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A CÓLERA

Projeto de Flexibilidade Curricular


Ano letivo 2021/2022
INTRODUÇÃO

“Em palavras ao alcance de toda a gente, do que se tratava era


de pôr de quarentena todas aquelas pessoas, segundo a
antiga prática, herdada dos tempos da cólera e da febre-
amarela, quando os barcos contaminados ou só suspeitos de
infecção tinham de permanecer ao largo durante quarenta
dias, até ver.”

— José Saramago,
Ensaio sobre a cegueira, Porto Editora,
2020, página 47.
CONCEITOS DE ENDEMIA, PANDEMIA E EPIDEMIA

Endemia Epidemia Pandemia

Infeção que atinge uma Acontece quando um surto


população de uma região (aumento repentino do número de Numa escala de gravidade, a
geográfica específica. casos de uma doença numa região
pandemia é o pior dos
específica) se espalha por outras cenários.
Podem ser sazonais e por vezes, é
regiões.
possível prever o volume esperado
Uma pandemia (do grego «de
de casos e óbitos. Pode ocorrer a vários níveis: todo o povo») é uma epidemia
Quanto ao estado de endemia, • Municipal (quando diversos de doença infeciosa que se
este não é fixo, já que a doença bairros apresentam uma doença, espalha entre a população
localizada numa grande região
pode ser tanto erradicada como • Estadual (quando diversas geográfica como, por exemplo,
dar início a uma nova epidemia, cidades têm casos) diversas regiões do planeta ou
caso surja uma variante ou um
• Nacional (quando há casos em mesmo todo o planeta Terra.
fator que favoreça a disseminação
do vírus ou bactéria em questão. diversas regiões do país)
EPIDEMIOLOGIA E HISTÓRICO
Desde o século XIX que a Cólera tem percorrido o Já existiu na Europa mas foi
mundo matando milhões de pessoas. eliminada no início do século XX, devido
A primeira pandemia desta doença deverá ter ao alto nível de saúde pública presente
acontecido entre 1817 e 1823, indo do Vale do Rio nos países europeus.
Ganges ao norte da África e outras regiões da Ásia. Surtos mais relevantes na história
• Nordeste brasileiro (década de 90):
cerca de 150.000 casos e 1700
mortos;
• Haiti(2010) : mais de 3000 mortos.

Em Portugal, o último surto desta


doença ocorreu no ano de 1974, e
foram registados mais de 1600 casos
Distribuição da cólera no mundo cerca de 40 mortos.
Nos dias de hoje, a cólera é endémica, surgindo, habitualmente, em determinadas zonas
da Ásia, Médio Oriente, África e América Latina, ocorrendo os surtos nos meses de calor.

Casos registrados de Cólera no mundo por continente (1989- 2011)


De acordo
com a
Organização
Mundial da
Saúde, estima-
se que, em cada
ano, ocorram
três a cinco
milhões de
casos de cólera,
causando entre
cem mil a
duzentas mil
mortes.
A BACTÉRIA DA CÓLERA
A cólera trata-se de uma infeção do intestino delgado
causada pela Vibrio Cholerae (pode ser provocada também Reino: Monera
por outras espécies da mesma bactéria, podendo ser mais ou
menos grave): Filo: Proteobacteria
• São bactérias Gram-negativas pertencentes à
família Vibrionaceae;
Classe: Gammaproteobacteria
• As células têm a forma de bastonetes (bacilos),
frequentemente curvados, e são móveis por flagelos;
Ordem: Vibrionales
• Tem uma temperatura ótima de crescimento entre 30 e
37°C. Não resiste a temperaturas superiores a 70ºC; Família: Vibrionaceae

• Apresenta uma taxa de crescimento máxima em Género: Vibrio


ambientes com valores de pH 7,6;
Espécie: V. cholerae

• São uma espécie anaeróbia facultativa. Categorias taxonómicas


FISIOPATOLOGIA
Ramo da medicina que se ocupa do estudo das funções anormais
ou patológicas dos vários órgãos e aparelhos do organismo.
A transmissão do vírus pode ser:
Após ingestão, a bactéria tem que
• Ambiente-pessoa (devido à ingestão de
ultrapassar o estômago, onde o
água
ácido clorídrico pode destrui-la.
ou alimentos contaminados)
• Pessoa-pessoa (devido ao contacto com
Quando esta bactéria resiste à
fezes de indivíduos contaminados).
acidez do estomago, coloniza o
intestino delgado, onde se prolifera
e produz enterotoxina.
Esta proteína vai induzir a
hipersecreção de minerais e água
pela mucosa intestinal.

A perda de água e minerais resulta


numa diarreia aquosa profusa, rica
em sódio, potássio e bicarbonato.
Ciclo da transmissão da cólera
SINAIS vs SINTOMAS
São as manifestações São as manifestações
clínicas percebidas por clínicas percebidas
outras pessoas, ou pela própria pessoa,
seja, tudo aquilo que é ou seja, o que a pessoa
visível. sente.
SINAIS E SINTOMAS DA CÓLERA
Em cerca de 75% a 80% dos casos não
ocorrem quaisquer sintomas, embora a
bactéria esteja presente nas fezes durante
sete a catorze dias após a infeção.

Apesar assintomáticas, estas podem ser


responsáveis por transmitir a bactéria.

Os sintomas de cólera iniciam-se, em média,


um a três dias após a infeção e costumam
desaparecer ao fim de três a seis dias.

Os indivíduos afetados libertam-se,


geralmente, do microrganismo em duas
semanas, mas alguns convertem-se em
portadores permanentes.
SINAIS E SINTOMAS DA CÓLERA
:
• Diarreia: habitualmente súbita, indolor e
aquosa. pode acompanhar-se de vómitos.
Pode ser fatal por provocar uma grave
desidratação, caso não seja tratada.
• A grande diminuição de água e sal provoca
uma desidratação acentuada, com sede
intensa, cãibras musculares, debilidade e
uma produção mínima de urina.
• A perda de líquidos nos tecidos faz com que o
indivíduo fique com os olhos muito encovados
e com a pele das extremidades muito
enrugada.
• Se não for tratado, os graves desequilíbrios no
volume sanguíneo e a maior concentração de
Sinais e sintomas da cólera sais podem conduzir a insuficiência renal,
choque e coma.
DIAGNÓSTICO DA CÓLERA
O diagnóstico é feito através do Testes rápidos de vareta, permitem
histórico clínico e de exames médicos. que médicos em áreas remotas
confirmem de forma rápida um
Embora os sinais e sintomas de cólera
diagnóstico de cólera.
grave possam parecer inconfundíveis, a
única maneira de confirmar um Esta confirmação ajuda na diminuição
diagnóstico é pelo isolamento da da taxa de mortalidade no início dos
bactéria, laboratorialmente, em surtos e leva a uma intervenção mais
amostras de líquido provenientes do precoce da saúde pública no âmbito
reto ou das fezes. do controlo de surtos.
COMO É FEITO O TRATAMENTO DA CÓLERA?
Casos ligeiros de cólera Casos graves de cólera
( cerca de 80%) Recorre-se à administração de líquidos e iões
Podem ser tratados recorrendo por via endovenosa, para restituir a
apenas à hidratação oral com Soro quantidade de líquidos perdidos através da
de reidratação oral (rico em glicose diarreia e dos vómitos
e sódio). O tratamento de reidratação pode ser
acompanhado pelo tratamento por
antibióticos (tetraciclina, ciprofloxacina ou
azitromicina) que eliminam a bactéria
causadora da ajudam a interromper a
diarreia.
Logo que possível, deve também ser-se
introduzida uma dieta hiperenergética.

Assistência médica no tratamento da cólera


PREVENÇÃO
Várias medidas devem ser adotadas tal como:

• Apenas ingerir água engarrafada


• Deixar os vegetais antes da sua ingestão 20 minutos
em uma solução de água com algumas gotas de
vinagre.
• Melhorar e instalar latrinas e sistemas de drenagem
de dejetos humanos, para que estes não sejam
depositados diretamente na natureza.
• Manuseamento dos cadáveres de forma higiénica.
• Lavagem frequente das mãos.
• Comer, preferencialmente, fruta descascada.
• Admininstrar vacinas orais
A VACINA CONTRA A CÓLERA
Administração oral da vacina
A partir de 1800 foram desenvolvidas as
primeiras vacinas contra a cólera.
Foi a primeira vacina amplamente usada que
foi produzida em laboratório.
As vacinas de administração oral foram
introduzidas pela primeira vez na década de
1990 e atualmente continuam a ser utilizadas
como método preventivo.

A utilização desta vacina deve ser


determinada com base nas recomendações
oficiais, tomando em consideração a
variabilidade da epidemiologia e o risco de
contrair a doença em várias áreas geográficas
e condições de viagem.

Administração oral da vacina


FONTES CONSULTADAS
● https://www.cuf.pt/saude-a-z/colera
● https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3lera
● https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/colera
● https://www.cuf.pt/saude-a-z/colera
● https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/cholera/diagnosis-
treatment/drc-20355293
● https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/48228/1/TF6A_ASV.pdf
● https://www.tuasaude.com/colera/
● http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2013-04/colera-em-goias-para-
oficina-de-mdda.pdf
● https://www.asae.gov.pt/seguranca-alimentar/riscos-biologicos/vibrio.aspx
● https://pt.slideshare.net/matheusantonio96/clera-12590082
● https://slideplayer.com.br/slide/7075464/
● https://beduka.com/blog/exercicios/exercicios-sobre-colera/
● https://www.msf.org.br/o-que-fazemos/atividades-medicas/colera/

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