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Determinismo e Liberdade

Se procurarmos no dicionário, veremos que determinismo é a concepção segundo a qual “tudo no universo,
até mesmo a vontade humana, está submetido a leis necessárias e imutáveis, de tal forma que o
comportamento humano está totalmente predeterminado pela natureza, e o sentimento de liberdade não
passa de uma ilusão subjetiva”. Portanto, se o comportamento humano é determinado, a liberdade torna-se
impossível.

Se tudo é determinado, não há ato voluntário nem escolha. Como tudo é movido por uma causa que se
encontra fora de nós, não podemos evitar agir como agimos. Daí também não podermos ser moralmente
responsabilizados pelo que fazemos, visto que não poderíamos tê-lo feito de outro modo. Este parece ser o
caso, por exemplo, do cangaceiro Severino, personagem do filme O auto da compadecida. A certa altura da
história, os protagonistas morrem, indo se encontrar no juízo Final. Entre todos, porém, apenas Severino é
absolvido de imediato e enviado para o céu. A justificativa é a de que, pela vida miserável que levou, vítima
de extrema violência e pobreza, não poderia ser culpado pelos crimes e pecados que cometeu. Seu destino
tinha sido estabelecido pelas condições em que viveu, sem que tivesse qualquer possibilidade de escolha.

O determinismo não afirma que existe uma força coercitiva que nos obriga a agir de certa maneira. Na
realidade, são as circunstâncias em que nos encontramos que produzem esse agir. Assim, não sou eu quem
escolhe (não há escolha livre), mas as circunstâncias escolhem por mim, compelindo-me a agir.

Como vemos, o determinismo é o extremo oposto em relação ao libertarismo. Enquanto para este as
circunstâncias externas são totalmente desconsideradas, em nome da preservação da liberdade, no
determinismo elas são as únicas que contam, sacrificando-se a dimensão subjetiva e individual das escolhas
humanas e, em última instância, a própria liberdade.

Ora, abdicar da liberdade é justamente o problema do determinismo. De fato, as circunstâncias externas


determinam, em alguma medida, o comportamento humano, mas isso não significa que o homem seja mera
vítima dessas circunstâncias.

Não se trata de negar a determinação do homem pelas circunstâncias externas, regressando ao libertarismo,
mas de reconhecer essa determinação sem, contudo, considerá-la incompatível com a liberdade. Aqui,
porém, já estamos falando de outra posição sobre o problema da liberdade a posição dialética, que será
objeto de estudo mais adiante.

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