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O Fenômeno da Judicialização na

Sociedade Contemporânea
Breves apontamentos sobre o termo "Judicialização",
frequentemente citado em informativos do STF e STJ.

Primeiramente: O que significa "judicialização"?


Trata-se de um fenômeno mundial por meio do qual
importantes questões políticas, sociais e morais são resolvidas
pelo Poder Judiciário ao invés de serem solucionadas pelo
poder competente, seja este o Executivo ou o Legislativo.

Assim, o fenômeno da judicialização significa levar ao


conhecimento do Judiciário matéria que não foi resolvida,
como deveria, pelo Poder Executivo ou pelo Poder Legislativo.

Nessa linha, pergunta-se: Quais os fatores que deram


origem ao fenômeno da Judicialização?
Após a Segunda Guerra Mundial, algumas nações notaram que
um Judiciário forte e independente traz, naturalmente, um
favorecimento à democracia.

Além disso, atualmente há um desencanto generalizado do


cidadão com a política. Isso porque os representantes políticos,
na maioria dos países, estão deixando a desejar através de suas
gestões permeadas pela corrupção. O que requer um maior
controle e fiscalização da política.

Por fim, no Brasil, a Constituição Federal de 1988 é


extremamente abrangente, porque trata de temas não só
organizacionais do Estado, mas também do meio ambiente,
saúde, trabalho, assistência ao idoso e outros. O que abre
espaço para que o Poder Judiciário interfira nessas questões
relevantes social e politicamente.
Para ilustrar o tema, vale trazer alguns casos reais de
judicialização ocorridos recentemente em nosso país:
 Casos de judicialização da política:
- Rito do processamento do impeachment da ex-presidente
Dilma Rousseff analisado pelo STF.

- Definição do afastamento do presidente da Câmara dos


Deputados, também realizado pelo STF.

 Casos de judicialização da vida:


- Reconhecimento da possibilidade de união estável entre
pessoas do mesmo sexo, assim decidida pelo STF, no ano de
2011, em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade 4277 e
Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 132.
- STJ, após a decisão do STF acima, entendeu pela
possibilidade de conversão da união estável homoafetiva em
casamento.

- Definição, tratamento e facilitação do casamento entre


pessoais do mesmo sexo, sob determinação do Conselho
Nacional de Justiça em Resolução editada em 2013, com o fim
proporcionar efetivação ao entendimento do STF e do STJ
supramencionados.

Vale mencionar também dois conhecidos casos de


judicialização ocorridos nos Estado Unidos:
 Caso de judicialização da política:
No ano de 2000, a Suprema Corte Norte-americana realizou a
definição das eleições presidenciais.

 Casos de judicialização da vida:


A Suprema Corte dos EUA, em 2015, assegurou o casamento
entre pessoas do mesmo sexo em todo o país.

Nessa linha, é muito importante citarmos algumas das


críticas feitas pela Doutrina acerca da Judicialização:
A principal delas é a sobrecarga do Poder Judiciário, que fica
inflado com causas que, em tese, não precisariam ser definidas
por ele.

Outrossim, tal fenômeno pode dar ensejo à violação à


separação dos poderes, em razão do intenso poder colocado
nas mãos do Judiciário para resolução de causas e conflitos que
poderiam ser resolvidos pelos demais poderes.

Nesse diapasão, pode-se dizer que a utilização desse fenômeno


da judicialização é de suma importância para a aplicação do
Sistema de Freios e Contrapesos entre os Poderes, consagrado
pelo pensador francês Montesquieu. Entretanto, deve ser
utilizado com moderação, como uma espécie de última
alternativa, de forma a evitar a sobrecarga do Poder Judiciário,
bem como uma possível violação ao Princípio da Separação dos
Poderes.

FONTES: site Dizer o Direito; comentários da professora Mila


Gouveia; palestra do Ministro Roberto Barroso; Neves, Daniel
Assumpção Amorim, Manual de Direito Processual Civil.
Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

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