibição de disposição de direitos
futuros
Responsabilidade do Empreiteiro
● Regime geral do incumprimento das obrigações
● No caso do cumprimento defeituoso, está sujeita ao regime especial da empreitada
(4) fornecimento de bens móveis como prestação
Vícios de Direito:
acessória, que são objeto de limitações
(1) terreno sujeito a ónus ou limitação (5) se pressupuser entrega da obra devidamente
(2) projetos/patentes tutelados por direitos de licenciada e tal não acontecer
propriedade intelectual a favor de terceiros ● Aplica-se o regime da compra e venda de bens
(3) garantias a favor de terceiros sobre a obra, antes da onerados → art. 905º e 939º
transferência de propriedade

Responsabilidade por Defeitos


Defeitos da Obra: Irresponsabilidade do Empreiteiro:
Art. 1208º e 1218º → defeito de obra = desconformidade Art. 1219º → prevê situações em que o empreiteiro não
entre a prestação devida e a prestação efetuada: é responsabilizado:
Vícios = divergência entre a obra realizada e um (1) aceitação da obra, com conhecimento dos defeitos
padrão comum, determinado segundo os regras da da mesma
arte (2) presumem-se conhecidos os defeitos aparentes
Desconformidades em sentido estrito = (3) aceitação sem reservas não desresponsabiliza o
divergência em relação ao estipulado entre as partes empreiteiro em relação a defeitos ocultos
● Prova de defeitos pertence ao dono da obra → art. ● Como saber se um defeito é aparente ou oculto? →
342º/1 distinção resulta de um dever de conhecimento (o
● Como distinguir cumprimento defeituoso e
desconhecimento com culpa equivale ao
conhecimento), é feito de acordo com o critério do
incumprimento parcial:
bonus pater familias → a natureza do defeito depende
→ Cumprimento defeituoso = vício qualitativo
das circunstâncias concretas e do dever de
→ Incumprimento parcial = vício quantitativo conhecimento aplicável e exigível
Denúncia dos Defeitos:
Art. 1220º → prazo de 30 dias (a contar a partir da
descoberta)
Pedro Albuquerque → prazo de 2 e 5 anos para a
descoberta
Art. 1220º/2 → reconhecimento do defeito pelo
empreiteiro equivale á denuncia
Remédios
Recusa da Obra: Redução do Preço:
Art. 1224º → “primeiro” direito do dono da obra, que Art. 1222º/1 → ocorre em 3 situações:
deve justificar a recusa e indicar meios para a ultrapassar 1. despesas desproporcionadas
● Impede a transmissão da propriedade da coisa (art. 2.. eliminação dos defeitos/nova construção forem
1212º), continuando o risco a decorrer por conta do impossíveis
empreiteiro (art. 1228º) 3. empreiteiro se recusar a cumprir
● Háalgum dever de aceitação? SIM – nas situações em ● Não representa uma indeminização, mas uma forma
que a obra é de acordo com o plano convencionado e
de restabelecer o equilíbrio entre as partes (obra perde
sem vícios valor)
Eliminação dos Defeitos e ● Faz-se mediante regras da compra e venda (art.
1222º/2 e 884º) – deve ser feita a diferença entre o
Realização de Nova Obra:
preço acordado e o valor real da obra com defeitos
● Meio de garantir o cumprimento perfeito do contrato
Resolução do Contrato:
Art. 1221ºss → deve funcionar a eliminação dos defeitos:
só se esta não for possível ou desproporcionada é que Art. 1222º/1 → sujeita as mesmas 3 situações que a
funciona a realização de obra nova (art. 1221º/1 ); não se redução do preço – para além disso depende de a obra
aplica se as despesas forem desproporcionadas (art. se ter tornado inapropriada para o fim (é exigido um
1221º/2); nestes casos aplica-se a redução do preço ou, requisito de gravidade, para defeitos menores opera a
em última instância, a resolução do contrato redução)
● Há um dever do empreiteiro de eliminar os ● Efeitos: dono da obra não está obrigado ao pagamento

defeitos/construir nova obra do preço e se já o tiver pago este deve ser restituído
● O dono da obra pode fixar um prazo razoável para o Indemnização:
cumprimento, caso o empreiteiro não o cumpra entra
Art. 1223º → subsidiária
em mora (art. 805º)
● Podem ser exercidos estes direito ainda durante a
● Serve para ressarcir os prejuízos não eliminados
integralmente pelo exercício dos direitos à eliminação
obra?
dos defeitos, nova construção e redução do preço
Pedro de Albuquerque – SIM:
● Discute-se se, no caso de resolução, a indemnização
- não se trata de uma ordem inovadora, antes chamar deve abranger:
ao correto cumprimento da obrigação (não se aplica o (1) interesse contratual negativo (resolução opera
argumento de Romano Martinez de que não há uma retroativamente e o dono da ora pretende ser colocado
subordinação)
na posição que estaria se o contrato não houvesse sido
- seria desadequado á luz da boa-fé permitir o realizado)
empreiteiro realizar a obra com defeitos (2) interesse contratual positivo
- redundaria em perda de tempo
Extinção do Contrato
Nos Termos Gerais: Desistência do Dono da Obra:
Art. 1229º → forma de extinção unilateral, sem
(1) cumprimento
necessidade de motivo justificativo, suscetível de ser
(2) revogação por acordo mútuo invocados todo o tempo e cujos efeitos se produzem
(3) caducidade apenas para o futuro – abuso de direito e boa-fé podem
(4) resolução por incumprimento sempre ser invocados
(5) resolução por alteração das circunstâncias ● A doutrina discute se há a exigibilidade de um aviso
(6) denúncia prévio → Pedro Albuquerque: NÃO
● Consequências: dever de indemnizar o empreiteiro →
Regimes Específicos:
responsabilidade civil por facto lícito ou pelo sacrifício
Impossibilidade Objetiva de Cumprimento não ● A desistência por parte do dono da obra e
Imputável às Parte: harmonizável com a exigência de indemnização por
Art. 1227º → superveniente: leva á extinção de ambas danos causados pelo empreiteiro?
as obrigações e permite o pagamento do trabalho e → Pedro de Albuquerque: SIM
despesas do empreiteiro no caso de a obra já se ter Morte, Extinção, Incapacidade ou Insolvência
iniciado (despesas consumidas = irreversibilidade da do Empreiteiro → Art. 1230º
afetação da despesa sem detrimento da parte da obra
Morte, Extinção, Incapacidade ou Insolvência
já realizada e a ser entregue ao dono)
● Exige-se a impossibilidade efetiva (não basta um mero do Dono da Obra → Art. 1230º
agravamento da dificuldade da prestação), absoluta (a
obra não pode vir a ser realizada por terceiro), definitiva
(impossibilidade não tem um âmbito temporal)

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