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Fonte de receitas e a aplicação dos recursos

em alimentação escolar

Para custear as despesas com alimentação escolar, a Secretaria de Educação conta


com duas fontes de financiamento: o Programa Nacional de Alimentação Escolar
(Pnae) e os recursos próprios do município. É importante destacar que estas
receitas próprias não podem ser retiradas dos 25% que a Constituição Federal
determina que sejam aplicadas em manutenção e desenvolvimento do ensino
(MDE).

O Pnae é uma assistência financeira do Governo Federal, prevista nos artigos 211,
§ 1º, e 208, inciso VII, da Constituição Federal. Com esta receita, a Prefeitura pode
comprar apenas gêneros alimentícios para a alimentação escolar. E, de acordo
com o artigo 14 da Lei Federal 11.497/09, no mínimo, 30% dos recursos do Pnae
devem ser utilizados para comprar produtos da agricultura familiar.

O pagamento de outros insumos não pode ser feito com os recursos do Pnae. São
exemplos de gastos vetados: gás e combustível para os veículos que fazem a
distribuição até as escolas; equipamentos; limpeza das caixas d’água e
desratização; salários dos profissionais que atuam na alimentação escolar. A
administração municipal deve custear essas despesas com recursos próprios para
além dos 25% destinados a MDE.

A transferência da União para a alimentação escolar

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é o órgão responsável


pela transferência dos recursos da União destinados à alimentação escolar
(recursos do Pnae). Para calcular o valor repassado a cada município, o FNDE leva
em conta o número de estudantes matriculados em cada etapa e modalidade da
educação básica, o valor per capita previsto para cada matrícula e o número de
dias letivos.

É importante lembrar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei


9.394/96) determina um mínimo de 800 horas anuais, distribuídas em pelo menos
200 dias letivos (artigos 24, inciso I, e 31, inciso II). Em relação ao número de
estudantes, são consideradas as matrículas na Rede Municipal e em instituições
conveniadas de educação infantil e especial, registradas no Censo Escolar do ano
anterior.

A fórmula para o cálculo é:


Em 2016, o valor repassado pela União a estados e municípios por estudante,
para cada um dos dias letivos foi:

 Creches: R$ 1,00.
 Pré-escola: R$ 0,50.
 Escolas indígenas e quilombolas: R$ 0,60.
 Ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos: R$ 0,30.
 Ensino integral: R$ 1,00.
 Alunos do Programa Mais Educação: R$ 0,90.
 Alunos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado no
contraturno: R$ 0,50.

Como conhecer o gasto atual e planejar o investimento em


alimentação escolar

Depois de saber quais recursos são destinados à alimentação escolar, é preciso


planejar como eles serão aplicados. Para isso, vamos ajudar você a levantar as
informações necessárias para organizar a alimentação escolar em seu município.

1. Identificar o modelo de gestão utilizado em cada uma das etapas da


alimentação escolar.
2. Se o modelo for de gestão própria, identificar como se dá:
 a elaboração e validação de cardápios;
 a definição das quantidades a serem adquiridas e para quais
períodos;
 os pedidos de compra, a abertura de licitação e a organização de
chamada pública;
 o recebimento, armazenamento e distribuição dos gêneros
alimentícios e demais insumos para as unidades escolares;
 a infraestrutura nas unidades escolares (profissionais,
equipamentos, utensílios, espaços físicos);
 a utilização dos cardápios e a aceitação dos estudantes.
Se o modelo de gestão é misto ou terceirizado, inicialmente é preciso
conhecer em detalhes os contratos firmados. E depois, analisar os
relatórios de fiscalização.
3. Levantar o número de estudantes atendidos pela Rede Municipal e
pelas instituições conveniadas. Verificar também o regime de matrícula
e o número de refeições servidas em cada unidade escolar por série/
ano, etapa e modalidade.
4. Ouvir os gestores das unidades escolares e os membros do Conselho de
Alimentação Escolar (CAE).
5. Conhecer, na Secretaria Municipal de Educação ou setor específico da
Prefeitura, o(a) responsável pelo acompanhamento de receitas do Pnae
e também pelos gastos com alimentação escolar. Solicitar planilhas de
receitas e aplicação referentes aos últimos dois anos, pelo menos.
Analisar nessas planilhas as informações sobre gastos com:
 gêneros alimentícios em geral e aqueles oriundos da
agricultura familiar;
 gás, inclusive as quantidades consumidas;
 materiais de limpeza e descartáveis;
 uniformes de cozinheiras e merendeiras, bem como
equipamentos de proteção pessoal;
 ações de limpeza de caixas d’água e de desratização;
 combustível e outros gastos específicos para transporte de
produtos da alimentação escolar;
 aluguéis, se houver.
6. Conhecer as rubricas previstas no orçamento vigente destinadas à
alimentação escolar. Solicitar extrato bancário da conta do Pnae
referente ao ano em curso.
7. Verificar os estoques de gêneros alimentícios, com atenção especial
para os prazos de validade. Levantar também os demais insumos,
equipamentos e utensílios no local de armazenamento da Secretaria e
nas unidades escolares. Em caso de gestão mista ou terceirizada,
solicitar formalmente essas informações.
8. Levantar, no setor de recursos humanos, o número de profissionais
(cozinheiras e merendeiras), o regime de vínculo com a administração
municipal, a carga horária semanal, a remuneração (vencimento ou
salário-base e demais vantagens) e os benefícios disponíveis, como
férias e período de gozo, licenças, afastamentos e número de atestados
médicos.
9. No caso de cozinha central (piloto), é preciso conhecer os valores gastos
em energia elétrica, água e esgoto, telefonia e internet, entre outros.

Estas informações são importantes para definir o gasto com alimentação


escolar. Elas serão utilizadas na elaboração das próximas peças de
planejamento (PPA, LDO e LOA) do município.

Agora que você já sabe o caminho a seguir, não deixe de investir na


alimentação escolar de sua cidade!

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