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EMPREITADA

Temos como partes:

DONO DA OBRA EMPREITEIRO /


/ COMITENTE / EMPRESÁRIO /
LOCATÁRIO LOCADOR

CONCEITO: Conceituando este contrato, entendemos a empreitada como um negócio jurídico


por meio do qual uma das partes (denominada de “empreiteiro”, “empresário” ou “locador”) se
obriga, sem subordinação ou dependência, a realizar, pessoalmente ou por meio de terceiros, obra
certa para o outro contratante (denominado “dono da obra”, “comitente” ou “locatário”), com
material próprio ou por este fornecido, mediante remuneração determinada ou proporcional ao
trabalho executado.1

Não se confunde com o contrato de trabalho, pois não há subordinação, nem com o contrato de
prestação de serviço, pois a empreitada é voltada para a obra, o resultado propriamente.

Trata-se de um contrato bilateral, oneroso, típico, comutativo, paritário/adesão, consensual,


informal, não solene, personalíssimo ou impessoal, principal e definitivo.
Art. 626 do CC/02: Não se extingue o contrato de empreitada pela morte de
qualquer das partes, salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais
do empreiteiro.

Tem como OBJETO a obra, sendo certo que o conceito de obra não se limita apenas à construção
civil, podendo ser interpretado como um trabalho manual ou intelectual como a criação de um
projeto científico, a feitura de vasos de argila para decoração, a elaboração de um livros, etc.
Não necessariamente terá como objeto a execução propriamente, sendo possível o
desenvolvimento apenas do projeto, por exemplo. É o que se vê do art. 610, §2° do CC/02:

Art. 610 do CC/02: O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só
com seu trabalho ou com ele e os materiais.
§ 1° A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da
vontade das partes.
§ 2° O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de
executá-lo, ou de fiscalizar-lhe a execução.

1
Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Filho, Manual de Direito Civil.
São MODALIDADES da empreitada:
a) EMPREITADA DE LAVOR / EMPREITADA DE MÃO DE OBRA na qual o
empreiteiro entrega apenas a força de trabalho para realização da obra, não estão incluídos
os materiais necessários. Nessa hipótese, via de regra, os riscos correm por conta do dono
da obra e não do empreiteiro.
Senão, Vejamos:
Art. 612 do CC/02: Se o empreiteiro só forneceu mão-de-obra, todos os riscos
em que não tiver culpa correrão por conta do dono.
Art. 613 do CC/02: Sendo a empreitada unicamente de lavor ( art. 610 ), se a
coisa perecer antes de entregue, sem mora do dono nem culpa do empreiteiro,
este perderá a retribuição, se não provar que a perda resultou de defeito dos
materiais e que em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade.

b) EMPREITADA DE MATERIAIS / EMPREITADA MISTA nesse caso o empreiteiro


se obriga não apenas com a realização da obra, como também com o fornecimento dos
materiais necessários. Nessa modalidade, os riscos passam a ser assumidos pelo
empreiteiro:
Art. 611 do CC/02: Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por
sua conta os riscos até o momento da entrega da obra, a contento de quem a
encomendou, se este não estiver em mora de receber. Mas se estiver, por sua
conta correrão os riscos.

A RETRIBUIÇÃO – também chamada de preço da obra – é um requisito para a elaboração do


contrato de empreitada, tendo em vista que trata-se de um contrato oneroso. Contudo a
remuneração poderá ser GLOBAL ou PROPORCIONAL AO TRABALHO EXECUTADO.
Nesse sentido, destacam-se os artigos:
Art. 614 do CC/02: Se a obra constar de partes distintas, ou for de natureza
das que se determinam por medida, o empreiteiro terá direito a que também
se verifique por medida, ou segundo as partes em que se dividir, podendo
exigir o pagamento na proporção da obra executada.
§ 1º Tudo o que se pagou presume-se verificado.
§ 2º O que se mediu presume-se verificado se, em trinta dias, a contar da
medição, não forem denunciados os vícios ou defeitos pelo dono da obra ou
por quem estiver incumbido da sua fiscalização.

Destaca-se que o preço não é variável, não sendo cabível a rediscussão deste após a realização da
obra, salvo disposição contrário. Vejamos:
Art. 619 do CC/02: Salvo estipulação em contrário, o empreiteiro que se
incumbir de executar uma obra, segundo plano aceito por quem a
encomendou, não terá direito a exigir acréscimo no preço, ainda que sejam
introduzidas modificações no projeto, a não ser que estas resultem de
instruções escritas do dono da obra.
Parágrafo único. Ainda que não tenha havido autorização escrita, o dono da
obra é obrigado a pagar ao empreiteiro os aumentos e acréscimos, segundo o
que for arbitrado, se, sempre presente à obra, por continuadas visitas, não
podia ignorar o que se estava passando, e nunca protestou.
Art. 620 do CC/02: Se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão-
de-obra superior a um décimo do preço global convencionado, poderá este ser
revisto, a pedido do dono da obra, para que se lhe assegure a diferença
apurada.

Em relação aos direitos e deveres das partes envolvidas no contrato de empreitada, pode-se
destacar:
a) DIREITO AO PAGAMENTO DO PREÇO DA EMPREITADA /
REMUNERAÇÃO, nos termos acordados, tendo em vista se tratar de contrato
essencialmente oneroso.
b) ACEITAÇÃO DA OBRA, uma vez realizada a obra, não pode o dono da obra rejeitá-la
injustificadamente.
Art. 615 do CC/02: Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do
lugar, o dono é obrigado a recebê-la. Poderá, porém, rejeitá-la, se o
empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das
regras técnicas em trabalhos de tal natureza.

c) PAGAMENTO DE MATERIAIS RECEBIDOS E INUTILIZADOS, hipótese em


que o empreiteiro será obrigado a indenizar o dono da obra.
Art. 617 do CC/02: O empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu,
se por imperícia ou negligência os inutilizar.

d) INALTERABILIDADE DO PROJETO, salvo se for do interesse das partes em fazê-


lo. Vejamos:
Art. 621 do CC/02: Sem anuência de seu autor, não pode o proprietário da
obra introduzir modificações no projeto por ele aprovado, ainda que a
execução seja confiada a terceiros, a não ser que, por motivos supervenientes
ou razões de ordem técnica, fique comprovada a inconveniência ou a
excessiva onerosidade de execução do projeto em sua forma originária.
Parágrafo único. A proibição deste artigo não abrange alterações de pouca
monta, ressalvada sempre a unidade estética da obra projetada.

e) PRAZO DE GARANTIA, em que é fornecido o prazo de 5 anos como garantia pela


solidez e segurança da obra.
Art. 618 do CC/02: Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras
construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá,
durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho,
assim em razão dos materiais, como do solo.
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra
que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias
seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
***
Art. 206 do CC/02: Prescreve:
(...)
§ 3º Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou
vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações
acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização
ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;

f) SUSPENSÃO DO CONTRATO, nos termos dos artigos 623 / 625 do Código Civil:
Art. 623 do CC/02: Mesmo após iniciada a construção, pode o dono da obra
suspendê-la, desde que pague ao empreiteiro as despesas e lucros relativos aos
serviços já feitos, mais indenização razoável, calculada em função do que ele
teria ganho, se concluída a obra.
Art. 624 do CC/02: Suspensa a execução da empreitada sem justa causa,
responde o empreiteiro por perdas e danos.
Art. 625 do CC/02: Poderá o empreiteiro suspender a obra:
I - por culpa do dono, ou por motivo de força maior;
II - quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades
imprevisíveis de execução, resultantes de causas geológicas ou hídricas, ou
outras semelhantes, de modo que torne a empreitada excessivamente onerosa,
e o dono da obra se opuser ao reajuste do preço inerente ao projeto por ele
elaborado, observados os preços;
III - se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza,
forem desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a
arcar com o acréscimo de preço.

A EXTINÇÃO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO poderá ser realizada face


a extinção natural do contrato, pela vontade da partes ou por inadimplemento contratual, em regra,
como se trata de um contrato impessoal não é extinto com a morte de um dos contratantes, salvo
se for firmado excepcionalmente em caráter personalíssimo.
Art. 626 do CC/02: Não se extingue o contrato de empreitada pela morte de
qualquer das partes, salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais
do empreiteiro.

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