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Unidade III

Unidade III
7 AVALIAÇÃO

A avaliação compreende uma gama de situações, desde o valor dos bens patrimoniais até o valor do
patrimônio empresarial.

Fazer uma análise de tudo que possui e colocar o resultado em números num papel é uma preocupação
que muitas empresas deveriam ter antes mesmo de abrir suas portas para o mercado consumidor, a fim
de possuir uma melhor noção do valor do bem ou dos bens que possui e, consequentemente, conseguir
administrar melhor o espaço e a disposição deles, sem se deixar enganar. Conhecer o valor do patrimônio
requer destreza e conhecimento técnico.

O valor patrimonial de uma empresa pode ser determinado, em um primeiro momento, por
meio do balanço patrimonial, pois no grupo do patrimônio líquido é fixado o valor da empresa
contabilmente, porém, sabe‑se que esse valor é histórico, não refletindo o valor de mercado, ou
dos proprietários. Nesse momento, temos a seguinte situação: valor e preço, pois os montantes são
fixados por quem tem interesse na avaliação, ou seja, vendedor, comprador, acionistas, público em
geral, consumidores e outros.

A diferenciação entre valor e preço é de vital importância para a compreensão do processo de


avaliação de empresas.

No campo econômico, “valor” pode ser entendido como a apreciação feita por um indivíduo (num
dado tempo e espaço) da importância de um bem, com base em sua utilidade (objetiva e subjetiva).

Portanto, é o grau de utilidade de um bem dentro de uma escala de preferência do consumidor


que determina o seu valor. Assim, como preferência dos seres humanos e grau de utilidade de um bem
não são fatores claramente definidos e mensuráveis, não se consegue fugir de certa subjetividade na
determinação de valores de ativos.

De acordo com os objetivos da avaliação e as informações disponíveis, é possível calcular vários


“valores” diferentes, numérica e conceitualmente, para as empresas, conforme os métodos de avaliação,
que serão apresentados a seguir. São exemplos:

• valor contábil;

• valor de mercado da empresa em bolsa de valores;

• valor econômico da empresa, entre outros.


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Enquanto o valor é relativo e depende de vários fatores, muitos deles subjetivos, o preço é único,
exato e preciso e reflete fielmente a mensuração financeira de uma transação de compra e venda
de determinada empresa. Todavia, o preço apenas será definido como conclusão do processo de
negociação entre o desejo dos compradores e as expectativas dos vendedores, que utilizarão suas
mensurações de valor como referencial para a tomada de decisão, em um processo onde, sem uma
ideia mais coerente desse valor da empresa, passam a preponderar fatores de ordem emocional e
interesses especulativos.

O processo de avaliação de uma empresa é complexo, envolvendo variáveis subjetivas e


ferramental técnico, em que a qualidade das informações utilizadas é condição necessária para a
eficiência do produto final. Assim sendo, antes de se determinar os métodos de avaliação que serão
aplicados, é fundamental a elaboração preliminar de um diagnóstico preciso da empresa avaliada, o
contexto macroeconômico no qual ela está inserida, seu setor de atuação, seu mercado consumidor,
seu desempenho passado e atual, seus aspectos econômicos e financeiros, sociais, jurídicos, fiscais,
comerciais, tecnológicos e técnicos. A profundidade dessas análises depende das peculiaridades de
cada caso, do tamanho do negócio avaliado e da disponibilidade de informações.

Oficial de justiça é o primeiro a avaliar bens

Por Jomar Martins

O oficial de justiça está habilitado legalmente para proceder à avaliação dos bens
penhorados. A atuação do perito só será necessária se o oficial encontrar dificuldade
ou precisar de esclarecimentos sobre os bens avaliados. Com base nesta disposição do
artigo 870, do Código de Processo Civil (CPC), a 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça
do Rio Grande do Sul negou sequência a Agravo de Instrumento contra sentença que
indeferiu a impugnação à nomeação do oficial de justiça como avaliador num processo
de execução.

O relator do Agravo, desembargador José Aquino Flôres de Camargo, afirmou que a regra
é muito clara nesse sentido: ‘‘Somente em casos excepcionais, que necessitem conhecimento
técnico e ou especializado, é que o juiz nomeará um avaliador’’, frisou.

“Além do mais, sequer foi feita a avaliação, a justificar, de pronto, a nomeação de um


engenheiro agrônomo, como quer o agravante”, ponderou o desembargador. Assim, o simples
fato de se tratar de avaliação de bem imóvel não indica, por si só, que seja necessário algum
conhecimento especializado, conforme reconhece, também, a jurisprudência. A decisão é
do dia 4 de maio.

O caso

A penhora está sendo executada para pagar honorários advocatícios devidos pelo autor
à Associação dos Advogados do Banco do Brasil S/A, num processo que tramita na Comarca
de Tupanciretã, a 391 km de Porto Alegre.

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Ao interpor o agravo, o autor justificou que o oficial de justiça não estaria habilitado
a avaliar três áreas rurais penhoradas. Por não ser engenheiro agrônomo, não teria o
conhecimento técnico ou especializado para a incumbência. Destacou, ainda, a importância
da avaliação dos imóveis em questão, não apenas por mero levantamento do valor do
hectare da região. Na sua visão, deviam ser observados elementos concretos, como
quantidade e preços dos componentes utilizados, mão de obra e materiais empregados,
além de considerar que os imóveis penhorados estão dentro de área maior, necessitando de
serviço de medição e de mapas.

Conforme informações do acórdão, as três frações de terra estão localizadas dentro de


uma área maior no município, com matrículas no registro de imóveis local. A primeira área
é de 6,5 hectares; a segunda, de quatro hectares e a terceira, de cinco hectares.

Embora reconheça que seja necessário mapear a localização das terras, o desembargador
defendeu, em primeiro lugar, o trabalho do oficial de justiça ‘‘Depois de realizada a avaliação,
o agravante/executado ainda tem a possibilidade de impugná‑la. Nesse caso, será verificada
a necessidade de uma nova avaliação, se implementados os requisitos do artigo 873 do
CPC. Assim, somente se verificada significativa divergência ou discrepância entre o valor
atribuído pelo oficial de justiça aos imóveis penhorados e a realidade comercial da região,
com específica impugnação da parte, é que se cogitaria de nomeação de um profissional
especializado’’, afirmou.

Fonte: (MARTINS, 2012).

Nenhum modelo de avaliação é capaz de fornecer um valor preciso, único e inquestionável para uma
empresa, mas sim uma estimativa, pois, apesar de tais modelos serem essencialmente quantitativos, o
processo de avaliação contempla também aspectos subjetivos.

Quadro 3 – Principais usos da avaliação de empresas em perícias contábeis

Situação Finalidade
Avaliar a capacidade econômica do cônjuge que
Em ações de alimentos responderá pela prestação pecuniária, para que
o juízo possa fixar os valores dos alimentos devidos.
Mensurar o patrimônio do inventariado, para que
Em ações de inventário a cada herdeiro possa ser atribuída a parte que lhe
cabe na herança.
Apurar os haveres dos sócios ou do sócio que se
Em dissoluções de sociedades retira, para que a cada um se dê o que a si pertence.
Apurar o chamado ‘fundo de comércio’ da
entidade, para fins de avaliação em diversas
Fundo de comércio situações, como a venda da empresa, fusões, cisões,
penhora de cotas, leilões, dentre outros.

Adaptado de: Montandon (2006).

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PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Saiba mais
Para saber mais sobre o tema, leia o artigo:
MULLER, A. N.; TELÓ, A. R. Modelos de avaliação de empresas. Revista
da FAE, v. 6, n. 2, 2003. Disponível em: https://revistafae.fae.edu/revistafae/
article/view/467/362. Acesso em: 3 fev. 2020.

7.1 Modelos de avaliação de empresas

Vários são os modelos de avaliação de empresas existentes na literatura de finanças, os quais podem
ser utilizados em conjunto ou separadamente. Sua escolha deve considerar o propósito da avaliação e
as características próprias do negócio a ser avaliado.

A avaliação de uma empresa pode partir de dois pressupostos: a sua continuidade ou a sua descontinuidade.

Figura 11

7.2 Modelos patrimoniais de avaliação

Os modelos patrimoniais de avaliação são utilizados em situações específicas, quando se tem


interesse nos ativos da empresa e não no potencial de geração de resultados futuros que estes ativos
representam, por exemplo, para determinar o valor de liquidação de uma organização em falência ou
em concordata.

Para apurar o valor da empresa, os modelos patrimoniais de avaliação partem das demonstrações
financeiras, as quais, geralmente, são incapazes de refletir o valor econômico de um empreendimento.

Os modelos que utilizam a abordagem patrimonial pressupõem que o valor de uma empresa pode
ser estimado pelo valor de seu patrimônio líquido ou pelo valor de mercado de seus itens específicos.
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7.3 Modelo de avaliação patrimonial contábil

O modelo de avaliação patrimonial contábil é baseado na diferença entre os ativos e os passivos


exigíveis, mensurados conforme os princípios contábeis tradicionais. Sua equação pode ser representada
da seguinte forma:

Valor da empresa = ativos contábeis – passivos exigíveis contábeis = patrimônio líquido

A principal vantagem desta abordagem é a de ser simples e fácil de ser aplicada, visto que o
valor do patrimônio líquido de uma empresa é conhecido, necessitando apenas ser identificado nos
registros contábeis.

Diversos fatores dificultam a utilização deste método como indicador efetivo do valor econômico da empresa:

• os ativos normalmente estão avaliados aos custos históricos e não aos seus valores correntes
(registro a valores de entrada e não de saída);

• a contabilização de acordo com o regime de competência, associada com os conceitos da realização


de receitas e da confrontação de despesas, torna a contabilidade desbalanceada com relação a
alguns direcionadores de valor, como o conceito do valor do dinheiro no tempo e do risco associado;

• existem operações que não são registradas nas demonstrações contábeis tradicionais, as quais são
muito relevantes para apuração do valor econômico de uma empresa, tais como: operações de
arrendamento mercantil, derivativos, garantias, goodwill, dentre outras.

7.4 Modelo de avaliação patrimonial pelo mercado

Nessa abordagem, os ativos e passivos exigíveis são mensurados com base no valor de mercado de
seus itens. Sua equação pode ser escrita da seguinte forma:

Valor da empresa = ativos ajustados – passivos exigíveis ajustados

Embora este modelo seja válido para um número maior de situações que o modelo de avaliação
patrimonial contábil – pois, por considerar valores de saída, se aproxima mais do valor econômico de
mercado – também desconsidera o valor do goodwill da empresa, bem como os benefícios futuros que
o conjunto dos ativos e passivos seria capaz de gerar.

7.5 Avaliação relativa ou modelo baseado em múltiplos índices financeiros

Esse método pressupõe que o valor de uma empresa pode ser estimado em função dos múltiplos de
outras empresas que apresentem características semelhantes.

É possível avaliar uma empresa encontrando outra empresa semelhante que tenha sido negociada
recentemente, ou mediante a comparação com os valores de mercado das empresas de capital aberto.
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PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

É útil quando o avaliador possui apenas alguns dados básicos da empresa, como lucro ou faturamento –
dados estes que, geralmente, são fáceis de ser obtidos por meios públicos, como jornais ou internet.
Para realizar a avaliação por este método, somente serão necessários mais dois dados: um indicando o
valor da empresa semelhante e outro indicando um valor de referência, por exemplo, lucro, patrimônio
líquido ou vendas.

Além da necessidade de poucas informações, destaca‑se outra vantagem desse método em relação
aos outros: a simplicidade e a rapidez na precificação de novas informações. As desvantagens do método:
não considera a diferença nos fundamentos das empresas comparáveis; é impactado pela qualidade
limitada das informações; não considera as especificidades de cada transação; é afetado quando o setor
inteiro está super ou subavaliado.

Devido às suas limitações, diversos autores consideram esse método útil quando utilizado como
complementar a outras abordagens.

O modelo baseia‑se na relação entre o preço e o lucro por ação da entidade semelhante que,
multiplicado pelo lucro da avaliada, resulta no suposto valor do empreendimento, ou seja:

P/L = preço/LPA → Preço = P/L X LPA

7.6 Avaliação por fluxo de caixa descontado

O método da avaliação por fluxo de caixa descontado tem sua fundamentação no conceito de
finanças de valor presente: o valor atual de um fluxo ou de uma série futura de fluxos de caixa.

O valor de qualquer ativo pode ser obtido pelo valor presente dos fluxos de caixa futuros dele
esperados. Sua equação pode ser representada por:
t = n CF t
Valor = ∑
t=1(1+r)t

Onde:

n= vida útil do bem.


CF t = fluxo de caixa do período.
r = taxa de desconto refletindo o risco inerente aos fluxos de caixas estimados.

A taxa de desconto será uma função do grau de risco inerente aos fluxos de caixa estimados e
irá variar de ativo para ativo, com taxas maiores para os ativos de maior risco e menores para os de
menor risco.

Assim, de acordo com essa abordagem, o valor da empresa pode ser determinado pelo fluxo de caixa
projetado, descontado por uma taxa que reflita o risco associado ao investimento.

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As cinco principais variáveis para a avaliação de empresas por esse modelo são:

• fluxo relevante de caixa: uma empresa vale aquilo que consegue gerar de caixa no futuro;

• período de projeção: o fluxo de caixa deve ser projetado para um espaço de tempo que permita
sua previsão com razoável confiança;

• valor da perpetuidade ou residual: os fluxos de caixa não cobertos pelo período de projeção
devem ser quantificados;

• condições de endividamento financeiro;

• taxa de desconto: a taxa de juros usada para descontar fluxos de caixa ao seu valor presente deve
ser aquela que melhor reflita o custo de oportunidade e os riscos.

As metodologias de avaliação do patrimônio vão desde o valor contábil até o fluxo de caixa descontado,
porém, há outros métodos utilizados pelos analistas e peritos, de acordo com seus interesses e objetivos.

Observação

Avaliação de pontos comerciais, avaliação de bens herdados e avaliação


do valor patrimonial justo são exemplos de formas de avaliações elaborados
pelos peritos contadores. Visam auxiliar as partes na avaliação dos bens.

8 ARBITRAGEM

A arbitragem é uma forma alternativa de composição de litígio entre partes. Nessa técnica o
litígio pode ser solucionado por meio da intervenção de terceiro ou terceiros, indicado pelas partes,
gozando da confiança de ambas. Com a assinatura da cláusula compromissória ou do compromisso
arbitral, a arbitragem assume o caráter obrigatório e a sentença tem força judicial.

O que são mediação e arbitragem

Uma nova forma de Justiça vem sendo aplicada no Brasil há algum tempo. Em países do Primeiro
Mundo, ela é chamada comunitária e cada vez mais por aqui vem dando resultado. No País, a Lei n. 9.307
de setembro de 1996 autorizou a utilização da arbitragem para o julgamento de litígios envolvendo
bens patrimoniais disponíveis. Eles são aqueles direitos nos quais as partes podem transacionar –
contratos em geral, como civis, comerciais e trabalhistas. Com isso, passaram a existir os tribunais
especializados nessas causas, que funcionam como meios alternativos de resolução de litígios.

Como funciona

Existe uma distinção entre os tratamentos dados a cada processo; logo que uma pessoa procura o
tribunal, é oferecida a conciliação entre as partes envolvidas. Nesse primeiro momento, os conciliadores
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PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

sugerem aos interessados propostas para a resolução dos problemas. Logo depois, vem a mediação,
que consiste em um diálogo entre duas ou mais partes em conflito. Elas são acompanhadas por um
mediador, para que possam chegar a um acordo satisfatório para ambas. Na mediação prevalece sempre
a vontade das partes. O mediador não impõe soluções, apenas aproxima as partes para que negociem
diretamente e reconheçam o conflito para buscar algum tipo de solução que contemple e satisfaça
razoavelmente os interesses de todas.

Existe também a arbitragem. Nesse caso, o juiz arbitral decide a pendência pela confiança que foi nele
depositada pela eleição prévia em cláusula compromissória. As sentenças proferidas pelos tribunais arbitrais
têm a mesma eficácia da sentença judicial. A principal diferença é o prazo máximo de seis meses para a
solução dos conflitos. Somente é iniciado um processo no tribunal quando há um consenso entre as partes.

Aceitação

Pode‑se dizer que a maioria dos casos é resolvida por mediação. Apenas uma pequena faixa tem de ser
realizada pelo método de arbitragem. Somente em poucos casos não se consegue iniciar o processo. Desde
que esse tipo de justiça foi implantado, vem dando ótimos resultados em diversos municípios. Acredita‑se que
a procura ainda não é tão grande por falta de conhecimento de grande parte da população.

Essa maneira de resolver os problemas, antes atribuídos à Justiça comum, é mais vantajosa. Como
funciona, relativamente, há pouco tempo no Brasil, as entidades existentes ainda não estão operando
com um grande número de processos. Umas das vantagens apontadas por alguns árbitros é o fato de
que atuam nos tribunais diversos profissionais especializados em várias áreas. Trabalham nos tribunais
contadores, médicos, engenheiros, economistas, corretores de imóveis, advogados, dentre outros.

Casos

Uma grande variedade de casos pode ser tratada pelos tribunais. Qualquer tipo de controvérsia
de origem civil, comercial e trabalhista que envolva bens patrimoniais disponíveis, ocorrida entre
pessoas jurídicas ou físicas capazes de contratar, ganha resolução rápida nas entidades. Os mais
comuns são os relacionados ao comércio. Em alguns tribunais, cerca 25% dos processos envolvem
cheques devolvidos por falta de fundos. Noutros, estão as escolas e cursos, com 23%. Nesses casos
estão pessoas e instituições que tiveram qualquer tipo de problema de descontentamento com o
serviço ou até mesmo quebra de contrato, no caso dos alunos. Ainda há os casos do setor imobiliário.
Casos de compra e venda de imóveis, aluguéis atrasados, inadimplência de taxas, entre outros. Chama
a atenção a possibilidade de solução, pelos árbitros e mediadores, para os danos morais e materiais
e ocorrências envolvendo o consumidor, como compra de produtos com defeitos em municípios em
que não há órgãos de defesa do consumidor.

Benefícios

Os benefícios da mediação e arbitragem começam pelo tempo de cada processo. Ele não pode
ultrapassar o período de seis meses, porém, na maioria dos casos, pode não levar mais que 20 dias.
Alguns conflitos, quando submetidos à Justiça comum, são decididos ao final de prolongadas práticas
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de prova pericial técnica; no tribunal tudo é bem mais rápido. O custo‑benefício entra justamente nessa
questão. Em alguns tribunais, para se dar início a um processo é necessária a quantia de R$ 30,00 (trinta
reais), não incluindo os honorários dos árbitros. Estes são cobrados no decorrer do processo.

Figura 12

A arbitragem, há décadas utilizada nos países desenvolvidos, é regulamentada no Brasil pela


Lei n. 9.307/96 (BRASIL, 1996), a chamada Lei da Arbitragem e pela Lei n. 13.129/2015 (BRASIL, 2015)
vem sendo reconhecida como o método mais eficiente de resolução de conflitos, contribuindo para o
descongestionamento do poder judiciário.

Art. 1º. As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para


dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

§ 1º A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem


para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. (Incluído
pela Lei n. 13.129, de 2015).

§ 2º A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta


para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização
de acordos ou transações. (Incluído pela Lei n. 13.129, de 2015).

Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes.

§ 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão


aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e
à ordem pública.

§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize


com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras
internacionais de comércio.

§ 3º A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito


e respeitará o princípio da publicidade. (Incluído pela Lei n. 13.129, de 2015).

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PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Na arbitragem impera a autonomia da vontade das partes envolvidas, manifestada na medida em


que são elas que definem os procedimentos que disciplinarão esse processo, que estipulam o prazo final
para sua condução, que indicam os árbitros que avaliarão e decidirão a controvérsia instaurada.

Resumidamente, é como se fossem criadas regras particulares e de comum acordo entre os


interessados. Isso garante além de uma boa solução para o caso, sigilo, economia, a certeza de que
o julgamento do problema será realizado por pessoas com profundo conhecimento do assunto em
questão e, além de tudo, rapidez, já que a arbitragem deve ser concluída no prazo máximo legal de 180
dias, se outro prazo não for acertado pelas próprias partes.

Vantagens de recorrer ao Tribunal Arbitral:

1. celeridade: dada a própria natureza do procedimento arbitral, bem como a flexibilidade dos prazos
que o caracterizam, os processos submetidos a decisões de um Tribunal Arbitral são concluídos
de forma muito mais célere do que os processos que correm nos termos dos Tribunais Judiciais.
Medeiam, em regra, cerca de três meses entre a submissão do processo e a decisão final. Porém,
os árbitros respondem pelos danos causados por decisões não contempladas;

2. economia: a maior celeridade na resolução do litígio é obviamente, um fator de grande economia


para as partes. Além disso, as partes não necessitam suportar as custas com defensores e estão
sujeitas a uma tabela de custas arbitrais pré‑definida, onde os montantes por ação são claramente
inferiores aos despendidos em processo judicial;

3. confidencialidade: no procedimento arbitral, as decisões e todos os passos do processo não são


públicos e apenas as partes interessadas têm acesso ao seu conteúdo;

4. liberdade na seleção de árbitros: no centro de arbitragem, ao contrário do que se sucede nos


tribunais judiciais, as partes em litígio poderão escolher os árbitros a designá‑los com todas as
vantagens daí decorrentes, nomeadamente a da especialização;

5. decisão definitiva: às decisões proferidas em sede de arbitragem, não cabe recurso, evitando‑se
a espera, que por vezes dura vários anos, pela decisão que dê o caso como julgado.

Lembrete

A mediação consiste em um diálogo entre as partes em conflito,


acompanhadas por um mediador que as aproxima para a busca de solução.
Na mediação não há imposição de soluções, prevalecendo sempre a vontade
das partes.

Já na arbitragem, embora prevaleça a autonomia da vontade das


partes envolvidas, no tocante à escolha dos procedimentos, a solução será
realizada pelos árbitros, que decidirão sobre a controvérsia.

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Saiba mais

Para saber mais sobre o assunto, leia o texto:

HOOG, W. A. Z. Perícia contábil na esfera arbitral, Curitiba, [s.d]. Disponível em:


http://zappahoog.com.br/site/index.php/pericia-contabil-na-esfera-arbitral/.
Acesso em: 3 fev. 2020.

8.1 Árbitros

O árbitro é um profissional formado em Ciências Contábeis ou outras especializações que deverá


ter conhecimento, discernimento e capacidade de julgamento imparcial para solucionar questões
conflitantes de caráter contábil.

Conforme o site do CRC SP, “[...] árbitro é qualquer pessoa capaz que pode ser escolhida pelas
partes para dirimir controvérsias entre elas e investida da autoridade que lhe confere a lei para prolatar
sentença de mérito idêntico à da Justiça Comum”.

A figura do árbitro ou árbitros é definida no artigo 13 da Lei de Arbitragem:

Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes.

Para Teixeira e Andreatta (1997, p. 182), “[...] árbitro é toda pessoa capaz que tendo confiança das
partes é nomeada para prolatar uma decisão da Justiça Arbitral”.

Palombo et al. (1992), em trabalho no qual analisam aspectos psicológicos, éticos e técnicos que
compõem o perfil do profissional perito e do árbitro, ressaltam como diferença entre árbitro e arbitrador
que o primeiro realiza julgamentos e o segundo faz perícias.

No entanto, buscam a convergência entre ambos pela atividade desempenhada, afirmando que “[....]
a perícia sempre procura trazer junto aos autos ou às partes a verdade de fato; a arbitragem, para ser
equânime, também procurará a verdade para julgar com segurança a matéria que lhe for submetida”.

Infere‑se que, por serem as funções semelhantes entre si, ou mesmo iguais, existe o que é denominado
de convergência psíquica entre peritos e árbitros, ou seja, eles “afluem do mesmo modo o conjunto de
processos mentais conscientes ou inconscientes do indivíduo”.

O árbitro é um profissional competente e designado por órgão regulador, não podendo ser “conhecido”
ou ter ligações de amizade ou laços familiares com os envolvidos.

A aceitação para desempenhar a função de árbitro não é obrigatória e a recusa não necessita de
resposta e tampouco ser fundamentada, como é exigido na perícia judicial.

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PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

A aceitação ficará expressa em documento ou compromisso e a investidura do árbitro ocorrerá no


momento em que ele declarar formalmente que está apto e sem impedimentos para processar e julgar
determinada causa.

Nada impede que um mesmo árbitro atue em vários processos, mas o compromisso arbitral deve ser
individualizado em cada processo.

O número de árbitros indicados pelas partes deverá ser ímpar sempre que possível. Quando forem
nomeados números pares de árbitros, eles deverão nomear mais um árbitro e, em caso de controvérsia,
este será escolhido na Justiça Comum.

A lei ainda permite que instituições arbitrais ou entidades especializadas atuem em arbitragem de
tal forma que as partes possam, em comum acordo, estabelecer a escolha dos árbitros ou deixar que
estas assim o façam.

8.2 Requisitos para ser árbitro

O árbitro é um profissional com amplos conhecimentos da área contábil em todo seu espectro,
capacidade de justiça, imparcialidade e bom discernimento.

Deve ser um profissional de nível superior, pois, mesmo que isso não seja uma exigência legal, é
conveniente para que não haja dúvida de seus conhecimentos.

Em sua atividade, o árbitro deverá fazer o papel de juiz de direito e de fato e a sentença que proferir
será com força de título executório.

Muito embora a lei não faça exigências quanto aos conhecimentos técnicos e científicos do árbitro,
ela disciplina procedimentos comportamentais no desempenho desta função:

“Art. 13.

§ 6º No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com


imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.

Supõe‑se que a não exigência de escolaridade de nível superior pretenda


tornar o processo de arbitragem simplificado, mas, quando a lei ressalta a
competência, subentende‑se que é aconselhável a atuação de experts no
julgamento da matéria. Não será bom, nem para o árbitro ou instituição que
o acolhe, nem mesmo para as partes em disputa sobre questões contábeis de
todo tipo, que outros profissionais opinem, até mesmo porque determinadas
matérias só podem ser julgadas por profissional tecnicamente habilitado.
Segundo Lapp, (apud Palombo et al., 1992), “a matéria a ser submetida ao
árbitro se tornará ela própria exigência de profundo conhecedor”.

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Unidade III

Se, por um lado, a lei não exige que o árbitro tenha títulos, os órgãos
institucionais de arbitragem têm defendido a ideia e exigido de seus
participantes estes quesitos, como forma de salvaguardar o bom nome
da instituição.

A independência do árbitro refere‑se a que este não tenha com as partes


ligações que possam torná‑lo inseguro ou dependente em relação a sua
forma de examinar a questão arbitrada.

O bom árbitro deve ser zeloso e diligente, não esquecendo os pormenores


de cada questão examinada e possíveis implicações de seu julgamento. Ele
deve estar atento às consequências de sua sentença.

Se, no caso da justiça estatal, salvo segredos de justiça, os atos são


públicos, a arbitragem tem como um de seus méritos a não‑publicidade,
salvaguardando informações confidenciais sobre pessoas físicas ou jurídicas.
Encontramos na discrição similaridade com as exigências comportamentais
da atividade de perito, que, assim como o árbitro, deverá deixar todos os
comentários para os autos do processo.

A imparcialidade também é requisito disciplinado em lei, e, embora possa


ser nomeado por uma parte, o árbitro deve estar consciente de que seu
compromisso é com a verdade e não com amizades.

As exigências feitas pela lei, em seu artigo 13, encontram‑se disciplinadas


na Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PP 01, de 27 de fevereiro de
2015, referente às normas profissionais do perito contábil.

O árbitro‑contador deve, além de seguir todos os ditames que a função


exigir, ser um conhecedor da ciência e da técnica contábil, das normas
brasileiras e internacionais de Contabilidade, bem como dos preceitos éticos
pertinentes à sua profissão.

8.3 Impedimento e suspeição

O árbitro deve ter o bom senso de verificar antecipadamente as situações em que pode ocorrer o seu
impedimento, de tal sorte que não suscite suspeição na fase da arbitragem.

A possibilidade de impedimento e suspeição do árbitro é decorrente, principalmente, das ligações


sociais, de amizade e familiares com as partes envolvidas. Também deve ocorrer o impedimento
caso a matéria a não seja de conhecimento do árbitro, ou se for verificado que o julgamento requer
conhecimentos mais profundos que os que ele detém.

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PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

As situações que caracterizam impedimento e suspeição do árbitro são de extrema importância,


pois poderão ser razões posteriores para anulação da arbitragem. Pela Lei de Arbitragem, árbitros são
igualados a juízes em atividade e as responsabilidades e deveres destes estão previstas no Código de
Processo Civil.

8.3.1 Impedimento

As normas legais – Código do Processo Civil – e as normas de procedimento – NBC – disciplinam os


aspectos do impedimento.

Todas as possibilidades que impedem a atuação do profissional como árbitro são previstas nessas
normas, cada qual envolvendo uma situação específica.

O impedimento é a restrição mais séria ao trabalho do árbitro e encontra‑se disciplinado no trabalho


pericial contábil, nas normas NBC PP 01.

Segundo o artigo 144 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), são causas do impedimento do
árbitro, portanto, circunstâncias impeditivas de sua participação no processo de arbitragem:

I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,


funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento
como testemunha;

II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;

III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou


membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive;

IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro,


ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive;

V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa


jurídica parte no processo;

VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer


das partes;

VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha
relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;

107
Unidade III

VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;

IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.

§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor


público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o
processo antes do início da atividade judicante do juiz.

§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar


impedimento do juiz.

§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de


mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus
quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista,
mesmo que não intervenha diretamente no processo.

Teixeira e Andreatta (1997, p. 196) consideram essa matéria de suma importância e dissecam‑na, item
por item, tecendo comentários que julgam importantes. A seguir, um resumo dos pontos julgados relevantes:

Parte do processo

O árbitro não pode ter direitos próprios que estejam envolvidos diretamente na decisão.

Esse envolvimento pode ser social, familiar, profissional ou como interessado no resultado;
caso se verifique este aspecto, mesmo após o julgamento as partes podem requerer a nulidade
do arbitramento.

Mandatário, perito, testemunha, membro do Ministério Público

Estes casos de impedimento, segundo Teixeira e Andreatta (1997), estão mais relacionados a
compromissos arbitrais judiciais, nos casos em que processos que estavam tramitando na justiça estatal
foram retirados para serem julgados pela justiça arbitral.

Essa exigência da lei aplica‑se nos casos de perícia contábil judicial em que o contador atuou como
perito, ficando, portanto, impedido de atuar como árbitro.

Segundo os mesmos autores, “[...] se alguém atuou no processo, poderá levar em consideração e
dar mais validade a aspectos probatórios produzidos, por ser trabalho pessoal em detrimento de outros
valores existentes nos autos”.

Não se concorda com a posição dos autores, pois eles põem sob suspeita a imparcialidade do perito
ou juiz na realização de seus trabalhos.
108
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

O profissional que participa do processo judicial conhece muitos aspectos relacionados à disputa,
portanto, como árbitro, pode utilizar‑se de informações privilegiadas que não fazem parte do processo,
decidindo de forma parcial.

Atuação anterior no processo

Esse impedimento aplica‑se às situações em que o árbitro já tenha atuado examinando o objeto da
arbitragem em fase anterior à do processo arbitral.

Semelhante à situação anterior, o árbitro tem conhecimento da matéria em disputa, não sendo imparcial.

Parente e cônjuge de advogado

Segundo os autores citados, este parágrafo deve ter sido redigido incorretamente e sugerem que o
verdadeiro sentido seja o seguinte:

Parágrafo 1º. No caso do n. III, o impedimento só se dará enquanto o advogado estiver exercendo o
patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar impedimento do juiz.

Assim, se advogados tiverem cônjuges ou parentes como árbitros, será causa de impedimento a
atuação de ambos nos mesmos autos.

Os quadros a seguir esclarecem dúvidas que poderão surgir sobre esse assunto (TEIXEIRA; ANDREATTA,
1997, p. 200):

Quadro 4 – Parentesco em linha reta

Ascendentes Descendentes
Em 1º Grau Pais Filhos
Em 2º Grau Avós Netos
Em 3º Grau Bisavós Bisnetos
Em 4º Grau Trisavós Trinetos

Quadro 5 – Parentesco em linha colateral

Em 2º Grau Irmãos, cunhados


Em 3º Grau Sobrinhos e tios
Em 4º Grau Sobrinhos‑netos (filhos de sobrinhos)
Tios‑avós (irmãos dos avós)
Primos‑irmãos (filhos de irmãos dos pais)

109
Unidade III

Havendo laço familiar o árbitro não deve participar da arbitragem, pois essa relação pode influenciar
na sua imparcialidade.

As normas que regulam a arbitragem estipulam o grau de parentesco, para que não haja duvida
sobre os impedimentos.

Participantes da empresa

O Código de Processo Civil impede o árbitro de atuar no processo se ele fizer parte da direção ou
administração da empresa, porque isso seria o mesmo que julgar em causa própria.

Mesmo que não haja interesse em jogo, a parte que não tem laço profissional com o árbitro poderá
questionar a lisura e a imparcialidade do julgamento.

8.3.2 Suspeição

A suspeição ocorre quando há indícios ou tendências no julgamento, além dos casos de impedimentos –
nos quais os árbitros são impedidos de participar da arbitragem. A suspeição ocorre quando uma das partes
se sente prejudicada por atos executados pelo árbitro que favoreçam a outra parte.

Estes sinais são visíveis para a parte prejudicada, que deverá questionar a suspeição do árbitro.

Os conceitos de suspeição se parecem com os de impedimento.

Segundo Teixeira e Andreatta (1997, p. 202):

[...] a diferença fundamental é que nestes, de suspeição, existem casos


que estão voltados para situações de cunho subjetivo e perante os quais a
consciência do árbitro terá função preponderante para sua presença ou não
no processo.

A suspeição de parcialidade do juiz está regulada nos artigos. 145 e 147 do Código de Processo Civil
(BRASIL, 2015):

A Lei da Arbitragem determina, no caput do artigo 14, que se apliquem aos árbitros, no que couber,
os mesmos deveres e responsabilidades do juiz de direito, caso este se deixe afastar do processo por
quaisquer dos motivos enumerados como caracterizadores do impedimento ou suspeição. Conforme
asseveram Teixeira e Andreatta, o árbitro deverá obedecer em seu trabalho, no processo de arbitragem,
aos preceitos instituídos nos incisos I, II, III e V do artigo 139 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015).

É importante observar que a lei determina a equiparação dos árbitros aos funcionários públicos, para
efeitos da legislação penal. A responsabilidade do árbitro tem início no momento em que a função de
arbitrar é aceita e findará quando o último ato processual for praticado.

110
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Segundo o Código de Processo Civil, os árbitros podem incorrer no exercício de suas funções, em
crimes, com penas determinadas para a condição de funcionário público.

Dentre os crimes previstos nesse código, três poderão, se cometidos, vir a motivar anulação da
arbitragem. São eles: concussão, prevaricação e corrupção passiva. Estes crimes são definidos no
Código Penal.

Concussão

De acordo com o Código Penal:

Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda


que fora da função ou antes de assumi‑la, mas em razão dela, vantagem
indevida. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos e multa.

Portanto, caso o árbitro “leve vantagem” no processo arbitral, estará cometendo um crime passível
de prisão pelo período de 2 (dois) a 8 (oito) anos e multa.

A parte lesada deve fazer a denúncia às autoridades criminais, que efetuarão investigação e, caso a
acusação seja verdadeira, devem acionar as autoridades judiciais.

Prevaricação

Também de acordo com o Código Penal:

Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá‑lo


contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

Corrupção passiva

Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,


ainda que fora da função ou antes de assumi‑la, mas em razão dela,
vantagem indevida ou aceitar promessa de tal vantagem. Pena – reclusão,
de 1(um) a 8 (oito) anos e multa.

O terceiro ato criminal praticado pelo árbitro é o recebimento ou solicitação de vantagens diretas ou
indiretas – pecuniárias ou materiais – a fim de favorecer uma das partes.

Por último, cabe lembrar que, investido em suas funções, o árbitro prolata sentença irrecorrível,
porém passível de anulação, dentro dos casos previstos em Lei (artigo 33).

Sobre os honorários do árbitro, a Lei n. 9.307‑96 faculta o direito de adiantamento de verbas para
pagamentos de diligências e despesas com arbitragem, incluindo‑se os honorários dos árbitros.

111
Unidade III

A nossa Lei de Arbitragem, em seu artigo 27, estabelece que, no compromisso arbitral, deverá constar
a quem caberá a responsabilidade dos pagamentos, de acordo com a convenção de arbitragem.

Instituições de mediação e arbitragem possuem, em seus repositórios de normas e procedimentos de


arbitragem, tabelas de custas e honorários dos árbitros (preço por hora de trabalho), taxas referentes à
administração e registro do processo arbitral e demais despesas.

Em arbitragens ad hoc, a exemplo da perícia contábil, sugere‑se o estabelecimento de percentual


sobre o valor da demanda ou orçamento sobre as atividades a serem desenvolvidas.

A quantia a ser avaliada pelo árbitro, para seus honorários, poderá incluir itens como: complexidade
da matéria, tempo estimado de envolvimento no processo de arbitragem (reuniões, visitas, elaboração
de relatórios, vistorias, entrevistas com testemunhas, deslocamentos, elaboração de laudo arbitral e
outros), o montante em litígio e demais aspectos pertinentes ao caso.

O árbitro poderá ser incumbido de determinar a responsabilidade do pagamento de peritos


contratados para a arbitragem, de empresas contratadas para avaliação e despesas com registros
em cartórios.

Observação

O árbitro é um profissional da contabilidade com alto grau de


discernimento, imparcial, tecnicamente competente e com experiência
na matéria em disputa. Como todo perito, deve ter curso superior em
Ciências Contábeis.

8.4 Procedimentos arbitrais

Caberá à parte que requerer a arbitragem escolher o tipo de procedimento arbitral a ser
adotado. A parte requerida poderá, entretanto, solicitar a conversão do procedimento. A Câmara
de Arbitragem do Mercado oferece três tipos de procedimento arbitral, confira os tipos e os
fluxogramas do processo:

8.4.1 Ordinário

É o procedimento arbitral mais completo, recomendável para questões de maior complexidade.


Requer três árbitros.

112
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Petição inicial do requerente

Secretário geral verifica requisitos formais e


determina a citação do requerido

Resposta do requerido

Secretário geral abre vista para réplica e determina


as providências adicionais cabíveis

1ª audiência: terntativa de conciliação

Conciliação: elaboração de termo com Indicação de árbitro pelas partes


efeito de sentença arbitral

Formação do tribunal arbitral:


termo de independência

Termo de arbitragem

Produção de provas

Alegação de provas

Sentença arbitral

Figura 13

8.4.2 Sumário

É um procedimento arbitral simplificado e, portanto, mais rápido e econômico em comparação ao


procedimento ordinário. Em princípio, mostra‑se recomendável para questões de menor complexidade.
Somente um árbitro é necessário.

113
Unidade III

Petição inicial

Sorteio do árbitro

Assinatura pelo árbitro do termo de


independência

Citação do requerido

Audiência de conciliação e julgamento:


assinatura do termo de arbitragem

Conciliação: elaboração de termo com Produção de provas, razões de defesa e


efeito de sentença arbitral alegações finais

Sentença arbitral

Figura 14

8.4.3 Ad hoc

Nesse tipo de arbitragem, se as partes desejarem e estiverem de acordo, poderão também escolher
árbitros externos à Câmara de Arbitragem do Mercado ou, ainda, escolher outra Câmara ou Centro de
Arbitragem para proceder à análise e à solução do conflito.

Significa dizer que, para uma pessoa utilizar essas técnicas, ela optará por resolver seus litígios por
métodos alternativos ao invés de recorrer ao Poder Judiciário Estatal.

A mediação é uma técnica consensual que se utiliza de métodos psicológicos para que um terceiro,
neutro, denominado mediador, venha intervir na comunicação de duas partes em litígio e ajudá‑los a
analisar o real interesse que está originando o litígio e a impossibilidade de acordo entre elas. O mediador
não oferece soluções, mas atua como um facilitador da comunicação das partes, uma vez que essa
comunicação foi interrompida pelo surgimento de uma desavença contratual. As partes são auxiliadas
pelo mediador a encontrarem opções de acordo diferentes e mais amplas do que as apresentadas por
elas no início da tentativa de negociação e, portanto, há uma nova oportunidade de alcançarem uma
solução de ganho–ganho, mantendo o poder decisório sobre a questão em suas próprias mãos.

No caso da arbitragem, há uma grande diferença. A arbitragem se assemelha a um processo judicial,


só que a grande diferença é que, ao invés de ela ser administrada pelo Estado, a questão conflitual é
administrada por uma Câmara de Arbitragem, que atua como um Poder Judiciário, como um fórum
114
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

privado. Além disso, na arbitragem, por força da legislação sobre o tema, promulgada em 1996, a sentença
arbitral é equiparada à sentença extrajudicial e pode ser executada como título executivo extrajudicial.

O árbitro representa e faz o papel do juiz, só que com uma enorme vantagem: ele é escolhido de
comum acordo pelas partes em conflito e pode ser um técnico com grande conhecimento na área. Pela
lei, pode ser qualquer pessoa detentora de confiança das partes.

A sentença arbitral é também irrecorrível e essa é uma de suas grandes vantagens, porque uma vez
obtido o julgamento pelo árbitro, não há como recorrer da decisão. O sigilo é exigido e, portanto, as
partes não têm seu litígio exposto para toda sociedade, de forma comercialmente negativa.

8.5 Sentença arbitral

A decisão arbitral é expressa pela sentença arbitral, também denominada por outros autores de laudo
arbitral. A lei da arbitragem utiliza estes termos como sinônimos, mas alguns autores preferem empregar
sentença arbitral, por entenderem que o laudo arbitral se constitui na sentença da jurisdição estatal.

A sentença é o resultado do procedimento arbitral e produz, entre as partes e seus sucessores, os


mesmos efeitos de uma sentença judicial.

As regras referentes ao momento em que se considera prolatada a sentença arbitral normalmente


estão expressas nos ordenamentos jurídicos estatais, mas as partes também poderão convencioná‑las.

A sentença só pode ser proferida após deliberação e votação, o que não ocorre, evidentemente, se
for apenas um árbitro. O julgamento só será feito em conjunto e não ocorrerá transferência de poderes a
terceiros. No caso de ser nomeado um árbitro com assistência de perito, ele não terá poderes para julgar.

Sentença arbitral de acordo com a Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996 (BRASIL, 1996):

Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes.
Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença
é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição
do árbitro.

§ 1º Os árbitros poderão proferir sentenças parciais.

§ 2º As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o prazo


para proferir a sentença final.

Art. 24° A decisão do árbitro ou dos árbitros será expressa em documento escrito.

§ 1° Quando forem vários os árbitros, a decisão será tomada por maioria.


Se não houver acordo majoritário, prevalecerá o voto do presidente do
tribunal arbitral.
115
Unidade III

§ 2° O árbitro que divergir da maioria poderá, querendo, declarar seu voto


em separado.

Art. 26° São requisitos obrigatórios da sentença arbitral:

I – o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio;

II – os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões


de fato e de direito, mencionando‑se, expressamente, se os árbitros
julgaram por equidade;

III – o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes


forem submetidas e estabelecerão o prazo para o cumprimento da
decisão, se for o caso;

IV – a data e o lugar em que foi proferida.

Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo árbitro ou por todos
os árbitros. Caberá ao presidente do tribunal arbitral, na hipótese de um ou
alguns dos árbitros não poder ou não querer assinar a sentença, certificar
tal fato.

Art. 27° A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes


acerca das custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre verba
decorrente de litigância de má‑fé, se for o caso, respeitadas as disposições
da convenção de arbitragem, se houver.

Art. 28° Se, no decurso da arbitragem, as partes chegarem a acordo quanto


ao litígio, o árbitro ou o tribunal arbitral poderá, a pedido das partes, declarar
tal fato mediante sentença arbitral, que conterá os requisitos do artigo 26
desta lei.

Art. 29° Proferida a sentença arbitral, dá‑se por finda a arbitragem, devendo o
árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral, enviar cópia da decisão às partes, por
via postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante comprovação
de recebimento, ou, ainda, entregando‑a diretamente às partes, mediante recibo.

Art. 30. No prazo de 5 (cinco) dias, a contar do recebimento da notificação


ou da ciência pessoal da sentença arbitral, salvo se outro prazo for acordado
entre as partes, a parte interessada, mediante comunicação à outra parte,
poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que:

I - corrija qualquer erro material da sentença arbitral;

116
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

II - esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença


arbitral, ou se pronuncie sobre ponto omitido a respeito do qual devia
manifestar-se a decisão.

Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá no prazo de 10


(dez) dias ou em prazo acordado com as partes, aditará a sentença arbitral e
notificará as partes na forma do art. 29.

Art. 31° A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os


mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e,
sendo condenatória, constitui titulo executivo.

Art. 32° É nula a sentença arbitral se:

I – for nula a convenção de arbitragem;

II – emanou de quem não podia ser árbitro;

III – não contiver os requisitos do artigo 26 desta lei;

IV – for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;

V – Revogado pela Lei n. 13.129, de 2015;

VI – comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou


corrupção passiva;

VII – proferida fora do prazo, respeitado o disposto no artigo 12, inciso III,
desta lei;

VIII – forem desrespeitados os princípios de que trata o artigo 21, § 2°,


desta lei.

Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário


competente a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos
previstos nesta Lei.

§ 1º A demanda para a declaração de nulidade da sentença arbitral,


parcial ou final, seguirá as regras do procedimento comum, previstas na
Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), e deverá
ser proposta no prazo de até 90 (noventa) dias após o recebimento da
notificação da respectiva sentença, parcial ou final, ou da decisão do pedido
de esclarecimentos.

117
Unidade III

§ 2º A sentença que julgar procedente o pedido declarará a nulidade da


sentença arbitral, nos casos do art. 32, e determinará, se for o caso, que o
árbitro ou o tribunal profira nova sentença arbitral.

§ 3º A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser


requerida na impugnação ao cumprimento da sentença, nos termos dos arts.
525 e seguintes do Código de Processo Civil, se houver execução judicial.

§ 4º A parte interessada poderá ingressar em juízo para requerer a prolação


de sentença arbitral complementar, se o árbitro não decidir todos os pedidos
submetidos à arbitragem.

Lembrete
Atividades de perícia, avaliação e arbitragem são atividades em que o
profissional contador precisa utilizar todos seus conhecimentos técnicos,
práticos e teóricos.

A avaliação é uma atividade cuja predominância prática é utilizada


para avaliar os bens patrimoniais das pessoas físicas e jurídicas, enquanto
o arbitramento é o julgamento, do ponto de vista contábil, entre as lides
das pessoas; todo o conhecimento deve ser empregado de forma justa e
coerente, não devendo favorecer quaisquer das partes envolvidas.

Resumo
A técnica de avaliação como atividade desenvolvida pelo perito
contador envolve conhecimentos específicos, pois a avaliação envolve o
valor dos bens móveis e imóveis, dos bens tangíveis e intangíveis.

Modelos de avaliação consignados são utilizados pelo perito contador


para fixar o valor dos bens e serviços patrimoniais.

Arbitragem é outra técnica utilizada pelo perito contador na solução das


disputas existentes entre as pessoas físicas e jurídicas. Difere da perícia e
avaliação, nas quais perito contador atua diretamente na disputa existente.
Deve haver confiança das partes junto ao árbitro.

Perícia, avaliação e arbitragem são técnicas utilizadas pelos contadores


para esclarecer, definir direitos e auxiliar nas disputas necessárias para
definir o valor patrimonial em disputa. É fundamental que o profissional
seja habilitado para tal fim.

118
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Exercícios

Questão 1. Paulito Intemperito é casado, tem dois filhos menores e é sócio de uma loja de venda
de veículos usados com 50% das cotas sociais da empresa e um único sócio além dele. Paulito resolve
se divorciar e para não ter que dividir o valor das cotas sociais com a ex-esposa e filhos, combina com
o sócio que eles vão alegar que estão em processo de insolvência, sem recursos, praticamente em fase
pré‑falimentar. No processo de divórcio ele alega que não pode pagar mais do que R$ 500,00 de pensão
mensal, que a empresa da qual é sócio está quebrada e que ele não dispõe de bens pessoais havidos antes
do casamento. A ex-esposa, por sua vez, alega que ele já tinha bens quando se casou e por isso pode
suportar o pagamento da pensão mensal para os filhos; e, que a empresa de veículos usados está em boa
situação financeira. Diante de alegações tão controversas, o magistrado determina que:

A) As partes sejam encaminhadas para mediação familiar para que encontrem uma solução amigável
antes da próxima audiência do processo judicial.

B) As partes façam propostas para solução amigável do divórcio e encaminhem por intermédio de
seus advogados, para que sejam evitadas discussões na audiência.

C) Que seja expedido ofício para a Receita Federal para que esta informe quais os bens que o
ex‑marido possui e que deverão passar imediatamente para a propriedade da ex-esposa.

D) Que sejam avaliados os bens que o ex-marido possui para quantificar a pensão alimentícia.

E) Que sejam avaliados por perito os bens que o ex-marido possui e a situação financeira da empresa,
para aferir se ele está faltando com a verdade e que condições ele possui para arcar com o
pagamento de pensão alimentícia.

Resposta correta: alternativa E.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: o magistrado pode realizar a fase de tentativa de mediação ou de conciliação do casal


separando, sem que seja necessário encaminhar para nenhum outro setor.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: a audiência de tentativa de conciliação é realizada pelo magistrado para que ele
possa ouvir as partes pessoalmente, compreender seus argumentos e opiniões sem necessidade de
intermediários.

119
Unidade III

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: os bens de um dos cônjuges não podem ser transferidos automaticamente para o outro
se foram adquiridos antes do casamento e se o regime de bens do casal não é o da comunhão universal.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: a quantificação do valor da pensão alimentícia não se faz a partir da avaliação de


bens, e sim da avaliação da necessidade material dos filhos e da ex-esposa, caso ela também tenha
necessidade de pensionamento.

E) Alternativa correta.

Justificativa: os bens de propriedade exclusiva do ex-esposo precisam ser avaliados por um perito
para que se possa conhecer com objetividade suas condições de pagar pensão alimentícia para os filhos;
mas, também precisa ser avaliada a situação econômica da empresa da qual o ex-esposo é sócio, trabalho
que deve ser desempenhado por um perito, para que se possa saber com certeza se existem recursos
econômicos para custear os valores da pensão alimentícia que o magistrado vai arbitrar. Em ambos os
casos, a perícia é fundamental para que o magistrado tenha visão correta da situação econômica do
ex-marido, responsável pelo pagamento de pensão alimentícia em razão do divórcio.

Questão 2. A empresa de transportes navais Mar Bravo S/A embarcou mercadoria de grande valor
econômico pertencente à empresa Produtos Eletrônicos Brasil S/A. Durante o embarque, a mercadoria
foi danificada e quando chegou ao destino foi recusada pelo comprador em decorrência dos danos
constatados. O transportador alega que a carga estava mal condicionada e o proprietário da mercadoria
alega que o transporte foi feito de forma inadequada, o que resultou em danos à mercadoria. Nessas
condições as empresas devem:

I – Utilizar a arbitragem como alternativa de composição de litígio e adotar os procedimentos


judiciais para garantir a segurança do resultado.

II – Escolher um árbitro que conheça com profundidade o tema de transporte naval de


mercadorias comerciais.

III – Utilizar a arbitragem como alternativa de solução de conflitos e definir procedimentos que
garantam a celeridade e a economia.

Estão corretas as afirmativas:

A) I, somente.

B) II, somente.

C) III, somente.
120
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

D) I e II.

E) II e III.

Resposta correta: alternativa E.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa incorreta.

Justificativa: na arbitragem não são adotados procedimentos judiciais porque esses são exclusivos
do processo judicial, regido pelo Código de Processo Civil. Na arbitragem as partes têm liberdade para
definir que mecanismos vão adotar e devem seguir rigorosamente o que pactuarem.

II – Afirmativa correta.

Justificativa: é fundamental que o árbitro conheça com profundidade técnica o assunto sobre o
qual tratará o procedimento de arbitragem. Além disso, é preciso que o árbitro atue com imparcialidade
e idoneidade.

III – Afirmativa correta.

Justificativa: os procedimentos a serem adotados durante o procedimento de arbitragem devem


garantir a celeridade, economia, confidencialidade, liberdade na seleção de árbitros e caráter definitivo
das decisões.

121
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

FILE0001882885044.JPG. Disponível em: http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/g/gracey/


preview/fldr_2005_06_10/file0001882885044.jpg. Acesso em: 30 jan. 2020.

Figura 3

29050V.JPG. Disponível em: http://lcweb2.loc.gov/service/pnp/hec/29000/29050v.jpg. Acesso em: 30


jan. 2020.

Figura 4

FILE0001679856317.JPG. Disponível em: http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/o/


o0o0xmods0o0o/preview/fldr_2008_11_28/file0001679856317.jpg. Acesso em: 30 jan. 2020.

Figura 5

STUDENT-2052868_960_720.JPG. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/02/09/16/59/


student-2052868_960_720.jpg. Acesso em: 4 fev. 2020. Acesso em: 30 jan. 2020.

Figura 6

FILE8311263247582.JPG. Disponível em: http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/m/


mconnors/preview/fldr_2010_01_11/file8311263247582.jpg. Acesso em: 30 jan. 2020.

Figura 7

FILE4411249348440.JPG. Disponível em: http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/a/alvimann/


preview/fldr_2009_08_03/file4411249348440.jpg. Acesso em: 30 jan. 2020.

Figura 8

FILE000110311704.JPG. Disponível em: http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/m/mconnors/


preview/fldr_2003_02_01/file000110311704.jpg. Acesso em: 30 jan. 2020.

Figura 9

FILE0001810786833.JPG. Disponível em: http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/c/clarita/


preview/fldr_2004_12_05/file0001810786833.jpg. Acesso em: 30 jan. 2020.

122
Figura 10

FILE000786402730.JPG. Disponível em: http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/p/ppdigital/


preview/fldr_2003_11_10/file000786402730.jpg. Acesso em: 30 jan. 2020.

Figura 11

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Informações:
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