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São Paulo
2018
FACULDADE DAMÁSIO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DIREITO DO
TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
São Paulo
2018
Diogo Francisco de Oliveira
TERMO DE APROVAÇÃO
__________________________________________
Assinatura do Acadêmico
RESUMO
O assédio moral é caracterizado por condutas que evidenciam violência psicológica no local
de trabalho, que pode ser manifestado de diversas formas, por superiores hierárquicos, ou
colegas de trabalho, que visam desestabilizar emocionalmente o empregado, humilhá-lo,
constrangê-lo, perante si e seus colegas de trabalho, colocando em risco a continuidade da
relação laboral e a saúde do trabalhador. Nesse sentido, o trabalho desenvolvido teve como
intuito analisar o dano moral e seus elementos. Sendo assim, o objetivo principal desta
monografia foi estudar o Dano Moral Trabalhista advindo do assédio moral. Nesse contexto,
buscou-se na fundamentação teórica, analisar o dano moral e seus elementos. A análise do
assédio moral e os requisitos do dano moral trabalhista se fez necessário para melhor
compreensão da competência material. A realização desta monografia levou à reflexão sobre
os requisitos do dano moral trabalhista e buscou responder três problemas: Quais são as
espécies de dano moral trabalhista? O dano moral trabalhista advindo do assédio moral afeta
mais recorrentemente alguma classe social, gênero ou raça? Qual a relevância social em
discutir este dano na esfera trabalhista? A escolha do tema se justifica, pois, acredita-se que o
assédio moral tem várias facetas. Além de comprometer relações trabalhistas, a prática dessa
conduta também leva a graves consequências físicas e psicológicas. O estudo em foco
compreendeu elementos de pesquisa qualitativa, sendo que o mesmo utilizou uma pesquisa
exploratória com levantamento bibliográfico, propondo identificar os elementos do dano
moral, os requisitos para configuração do dano moral e suas consequências. A monografia foi
dividida em quatro capítulos. O primeiro contemplou um estudo sobre o Direito do Trabalho,
suas fontes e princípios. No segundo capítulo, estudou-se a responsabilidade civil, analisando
o dano moral e seus elementos, apresentando os elementos da responsabilidade civil e as origens
do dano moral. O terceiro capítulo discorreu sobre o assédio moral e os requisitos do dano
moral trabalhista, apresentando a competência para ações de reparação de dano moral,
conceituando assédio moral, analisando os requisitos do dano moral trabalhista. No quarto
capítulo foram apresentadas a competência material, as consequências do assédio moral e o
tratamento internacional quanto ao crime.
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................11
1 DIREITO DO TRABALHO...............................................................................................12
2 RESPONSABILIDADE CIVIL..........................................................................................19
2.1.1 A ação..............................................................................................................................25
2.1.2 Nexo causal......................................................................................................................27
2.1.3 Dano.................................................................................................................................28
2.1.3.1. Dano material..............................................................................................................30
2.1.3.2. Dano moral..................................................................................................................30
2.1.3.3 Dano Estético................................................................................................................31
2.1.3.4 As origens do dano moral.............................................................................................34
2.1.3.5 Dano moral direto e indireto.........................................................................................35
2.1.4 Conduta culpável.............................................................................................................37
2.2 Materialização do dano moral.........................................................................................38
CONCLUSÃO.........................................................................................................................76
REFERÊNCIAS......................................................................................................................78
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INTRODUÇÃO
1 DIREITO DO TRABALHO
ambiente salubre, podendo, por meio de seu salário, ter uma vida digna para que possa
desempenhar seu papel na sociedade. O Direito do Trabalho pretende corrigir as deficiências
encontradas no âmbito da empresa, não só no que diz respeito às condições de trabalho, mas
também para assegurar uma remuneração condigna a fim de que o operário possa suprir as
necessidades de sua família na sociedade. Visa o Direito do Trabalho melhorar essas
condições do trabalhador.
A melhoria das condições de trabalho e sociais do trabalhador é feita por meio de
uma legislação que, antes de tudo, tem, por objetivo proteger o trabalhador, que é considerado
o polo mais fraco da relação com seu patrão. Este é normalmente mais forte economicamente,
suportando os riscos de sua atividade econômica.
As medidas protetoras a serem observadas são previstas na própria legislação,
quando limita a jornada de trabalho, assegura férias ao trabalhador depois de certo tempo,
possibilita intervalos nas jornadas de trabalho, prevê um salário que é considerado o mínimo
que o operário pode receber etc.
O estudo das fontes do Direito pode ter várias significações, como o de sua origem, o
de fundamento de validade das normas jurídicas e da própria exteriorização do Direito. Fontes
formais são as formas de exteriorização do direito. Exemplos: leis, costumes etc.
Fundamentado na obra de Martins (2000), o estudo mostra que as fontes materiais
são o complexo de fatores que ocasionam o surgimento de normas, envolvendo fatos e
valores. São analisados fatores sociais, psicológicos, econômicos, históricos etc., ou seja, os
fatores reais que irão influenciar na criação da norma jurídica valores que o Direito procura
realizar.
As fontes de Direito podem ser heterônomas ou autônomas. Heterônomas: são as
impostas por agente externo. Exemplos: Constituição, leis, decretos, sentença normativa,
regulamento de empresa, quando unilateral. Autônomas: são as elaboradas pelos próprios
interessados. Exemplos: costume, convenção e acordo coletivo, regulamento de empresa,
quando bilateral, contrato de trabalho.
Quanto à origem, as fontes podem ser: a) estatais, quando provenientes do Estado.
Exemplos: Constituição, leis, sentença normativa; (b) extras estatais: quando emanadas dos
grupos e não do Estado. Exemplos: regulamento de empresa, costume, convenção e acordo
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Cumpre observar que não se pode afirmar, entretanto, que a analogia e a equidade
sejam fontes do Direito, mas métodos de integração da norma jurídica, assim como o seria o
Direito comparado. Quanto aos princípios gerais de Direito, entendemos que se trata de uma
forma de interpretação das regras jurídicas.
A jurisprudência não pode ser considerada como fonte do Direito do Trabalho. Ela
não se configura como norma obrigatória, mas apenas indica o caminho predominante em que
os tribunais entendem de aplicar a lei, suprindo, inclusive, eventuais lacunas desta última.
No âmbito doutrinário, são poucos os autores que tratam dos princípios do Direito do
Trabalho, e entre eles, não há unanimidade sobre quais seriam os princípios dessa disciplina,
dependendo da ótica de cada autor.
O autor que melhor estudou o assunto foi o uruguaio Américo Plá Rodriguez (1990,
p. 18), e elenca seis princípios como do Direito do Trabalho: (a) princípio da proteção; (b)
princípio da irrenunciabilidade de direitos; (c) princípio da continuidade da relação de
emprego; (d) princípio da primazia da realidade; (e) princípio da razoabilidade; (f) princípio
da boa-fé. O princípio da boa-fé nos contratos não se aplica apenas ao Direito do Trabalho,
mas também a qualquer contrato.
De acordo com Martins (2000, p.73), o princípio da razoabilidade esclarece que o ser
humano deve proceder conforme a razão, de acordo como procederia qualquer homem médio
ou comum. Estabelece-se, assim, um padrão comum que o homem médio teria em qualquer
situação.
O empregador é que deve fazer a prova de que a despedida foi por justa causa, pois
normalmente o empregado não iria dar causa à extinção do contrato de trabalho, justamente
porque é a forma de obter o sustento de sua família. Da mesma forma, o empregador é que
deve fazer a prova de que o empregado presta serviços embriagado, pois o homem comum
não se apresenta nessas condições. O mesmo se pode dizer do abandono de emprego. O
empregado, por presunção, não tem interesse em abandonar o emprego, visto que é dele que
irá conseguir seus proventos, com os quais sobreviverá. Assim, cabe ao empregador provar
que o empregado abandonou o emprego, pois o homem médio não abandonaria o emprego
sem nenhum fundamento.
Entretanto, essa regra da razoabilidade diz respeito à interpretação de qualquer ramo
do Direito, e não apenas do Direito do Trabalho. Naturalmente que é aplicada ao Direito do
Trabalho, mas não se pode dizer que se trata de um princípio do Direito Laboral, pois é
aplicada à generalidade dos casos, como regra de conduta humana. Assim, exclui-se os
princípios da razoabilidade e da boa-fé em relação àqueles que se entende ser os específicos
do Direito do Trabalho.
Tem-se como regra geral que se deve proporcionar uma forma de compensar a
superioridade econômica do empregador em relação ao empregado, dando a este último uma
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(a) a elaboração da norma mais favorável, em que as novas leis devem dispor de
maneira mais benéfica ao trabalhador. Com isso se quer dizer que as novas leis
devem tratar de criar regras visando à melhoria da condição social do trabalhador;
(b) a hierarquia das normas jurídicas: havendo várias normas a serem aplicadas
numa escala hierárquica, deve-se observar a que for mais favorável ao trabalhador.
Assim, se o adicional de horas extras previsto em norma coletiva for superior ao
previsto na lei ou na Constituição, deve-se aplicar o adicional da primeira. A
exceção à regra diz respeito a normas de caráter proibitivo;
(c) a interpretação da norma mais favorável: da mesma forma, havendo várias
normas a observar, deve-se aplicar a regra mais benéfica ao trabalhador. O art. 620
da CLT prescreve que "as condições estabelecidas em convenção, quando mais
favoráveis, prevalecerão sobre as estipuladas em acordo". A contrário sensu, as
normas estabelecidas em acordo coletivo, quando mais favoráveis, prevalecerão
sobre as estipuladas em convenção coletiva. (MARTINS, 2000, p.76).
A condição mais benéfica ao trabalhador deve ser entendida como o fato de que
vantagens já conquistadas, que são mais benéficas ao trabalhador, não podem ser modificadas
para pior. É a aplicação da regra do direito adquirido (art. 5°, XXXVI, da CF), do fato de o
trabalhador já ter conquistado certo direito, que não pode ser modificado, no sentido de se
outorgar uma condição desfavorável ao obreiro.
O Enunciado 51 do TST bem estampa essa orientação: "as cláusulas regulamentares,
que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores
admitidos após a revogação ou alteração do regulamento". Assim, uma cláusula menos
favorável aos trabalhadores só tem validade em relação aos novos obreiros admitidos na
empresa e não quanto aos antigos, aos quais essa cláusula não se aplica.
O in dubio pro operario não se aplica integralmente ao processo do trabalho, pois,
havendo dúvida, à primeira vista, não se poderia decidir a favor do trabalhador, mas verificar
quem tem o ônus da prova no caso concreto, de acordo com as especificações dos arts. 333 do
CPC e 818 da CLT.
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Martins (2000, p.77), explica que se tem como regra que os direitos trabalhistas são
irrenunciáveis pelo trabalhador. Não se admite, por exemplo, que o trabalhador renuncie a
suas férias. Se tal fato ocorrer, não terá qualquer validade o ato do operário, podendo o
obreiro reclamá-las na Justiça do Trabalho.
O art. 9° da CLT é claro no sentido de que "serão nulos de pleno direito os atos
praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos
trabalhistas".
Poderá, entretanto, o trabalhador renunciar a seus direitos se estiver em juízo, diante
do juiz do trabalho, pois nesse caso não se pode dizer que o empregado esteja sendo forçado a
fazê-lo. Estando o trabalhador ainda na empresa é que não se poderá falar em renúncia a
direitos trabalhistas, pois poderia dar ensejo a fraudes. É possível, também, ao trabalhador
transigir, fazendo concessões recíprocas, o que importa um ato bilateral.
Feita a transação em juízo, haverá validade em tal ato de vontade, que não poderá
ocorrer apenas na empresa, pois, da mesma forma, há a possibilidade da ocorrência de
fraudes. Em determinados casos, a lei autoriza a transação de certos direitos com a assistência
de um terceiro.
2 RESPONSABILIDADE CIVIL
Extraordinária é a reflexão que Dias (2011, p.39-40) faz sobre a matéria, depois de
analisar a evolução da responsabilidade civil através dos tempos. Atualmente, observa-se que
o legislador apresenta uma disposição de focar mais nos métodos de reparação do dano do que
na identificação do responsável por ele. Isto procede do alcance de circunstâncias qualificadas
como de responsabilidade objetiva e da ampliação do âmbito de atuação do Código de Defesa
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Dano moral é um termo que pode ser conceituado sob dois prismas, negativo e
positivo. Negativo, seria uma apreciação por exclusão, conforme o qual seria dano sem
caráter patrimonial, que não afeta o patrimônio da pessoa, não resulta em perda pecuniária,
mas tão somente causa dor, sofrimento ou humilhação à vítima.
O conceito positivo é apresentado por Cavalieri Filho (2012, p.90) com o seguinte
entendimento:
Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É
lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a
intimidade, a imagem, o bom nome etc., como se infere dos arts. 1º, III, e 5º, V e X,
da Constituição Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e
humilhação.
O dano moral não é propriamente a dor, a angústia, o desgosto, a aflição espiritual, a
humilhação, o complexo que sofre a vítima do evento danoso, pois esses estados de
espírito constituem o conteúdo, ou melhor, a consequência do dano.
Um conceito mais sintético de dano moral é elaborado por Maria Helena Diniz (2010,
p. 90): “O dano moral vem a ser a lesão de interesse não patrimoniais de pessoa natural ou
jurídica (CC, art.52; Súmula 227 do STJ), provocada pelo fato lesivo”.
Desse modo, entende-se que o dano é a lesão a qualquer bem jurídico que cause
prejuízo a alguém e implique a violação de um direito assegurado em consequência de ato ou
omissão praticado por outrem.
Maria Helena Diniz (2010, p. 84) complementa apontando que a definição do dano
moral se caracteriza como:
A autora ressalta ainda que do mesmo modo, se a pessoa sofrer injúria em artigo de
jornal que cause queda em sua competência, transformando seus negócios, levando-o à ruína,
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ter-se-á dano moral e dano patrimonial indireto, pois incide, além do dano ao amor-próprio,
uma sensível diminuição de sua renda. Logo, nada impede a coexistência de ambos os
interesses como hipóteses de um mesmo direito, portanto o dano poderá prejudicar interesse
patrimonial ou extrapatrimonial. Realmente, o caráter patrimonial ou moral do dano não
sucede da natureza do direito subjetivo lesado, mas das sequelas da lesão jurídica, pois do
prejuízo causado a um bem jurídico econômico pode resultar perda de ordem moral, e da
injúria a um bem jurídico extrapatrimonial pode ocasionar dano material.
No mesmo sentido, Venosa (2003, p. 33) segue entendendo que:
Há tempos que se debate para verificar até onde acontece a ofensa moral, após
diversos estudos, encontra-se tal conclusão: “O dano moral, em sua aparência subjetiva,
resguarda os direitos de personalidade, como a intimidade, a vida privada, a honra, a liberdade
de pensamento, do uso do corpo, tudo o que envolve o ponto de vista interno do sujeito”, ou
seja, sua visão de si para si mesmo, tudo o que pode provocar sentimento de dor, de agitação
psíquica na pessoa, já que são direitos que abrangem o homem com ele mesmo. (TESTANI,
2006, p. 4).
De acordo com Humberto Theodoro Júnior (2001, p. 2), danos morais são os ocorridos
na esfera da subjetividade, alcançando os aspectos mais íntimos da personalidade humana ou
o da própria valoração da pessoa no meio em que vive e atua. No Direito do Trabalho, o
princípio da proteção à pessoa hipossuficiente veio para equilibrar a relação de trabalho e,
dessa maneira, tentar amenizar os possíveis casos de abusos do poder empregatício, inclusive
aqueles que caracterizem ofensa à moral do trabalhador.
Após conceituar o dano moral, passa-se a analisar os elementos da responsabilidade
civil para a caracterização do mesmo. Não se pretende, neste trabalho, fazer um exame
inovador dos pressupostos da responsabilidade civil, mas focar na análise do dano moral.
Com essa ressalva, passa-se a analisar os pressupostos tidos pela doutrina como essenciais
para o entendimento do conteúdo da responsabilidade civil: a ação, o dano, o nexo de
causalidade e a culpa.
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Na mesma linha de pensamento, Maria Helena Diniz (2010, p. 36) aponta que:
prática do ato e o resultado deste. Por sua vez, a “culpa” é uma imputação feita a alguém que
pratica um ato de certa forma reprovável, sendo que existem diversos tipos de culpa.
2.1.1 A ação
E também o Código Civil, no parágrafo único do art. 927, já citado, traz preceito
semelhante, deixando expresso que a atividade, por si só e não por particularidade do agente,
é que deve ser capaz de provocar risco de dano.
equivalência das condições, a da causalidade adequada e a que exige que o dano seja
consequência imediata do fato que o produziu.
O nexo causal é a relação que deve existir entre a ação ou omissão do agente e o dano
causado. Nexo significa ligação, vínculo, união. Causa, em responsabilidade civil, significa o
acontecimento que antecede o resultado lesivo.
Conforme prescreve Cavalieri Filho (2012, p. 71), tem-se que apurar se o agente deu
causa ao resultado antes de analisar se ele agiu ou não com culpa, pois não teria sentido culpar
alguém que não tenha dado causa ao dano. E ainda, conceitua nexo causal: “É o vínculo, a
ligação ou relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado”.
Nesse contexto, entende-se que o nexo causal deve sempre ser analisado no caso
concreto, sob pena de não se poder chegar a uma conclusão segura, pois todos os detalhes do
caso devem ser observados.
2.1.3 Dano
imprescindível diferença entre dano material, moral e estético. Muitas vezes, são baralhados
os conceitos referentes a essas três espécies de dano, provocando insegurança jurídica.
Para Silva (2012, p.39), a diferença entre dano moral e material não deve se prender à
natureza do bem atingido, mas ao efeito, à consequência que produz na vítima. Pode ser
lesado um bem patrimonial, mas o efeito ser de ordem moral, como também pode ser lesado
um bem imaterial, mas o prejuízo verificar-se na esfera patrimonial.
A natureza do direito subjetivo vitimado não é o elemento que permite dizer tratar-se
de dano moral ou material, mas sim a repercussão da lesão sofrida, o resultado percebido, a
consequência do ato de lesão praticado. Por vezes, a agressão a algum bem imaterial pode
gerar prejuízo tanto patrimonial como não-patrimonial, da mesma forma que a agressão a
algum bem material pode produzir prejuízo patrimonial e extrapatrimonial. Por esse motivo,
Diniz (2015, p.108) deixa registrado que a diferença entre dano moral e dano material decorre
da consequência do prejuízo causado ao lesado.
Assim, por exemplo, uma lesão à integridade corporal, que é direito da personalidade,
pode resultar em dano patrimonial. Verificar-se-ia o que se denomina dano emergente,
traduzido pelas despesas suportadas, em razão da lesão, e em lucros cessantes. Estes
caracterizam-se como um dano patrimonial indireto, resultante da impossibilidade temporária
para o exercício de determinado trabalho. Poderia provocar, ainda, consequência imaterial de
repercussão moral, bem como dano estético, que é compreendido com conteúdo específico e
em si mesmo considerado. Alguns entendem que o dano estético está englobado no que se
denomina dano moral. Já outros distinguem o dano moral, o dano estético e o dano material,
embora admitam que podem ser cumulados e constatados em uma mesma situação e
decorrentes do mesmo fato. Para essa corrente, os efeitos da lesão seriam considerados
separadamente nessas três esferas de dano. Para a primeira linha de pensamento, o dano
estético deve ser englobado no conceito amplo de dano moral. Seus adeptos não admitem que
se dissocie e desmembre o dano estético do dano moral.
Quando se fala em dano, para muitos surge apenas a ideia do dano patrimonial, no
entanto, o dano pode ser material e moral, como ressalta Cavalieri Filho (2012, p. 96):
Define-se o dano como sendo a subtração de um bem jurídico, qualquer que seja a
sua natureza, quer se trate de um bem patrimonial, quer se trate de um bem
integrante da própria personalidade da vítima, como sua honra, a imagem, a
liberdade etc. Em suma, dano é lesão de um bem jurídico, tanto patrimonial como
moral, vindo daí a conhecida divisão do dano em patrimonial e moral.
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Registra-se que o dano material é aquele que atinge os bens, ocasionando redução
patrimonial ao prejudicado, e o dano moral é aquele que atinge a honra, a imagem da vítima,
sua liberdade etc.
O dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima.
Sua atuação está na esfera dos direitos da personalidade. Nesta área, o prejuízo transita pelo
imponderável, por isso aumentam as dificuldades de se estabelecer a justa recompensa pelo
dano. Segundo Maria Helena Diniz (2010, p. 84): "Dano moral vem a ser a lesão de interesses
não patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada pelo fato lesivo".
A caracterização e a mensuração do dano moral são mais complexas, sendo mais
difícil a sua avaliação, visto estar ligado ao ânimo da vítima, envolvendo questões
psicológicas da pessoa. E, portanto, não é qualquer aborrecimento simples da vida que pode
acarretar indenização.
Para que se possa configurar ou não o dano moral, o julgador vem buscando suporte
na jurisprudência e na doutrina, pois não existem critérios objetivos definidos em lei. Na
avaliação do dano moral é preciso que haja por parte do juiz, bom senso e também prudência,
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O dano estético não atinge apenas a vaidade, mas a própria autoestima do indivíduo,
termina além da ofensa física: ofende a integridade humana. Exatamente por isso
está intimamente ligado aos direitos inerentes à pessoa: é a lesão a um direito de
personalidade. É preciso lembrar que o dano estético não passa de uma lesão a um
direito de personalidade, visto que ofende à integridade física e moral. Dessa forma,
está perfeitamente enquadrado no art. 5º, inciso X, da Carta Magna vigente, a qual
prevê a indenização dos direitos da personalidade através de uma reparação moral
e/ou patrimonial.
Diniz (2015, p. 100) afirma que o dano estético provoca uma alteração morfológica
nas pessoas, como deformidades ou marcas que resultem em alguma deformação no corpo da
vítima. Por sua vez, Andrade (2009, p. 81) define dano estético como o defeito, deformidade
ou alteração da aparência, gerando consequência estética desagradável ou constituindo causa
de complexo e desgosto. Portanto, o dano estético deve ser considerado como aquele que
produz alteração física permanente ou de longa duração no corpo humano e que não é passível
de correção, seja pelo tempo, seja por procedimentos médicos, provocando uma mudança
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substancial na imagem do lesado. Os danos imateriais, tais como sofrimento, abalo e dor,
decorrentes da ação ilícita do agente, configuram o dano moral a ser ressarcido.
Dessa forma, dano estético é aquele que atinge a aparência física do indivíduo. Pode
ser caracterizado como uma marca permanente, um corte que deixa significativa cicatriz e
também em caso de amputação de membros ou perda de órgão. Assim, o dano estético é
efetivamente o que resulta em alguma espécie de deformação visível e que, por isso, provoca
constrangimento na vítima. Ele estará caracterizado tão só quando fica constatado que o
indivíduo sofreu algum prejuízo em sua imagem, suportou uma piora significativa na
aparência, provocando desconforto em si mesmo e perante a sociedade. Em sentido contrário,
mesmo que tenha existido significativa mudança na aparência física, mas se for para melhor,
não se poderá falar em dano estético, embora a transformação não tenha sido desejada.
Segundo os esclarecimentos de Rizzardo (2007, p.223), para se caracterizar essa
forma de dano, deve-se observar a deformidade física ou perda de um sentido ou órgão, e a
repercussão no indivíduo, que se vê privado de sua imagem anterior, com inegável prejuízo
em sua aparência. Significa que, além de atingir o aspecto físico, o dano atinge também a
trajetória psicológica do indivíduo. Nessa linha de raciocínio, a cumulação de danos deverá
ser aceita quando, decorrentes do mesmo fato, tanto o dano estético como o dano moral
possam ser abrangidos distintamente. O fato que os ensejou foi o mesmo, mas a consequência
é o afeamento, bem como a repercussão moral decorrente do dano.
Neste tipo de dano, de forma ainda mais intensa, surge o grande problema da fixação
dos valores reparatórios. Como se sabe, seja quando ocorre dano estético ou dano moral
propriamente dito, o arbitramento é realizado com embasamento em critérios abstratos. A
rigor, não se trata de efetiva indenização, pois é impossível o retorno da situação anterior. Em
outras palavras, os dois tipos de dano são insuscetíveis de apuração material ou financeira. Por
esse motivo, os critérios para a fixação indenizatória deverão ser explicitados, evitando-se que
os mesmos fundamentos utilizados para um o sejam para o outro, fato que poderia caracterizar
um bis in idem.
Deste modo, Silva (2004, p. 23), ao afirmar que o dano estético é uma lesão que deve
ter reparação moral ou material, acabou por afirmar a tese da não cumulabilidade do dano
moral com dano estético.
Certeiro para aqueles que acreditam ser o dano estético espécie do dano moral é não
concordar com a referida cumulação, porque, ao se reconhecer o dano estético como
parte integrante do dano moral, admite-se que são danos que possuem algo em
comum, sendo, portanto, ressarcíveis por causas iguais. Assim, de acordo com esse
entendimento, o juiz, ao adentrar a cumulação do dano estético com o dano moral,
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Lopez (2004), tomando como ponto básico o sofrimento moral que o dano estético
acarreta, afirma que a lesão estética sempre é um dano moral, podendo, simultaneamente,
resultar em dano patrimonial caso haja prejuízo material. Mas, para ela não há como se falar
em prejuízo estético que também não seja prejuízo moral, pois a lesão à integridade física
deixa a pessoa menos feliz do que era antes. A autora acrescenta ainda que
O dano estético é sempre uma espécie de dano moral e, na maioria das vezes,
concomitantemente, também dano material, mas, se dele somente advierem
prejuízos de ordem econômica, fala-se em ofensa passageira à estética pessoal ou
em dano estético transitório. (LOPEZ, 2002, p. 55).
Embora a autora diga que dano estético é sempre uma espécie de dano moral, seu
entendimento é pela cumulação do dano estético com o dano moral. Assim, torna-se
necessária a seguinte indagação: Como aceitar essa cumulação, se dano estético também é
dano moral?
Lopez (2002) explica que o dano deformante à integridade física não é igual a
qualquer outro tipo de dano moral; é a mais grave e mais violenta das lesões à pessoa, porque,
além de gerar sofrimento pela transformação física (dano moral objetivo), gera um outro dano
moral, que ao primeiro se soma, que é o dano moral à imagem social. Assim se manifestou a
autora:
Não é possível, mas principalmente justa, a cumulação do dano estético com o dano
moral por serem dois tipos diferentes de danos morais à pessoa, ou seja, atingem
bens jurídicos diferentes. O dano estético (dano físico) é dano moral objetivo que
ofende um dos direitos da personalidade, o direito à integridade física. Não precisa
ser provado, é o damnum in re ipsa. O sofrimento e a dor integram esse tipo de
dano. O dano moral é o dano à imagem social, à nova dificuldade na vida de relação,
o complexo de inferioridade na convivência humana. Sem dúvida, há no dano
estético a destruição da integridade do corpo, e com isso a modificação para pior da
antiga aparência física (imagem) da sua vítima. O sofrimento é duplo e por isso pede
indenização dupla (grifos nossos). (LOPEZ, 2002, p. 56).
Desse modo, admite-se a cumulação do dano estético (dano físico) com o dano moral
(psíquico), que, embora provenientes do mesmo fato ilícito, são de ordens diferentes: um
puramente psíquico, outro visível.
Impende mencionar que a identificação do dano estético, de forma independente do
dano moral, deve ser entendida como legítima, visto que são atingidos bens distintos,
resultando em repercussões danosas diferentes. Não se pode, diante de uma inicial dificuldade
de precisão, enquadrá-lo como componente da mesma classe de dano moral. Para trazer maior
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A reparação do dano moral foi acolhida entre muitos povos de períodos passados.
Certamente, que não existia qualquer teoria aprofundada a respeito da matéria, e
sequer se refletia sobre a caracterização dos fatos de então como dano moral, na
definição que hoje se aplica o termo.
Para empreender qualquer tentativa de análise com relação à distinção do dano moral
em direto e indireto, é relevante recorrer à obra de Diniz (2010, p. 86-87), que conceitua da
seguinte maneira:
O dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa a satisfação ou gozo
de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade (como a
vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os
sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a
capacidade, o estado de família). O dano moral indireto consiste na lesão a um
interesse tendente à satisfação ou gozo de bens jurídicos patrimoniais, que produz
um menoscabo a um bem extrapatrimonial, ou melhor, é aquele que provoca
prejuízo a qualquer interesse não patrimonial, devido a uma lesão a um bem
patrimonial da vítima. Deriva, portanto, do fato lesivo a um interesse patrimonial.
Ratificando o pensamento a autora acima, Birolli (2004) explica que o dano moral
direto, ou dano moral puro, é aquele que lesa interesses protegidos pelo direito da
personalidade, como a vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a
intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem, entre outros, ou contido nos atributos
das pessoas, tais como: o nome, a capacidade e o estado de família. Já o dano moral indireto
se apresenta quando, havendo lesão a um interesse patrimonial, acontece, ao mesmo tempo,
lesão a um bem denominado extrapatrimonial, ou seja, uma vez lesado um bem patrimonial
da vida este poderá refletir de maneira a provocar prejuízo a interesse não patrimonial.
Neste sentido, Bittar (2014, p.79) relaciona o dano moral reflexo àquele que atinge de
forma direta um bem de natureza patrimonial gerando efeitos também na esfera
extrapatrimonial. Entretanto, já apresenta a ideia de transcendência do dano a terceiros:
São puros os danos morais que se exaurem nas lesões a certos aspectos da
personalidade, enquanto os reflexos constituem efeitos ou extrapolações de
36
Do mesmo modo, constata-se que a designação direto ou indireto pode ser empregada
para qualificar o dano moral de acordo com a natureza do bem jurídico diretamente afetado
pela ação lesiva. Desta forma, pode-se assegurar que o dano moral é direto quando a lesão
atinge diretamente algum dos bens integrantes da personalidade, tais como a vida, a honra, a
intimidade, a integridade corporal e a imagem. De outro lado, diz-se que é dano moral
indireto quando é atingido bem patrimonial, mas com reflexos sobre bem de natureza
personalíssima.
Diniz (2010, p. 84), também apresenta este entendimento quando afirma que:
O dano moral vem a ser a lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou
jurídica, provocada pelo fato lesivo. Qualquer lesão que alguém sofra no objeto de
seu direito repercutirá, necessariamente, em seu interesse; por isso, quando se
distingue o dano patrimonial do moral, o critério da distinção não poderá ater-se à
natureza ou índole do direito subjetivo atingido, mas ao interesse, que é pressuposto
desse direito, ou ao efeito da lesão jurídica, isto é, ao caráter de sua repercussão
sobre o lesado, pois somente desse modo se poderia falar em dano moral, oriundo de
uma ofensa a um bem material, ou em dano patrimonial indireto, que decorre de
evento que lesa direito extrapatrimonial, como, p. ex., direito à vida, à saúde,
provocando também um prejuízo patrimonial, como incapacidade para o trabalho,
despesas com tratamento.
Nesse contexto, pode-se afirmar que os danos morais podem gerar efeitos para além da
figura da vítima direta, atingindo terceiro ligado a ela. Cabe destacar que, da mesma forma
que no dano moral propriamente dito, no dano moral indireto também devem estar presentes
os requisitos necessários para que o dano seja indenizável, devendo existir a efetiva
caracterização deste na relação da qual se pretende buscar a responsabilização e equivalente
indenização de seus efeitos.
Não basta que o agente causador do dano tenha agido de maneira ilícita, para que
exista a obrigação de indenizar. De acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, a culpa é
fundamento da responsabilidade civil, embora exista alguns casos de responsabilidade sem
culpa.
A culpa pode ser tratada em sentido amplo, latu sensu, que compreende o dolo e a
culpa em sentido estrito, stricto sensu, na qual é caracterizada pela imprudência, imperícia ou
negligência. Ainda, Pereira (2006, p. 657) distingue dolo e culpa, o primeiro como infração
consciente do dever preexistente ou a infração da norma com a consciência do resultado, e a
culpa como violação desse dever sem a consciência de causar dano.
Corroborando, Maria Helena Diniz (2010, p. 42) leciona que:
A culpa é classificada na doutrina pela gravidade como levíssima, leve ou grave. Essa
distinção de graus é necessária para auxiliar no quantum indenizatório. Culpa levíssima é
aquela que a falta poderia ser evitada com atenção extraordinária, ou seja, com conhecimento
singular ou com alguma habilidade especial, perita.
Já a culpa leve é a falta que pode ser evitada com atenção ordinária, com o cuidado
próprio do homem comum. A culpa é grave quando imprópria ao homem comum, é a que o
agente atua com enorme falta de cautela, com descuido injustificável ao homem mediano.
Esta, também chamada de culpa consciente, é a que mais se aproxima do dolo eventual do
Direito Penal, pois nos dois casos há previsão do resultado, só que na culpa consciente, o
38
agente acredita que o evento não ocorrerá e no dolo eventual o agente assume o risco de
produzi-lo. (CAVALIERI FILHO, 2012, p. 62).
É importante observar que essa classificação é doutrinária, haja vista que o Código
Civil não faz distinção entre os graus de culpa. O legislador prevê a obrigação de indenizar
independente se o agente agiu com culpa levíssima ou até mesmo com dolo. E ainda, que a
indenização não será calculada pelo grau de culpa, mas sim pela extensão do dano, como
dispõe o artigo 944.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o
dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Observa-se, que apesar do caput falar somente do dano, no parágrafo único, do art.
944 do Código Civil, o legislador menciona a gravidade da culpa. Neste caso, sendo conferido
ao juiz o poder de reduzir a indenização quando excessiva, caso mostre desproporção entre
seu valor e o grau da culpa do agente responsável. (GONÇALVES, 2010, p. 539).
Há uma certa dificuldade para se consolidar o dano moral, uma vez que o mesmo que
não é composto por materialidade, porém, há de se fixar um valor para a dor sofrida, ou um
interesse violado, seguindo o entendimento de Reis (2000, p. 15): “é inquestionável que os
padecimentos de natureza moral, como, por exemplo, a dor, a angústia, a aflição física ou
espiritual, a humilhação, e de forma ampla, os padecimentos resultantes em situações
análogas, constituem evento de natureza danosa, ou seja, danos extra patrimoniais”.
Complementando, Sílvio de Salvo Venosa (2003, p. 28), discorre que: “No dano
moral, leva-se em conta a dor psíquica ou mais propriamente o desconforto comportamental.
Trata-se, em última análise, de interesses que são atingidos injustamente. O dano ou interesse
deve ser atual e certo; não sendo indenizáveis, a princípio, danos hipotéticos. Sem dano, ou
sem interesse violado, patrimonial ou moral, não se corporifica a indenização. A
materialização do dano ocorre com a definição do efetivo prejuízo suportado pela vítima”.
Além da reparação do dano moral, a indenização serve, também, para conter a ação
lesiva do causador, conforme entendimento de Reis (2000, p. 63):
Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos
seguintes:
(...)
V – É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;
(...)
X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurados o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação.
Um aspecto interessante neste inciso, é a previsão de que o dano moral em sua maior
amplitude, no sentido de lembrar em igual totalidade o dever de ressarcir sempre que houver a
comprovação do dano material ou imaterial decorrente de sua transgressão.
Ainda que a Constituição Federal tenha trazido mudanças quanto à reparação do dano
moral, este mesmo dispositivo, em seu art. 114, VI, aponta que compete à Justiça do Trabalho
processar e julgar as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da
relação de trabalho. Portanto, nas relações trabalhistas, cabe à Justiça do Trabalho tal
competência.
41
relação de trabalho” – aqui incluindo-se o dano moral - a serem decididas na “forma da lei”,
nada obstante fosse a Lei Civil. (FELKER, 2006, p. 146).
Conforme observado anteriormente, o fato da solução da contenda reclamar a
aplicação de dispositivos pertencentes a outro ramo do Direito, não implica a
descaracterização da competência da Justiça do Trabalho, afinal, a própria CLT, em seu art.
8º, indica o Direito Civil como fonte subsidiária do Direito do Trabalho:
vez, significa perseguir com insistência, que é o mesmo que molestar, perturbar, aborrecer,
incomodar, importunar. (PAROSKI, 2013).
Sobre o tema, Stephan (2013, p. 18) afirma que:
[...] O assédio moral significa uma ação continuada e constrangedora que atinge os
princípios e valores morais da vítima, através de tratamento inconveniente, ofensivo
à integridade moral e à dignidade da pessoa humana, compreendida como
fundamento da República Federativa do Brasil, conforme se depreende da leitura do
inciso III do art. 1º da Constituição vigente.
Assim, o assédio provém de diferentes fatores, mas também exibe este trabalhador a
situações que o constrangem, vexatórias e degradantes, e estas situações ocorrem de forma
continuada. Contudo, o assédio não pode se confundir com o simples aborrecimento diário
nas relações de trabalho, o que é comum entre todas pessoas, e não é capaz de sugestionar a
indenização prevista.
Assédio moral é a deliberada degradação das condições de trabalho através do
estabelecimento de comunicações não éticas (abusivas) que se caracterizam pela repetição por
longo tempo de duração de um comportamento hostil que um superior ou colega (s)
desenvolve (m) contra um indivíduo que apresenta, como reação, um quadro de miséria física,
psicológica e social duradoura. (ZIMMERMANN, 2002, p. 2).
O assédio moral é definido pelo magistrado José Carlos Rizk (2002)1 como:
Desta forma, o assédio moral pode se manifestar por ações que não envolva palavras
ou escritos, como por exemplo, olhares, suspiros, desprezo e silêncio, bem como através de
ordens inofensivas, serviços improdutivos, sem qualquer utilidade prática, metas de
produtividade impossíveis de serem alcançadas, enfim, formas intensas de desprestígio que
podem ser utilizadas pelo empregador ou seu preposto.
O assédio moral tem se tornado uma prática comum nas empresas que se veem
obrigadas a manter funcionários que, de alguma forma, obtiveram estabilidade permanente ou
temporária, decorrente de lei ou decisões judiciais. Como não podem demitir o funcionário, as
empresas utilizam-se deste expediente antiético, para forçar o funcionário a pedir demissão.
1
RCO-TRT 17 Região n°1142.2001.006.00-9, Rel Juiz José Carlos Rizk, publicado no DO em 15.10.2002
45
Isso acontece nas reintegrações por determinação judicial, no retorno do afastamento por
acidentes de trabalho, no retorno da mulher após a licença maternidade, dentre outros.
Para delinear afirmação acima, importante ressaltar o que doutrina Hirigoyen (2010, p.
65):
Por assédio em um local de trabalho tem-se que entender toda e qualquer conduta
abusiva manifestando-se sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos,
escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física
ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de
trabalho.
Desta forma, destaca-se que as vítimas deste assédio, na maioria das vezes, não se
manifestam, pois, dependentes do emprego, só se manifestam após sua demissão ou fim do
vínculo empregatício. É oportuno mencionar que como o assédio ocorre de forma contínua,
em ofensivas corriqueiras, sempre haverá uma situação de superioridade em relação a vítima.
Assim, a vítima sofre emocionalmente com o distúrbio psicológico causado pelo ofensor,
refletindo no seu desempenho no trabalho.
Na busca de compreensão, pode-se reportar à obra de Gomes, (apud Stephan, 2013,
p.33), que afirma:
Gomes (apud Stephan, 2013) deixa evidente que o assédio atinge absolutamente o
princípio da dignidade da pessoa humana, o que dentro das relações de trabalho é de suma
importância. E, afrontar a dignidade do trabalhador é retroceder enormemente nas relações de
trabalho, pois a elaboração das leis foi exatamente para combater este tipo de assédio, o qual
foi muito presente na época da escravidão. Observa-se que o assédio desestabiliza a condição
de trabalho da vítima. É importante destacar os atos mais comuns de assédio moral no
trabalho, conforme o entendimento do Ministério do Trabalho e do Emprego:
autoria de delitos como furto, e o empregador deve, portanto, lançar mão desses
meios. [...]. Percebe-se, portanto, que se trata de forma muito simplista e acomodada
de o empresário defender o seu patrimônio. E é, indiscutivelmente, atentatória à
dignidade da pessoa humana do trabalhador. (SÍMON, apud MORAES, 2003, p.
93).
Na hipótese de revista pessoal poderá revelar-se o dano moral, [...] quando tal
instrumento de controle e defesa do patrimônio do empregador venha a causar
menoscabo à proteção da intimidade do empregado, mormente o do sexo feminino,
na entrada ou na saída do serviço, já que o estado de subordinação não o reduz à
condição inferior.
Nesse contexto, necessário se faz expor o art. 373-A, inciso VI, da Consolidação das
Leis do Trabalho:
Art. 373A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que
afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades
estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado: [...] VI - proceder o empregador ou
preposto a revistas íntimas nas empregadas ou funcionárias. (BRASIL, 1999).
É importante observar que existem situações nas relações de trabalho que apresentam
alguns limites, os quais, uma vez ultrapassados, invadem ilicitamente a intimidade e a vida
privada do trabalhador, originando assim o dano moral trabalhista. Trata-se da ação patronal
que ultrapassa os limites do local de trabalho, interferindo na vida do empregado fora de seu
ambiente de trabalho.
Dessa forma, não existe autorização para que o empregador proceda investigações na
vida privada do empregado, com o intuito de investigar seu relacionamento com a família,
com os amigos, sua forma de lazer, ou seja, investigar sua conduta extra laboral.
49
Interessante ressaltar que a Lei n. 9.029, de 13 de maio de 1995 tratou de reger atos
discriminatórios, tanto para efeitos admissionais, como para efeito da permanência da relação
de emprego. Em seus três primeiros artigos, a referida norma dispõe:
Assim, como se observa, algumas condutas são tipificadas como atos ilícitos
criminais, com pena correspondente (art. 2°), e ainda, são previstas sanções administrativas
aos lesantes (art. 3°). De qualquer sorte, são atos reconhecidamente ilícitos, sendo
amplamente admitido que o ofendido pleiteie reparação pelo dano moral suportado.
É notório que em uma relação de trabalho existe uma convivência entre colegas, nada
impedindo que dali nasça relacionamentos amorosos espontâneos, com vontade livre do casal
em se relacionar. No entanto, pode ocorrer que não haja correspondência por uma das partes,
vindo esta, a sofrer os efeitos da insistência da outra.
Como bem ressalta Pamplona Filho (1999, p. 14):
Caso esta circunstância se dê entre trabalhadores de nível hierárquico diferente e/ou
entre empregador e empregado, em que uma das pessoas tem o poder de decidir
50
responder por perdas e danos mesmo que não tenha conhecimento dos fatos, pois a legislação
vigente adotou a responsabilidade objetiva, ou seja responde independentemente de culpa
pelo fato. (ALKIMIN, 2010, p. 64).
As empresas respondem pelos atos do agressor, seja pela sua omissão, tolerância ou
estímulo em busca da competitividade interna, esquecendo-se que são responsáveis pela
integridade psicológica e física de seus empregados.
A Consolidação das Leis do Trabalho não dispõe expressamente acerca da figura do
assédio moral. Todavia, ele pode configurar falta grave e ser motivo de justa causa para a
rescisão do contrato de trabalho - seja a falta praticada pelo trabalhador, seja pelo empregador
(rescisão indireta).
Em seu texto, a CLT regula que o contrato de trabalho poderá ser rescindido se ocorrer
algum dos casos descritos nas alíneas do artigo 483, prevendo indenização. Acerta também,
que se ocorrer culpa de ambas as partes, a indenização devida será reduzida pela metade,
como aponta o artigo 484 da mesma lei.
Como se sabe, as ações do assédio moral prejudicam tanto o lesado como os outros
trabalhadores, que são atingidos indiretamente pelos atos praticados pelo empregador. Nesse
sentido, estas condutas do empregador, são chamadas pelos doutrinadores de “agressões”,
pois atingem tanto trabalhador no ambiente de trabalho, como em sua vida pessoal.
Neste tópico, abordar-se-á os elementos que distinguem a indenização por dano moral,
considerando-se primeiramente que a reparação do dano é sanada através da satisfação
pecuniária de quem sofreu a lesão, ou seja, mesmo que a dor sofrida possa não ter mensuração
econômica, a reparação através do dinheiro serve para trazer ao lesado uma situação mais
confortável em sua vida a partir dos danos passados.
Cabe, por oportuno mencionar que o dano moral não tem um valor fixado na Lei,
entretanto, o que determina o dano, além de ser avaliado o tamanho da dor sofrida, e os casos
que servem de modelo e que estão concretizados na jurisprudência. Deste modo, o julgador
deve considerar tanto o caráter punitivo e a sua reparação pela dor ocasionada, ou seja, o juiz
deve considerar que a indenização pronunciada não poderá ir além da extensão do dano, o que
caracterizaria um enriquecimento ilícito do lesado.
54
Como se trata de patrimônio imaterial, a indenização pelo dano causado não possui
mensuração econômica, portanto, caberá ao juiz, tendo em vista alguns requisitos, bem como
casos que servem de paradigma, fixar o dano pelas lesões sofridas. A indenização sendo
devida, seu pagamento ocorrerá através do dinheiro, a fim de tentar proporcionar a vítima do
dano uma situação mais confortável.
A finalidade da indenização, se possível, é reparar o status quo ante, ou seja, deixar o
indivíduo prejudicado na mesma situação de antes da prática do dano moral. No entanto, isto
se torna muito difícil, pois não se trata de um dano certo e líquido, pois, afeta o psicológico, a
moral e a honra, e estes nunca voltarão a ser os mesmos aos quais existiam antes.
É importante ressaltar com base em Gonçalves (2011, p. 429) que:
Cumpre observar que, para a indenização por dano moral, dificílimo é a volta do
estado anterior que a pessoa tinha, pois é um dano que não tem uma quantia fixada em lei para
cada prática prejudicial. Para a reparação deste dano, deve ser levado em consideração alguns
requisitos que servirão de subsídio ao juiz para que este implante a quantia necessária a fim de
proporcionar um conforto melhor ao ofendido, levando sempre em consideração o não
enriquecimento ilícito deste, o que será abordado em tópico próprio.
Nesse sentido, o dano tem como função tentar amenizar a dor sofrida, e o seu caráter
financeiro é em função de que o dano causado não consegue compreender algo líquido, certo
e determinável. Assim, Gonçalves (2011, p. 429), é brilhante ao afirmar que “na indenização
do dano moral, às vezes, ‘ante a impossibilidade da reparação natural’, isto é, da
reconstituição natural, na restitutio in integrum buscar-se-á, atingir uma situação material
adequada”.
Dentre as questões abordadas, vale deferi que o autor mostra que a indenização serve
para “proteger” e assentar o trabalhador diante de uma situação mais cômoda àquela em que
se encontra. Valendo lembrar que o dano moral na maioria das vezes não é impetrado em
juízo no momento de seu ato, mas, posteriormente à rescisão de seu vínculo, com ou sem justa
causa.
Ressaltando que o trabalhador só irá impetrar este dano, juntamente com as outras
verbas trabalhistas. Desta forma, deverá comprovar que o dano sofrido é decorrente deste ato,
55
seja comissivo ou omissivo, articulado por seu empregador, sendo este autenticado para
figurar no polo passivo de uma reclamatória que tenha como rogativa o dano moral.
Por outro lado, deve o juiz, ao fixar o valor, e à falta de critérios objetivos, agir com
prudência, atendendo, em cada caso, às suas peculiaridades e à repercussão
econômica da indenização, de modo que o valor da mesma não deve ser nem tão
grande que se converta em fonte de enriquecimento nem tão pequena que se torne
inexpressivo.
Deste modo, carece o juiz analisar situações como o peso do dano, a situação do
ofensor, a condição do ofendido, de modo que possa acatar o modo compensatório e o
punitivo que o dano moral tem como papel, a fim de impedir o enriquecimento ilegítimo e a
recidiva.
Registra-se ainda a compreensão de Nascimento (2004, p. 533) sobre o tema:
Em vista disso, destaca-se ainda o artigo 769 da CLT: “Nos casos omissos, o direito
processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em
que for incompatível com as normas deste título”. Então, aplicar-se-á as regras da fixação do
dano moral aquelas fixadas no CPC.
A inexistência de mecanismo expresso sobre a quantia a ser fixada, faz com que o
magistrado e se norteie por parâmetros, e por seu livre arbítrio, alcançando valor que
corresponda à indenização da dor sofrida, bem como a repreensão, sempre observando as
particularidades de cada fato. A ação inconveniente praticada ao trabalhador, é digna de uma
reparação, embora, esta não ocasione a mesma situação que detinha antes, pois o dano afeta a
propriedade imaterial de cada ser, podendo até mesmo a própria ofensiva alterar a sua
proporção diante de cada pessoa.
Sobre o tema, Melo (2012, p. 115) ressalta que o magistrado deverá analisar as
situações que envolvem cada caso, para não deixar nenhum item de fora. Confere-se:
Deste jeito, o magistrado concretiza o caso em que está em presença, e que deste
existe o pedido de indenização por dano moral, tendo a capacidade de aplicar o valor diante
do que foi impetrado e ratificado pelas partes. Aspectos como o nível de culpa, a seriedade do
dano, sua extensão e repercussão, são fatores fundamentais para fixar uma indenização que
atenda o aspecto punitivo e compensatória que se espera.
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Gonçalves (2011, p. 402) citando Diniz, conceitua as regras para serem seguidas
quando do arbitramento:
Deste modo, o arbitramento do quantum indenizatório será feito por livre certificação
do magistrado, contudo sempre acatando o caráter punitivo e a compensação pela dor que o
empregado sofreu durante seu trabalho.
Alguns aspectos importantes a ressaltar, referentes às relações de trabalho, que
deverão ser analisados para o arbitramento do montante, são destacados por Lobregat (2001,
p. 122):
1) O tempo transcorrido entre o dano moral sofrido e o ajuizamento da ação tendente
à obtenção da indenização, porquanto – como se sabe – o tempo suaviza as dores,
cicatriza as feridas, aplaca as mágoas, enfim, vai apagando da lembrança os
acontecimentos ruins, uma vez que é da essência da natureza humana esquecer-se
dos maus momentos, de tal modo que tanto menor será o valor da indenização
quanto maior for o lapso temporal transcorrido;
2) O tempo de serviço prestado ao empregador, devendo ser maior o valor da
indenização quanto maior for o tempo de convivência, em face do conhecimento
mútuo e da ampliação de confiança derivada do passar dos anos;
3) O cargo e a posição hierárquica ocupados na empresa, devendo ser maior o valor
da indenização quanto maior for o tempo de convivência, em face do conhecimento
mútuo e da ampliação de confiança derivados do passar dos anos;
4) A situação econômica do ofendido, de tal forma que a indenização arbitrada não
se transforme em meio de enriquecimento indevido.
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Nesse contexto, destaca-se que a compensação deverá ser paga em parcela única, pois
o pagamento a esta infração não evidencia pensão ao ofendido. E mesmo o pagamento em
parcela única deverá ser recomendado afim de não adiar a dor tolerada.
Diante de tais fatos, é relevante afirmar que a indenização prevê que para cada dano
sofrido, a lei necessitaria ressaltar os valores a serem indenizados. Assim, caberia ao juiz
somente o reconhecimento do dano moral, e lhe aplicar os valores preestabelecidos.
Impende mencionar que a referida indenização não foi admitida pela CF/88, haja vista
que em seu artigo 5º, V, a Carta Magna deixa manifestado que: “V - é assegurado o direito de
resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem”. Evidente é o texto legal, que resta claro ao magistrado, a necessidade de usar todos
os critérios para analisar a quantia, porém utilizando-se de seu livre arbítrio.
Florindo, citado por Lobregat (2001, p. 124), aponta que:
Uma vez verificado o dano moral e seus graves reflexos na vida do trabalhador, não
basta a indenização “in pecúnia” pelo dano, mister também se faz a entrega de carta
de boa referência, posto que a pecúnia tem efeito meramente compensatório, haja
vista que não é possível voltar ao “status quo ante”, sendo que os efeitos do dano
continuarão a existir, ainda que de forma diminuída, [...].
Assim, a reparação do dano em dinheiro haverá de existir, caso o dano seja provado,
porém, este poderá ser diminuído, quando o dano não causar efeitos graves no indivíduo
lesado. Há também outro fator que deve ser considerado pelo juízo, reduzindo o quantum
indenizatório é o espaço temporal que induz o empregado a mover a ação indenizatória por
dano gerado na messe trabalhista. Tendo em vista que o sofrimento não é eterno, e que com o
tempo, o indivíduo é capaz de superar este sofrimento.
Com a inclusão do art. 114, VI, da CF/88, por meio da Emenda Constitucional nº
45/04, terminou a divergência acerca da competência da Justiça Trabalhista para
processar e julgar ‘as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
decorrentes da relação de trabalho’. Definiu-se, pois, que tais ações são de
competência dessa Justiça Especializada.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.
Como desfecho, conclui-se que quando alguém viola direito e causa dano a outrem,
esta pessoa fica obrigada a indenizar o dano gerado, sendo em alguns casos necessário provar
a ocorrência da conduta, dano, nexo de causalidade e culpa em sentido amplo e em outros
casos necessário apenas a prova da conduta, dano e do nexo de causalidade, dispensando-se o
aferimento da culpa.
61
As consequências do assédio moral são desastrosas para todos: à vítima (com todo o
seu universo particular: família e sua vida social), o assediador, à empresa ou instituição e à
sociedade.
Inconscientemente a vítima sofre, sem entender o seu próprio sofrimento. Razão disso
é a sensação de perda da dignidade que a coloca na condição de não perceber a dominação
psicológica do agressor, nem a sua submissão. Essa situação é a principal causadora do
sofrimento psicológico que traz como consequências, entre outras: insônia; aparente cansaço,
condutas de dependência como a bulimia2, alcoolismo, toxicomania, estresse, ansiedade
generalizada, fadiga crônica, depressão, e distúrbios psíquicos diversos.
Quando a vítima toma conhecimento da realidade dos fatos, fica atemorizada,
desamparada, confusa e muitas vezes traumatizada. Hirigoyen (2010, p. 176) descreve esse
estado com sabedoria:
[...] é uma sensação de rompimento violenta, de estupefação, de transbordamento,
ou de desmoronamento, que certas vítimas descrevem como sendo quase uma
agressão física: é como um murro [...].
A vítima, diante dessa situação de confusão não consegue sair do emaranhado em que
se encontra. Por isso, quase sempre, vem a depressão. Muitas se isolam do grupo a que
pertencem. Nessa solidão, diante do sofrimento, sem coragem de pedir ajuda ou quando pede
não é levada a sério, a vítima não consegue reagir às agressões sofridas no seu ambiente de
trabalho. Surge daí a dificuldade para desempenhar suas funções com qualidade, seja na vida
particular, seja na vida profissional.
Nesse contexto, Hirigoyen (2010, p.183), descreve com sensibilidade os sentimentos
da vítima:
As agressões ou humilhações permanecem inscritas na memória e são revividas por
imagem, pensamentos, emoções intensas e repetitivas, seja durante o dia, com
impressões bruscas de iminência de uma repetição idêntica, ou durante o sono,
provocando insônias e pesadelos. As vítimas têm necessidades de falar dos
acontecimentos traumatizantes, mas a evocações do passado levam, todas as vezes,
às manifestações psicossomáticas equivalentes ao medo. Elas apresentam distúrbio
de memória e de concentração. Por vezes perdem o apetite, ou tem, pelo contrário,
condutas bulímicas, que aumentam seu consumo de álcool ou de fumo.
2
Distúrbio do apetite caracterizado por episódios incontroláveis, chamados de acessos de hiperfagia, que,
independentemente da anorexia nervosa, sobrevêm ao menos duas vezes por semana durante três meses ou mais.
62
O nexo causal é, portanto, o vínculo fático que liga o efeito (incapacidade para o
trabalho ou morte) à causa (acidente de trabalho ou doença ocupacional). Decorre de
uma análise técnica, a ser realizada, obrigatoriamente, por médico perito ou junta
médica formada por peritos nesta matéria.
empregador pelo evento lesivo advindo. A indenização a ser paga pela previdência decorre da
simples ocorrência do nexo causal entre o dano físico e o exercício do trabalho, uma
responsabilidade objetiva.
Aconselha-se, por fim, que não há que se falar em bis in idem, tendo em vista que a
indenização acidentária é decorrente do infortúnio, sem que se especule sobre as suas causas,
tendo caráter eminentemente alimentar. Já a indenização a ser paga pelo empregador, material
ou moral, se reconhecida sua culpa ou dolo, é informada pela legislação civil e tem caráter
essencialmente reparatório. Assim, nada obsta que o trabalhador ou seus familiares (no caso
de morte) recebam, por exemplo, indenização por dano material correspondente a pensão
vitalícia, independentemente da aposentadoria previdenciária por acidente de trabalho.
Um aspecto interessante que vale ressaltar, é quanto ao prejuízo que o assédio moral
pode causar. A empresa ou organização, tem prejuízos, pois fica na iminência de sofrer perdas
com pessoal; com aumento nas despesas previdenciárias, nas despesas com serviços jurídicos,
principalmente em defesas perante à Justiça (uma vez que o assédio moral é uma espécie de
quebra de contrato), na redução da produção ou na eficiência dos serviços prestados, e, outros
mais; com o desgaste perante o seu público alvo, clientes de sua produção ou serviços.
Perde, principalmente, a sociedade, pois os custos sociais são imensos, advindos da
manutenção de aparatos de saúde para atendimento da clientela assediada e com
aposentadorias precoces; por ter serviços e produtos com baixa qualidade e, o mais
importante, por ter parcela de sua população sofrendo, com reflexos na paz social esperada.
Dessa forma, o assédio moral atinge a sociedade como um todo. Por essa razão, deve
ser identificado, analisado e combatido com veemência, a fim de se minimizar os efeitos
prejudiciais à convivência humana.
Assim, com a transgressão de sua honra e ou a boa fama do empregado, este tem
direito a recusar as ordens de serviço, apesar da hierarquia existente, podendo rescindir o
contrato e pleitear sua devida indenização.
Importante mencionar que o afastamento imediato realizado pelo empregado,
culminado pela rescisão indireta, é a única forma de proteção dos seus direitos, já que não
existe nenhuma lei federal capaz de determinar alguma penalidade ou sanção para esta
prática, senão veja-se as palavras de Rufino (2006, p.91):
Nenhum trabalhador deve sofrer condutas repetidas de assédio moral que tenham
por objetivo ou efeito uma degradação de suas condições de trabalho, susceptível de
pôr em perigo seus direitos ou sua dignidade, de alterar sua saúde física ou mental
ou de comprometer seu futuro profissional.
Lima Filho (2009) registra que a Itália ainda é um dos países europeus que ainda não
possui uma lei específica acerca do assédio moral. Mas ressalta já tramita no Senado a
Proposição nº. 122 para regulamentar tal assunto.
O fundamento jurisprudencial para indenizar as vítimas de maltrato laboral oriundas
de situações de assédio, na Itália, tem sido estabelecida na Constituição da República e no
Código Civil.
Na Bélgica, segundo Lima Filho (2009), os fins previstos na Lei de 11.6.02 – artigo
32.3, o assédio moral é constituído pelas:
69
Em Portugal o assédio moral foi tratado como uma das situações de discriminação
do art. 24 do Código do Trabalho (Lei nº. 99/2003). Com base no disposto no nº. 2
da citada norma, a doutrina lusitana tem o assédio moral como um comportamento
que afeta a dignidade do trabalhador.
conhecimento da revista, nos termos da Súmula 126 do TST. Recurso de revista não
conhecido. 2. DANO MORAL. REVISTAS PESSOAIS EM TRABALHADORES.
REVISTAS ÍNTIMAS. REVISTAS ABUSIVAS EM PERTENCES DE
EMPREGADOS. ABUSO NO EXERCÍCIO DO PODER DIRETIVO. DANO
MORAL. CONFIGURAÇÃO. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, ART. 5º, INCISOS V e X. Os princípios e garantias constitucionais
atuam, na contemporaneidade, em defesa do trabalhador, enquanto e em
contrapartida, estabelecem freios para a conduta patronal. A ordem inaugurada pela
Constituição Federal de 1988, quando dá destaque à dignidade da pessoa humana e
tutela intimidade, privacidade e honra, vedando tratamentos degradantes, revela
visível avanço em relação à situação pregressa: ergue a nível matricial a proteção
que a classe trabalhadora reclama desde a Revolução Industrial. Fazendo concreto o
ideal do Estado Democrático de Direito, este conjunto de princípios deita-se sobre a
legislação ordinária, relendo os limites da atuação patronal no exercício do poder
diretivo - de base restritamente contratual -, sobretudo naquilo que represente
desnecessária exposição e ofensa aos seus subordinados. Somente como exceção e
sob escasso olhar, o art. 373-A da CLT admite revistas, regra igualmente limitada
para as mulheres e, por influência do princípio isonômico, para os homens: ao
empregador incumbe adotar os meios que a tecnologia lhe oferece para defesa de
seu patrimônio, sendo-lhe vedado, mesmo com tal aparato, violentar a esfera privada
daqueles trabalhadores que contrata. Sendo a última de suas possibilidades, o
empregador poderá recorrer às revistas pessoais, desde que o faça sob condições,
mas sem jamais macular a privacidade e a intimidade dos empregados. O excesso a
tais parâmetros desperta a sanção constitucional e obriga à indenização do dano
moral, providência que empresta coerção e concretude ao pilar da dignidade da
pessoa humana e delega expressão máxima ao vetor eleito pela Constituição Federal.
Recurso de revista não conhecido. [...] III - RECURSOS DE REVISTA DO
AUTOR E DO RÉU. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. VALOR. CRITÉRIOS
PARA ARBITRAMENTO. A indenização por dano moral guarda conteúdo de
interesse público. O valor fixado deve observar a extensão do dano sofrido, o grau
de comprometimento dos envolvidos no evento, os perfis financeiros do autor do
ilícito e da vítima, além de aspectos secundários pertinentes a cada caso. Incumbe ao
juiz fixá-lo com prudência, bom senso e razoabilidade. Recursos de revista não
conhecidos. (BRASIL, 2015).
Desse modo, observa-se que o entendimento do TST se relaciona com o que foi
abordado no presente trabalho de pesquisa, uma vez que o assédio moral é entendido como
aquele ato reiterado, o qual foi praticado pelo superior (chefe), que através de agressões
verbais alcançou a esfera pessoal do trabalhador.
O TRT4 apresentou a seguinte jurisprudência quanto ao dano moral:
Nesse contexto, observa-se que a principal função da indenização pelos danos morais
é deixar a pessoa lesada em situação mais confortável, ante a impossibilidade de restauração
do status quo ante. Em contrapartida, dois aspectos de grande importância para que se
obtenção este papel, e que espere a justiça, é avaliar se o valor fixado conseguirá que o
ofensor não venha reincidir em suas ações ilícitas, bem como que a quantia não ultrapasse a
extensão do dano, vindo a caracterizar um enriquecimento ilícito da pessoa lesada.
Assim sendo, o dano moral e assédio moral fazem jus à indenização, através do
dinheiro, por aquele dano sofrido que envolve a sua esfera íntima, ferindo a sua honra e
moral. De outra face, deve ser analisado alguns critérios de fixação destes valores, para que
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correspondam de forma justa a reparação do dano sofrido, e que venha também a coibir a
reincidência de novas lesões, servindo esta de exemplo, e não simplesmente compensatório.
Quanto à rescisão de contrato, observa-se a jurisprudência abaixo:
CONCLUSÃO
apoiavam que deveria ser julgado pela Justiça Comum. Em contrapartida, havia parte da
doutrina que afirmava ser da Justiça do Trabalho a competência para julgar essas ações. Os
que assim entendiam, declaravam que em razão das características específicas da relação de
trabalho, caberia a Justiça especializada a sua apreciação. Existia também conflito na
jurisprudência, com julgados nos dois sentidos, inclusive do mesmo tribunal superior.
A pesquisa mostrou que o assédio moral no trabalho pode resultar em uma ação de
reparação de danos a ser julgada pela Justiça do Trabalho e que, para que a ação seja julgada
procedente, deve a vítima demonstrar a conduta do assediador, o dano e o nexo de
causalidade, além da culpa em sentido amplo, nos casos em que a prova desta é exigida.
Destaca-se ainda que o assédio moral como coexistência de acidente do trabalho, deve
ser provado de forma robusta, em especial por meio de testemunhas e de uma criteriosa
perícia médica capaz de definir a doença sofrida pelo trabalhador como tendo sido agravada
pelo assédio que sofrera. Também cumpre ressaltar que tal conduta não afeta somente a
pessoa do trabalhador, transcendendo a outras searas como a familiar, a social, religiosa,
dentre outras, já que o assédio se caracteriza como conduta capaz de mitigar vários vínculos
sociais até então plenamente gozados pela vítima, dando ensejo à reparação civil por danos
morais.
É bem verdade que quando se fundamenta na defesa dos direitos do homem e nos
princípios constitucionais, o combate ao assédio moral na esfera trabalhista ainda demanda de
maior atuação legislativa no âmbito federal de modo a assentar a repressão pedagógica que se
espera aos empregadores ou seus prepostos, produzindo-se, deste modo, a paz social
defendida pelo Estado democrático de direito.
Como desfecho, é importante ressaltar que a luta contra a prática do assédio moral no
ambiente de trabalho, além da urgente necessidade de lei federal, atribuindo ao perverso,
sanções de natureza penal, trabalhista e civil, necessita de um desenvolvimento cultural
pautado no respeito à dignidade humana e aos direitos individuais e coletivos,
independentemente do nível de relação que se estabelece com a vítima.
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