Este documento discute a cólera, uma doença infecciosa causada pela bactéria Vibrio cholerae. Apresenta conceitos como endemia, epidemia e pandemia, descreve a história e distribuição geográfica da cólera, detalha a bactéria causadora e sua fisiopatologia, sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento.
Este documento discute a cólera, uma doença infecciosa causada pela bactéria Vibrio cholerae. Apresenta conceitos como endemia, epidemia e pandemia, descreve a história e distribuição geográfica da cólera, detalha a bactéria causadora e sua fisiopatologia, sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento.
Este documento discute a cólera, uma doença infecciosa causada pela bactéria Vibrio cholerae. Apresenta conceitos como endemia, epidemia e pandemia, descreve a história e distribuição geográfica da cólera, detalha a bactéria causadora e sua fisiopatologia, sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento.
“Em palavras ao alcance de toda a gente, do que se tratava era
de pôr de quarentena todas aquelas pessoas, segundo a antiga prática, herdada dos tempos da cólera e da febre- amarela, quando os barcos contaminados ou só suspeitos de infecção tinham de permanecer ao largo durante quarenta dias, até ver.”
— José Saramago, Ensaio sobre a cegueira, Porto Editora, 2020, página 47. CONCEITOS DE ENDEMIA, PANDEMIA E EPIDEMIA
Endemia Epidemia Pandemia
Infeção que atinge uma Acontece quando um surto
população de uma região (aumento repentino do número de Numa escala de gravidade, a geográfica específica. casos de uma doença numa região pandemia é o pior dos específica) se espalha por outras cenários. Podem ser sazonais e por vezes, é regiões. possível prever o volume esperado Uma pandemia (do grego «de de casos e óbitos. Pode ocorrer a vários níveis: todo o povo») é uma epidemia Quanto ao estado de endemia, • Municipal (quando diversos de doença infeciosa que se este não é fixo, já que a doença bairros apresentam uma doença, espalha entre a população localizada numa grande região pode ser tanto erradicada como • Estadual (quando diversas geográfica como, por exemplo, dar início a uma nova epidemia, cidades têm casos) diversas regiões do planeta ou caso surja uma variante ou um • Nacional (quando há casos em mesmo todo o planeta Terra. fator que favoreça a disseminação do vírus ou bactéria em questão. diversas regiões do país) EPIDEMIOLOGIA E HISTÓRICO Desde o século XIX que a Cólera tem percorrido o Já existiu na Europa mas foi mundo matando milhões de pessoas. eliminada no início do século XX, devido A primeira pandemia desta doença deverá ter ao alto nível de saúde pública presente acontecido entre 1817 e 1823, indo do Vale do Rio nos países europeus. Ganges ao norte da África e outras regiões da Ásia. Surtos mais relevantes na história • Nordeste brasileiro (década de 90): cerca de 150.000 casos e 1700 mortos; • Haiti(2010) : mais de 3000 mortos.
Em Portugal, o último surto desta
doença ocorreu no ano de 1974, e foram registados mais de 1600 casos Distribuição da cólera no mundo cerca de 40 mortos. Nos dias de hoje, a cólera é endémica, surgindo, habitualmente, em determinadas zonas da Ásia, Médio Oriente, África e América Latina, ocorrendo os surtos nos meses de calor.
Casos registrados de Cólera no mundo por continente (1989- 2011)
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima- se que, em cada ano, ocorram três a cinco milhões de casos de cólera, causando entre cem mil a duzentas mil mortes. A BACTÉRIA DA CÓLERA A cólera trata-se de uma infeção do intestino delgado causada pela Vibrio Cholerae (pode ser provocada também Reino: Monera por outras espécies da mesma bactéria, podendo ser mais ou menos grave): Filo: Proteobacteria • São bactérias Gram-negativas pertencentes à família Vibrionaceae; Classe: Gammaproteobacteria • As células têm a forma de bastonetes (bacilos), frequentemente curvados, e são móveis por flagelos; Ordem: Vibrionales • Tem uma temperatura ótima de crescimento entre 30 e 37°C. Não resiste a temperaturas superiores a 70ºC; Família: Vibrionaceae
• Apresenta uma taxa de crescimento máxima em Género: Vibrio
ambientes com valores de pH 7,6; Espécie: V. cholerae
• São uma espécie anaeróbia facultativa. Categorias taxonómicas
FISIOPATOLOGIA Ramo da medicina que se ocupa do estudo das funções anormais ou patológicas dos vários órgãos e aparelhos do organismo. A transmissão do vírus pode ser: Após ingestão, a bactéria tem que • Ambiente-pessoa (devido à ingestão de ultrapassar o estômago, onde o água ácido clorídrico pode destrui-la. ou alimentos contaminados) • Pessoa-pessoa (devido ao contacto com Quando esta bactéria resiste à fezes de indivíduos contaminados). acidez do estomago, coloniza o intestino delgado, onde se prolifera e produz enterotoxina. Esta proteína vai induzir a hipersecreção de minerais e água pela mucosa intestinal.
A perda de água e minerais resulta
numa diarreia aquosa profusa, rica em sódio, potássio e bicarbonato. Ciclo da transmissão da cólera SINAIS vs SINTOMAS São as manifestações São as manifestações clínicas percebidas por clínicas percebidas outras pessoas, ou pela própria pessoa, seja, tudo aquilo que é ou seja, o que a pessoa visível. sente. SINAIS E SINTOMAS DA CÓLERA Em cerca de 75% a 80% dos casos não ocorrem quaisquer sintomas, embora a bactéria esteja presente nas fezes durante sete a catorze dias após a infeção.
Apesar assintomáticas, estas podem ser
responsáveis por transmitir a bactéria.
Os sintomas de cólera iniciam-se, em média,
um a três dias após a infeção e costumam desaparecer ao fim de três a seis dias.
Os indivíduos afetados libertam-se,
geralmente, do microrganismo em duas semanas, mas alguns convertem-se em portadores permanentes. SINAIS E SINTOMAS DA CÓLERA : • Diarreia: habitualmente súbita, indolor e aquosa. pode acompanhar-se de vómitos. Pode ser fatal por provocar uma grave desidratação, caso não seja tratada. • A grande diminuição de água e sal provoca uma desidratação acentuada, com sede intensa, cãibras musculares, debilidade e uma produção mínima de urina. • A perda de líquidos nos tecidos faz com que o indivíduo fique com os olhos muito encovados e com a pele das extremidades muito enrugada. • Se não for tratado, os graves desequilíbrios no volume sanguíneo e a maior concentração de Sinais e sintomas da cólera sais podem conduzir a insuficiência renal, choque e coma. DIAGNÓSTICO DA CÓLERA O diagnóstico é feito através do Testes rápidos de vareta, permitem histórico clínico e de exames médicos. que médicos em áreas remotas confirmem de forma rápida um Embora os sinais e sintomas de cólera diagnóstico de cólera. grave possam parecer inconfundíveis, a única maneira de confirmar um Esta confirmação ajuda na diminuição diagnóstico é pelo isolamento da da taxa de mortalidade no início dos bactéria, laboratorialmente, em surtos e leva a uma intervenção mais amostras de líquido provenientes do precoce da saúde pública no âmbito reto ou das fezes. do controlo de surtos. COMO É FEITO O TRATAMENTO DA CÓLERA? Casos ligeiros de cólera Casos graves de cólera ( cerca de 80%) Recorre-se à administração de líquidos e iões Podem ser tratados recorrendo por via endovenosa, para restituir a apenas à hidratação oral com Soro quantidade de líquidos perdidos através da de reidratação oral (rico em glicose diarreia e dos vómitos e sódio). O tratamento de reidratação pode ser acompanhado pelo tratamento por antibióticos (tetraciclina, ciprofloxacina ou azitromicina) que eliminam a bactéria causadora da ajudam a interromper a diarreia. Logo que possível, deve também ser-se introduzida uma dieta hiperenergética.
Assistência médica no tratamento da cólera
PREVENÇÃO Várias medidas devem ser adotadas tal como:
• Apenas ingerir água engarrafada
• Deixar os vegetais antes da sua ingestão 20 minutos em uma solução de água com algumas gotas de vinagre. • Melhorar e instalar latrinas e sistemas de drenagem de dejetos humanos, para que estes não sejam depositados diretamente na natureza. • Manuseamento dos cadáveres de forma higiénica. • Lavagem frequente das mãos. • Comer, preferencialmente, fruta descascada. • Admininstrar vacinas orais A VACINA CONTRA A CÓLERA Administração oral da vacina A partir de 1800 foram desenvolvidas as primeiras vacinas contra a cólera. Foi a primeira vacina amplamente usada que foi produzida em laboratório. As vacinas de administração oral foram introduzidas pela primeira vez na década de 1990 e atualmente continuam a ser utilizadas como método preventivo.
A utilização desta vacina deve ser
determinada com base nas recomendações oficiais, tomando em consideração a variabilidade da epidemiologia e o risco de contrair a doença em várias áreas geográficas e condições de viagem.