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CONTRATO DE EMPREITADA
O conceito de empreitada
76. Noção
No art. 1207º CC define-se empreitada como o contrato pelo qual uma das partes se obriga
em relação à outra a realizar certa obra, mediante um preço.
Do art. 1207º CC infere-se três elementos da empreitada:
1) Os sujeitos;
2) A realização de uma obra; e
3) O pagamento do preço.
É um contrato sinalagmático na medida em que dele emergem obrigações recíprocas e
interpendentes; é um contrato oneroso, porque o esforço económico é suportado pelas duas
partes e há vantagens correlativas para ambas; e é cumulativo, porque as vantagens
patrimoniais que dele emergem são conhecidas, para ambas as partes, no momento da
celebração; trata-se de um contrato consensual, na medida em que, ao não cair sob a
estatuição de nenhuma norma cominadora de forma especial, a validade das declarações
negociais depende do mero consenso (art. 219º CC).
A noção legal de empreitada atende simplesmente ao requisito do resultado[15] e ao critério
da autonomia[16].
No contrato de empreitada, o empreiteiro não é um subordinado do dono da obra, mas
antes um contraente que actua segundo a sua própria vontade, embora ao resultado ajustado,
não existindo, por isso, entre eles o vínculo próprio das relações entre comitente e comissário.
Os sujeitos do contrato de empreitada têm as designações legais de empreiteiro e de dono
da obra. Esta última expressão tem de ser entendida no seu significado técnico e não vulgar.
O dono da obra pode não ser o proprietário da coisa, como resulta expressamente do
disposto do art. 1212º/1 e 2 CC; é simplesmente um dos sujeitos da relação jurídica. Note-se
ainda que o dono da obra podem também ser obrigado a cooperar com o empreiteiro dela,
que dependem da sua participação quer por vontade das partes, quer pela natureza das
coisas.
cláusula ou de uso em contrário, o preço deve ser pago no acto da aceitação da obra (art.
1211º/2 CC).
b) Colaboração necessária
Não constitui uma verdadeira obrigação, mas antes um dever de credor cuja violação faz
incorrer o comitente em mora accipiendi (arts. 813º segs. CC).
c) Aceitação da obra
A violação do dever de aceitar a obra faz incorrer o comitente em mora accipiendi e,
eventualmente, a prestação do preço se vence na data em que a aceitação deveria ter sido
efectuada (arts. 1211º/2, 805º/2-c CC).
Perante a recusa injustificada de aceitação, o empreiteiro poderá consignar a obra em
depósito (arts. 841º segs. CC).
A consignação da obra, é o acto pelo qual o dono da obra (ou o seu representante) faculta
ao empreiteiro os locais onde irão ser executados os trabalhos, bem como os materiais e
plantas complementares do projecto que sejam necessárias para que se possa proceder à
execução.
O prazo fixado para a execução da obra começa a contar-se, não da data da celebração do
contrato, mas sim da consignação da obra, pois só a partir desta última o empreiteiro está em
condições de executar os trabalhos a que se obrigou.
Extinção do contrato
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4/3/2014 CONTRATO DE EMPREITADA
proprietário da obra, aplica-se não só à obra, como também aos materiais nele a incorporar.
A perda ou deterioração da coisa importa a impossibilidade de cumprir a obrigação, e
nesse caso aplicar-se-á, conjuntamente, a disposição do art. 1227º CC. Normalmente, porém,
o empreiteiro não fica impossibilitado de cumprir, havendo apenas que resolver o problema do
risco quanto ao perecimento ou deterioração da coisa.
A disposição do art. 1228º/2 CC – transferência do risco para o dono da obra, se este
estiver em mora, quanto à verificação ou aceitação da obra – inspira-se no princípio geral do
art. 807º/1 CC. Não seria efectivamente justo que o empreiteiro sofresse as consequências da
perda da coisa ou da sua deterioração, se a não entregou por facto imputável ao dono dela.
Responsabilidade do empreiteiro
desde que indemnize o dono da obra pelos danos causados pelo atraso (purgação da mora).
empreiteiro a realização de uma obra nova (art. 1221º/1, 2ª parte CC). Justifica-se esta
solução porque, se o dono da obra não obteve o resultado pretendido, o empreiteiro continua
adstrito a uma prestação do facto positivo.
O empreiteiro não é obrigado a proceder à eliminação dos defeitos mesmo que viável, ou à
realização de uma nova obra se as despesas inerentes forem manifestamente superiores ao
interesse que o comitente daí retiraria (art. 1221º/2 CC).
96. Caducidade
O Código Civil nos arts. 1220º/1, 1224º e 1225º estabeleceu prazos curtos de caducidade
para a denúncia dos defeitos da obra e para o exercício dos direitos que são conferidos ao
comitente nos arts. 1221º segs. CC. Não foram estabelecidos prazos de prescrição, mas de
caducidade que, por conseguinte, não estão sujeitos à interrupção nem à suspensão (art. 328º
CC) e só poderão ser impedidos (art. 311º CC). Caso contrário, os direitos do dono da obra
poder-se-iam protelar no tempo, com o inconveniente da insegurança jurídica que daí adviria
para o empreiteiro.
Estes prazos de caducidade podem ser aumentados por via convencional mas, pelo menos
quanto ao prazo estabelecido no art. 1225º/1 CC não é admitir a sua redução, porque isso iria
afectar os direitos do dono da obra e, principalmente o interesse público na solidez dos
edifícios e de outras construções destinadas a longa duração.
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