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Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. João Olinto Trindade Junior
Prof.ª Rosangela Silveira Garcia
J95m
ISBN 978-65-5663-083-0
CDD 370
Impresso por:
Apresentação
A leitura é um ato de abrir uma janela de si para o mundo e do
mundo para si. É espaço do qual o conhecimento emerge e onde a reflexão e
a imaginação encontram pouso. A leitura abre possibilidades múltiplas.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 -
UNIDADE 1
A CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
1 INTRODUÇÃO
Da leitura do conhecimento histórico no desenrolar dos papiros da
antiguidade à leitura do hipertexto que se manifesta nas telas digitais muita coisa
mudou. O livro assumiu os mais diferentes formatos e o processo de autoria se
ressignificou na criação de blogs e postagens em sites de redes sociais.
3
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
Além disso, a leitura pode ser compreendida sob diferentes enfoques, entre
eles: como fator de desenvolvimento cognitivo; como acesso ao conhecimento
historicamente produzido pelo pensamento humano; como modo de socialização
da informação; como manifestação da história social; como manifestação
discursiva; como modo de interação entre o sujeito-autor e o sujeito-leitor; como
fator de expressão de cidadania; como acesso a memória social; como inserção
social do sujeito nas práticas do cotidiano. Portanto, pensar a leitura constituída
histórico-socialmente é pensá-la sobre todos esses ângulos.
FONTE: <https://www.ultrapassandolimites.com.br/blog/wp-content/uploads/2017/08/a-impor-
tancia-da-leitura-542x341.png>. Acesso em: 24 jan. 2020.
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TÓPICO 1 - A CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
5
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
Quando pensamos nossa relação com a leitura, identifi camos quanto ela
está integrada em nossa história, nosso cotidiano e emerge do nosso contato com
o mundo da informação e conhecimento.
Knuppel (2016), em seus estudos, traça uma linha do tempo dos modos
e formas de ler que destaca as distintas relações construídas ao longo do tempo
entre o leitor e o texto (Figura 3).
6
TÓPICO 1 - A CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
E
IMPORTANT
Jou (2001, p. 144) destaca que “no ato de ler, cria-se a cognição específi ca
da leitura, desenvolvendo-se, progressivamente, tanto os conhecimentos formais
quanto os procedimentos de realização”. Considerando a cognição como ação
sobre determinado conhecimento, a autora defende que “a própria atividade de
leitura permite a utilização de estratégias específi cas [...] facilitam a recuperação
e o desenvolvimento do conhecimento específi co da leitura, criando novas
associações e aumentando, consequentemente, a capacidade de leitura” (JOU,
2001, p. 53).
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TÓPICO 1 - A CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
Cálice (1973)
[...]
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
DICAS
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TÓPICO 1 - A CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
NOTA
Essa acepção vai ao encontro do que defende Santos (2015, p. 31) para
quem os sentidos emergentes de uma leitura “são resultado do confronto entre as
histórias de leitura do sujeito-leitor e as condições sócio-históricas de realização
da leitura de determinado texto. Esse confronto impede a existência de um único
sentido, como também o exagero da pluralidade infinita de leituras”.
AUTOATIVIDADE
Faça uma pesquisa de outros tipos de artes, além da música, que foram
censuradas no Brasil durante o regime militar.
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
período de poucos letrados. Por isso, alguns manuscritos confiscados pela Igreja,
a detentora do poder na época, ficaram escondidos até mesmo dos monges
copistas. As escrituras que escaparam da fogueira, se encontram nos recônditos
de uma secreta biblioteca de mosteiro, acorrentadas às prateleiras cheirando a
ranço e mofo, pois abrigavam em suas páginas as descobertas e os devaneios
daqueles que se permitiram ir além dos ensinamentos religiosos. Escritos que para
a época podiam corromper as mentes das pessoas, fazendo-as pensar, imaginar
e devanear. A censura angariou séculos e apesar dos avanços ocorridos com a
renascença, a modernidade e a pós-modernidade, ela é instrumento daqueles
que novamente querem controlar as pessoas. O medo de que a leitura corrompa,
transgrida, se rebele pode ser percebido no decorrer da história. Temos aqui no
Brasil um grande exemplo, se adentrarmos na história da Inconfidência Mineira,
seus líderes eram leitores assíduos, críticos, inconformados com sua situação.
Tais fatos levantam questões que empoderam a leitura e ressalta a importância
do ato de ler e suas influências sobre o sujeito leitor.
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TÓPICO 1 - A CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
E
IMPORTANT
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
FONTE: Os autores
A leitura não tem uma função una (Figura 6), é modo de acesso ao
mundo social, se constitui socialmente enquanto “processo que além de mediar
a aquisição de conhecimentos, apresenta uma natureza política e ideológica,
que tem a possibilidade de moldar os sujeitos a agir conforme determinados
princípios” (VITORIO, 2017, s.p.). A ideologia se faz presente na leitura, seja na
visão de mundo de seu autor quanto no sentido que ao leitor produz e que esse
internaliza. A ideologia “está presente no sentido das palavras, na estrutura/
organização de um texto, nas metáforas, na própria coerência do discurso e nas
convenções discursivas de que faz uso [...] As ideologias são, portanto, ideias e
crenças veiculadas no discurso” (SILVA; GONÇALVES, 2017, p. 12).
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TÓPICO 1 - A CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
DICAS
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
DICAS
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TÓPICO 1 - A CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
Como afirma Silva (1985 apud CALDIN, 2003, p. 52), “a leitura, se levada
a efeito crítica e reflexivamente, levanta-se como um trabalho de combate à
alienação (não-racionalidade). Dessa forma, a leitura se caracteriza como sendo
uma atividade de questionamento, conscientização e libertação”; é uma prática
social que conduz “o leitor, enquanto sujeito histórico, a inscrever-se em uma
disputa de interpretações” (CAZARIN, 2006, p. 307).
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
FONTE: Adaptado de Fairclough (1995; 2001; 2005 apud SILVA; GONÇALVES, 2017, p. 6)
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TÓPICO 1 - A CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
Mas ser letrado e ler na vida e na cidadania é muito mais que isso:
é escapar da literalidade dos textos e interpretá-los, colocando-os em
relação com outros textos e discursos, de maneira situada na realidade
social; é discutir com os textos, replicando e avaliando posições e
ideologias que constituem seus sentidos; é, enfim, trazer o texto para
a vida e colocá-lo em relação com ela. Mais que isso, as práticas de
leitura na vida são muito variadas e dependentes de contexto, cada um
deles exigindo certas capacidades leitoras e não outras (ROJO, 2002,
p. 2).
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
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TÓPICO 1 - A CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
FONTE: <http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2016/02/Gabriela-Fagundes-
-Padilha.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2020.
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TÓPICO 1 - A CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
DICAS
Agora que você já conhece a importante função da leitura como prática social,
pesquise uma experiência desta prática que comprove sua potência. Para aprofundar a
reflexão sobre esta atividade sugerimos a leitura do Capítulo 1 da obra de Michèle Petit, A
arte de ler ou como resistir a adversidade. Nesta obra a autora mostra, por meio de diversos
discursos de jovens, a potência da leitura como afetamento e prática social. Disponível em:
https://www.academia.edu/33104273/A_arte_de_ler_ou_como_resistir_a_adversidade_
Michele_Petit.
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RESUMO DO TÓPICO 1
• A leitura faz parte de nossas vivências, atravessa nossas relações com o mundo
por meio dos sentidos que produz; sendo nosso meio de comunicação com o
mundo.
• É por meio da interação com o texto, que a leitura promove e sofre efeitos de
fatores sociais e culturais, da produção de sentido que se estabelece entre o
leitor e o texto.
• A leitura não tem uma função una, é modo de acesso ao mundo social, se
constitui socialmente enquanto processo que além de mediar a aquisição de
conhecimentos, apresenta uma natureza política e ideológica.
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AUTOATIVIDADE
1 Sabe-se que o que está além do alcance dos olhos, o que se esconde por
trás das linhas, os conhecimentos prévios, enfim, são elementos necessários
para a compreensão do texto, o que ultrapassa em muito, os limites da
simples decodificação. O leitor não é mais um receptor passivo orientado
pela ordem do texto, mas é capaz de construir sentido a partir da direção
e elaboração de seu pensamento e a sua imagem de mundo. Levando-se
em consideração as quatro etapas do processo de leitura: decodificação,
compreensão, interpretação e retenção (MENEGASSI, 1995, p. 86-89), e
sabendo-se do valor de cada uma delas, verifica-se que, para que ocorra
uma leitura eficiente, de acordo com os moldes atuais, a segunda etapa —
compreensão — é indubitavelmente a de maior importância para que o
leitor ultrapasse os limites do campo visual; ou seja, compreender um texto
significa apreender sua temática e seus tópicos principais, utilizando-se,
para isso, de todos os conhecimentos prévios que lhe dizem respeito. Até há
algumas décadas, a leitura consistia no simples reconhecimento de letras,
sílabas e palavras. As pessoas se preocupavam com uma boa pronúncia
ao ler, bloqueando, muitas vezes, seu entendimento sobre o conteúdo
adquirido, ou seja, não saindo da primeira etapa do processo de leitura,
não iam muito além do domínio de pronúncia.
FONTE: GREGHI, R. N.; CAMACHO, S.; FECCHIO, M. Afinal, por que tanta dificuldade em
leitura? Akrópolis, Umuarama, v. 12, n. 3, jul./set., 2004.
25
II- No século XIX começa a se consolidar o tipo de leitura como preocupação
presente em muitos autores, surgem novas ideias e a necessidade de
um lugar que seja destinado às crianças na sociedade, além de novos
procedimentos nas áreas pedagógica e literária.
III- O confronto entre as histórias de leitura do sujeito-leitor e as condições
sócio ideológicas de realização da leitura de determinado texto impede a
existência de um único sentido, como também o exagero da pluralidade
infinita de leituras (SANTOS, 2015).
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TÓPICO 2 -
UNIDADE 1
LEITURA E MEDIAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Para refletirmos sobre a correlação entre leitura e mediação devemos
compreender as diferentes concepções que esses termos podem assumir; assim
como as relações estabelecidas entre eles.
Nesse contexto, este tópico tem como meta apresentar as concepções de
leitura e mediação sob diferentes perspectivas teóricas e as intersecções entre
linguagem, leitura e práticas de mediação.
A leitura abre um espaço íntimo no ser de introspecção, de reflexão, da
imaginação. Ela nem sempre tem a capacidade de reparar as desigualdades, mas
serve como impulso para mudanças de pensamento e até de contexto pessoal,
como a história de Ben Carson, negro, filho de mãe solteira e simples empregada
doméstica, que investe nos filhos, os sonhos que não pode realizar. Este, por sua
vez, encontra nos livros os caminhos para a tão sonhada medicina, impulsionada
pela grande mediadora sua mãe. A leitura e o mediador incansável como agentes
contribuintes e encaminhadores do pensamento construtivo e não da violência.
A leitura abriu um campo de possibilidades, onde não parecia existirem muitas
margens de manobra.
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
Como aponta Aebersold e Field (1997 apud CAMPOS, 2008, p. 58), “definir
leitura não é uma tarefa fácil, mas poderíamos tentar explicá-la de uma forma
bem simplista: leitura é o que acontece quando uma pessoa olha para um texto
qualquer e atribui sentido aos símbolos gráficos nele inseridos”.
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TÓPICO 2 - LEITURA E MEDIAÇÃO
Lajolo et al. (1991, Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido
p. 59) de um texto. É, a partir de um texto, ser capaz de atribuir-lhe
significação, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos
significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que
seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta
leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.
Yunes (1995, p. 193- Ler é um ato de primeira instância no esboço da consciência
195) de si mesmo e do outro e sua inscrição no mundo se dá como
uma escrita, de vida. [...] A dimensão, pois, do ato que se crê
centralizado depois da alfabetização, está longe de ser reduzida às
letras combinadas em códigos fonéticos-fonológicos, morfológico
e sintáticos. [...] Ler é inscrever-se no mundo do signo, entrar na
cadeia significante, elaborar continuamente interpretações que
dão sentido ao mundo, registrá-la com palavras, gestos, traços.
Ler é significar e ao mesmo tempo tornar-se significante. A leitura
é uma escrita de si mesmo, na relação interativa que dá sentido ao
mundo.
O ato de ler, assim, carrega para um encontro entre
intersubjetividades e memórias várias que se interpenetram e
resultam na interpretação.
Goulemont (1996 Ler é dar um sentido de conjunto, uma globalização e uma
apud CHARTIER articulação aos sentidos produzidos pelas sequências. Não é
2000, p. 107). encontrar o sentido desejado pelo autor [...] ler é, portanto,
constituir e não reconstruir sentido.
Leffa (1996, p. 10) A leitura é basicamente um processo de representação. Como esse
processo envolve o sentido da visão, ler é, na sua essência, olhar
para uma coisa e ver outra. A leitura não se dá por acesso direto à
realidade. Nessa triangulação da leitura o elemento intermediário
funciona como um espelho; mostra um segmento do mundo
que normalmente nada tem a ver com sua própria consistência
física. [...] Como esses espelhos oferecem imagens fragmentadas
do mundo, a verdadeira leitura só é possível quando se tem um
conhecimento prévio desse mundo.
Solé (1998 apud Leitura é um processo mediante o qual se compreende a
Queirós, 2012, p.3-7) linguagem escrita [...] para ler necessitamos simultaneamente
manejar com destreza as habilidades de decodificação e aportar
ao texto nossos objetivos, ideias e experiências prévias. Para uma
pessoa se envolver em qualquer atividade de leitura, é necessário
que ela sinta que é capaz de ler, de compreender o texto, tanto
de forma autônoma, como apoiada em leitores mais experientes.
Enfatiza-se a leitura de verdade, aquela que realizamos os leitores
experientes e que nos motiva, é a leitura que na qual nós mesmos
mandamos: relendo, parando para saboreá-la ou para refletir.
Soares (2000, p. 18) Leitura não é esse ato solitário; é interação verbal entre indivíduos,
e indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu
lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os
outros; o autor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas
relações com o mundo e os outros.
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
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TÓPICO 2 - LEITURA E MEDIAÇÃO
Freire (2009 apud Ler compreende uma visão crítica que não se esgota na
PINHEIRO et al. descodificação pura da escrita ou da linguagem escrita, mas que
2012, p. 2466) se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. Ler implica
a percepção crítica, interpretação e “reescrita” do objeto lido,
procurando estabelecer relações entre texto e realidade vivida, em
outras palavras, a leitura deve ir além da decodificação de vogais
e consoantes, precisa fazer com que leitor transporte o conteúdo
lido para seu convívio social.
Fuza (2010, p. 12) A leitura centrada no texto pode ser denominada: leitura sob a
perspectiva do texto; leitura como extração (processo ascendente/
bottom up); leitura como decodificação. A leitura centrada no leitor
é denominada: leitura sob a perspectiva do leitor; leitura como
atribuição (processo descendente/top down). O diálogo entre
texto e leitor promove o surgimento do conceito de leitura como
interação.
FONTE: Os autores
NOTA
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
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TÓPICO 2 - LEITURA E MEDIAÇÃO
Marteleto (2009, p. 19) Mediação é uma construção teórica destinada a refletir sobre
as práticas e os dispositivos que compõem os arranjos de
sentidos e formas comunicacionais e informacionais nas
sociedades atuais, sem perder de vista os elos que, tanto os
conteúdos quanto os suportes e os acervos, mantêm com a
tradição cultural.
Gomes (2010, p. 88) A mediação relaciona-se com a comunicação e se caracteriza
como um processo de intersubjetividades, resultante da
negociação e da disputa de sentidos, que permite aos sujeitos
ultrapassar e interpenetrar esses sentidos e gerar novas
significações. A mediação se opõe ao imediatismo, porque
demanda o jogo dialético, sem o qual inexiste.
Feuerstein (2012, p. 1) Mediação é a interação de um adulto, cuja intenção pode
ser a transmissão de um significado, de uma habilidade,
incentivando a criança a se superar com vistas a expansão da
capacidade cognitiva dela ou de outro mediado.
Barbosa e Barbosa A mediação se materializada como um acolhimento e permite
(2013, p. 11) que aqueles que buscam adentrar o mundo da leitura, façam
uso dessa hospitalidade para apoiar-se e dar materialidade
a suas buscas e desejos de compreensão da palavra, da vida.
Principalmente, para elaborar, construir seu próprio lugar de
leitor.
Rasteli (2013, p. 25) A partir de Hegel e posteriormente por Marx, a mediação será
relacionada à articulação entre as partes de uma totalidade
complexa, sendo a ela atribuída a responsabilidade pela
capacidade da passagem entre o imediato e o mediato. Está,
portanto, vinculada à ideia de processo e movimento que
fundam a dialética.
FONTE: Os autores
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
FONTE: Os autores
E
IMPORTANT
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TÓPICO 2 - LEITURA E MEDIAÇÃO
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
DICAS
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
E
IMPORTANT
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TÓPICO 2 - LEITURA E MEDIAÇÃO
O ato de ter que ler algo imposto e dizer o que a criança precisa fazer em
seguida submete o livro ou o texto literário em algo muito didático, acaba com a
arte, e com o interesse de quem lê, por isso a importância de entender e fazer-se
perceber essa diferença. Tanto a criança, quanto jovens e adultos que carregam
o livro como um objeto próximo, companheiros, dizem que tudo começa com
a hospitalidade, encontros prazerosos, que acabaram ocorrendo fora da escola,
numa biblioteca, numa ONG, com um amigo, um vizinho, sujeitos que tocaram
o outro com intersubjetividade prazerosa, apresentando ao leitor a verdadeira
faceta da leitura. Sujeitos tocados no amago, redescobrindo a verdadeira faceta
da leitura literária. Esses provavelmente um dia serão iniciadores de leitura de
outros. Por que não ocorrer isso dentro da sala de aula?
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
DICAS
• Filme: que tal dar uma pausa e assistir Escritores da liberdade. Nesta
dramaturgia, você mergulhará num universo em que a leitura chega de forma conflituosa,
arbitrária e, com muito esforço, empatia e determinação, torna-se instrumento que auxilia
a conhecer os alunos rebeldes a conhecerem sua própria identidade. Uma história que nos
mostra como a leitura de algo considerado chato e complicado pode se tornar algo tocante
e transformador, que auxilia em ambos os aspectos, na do docente compreender melhor o
contexto dos alunos e dos alunos refletirem sobre seus contextos.
• Vídeo: ler é atividade fundamental na formação docente. Não só pela ampliação de
vocabulário e repertório. Assista à discussão apresentada pelo Prof. José Gabriel Perissé
Madureira (USP). Disponível em: http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=635.
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TÓPICO 2 - LEITURA E MEDIAÇÃO
Dessa forma, o leitor é um sujeito ativo que faz uso da leitura – e do texto
– em contextos sociais de uso, visando inserir-se no mundo em que vive como
cidadão crítico e leitor profi ciente interagindo com diferentes discursos de forma
que assimile diferentes olhares sobre a leitura (Figura 19).
s.
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
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TÓPICO 2 - LEITURA E MEDIAÇÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
alunos, constataram que muitas das dificuldades com a leitura não se deviam ao
desconhecimento da língua estrangeira, mas ao fato dificultoso de interagir com
o texto.
Levando em consideração esse diagnóstico, os pesquisadores centraram
seus estudos nos desvelamentos dos processos subjacentes ao ato de ler,
objetivando como aplicação pedagógica desse conhecimento uma proficiência
do leitor. Os interesses básicos destas investigações estão na ação ou reação
psicolinguística vivenciadas pelo leitor no momento da leitura e nos mecanismos
linguísticos e psicológicos envolvidos. Logo, uma atitude centrada nesse processo
que permeia o ato de ler denomina-se de leitura interativa, primeiramente,
interação entre os processos cognitivos e, segundo o processo de interação entre
leitor e autor via texto, “pois a leitura é um ato social, entre dois sujeitos –leitor e
autor – que interagem entre si obedecendo a objetivos e necessidades socialmente
determinados” (KLEIMAN, 1997, p.10).
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TÓPICO 2 - LEITURA E MEDIAÇÃO
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
FONTE: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_fati-
ma_aparecida_oliveira_sozza.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2020.
48
RESUMO DO TÓPICO 2
• A leitura, ainda mais no universo dos cursos de Letras, é uma atividade tão
intrínseca a tudo o que fazemos.
• Para compreender o que é leitura necessitamos percebê-la como prática que vai
além de um processo de decodificação de signos.
49
AUTOATIVIDADE
FONTE: http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/
MachadodeAssis/acartomante.htm. Acesso em: 5 fev. 2020.
50
e solitárias ou encontros em pequenos grupos. Assim, em certas ocasiões,
conversa ou recomenda algum livro; em outras permanece em silêncio ou se
oculta para deixar que livro e leitor conversem.
51
52
TÓPICO 3 -
UNIDADE 1
A LEITURA E O LEITOR
1 INTRODUÇÃO
Ao nos referirmos à palavra “leitura”, a primeira coisa que vem à mente é
ler um livro. O termo é polissêmico, mas podemos caracterizá-lo de maneira mais
específica. Como aponta Zilberman (1984, p. 18), “no espaço entre a fala e a escrita
surge um código escrito que tem como uma de suas marcas a capacidade de se
extrair deste vários sentidos, de acordo com sua organização”. Em suma, o texto
por excelência tem a particularidade de promover saberes quase que infinitos, e
alguns, infinitos.
Ler não envolve apenas... ler. Abrange uma compreensão mais ampla, já
que está associada à interação entre o ser e a sociedade. É através da leitura que
damos sentido ao mundo, organizando toda a complexidade que nos cerca. Até
as inconstâncias da vida se transformam numa forma de texto.
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
DICAS
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TÓPICO 3 - A LEITURA E O LEITOR
Porém, a atividade ledora nunca é igual, visto que os textos dos quais se
apropria abordam diferentes faculdades psíquicas do indivíduo. Muitas dessas
faculdades são movimentadas por influência do texto literário, fugindo do padrão
de outros textos que circulam cotidianamente. Mas estar fora do padrão não
significa questionar todos os padrões, de modo que os perfis literários também
são fonte profícua de aprendizagem a ser conhecidas pelos leitores.
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3a/Antes_da_arqueologia._Car-
toon_de_Paulo_Cesar.JPG>. Acesso em: 24 jan. 2020.
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
ATENCAO
Não há texto isolado do seu universo formativo. Todo texto referencia seu
espaço, mesmo que por analogia. Narrativas, como Os Lusíadas, foram produzidas durante
a época das grandes navegações, bem como Dom Quixote, que reflete um período da
modernidade e da ascensão da burguesia.
É a partir disso que se constata como o texto literário exige um leitor que
perceba essa relação textual de um texto com seus anteriores ou contemporâneos.
O texto não é apenas uma série de enunciados, mas, sim, a percepção dos
diferentes significados no interior da língua. (FIORIN, 2006a)
DICAS
Nos dias de hoje é cada vez maior a presença de filmes — textos mistos —
abarrotados daquilo que se chama easter egg, surpresas e referências dentro da obra que
se conectam a outras, ou seja, uma forma de intertextualidade. Da mesma maneira que os
acontecimentos da obra Ilíada fazem referência a eventos e personagens de Jasão e os
Argonautas, nos dias de hoje, os filmes — como os do universo cinematográfico Marvel —
se conectam e se completam. Sugerimos a leitura do texto O prazer do texto, de Roland
Bathes. Na obra, aborda-se como o prazer sensual do texto para quem lê ou escreve é
construído por meio de relações interdiscursivas. Disponível em: https://social.stoa.usp.br/
articles/0037/3107/BARTHES-Roland-O-Prazer-Do-Texto.pdf.
56
TÓPICO 3 - A LEITURA E O LEITOR
E você? Neste momento deve estar pensando em sua trajetória escolar, nas
aulas de português. Nem todos tem a sorte de encontrar docentes engajados em
fazer essa diferença. Pois, para fazer diferente, apresentar a literatura é preciso
estar impregnado por ela.
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UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
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TÓPICO 3 - A LEITURA E O LEITOR
Numa primeira leitura, o leitor pode ser levado a abordar o tema como
um mero poema produzido por alunos de maneira semianônima; um olhar um
pouco mais atento aponta a relação entre este, e aquele outro, importantíssimo
para a literatura Brasileira: A Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.
59
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
c. Sendo um leitor mais competente, observa que há uma tradição que parodia a
Canção do Exílio, com textos que vão de Castro Alves a Chico Buarque, e que o
texto aqui apresentado se insere nessa situação.
d. Analisa sutilmente como o poema, embora parodie um texto da 1ª geração
romântica — nacionalista, ufanista, indianista —, aproxima-se muito mais da
estética da 3ª geração romântica — condoeira, hugoana, voltada para as causas
sociais, como a abolição da escravatura e outras mazelas da sociedade, à época.
FIGURA 22 – QUADRO
FONTE: <https://cdn.pixabay.com/photo/2014/08/25/16/17/picture-frame-427233_960_720.
jpg>. Acesso em: 24 jan. 2020.
60
TÓPICO 3 - A LEITURA E O LEITOR
Como? Você não entendeu nada? Não deve estar bem da vista! Olhe de
novo e perceberá que o pintor procurou reproduzir, de maneira impressionante,
o cenário do Alasca, no qual se vê nitidamente um coelho da neve fugindo de um
lobo branco e, ao fundo, um urso branco olha para ambos enquanto decide qual
irá atacar. A imagem detalha uma forte nevasca em meio ao deserto de neve e
gelo, de maneira que a branquidão só permite perceber que ainda é dia.
O mesmo pode fazer pelo leitor um título. Esse é o caso do texto de Luís
Vilela (2001, p. 38) a seguir.
Telefonar para J. 4-0060 (que dia você vai me pagar? Tou duro).
61
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
Minha frase mais bela está escrita no fundo dos meus olhos e só o meu
amor a poderá ler (aquela tarde ela e eu o escuro a rua as luzes os carros por
que a gente fica tão idiota quando está feliz? aquela tarde ela e eu nós dois)
Tristeza e cansaço. Esperar, esperar, esperar. Se ela não for hoje (ela não foi)
(chega, amanhã arranjo essa droga).
FONTE: VILELA, Luiz. Os melhores contos de Luiz Vilela. Globo Editora: Porto Alegre, 2001, p. 38.
Que sentido você atribuiria a esse texto? Nenhum? Se você tivesse sabido
de antemão que tem como título Gaveta, a compreensão seria outra? Um homem
limpa e arruma uma gaveta e, enquanto vai achando papéis antigos, conversa com
seus “próprios botões” sobre esses achados. Cada um remete a uma lembrança.
FONTE: <https://cdn.pixabay.com/photo/2018/04/23/21/54/arm-3345706_960_720.jpg>.
Acesso em: 24 jan. 2020.
62
TÓPICO 3 - A LEITURA E O LEITOR
Devemos, pelo menos, buscar respostas para estas questões, tendo como
referência o ensino de literatura no Ensino Médio.
63
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
NOTA
Fica uma dúvida: no que difere esse material do livro de história, uma
vez que em muito se aproximam suas particularidades? A aula resume-se, salvo
exceções à leitura oral de fragmentos, por parte de professores e/ou alunos,
acrescido de perguntas ao fim de cada sequência de textos. O próprio livro do
professor já carrega um padrão de respostas, cabendo-lhe apenas “ajustar” às
dos alunos. Não há uma tentativa de depreciação, mas considerando o rumo de
muitos cursos de letras que se focam em produzir professores de português e
revisores, há relativa probabilidade de o professor não ter certeza de suas próprias
respostas, guiando-se sempre pelo gabarito. O professor transcreve no quadro
trechos do livro, responde às questões e, para muitos alunos, isso é considerado
um exemplo de excelência de aula. Em alguns casos é passada uma pesquisa a
qual os alunos copiam os textos da internet, sem um aprofundamento e reflexão
do saber atingido, isso quando ocorre.
64
TÓPICO 3 - A LEITURA E O LEITOR
Há uma frase de Umberto Eco que aponta: “O texto é aberto, mas não é
escancarado”. O problema dos estudos literários na educação básica atinge um
caminho inverto: as interpretações não são abertas, mas reduzidas. Passamos a
ser limitados — e limitar os demais — pelas interpretações e leituras de grandes
críticos, produtores de material didático e teóricos da literatura.
ATENCAO
Não há leitura sem viés ideológico, uma vez que a ideologia presume uma
visão de mundo. Quando se afirmar que uma resposta de exercício apresenta interpretações
possíveis, faz-se, também, uma leitura de viés ideológico. E uma resposta reduzida presente
em um manual não está isenta disso.
65
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
O problema dessa prática, existente desde o século XIX, é que temos uma
gama de alunos que, como em ciclo, aprendem a teorizar normativamente sobre
livros que nunca leram, criticar autores que desconhecem e decorar características
de escolas literárias (VERRIER, 2007, p. 8). Futuramente, estudos como teoria
literária e literatura comparada enfrentam a existência de uma geração de alunos
que se pautam em Homero sem nunca terem lido a Ilíada.
66
TÓPICO 3 - A LEITURA E O LEITOR
Voltemos ao que fora apontado sobre o gosto de ler. Alguém não gosta de
ler? A frase é ilógica. Mas não o é. Há pessoas que não leem um livro por ano, pelo
menos, e ainda não entendem a insanidade de um ser leitor. Qual é a graça? Não
tem sentido? Só haverá sentido para quem um dia aprendeu a tê-lo.
67
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
DICAS
“Todo texto possui, então, uma espécie de leitor empírico” (ECO, 1994,
p. 17), presumível para todo e qualquer texto literário. Leitor porque é para ele
que é direcionado, presumível na medida em que o autor trava um diálogo com o
indivíduo que será seu “alvo”, uma imagem não física, mas prevista.
Você já ficou surpreso como aquele seu aluno que não lê Senhora, de José
de Alencar, lê em menos de duas semanas um livro com mais de 900 páginas,
provavelmente sobre dragões? Isso está intimamente associado ao gosto, formas
de pensar, campo de atuação, experiência e interesse do leitor. A ideia de um
indivíduo que “foge da realidade”, que prefere passar seu tempo com a leitura
envolve, inicialmente, a proximidade com esse hábito e o texto em si. O leitor,
habituado à sua prática, desenvolve suas próprias estratégias de leitura, de
acordo com sua individualidade.
68
TÓPICO 3 - A LEITURA E O LEITOR
E
IMPORTANT
Vincent Jouve (2002) delimita alguns passos a serem seguidos para que se
estruture minimamente um processo de reação ao status atual. Para ele, “reverter
o atual quadro envolveria antecipar o problema, reestruturá-lo e interpretar os
69
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
resultados obtidos” (JOUVE, 2002, p. 18). A leitura deve ser interpretada como
ação cognitiva por necessidade de dada competência, ou seja, capacidades
mínimas que o leitor deve ter em mãos para seguir com a leitura. Uma vez
que temos o fenômeno dos analfabetos funcionais, é preciso, pelo menos, uma
progressão dos textos a serem lidos bem como os códigos para os quais o aluno
será apresentado, visando ao desenvolvimento dessas capacidades.
70
TÓPICO 3 - A LEITURA E O LEITOR
71
RESUMO DO TÓPICO 3
• O ensino da leitura é uma prática constante que deve ser feita em todas as
etapas da formação escolar, uma vez que a leitura não se esgota no texto
literário, abrange a percepção do mundo.
72
AUTOATIVIDADE
73
74
TÓPICO 4 -
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
É comum ouvirmos que a escrita é a transcrição da fala e que, por isso, se
escrevêssemos como falamos, não teríamos dificuldades com a ortografia. Será
mesmo?
75
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
Essas marcas de oralidade não raro invadem a escrita, uma vez que nos
habituamos com elas. Os motivos por que isso ocorre vão desde o pouco que se lê
até o tempo que é gasto mais com atividades de fala do que de escrita.
Isso significa dizer que devemos saber adequar o nosso modo de falar ou
de escrever às circunstâncias sociais e ao gênero de texto que nos propomos a
produzir. A língua pode, nessa perspectiva, variar tanto na fala quanto na escrita.
76
TÓPICO 4 - RELAÇÃO DA LEITURA COM A ORALIDADE E COM A ESCRITA
77
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
78
TÓPICO 4 - RELAÇÃO DA LEITURA COM A ORALIDADE E COM A ESCRITA
da escrita — e suas múltiplas formas, bem como os métodos através dos quais
os indivíduos apreendem os mais diferentes tipos de textos, como uma música,
uma pintura, um texto oral — a exemplo dos contos de fadas — e suas correlações
cotidianas. A necessidade de textos mistos, como o cinema, de apresentar um
herói e alguém a ser salvo, remetem a relações intertextuais às quais o indivíduo
tem contato na infância através de contos de fadas, “mecanismos esses que dão
dinamismo às diversas narrativas e propiciam que melhor compreendam as
histórias a serem contada ao possuírem elementos em comum com histórias de
fantasia” (KLEIMAN, 2001, p. 18).
79
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
NOTA
80
TÓPICO 4 - RELAÇÃO DA LEITURA COM A ORALIDADE E COM A ESCRITA
Praticar a escrita sempre foi um ato simbólico. Mas nem de teorias vive
apenas o homem. Principalmente o professor, o qual precisa, muito mais do que
dominar a teoria, colocá-la em prática. Alguns educadores se empenharam em
teorizar a prática pedagógica dentro e fora da sala de aula, estudando o processo
de apropriação da escrita como ato de emancipação do indivíduo.
81
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
Foi em meados dos anos 1980 que as teorias de Lev Vygotsky e Alexander
Luria — época da chegada da Psicologia Histórico-Cultural no Brasil — deram
nova perspectiva aos estudos da aprendizagem, opondo-se ao até então abordado
por Piaget e enfatizando outros olhares, como a relevância da apropriação da
linguagem escrita pelas culturas. Os estudos culturais, que remetiam aos anos
1960, bem como o fim dos grandes impérios coloniais, há tempos influenciavam
gradativamente os diferentes campos de saber. Para Larocca e Saveli (2001,
p. 209), “a linguagem, em suas diferentes formas de manifestação — gesto,
brincadeira, desenho, fala e escrita — que sabemos ser formas de viver cultural, é
reconhecida pela psicologia Histórico-Cultural como ferramenta de constituição
e transformação intramental”.
NOTA
82
TÓPICO 4 - RELAÇÃO DA LEITURA COM A ORALIDADE E COM A ESCRITA
83
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
E
IMPORTANT
84
TÓPICO 4 - RELAÇÃO DA LEITURA COM A ORALIDADE E COM A ESCRITA
85
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
86
TÓPICO 4 - RELAÇÃO DA LEITURA COM A ORALIDADE E COM A ESCRITA
Você deve ser capaz de compreender que o aluno não associou ao texto
a ironia atribuída pelo professor. Não discutamos suas escolhas — nem nos
cabe, uma vez que não temos acesso à toda a sua avaliação —, mas como uma
interpretação parcial tem origem na baixa prática de leitura. Dizemos “baixa”,
pois os elementos constituintes do texto são compreensíveis: há uma cantora,
chamada Valesca Popozuda; “É só tiro, porrada e bomba” é um jargão utilizada
pela mesma em um funk; “grande” e “pensadora” são termos compreendidos
pela população. Mas a correlação entre as palavras é que não fez sentido para os
leitores: tivemos leitores alfabetizados, mas pouco letrados.
87
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
FIGURA 25 – CULTURA
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_de_Pernambuco#/media/File:Bonecos_de_Olin-
da_-_Pernambuco,_Brasil.jpg>. Acesso em: 28 jan. 2020.
88
TÓPICO 4 - RELAÇÃO DA LEITURA COM A ORALIDADE E COM A ESCRITA
FIGURA 26 – (DES)REPORTAGEM
FONTE: <https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,pm-cerca-predio-historico-ocupado-por-
-indios-no-rio,983523>. Acesso em: 28 jan. 2020.
89
UNIDADE 1 - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA LEITURA
DICAS
90
RESUMO DO TÓPICO 4
• O texto escrito não é a única manifestação cultural de um grupo, uma vez que
há toda uma produção que circula pelo campo da oralidade.
CHAMADA
91
AUTOATIVIDADE
92
UNIDADE 2 -
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
93
94
TÓPICO 1 -
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Quando D. Pedro I declarou a independência do Brasil em 7 de setembro
de 1822, deparou-se com um problema grave: a maior parte da população não
era alfabetizada. Além de todas as questões envolvendo a necessidade de corpos
públicos para a manutenção do estado brasileiro recém-nascido, deparávamo-
nos com a falta de instituições para darem prosseguimento à implementação de
políticas educacionais de desenvolvimento da alfabetização no Brasil.
2 PRÁTICAS DE LEITURA
Ao abordarmos os princípios envolvendo as práticas de leitura, precisamos,
inicialmente, delimitar o que compreendemos como leitura produtiva. A leitura
envolve um ato cognitivo. Porém, o que é, de fato, a leitura?
Podemos dar uma definição razoável do que seria tal prática? Gostaríamos
de propor uma definição, a qual será nosso guia ao longo do capítulo.
95
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
Zilberman aponta que não devemos apenas “indicar livros” mas, antes,
desenvolver a capacidade de leitura dos nossos alunos, sua capacidade de
interpretação tanto da palavra-signo, quando do texto-signo.
96
TÓPICO 1 - A LEITURA NO CONTEXTO BRASILEIRO: DIÁLOGO COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS
deixa de ser monológico para ser dialógico (BAKHTIN, 2003), ou seja, processo
interativo realizado pelas vozes que se encontram/confrontam: leitor, autor
etc. Isso também significa dizer que o ato de leitura é inacabado: eis o motivo
de determinados textos literários serem considerados universais, por sempre
permitirem leituras diferentes nas mais diferentes épocas — Tão atual nos é a fala
do velho do Restelo para a compreensão do ser humano:
Outros exemplos:
97
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
As figuras a seguir são exemplos do que vem sido apresentado até então:
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/73/God2-Sistine_Chapel.
png/800px-God2-Sistine_Chapel.png>. Acesso em: 3 fev. 2020.
98
TÓPICO 1 - A LEITURA NO CONTEXTO BRASILEIRO: DIÁLOGO COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS
• Intertextualidade explícita
• Intertextualidade implícita
Trecho da canção “Ai que saudade da Amélia” (Ataulfo Alves e Mário Lago):
99
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
Todo texto trava um diálogo com o seu leitor. Como já dissemos, o texto
cria, presume, convoca. E isso vale para romances, contos, filmes... todo tipo de
produção de sentidos é um verdadeiro convite para a sua devida interpretação.
Imagine os homens das cavernas, desenhando símbolos, contando a história
de suas caçadas. Eram registros para a posteridade e, principalmente, relatos
que presumiam a capacidade interpretativa póstuma. Pense nisso da próxima
vez que você se lançar ao primoroso ato da leitura, que todo ato de escrita, seja
verbal ou não verbal, presumo um ato de comunicação, um convite à leitura e
interpretação. Aliás, chega a ser redundante a afirmação anterior, já que, se você
lê, então você interpreta.
100
TÓPICO 1 - A LEITURA NO CONTEXTO BRASILEIRO: DIÁLOGO COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS
É por esse viés que podemos considerar a apropriação da língua como uma
das mais primordiais formas de inclusão social, bem como seu uso em instituições
públicas e privadas de forma autônoma. Logo, tão importante quanto as técnicas
de sociabilidade inerentes às primeiras séries, é a apropriação da alfabetização e
do letramento como metas pré-definidas para todo processo formativo.
O professor, em sala de aula, tem que compreender que não realiza uma
função una: por isso tende a apresentar não apenas textos que dialoguem com o
aluno, mas, também, os vários propósitos a ele inerentes, bem como os mecanismos
que permitem que os mesmos penetrem com seu arcabouço social nas obras, que
provoquem deslocamentos mentais, conjecturas. São as provocações do professor
mediador que iniciarão o interesse, o aprofundamento da leitura e a inserção na
ideia do autor. É só através disso que é possível começar a pensar em maneiras
que levem ao aluno a plena utilidade de prática social inerente ao texto escrito.
Sem isso, a expressão “não gosto de ler” assume sua função mais primária: texto
literário, e não os mais diversos enunciados comunicativos do cotidiano que
contribuem para o desenvolvimento humano.
101
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
102
TÓPICO 1 - A LEITURA NO CONTEXTO BRASILEIRO: DIÁLOGO COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS
“Passei a vida atrás de eleitores e agora busco os leitores.” (José Sarney, Veja,
dez. 1997).
103
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
104
TÓPICO 1 - A LEITURA NO CONTEXTO BRASILEIRO: DIÁLOGO COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS
105
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
106
TÓPICO 1 - A LEITURA NO CONTEXTO BRASILEIRO: DIÁLOGO COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS
107
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
[Segundo] Cunha (1999, p. 20), “no Brasil, como não poderia deixar
de ser, a literatura infantil tem início com obras pedagógicas e,
sobretudo, adaptadas de produções portuguesas, demonstrando a
dependência típica das colônias”. Vale destacar que, para a autora, a
legítima literatura infantil brasileira foi iniciada efetivamente com o
surgimento das obras de Monteiro Lobato, por ser um escritor que
proporcionou a diversidade de temas, contextos e gênero literário,
trazendo personagens que ultrapassam os estilos convencionais
literários, e com isso tendo seu próprio estilo e universo ficcional
(BARBOSA, 2016, p. 25).
Em O Sítio do Pica-pau Amarelo, por exemplo, Lobato, por meio de uma
série de histórias, trouxe aspectos da vida rural, como fazendas de cafés, com
intuito de revelar as questões nacionais do país, bem como revelar histórias com
aspectos folclóricos, narradas por uma cozinheira negra, que representavam os
valores morais e culturais de um povo. E, logo em seguida, “adotando postura
iconoclasta perante os valores culturais populares, Monteiro Lobato promove a
cozinheira do sítio a narradora titular em Histórias da Tia Nastácia” (LAJOLO;
ZILBERMAN, 1986, p. 65 apud BARBOSA, 2016, p. 26).
108
TÓPICO 1 - A LEITURA NO CONTEXTO BRASILEIRO: DIÁLOGO COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7a/A_Menina_do_Narizinho_Arre-
bitado_%28pag_22._crop%29.png>. Acesso em: 3 fev. 2020.
109
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
110
TÓPICO 1 - A LEITURA NO CONTEXTO BRASILEIRO: DIÁLOGO COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS
DICAS
DICAS
111
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
DICAS
Cabe aqui a sugestão de leitura da entrevista dada por Demerval Saviani sobre
o histórico de lutas que perpassa o Plano Nacional de Educação (PNE), bem como da
construção do texto da LDB. Disponível em: http://www.anped.org.br/news/entrevista-
com-dermeval-saviani-pne.
112
RESUMO DO TÓPICO 1
113
AUTOATIVIDADE
114
TÓPICO 2 -
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A leitura transcende o espaço da diversão. É muito comum professores de
literatura enfrentarem o seguinte problema: seus alunos alegam que não gostam
de ler. Na verdade, não gostam daquilo que se tornou a literatura nos bancos
escolares.
115
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
Como aponta Umberto Eco, “os livros sempre falam sobre outros livros, e
toda estória conta uma estória que já foi contada” (ECO, 1983 apud HUTCHEON,
1991, p. 167). Em outras palavras, os escritores são, acima de tudo, leitores.
DICAS
Não é de hoje a correção entre aluno e sala de aula. Rosa Maria Aparecida
Nechi Verceze e Eliziane França Moreira Silvino, professoras da UNIR desenvolveram um
longo estudo sobre como, paradoxalmente, a leitura em sala de aula tem potencial para
castrar o aluno de seu processo de formação como leitor. A leitura é incômoda, mas
denuncia muitas das práticas do cotidiano escolar. Disponível em: http://periodicos.uesb.br/
index.php/praxis/article/viewFile/328/361.
Machado de Assis, nosso maior escritor? Que escolhas frequentou? Quais liceus
visitou? Para além das histórias/lendas de que fora trabalhar numa padaria de
um francês para aprender o idioma, é fato que o escritor não era detentor do
“perfil” usufruído pela elite carioca, à época.
DICAS
117
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
NOTA
118
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
Outro fator interessante, que cabe aqui ressaltar, é a carência das bibliotecas
existentes por visitantes entusiasmados por seus tesouros nas prateleiras. O
mundo evoluiu e muitas bibliotecas continuam paradas no tempo. É hora desses
espaços se reinventarem. Luiz Milanesi, bibliotecário e escritor, discute sobre esse
assunto em sua obra A casa da invenção (1991). A biblioteca precisa se reinventar.
Ela não é mais espaço só de silencio e pesquisa. Algumas bibliotecas têm iniciado
esse novo paradigma aqui no país. Algo sonhado por Mário de Andrade há quase
um século atrás. A biblioteca vem se reinventando para não se tornar um espaço de
palavras mortas. Por disporem de base essencial — acervo diversificado — tende
a conjugar três verbos: informar, discutir e criar, independentemente da ordem.
Tornando-se um lugar de encontros que atraiam o público por meio da ação
cultural, como um lançamento de livro, uma apresentação musical, exposições
escolares e de artistas locais, tornando um espaço que a comunidade interaja com
sua cultura e com a cultura do mundo contida nas prateleiras. Essa tarefa cabe
aos iniciadores, professores, autoridades públicas que queiram colocar a cultura
em primeiro plano.
119
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTj77IMb0i_rSM1bBe0ytu-
ZNZ1hb21-_tR-Ze9FD4SEx8UIUTpy&s>. Acesso em: 3 fev. 2020.
TUROS
ESTUDOS FU
Quantas vezes você já viu grupos de alunos que, em sua maioria, liam pela
obrigação, mas não demonstravam o interesse pela leitura? É possível que ler se desassocie
do gostar? Deixamos essa pergunta que será abordada mais adiante, mas pergunte-se se o
seu desempenho não está sendo afetado por esse fator.
120
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
121
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
Essa mesma função não escapa à escola, que auxilia o aluno a ler o mundo
por meio dos conteúdos programáticos. A inconstância é como o mesmo percebe
que a aprendizagem em sala lhe permite uma nova percepção do seu dia a dia, e
especial a descoberta da existência de leis com as quais não exerce nenhum poder.
É nessa medida que escola e literatura se distanciam, devido às possibilidades
de interagir com um mundo, ainda que ficcional, de maneira mais ativa. É por
meio da obra ficcional que muito se conjecturou sobre os limites do nosso mundo,
como vários livros de Júlio Verne, ou os limites da percepção nas obras de Arthur
Conan Doyle. É o texto literário, germinador da imaginação, que possibilita ao
indivíduo desenvolver a capacidade de subverter as amarras da realidade e
repensá-la em prol de seus objetivos.
122
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
Emerge dessa interação a relação entre o leitor e a obra que lê. Na medida
em que a obra exige uma participação mais ativa e do domínio do leitor de
um código cultural, mas o livro tem a lhe agregar, devido a sua capacidade de
abranger o meio social, possibilitando o alargamento do horizonte sociocultural
de quem lê a obra. Sendo este um processo cognitivo de intercâmbio, instaura-se o
fenômeno da leitura. É comum a acepção “o que você absorveu de bom do texto”,
quando, na verdade, se trata de uma compreensão do mundo real via imaginário.
Assim, a obra literária não se limita ao conteúdo escrito, mas à capacidade do
leitor em assimilar a realidade criada. Dessa maneira, a leitura só se dá quando
esse processo, a interpretação entre mundo ficcional x mundo real, se realiza em
sua totalidade.
DICAS
série de justificativas que levam o indivíduo à prática. Optamos aqui por abordar
o ato da leitura do ponto de vista de determinados leitores-modelo — não num
sentido stricto da teoria de Umberto Eco, mas lato, ou seja, com certo grau de
generalismo, o que podem ser tipos de leitores que estão associados a alguns
tipos de leituras, mas também o mesmo leitor que assume posicionamentos
diferentes de acordo com o tipo de texto com que trava contato —, que como
tantos outros exerce a prática em situações específicas. Assim, nesta última etapa,
evitamos parcialmente uma discussão meramente acadêmica e a trazemos para
nosso próprio cotidiano, propiciando justamente um processo dialógico com
nossas práticas diárias em relação à leitura.
124
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
125
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
ATENCAO
Encerramos aqui este subtópico com uma frase de Monteiro Lobato que
nos é contemporânea desde sempre: “um país se faz de homens e livros”. Livros
fechados tornam-se palavras mortas. Livros abertos, lidos, absorvidos ampliam
as possibilidades fruitivas do ser humano em se conhecer, perceber o mundo,
transformar-se e mudar seu contexto.
126
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
E
IMPORTANT
128
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
DICAS
Isabel Solé é uma pesquisadora que aborda a leitura pelo viés da psicologia
e, em termos mais ou menos gerais, aponta que os mesmos mecanismos de punição e
recompensa se fazem presente no desenvolvimento na formação do leitor. Em entrevista,
a pesquisadora detalha suas colocações, e como suas práticas ao longo dos anos sempre
apresentaram esses elementos em comum. Disponível em: https://novaescola.org.br/
conteudo/304/para-isabel-sole-a-leitura-exige-motivacao-objetivos-claros-e-estrategias.
129
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
130
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
O menino maluquinho
Ele tinha o olho maior que a barriga, tinha fogo no rabo, tinha vento nos
pés, umas pernas enormes (que davam para abraçar o mundo) e macaquinhos
no sótão (embora nem soubesse o que significava macaquinho no sótão).
Ele era um menino impossível! Ele era muito sabido, ele sabia de tudo,
a única coisa que ele não sabia era como ficar quieto. Seu canto, seu riso, seu
som nunca estavam onde ele estava. Se quebrava um vaso aqui logo já estava
lá. Às vezes cantava lá e logo já estava aqui. Pra uns, era uirapuru, pra outros,
era um saci.
131
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
132
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
133
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d0/Participantes_do_Enem.jpg>.
Acesso em: 3 fev. 2020.
ATENCAO
134
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
Erasmo Carlos
135
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
Da boca ofegante
Que a minha procura
Eu bebo nas fontes
De tantas delícias
Me perco em seus montes
Jardins e carícias
Quando eu provo do seu beijo
Eu me perco no sabor
Da pureza dessas fontes
Da beleza desse amor
Nesse campo farto e fértil
Eu desfruto do melhor
Tudo é puro na beleza desse amor
Na árvore plena
Nosso amor conhece
O gosto da fruta
Que a vida oferece
Nós somos a festa
E a dose atrevida
Brindemos agora
O amor e a vida
Quando eu provo do seu beijo
Me confundo no sabor
Da pureza dessas fontes
Da beleza desse amor
Nesse campo farto e fértil
Eu desfruto do melhor
Da pureza dessas fontes
Na beleza desse amor
Quando eu provo do seu beijo
Eu me perco no sabor
Da pureza dessas fontes
Na beleza desse amor
Nesse campo farto e fértil
Eu desfruto do melhor
Na pureza dessas fontes
Na beleza desse amor
Quando eu provo do seu beijo
Me confundo no sabor
Da pureza dessas fontes
Na beleza desse amor
Nesse campo farto e fértil
Eu desfruto do melhor
Tudo é puro na beleza
Na beleza desse amor
136
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
Uma vez que falamos tanto em desenvolver o gosto pela leitura, elemento
base para a formação de um leitor, resolvermos utilizar, ao pé da letra, essa
associação entre “gosto” e “gosto”, com a música O gosto de tudo, de Erasmo
Carlos e Roberto Carlos. Figurativamente, abordamos como se bebe na boca “o
sabor de tudo”. Cabe aqui uma olhada no sentido da palavra, “gostar”:
Sentido pelo qual se percebe o sabor das coisas, paladar; sabor; prazer,
agrado; simpatia, inclinação, pendor; critério, opinião; maneira, moda;
faculdade de julgar os valores estéticos segundo critérios subjetivos,
sem levar em conta normas preestabelecidas; bom gosto (FERREIRA,
2014, p.315).
137
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
138
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
139
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
Uma vez que você teve contato com o conceito de mediação de leitura,
apresente, em poucas linhas (entre 10 e 20), um exemplo de projeto de mediação
a ser realizado em sala de aula. Dica: utilize o arcabouço sobre estratégias e tipos
de leitores apresentados até aqui.
140
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
A literatura vem associada ao seu contexto histórico. Por isso, seu texto
consegue angariar uma amplitude de significados intricados.
NOTA
Talvez você nunca tenha visitado o nordeste brasileiro, mas é provável que
consiga imaginar a capital baiana, Salvador, devido às ricas descrições presentes na
obra de Jorge Amado. Ou o Sul do país, pelas obras de Veríssimo, e até o interior
goiano por meio das obras de Bernardo Élis. O texto literário completa e complementa
uma visão de mundo, transmitindo percepções, divergentes e, como já citado em
unidades anteriores, ideologias, maneiras de se ver e se estar no mundo.
141
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
Tudo é língua, tudo é linguagem, mas tudo é literatura? Sim, mas não
necessariamente uma forma estrutural de arte. Aliás, há diferenças entre literatura
e manifestação artística: uma é forma de arte, outra, a produção em determinado
contexto, ou seja, sistema.
142
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
DICAS
Cabe pensar sobre esse ponto. O texto literário, na acepção que conhecemos,
também tem um caráter tanto social quanto histórico: ele é produzido em
determinada época, e vai acumulando essas características ao longo dos séculos.
Há uma tradição na prosa brasileira que remete à literatura de viagem, e assume
a maturidade com machado de Assis. Muitos dos românticos eram, também,
árcades, e a experiência na temática neoclássica se fez presente em sua obra. O
signo literário na poesia de Castro Alves vem carregado de marcas do lirismo
nacional que germinou com Gregório de Matos.
Falamos aqui sobre como ocorre o fenômeno literário, mas não porque ele
ocorre. Parece estranho imaginar que alguém produz textos literários “do nada”,
sem uma motivação específica. Existiria uma intenção literária? Vamos delimitar
o que viria a ser isso, em alguns pontos:
143
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
E
IMPORTANT
Sobre a intenção do autor, leia o artigo de Carlos Ceia para o site E-dicionário
de termos literários, no qual buscou trazer à tona todas as vertentes da crítica a respeito
do termo, através do verbete “intenção”. Disponível em: http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/
intencao/.
Não é por acaso que, no século XIX, surge o romance de folhetim: com
o crescimento das cidades, aumenta o número de jornais em circulação e,
consequentemente, o número de leitores. Além de notícias, precisam de algo para
passar o tempo, se distraírem. Mas o que antes tinha mero caráter de passatempo,
é apropriado pelos escritores como espaço de denúncia.
144
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
Mas nem tudo pode ser dito, motivo pelo qual a literatura é o espaço
do não dito. Há tabus e outros temas que incomodam a sociedade, mas eles
atingem certa permissividade quando transferidos para a literatura. Quem lê, por
exemplo, Utopia Selvagem de Darci Ribeiro, tende a viajar entre a ficção e a crítica
à Ditadura magnamente oculta entre os capítulos desta obra. A censura colaborou
com a literatura brasileira. Algumas obras trazem essa crítica intrincada ao texto
metaforicamente contextualizada. Somente leitores mais assíduos conseguem
detectar essa trama no texto.
Não era bem visto falar da hipocrisia da burguesia — como era chamada
a elite pós-revolução francesa —, a qual falava abertamente sobre “amor
verdadeiro”, “moral” e “costumes”, mas vivia de outra maneira. Mas isso se
torna perfeitamente aceitável quando é representado literariamente em Memórias
Póstuma de Brás Cubas, que mostra a vida de um filho da alta burguesia. Ou como
questões como a homossexualidade são abordadas de maneira bem sutil em obras
como O Ateneu, de Raul Pompeia, e Bom crioulo, de Adolfo Caminha.
ATENCAO
145
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
Mesma premissa fora abordada por José de Alencar no livro Como e por que
sou Romancista. O escritor explica o motivo de escrever romances sobre os mais
diferentes temas e regiões do Brasil, bem como sua intenção de criar uma literatura
que representasse todos os aspectos da sociedade brasileira recém-independente.
O Brasil, à época, era formado por uma população majoritariamente analfabeta
e, não obstante, concentrada em ilhas sociais: Rio, São Paulo, Salvador, ele não
conhecia seu mundo, aquilo que viria a ser chamado como Brasil. Muito da elite
intelectual carioca, que por sua vez não se debruçava em tratados de história
ou geografia, viera a conhecer — embora com críticas — sua terra através do
texto literário. Igual exemplo está na obra A casa das sete mulheres, de Letícia
Wierzchowski Gomes, um exercício ficcional sobre a guerra de farrapos.
AUTOATIVIDADE
146
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
DICAS
147
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
148
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
4.4 A LITERARIEDADE
Antoine Compagnon (2007) aponta aquela que é a característica essencial
da literatura, o que a difere de qualquer outro texto: sua literariedade. E esta
associa-se à sua intertextualidade.
Atrás da Porta
Quando olhaste
bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei
Me debrucei
Sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teus pelos
Teu pijama
Nos teus pés
Ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
149
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
FIGURA 8 – ATÉ A ÉPOCA DOS TROVADORES, A POESIA NÃO ERA DESASSOCIADA DA MÚSICA
FONTE: <https://1.bp.blogspot.com/_sE_DF4rORf0/S-lMTc_81vI/AAAAAAAAAOg/6InnjxK4_Us/
s1600/trovadores.png>. Acesso em: 3 fev. 2020.
ATENCAO
150
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
151
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
É nessa observação que Rodolfo Ilari (2001) aponta para uma relação
entre conotação/emotividade e denotação/intelectualidade. Comumente o texto
literário, mesmo dotado de amplo uso conotativo, é abordado como campo da
denotação, do acúmulo de saberes, e não de sua interpretação sentimental. O
texto literário em sala de aula não tem a mesma apreensão que qualquer outro,
de maneira que é apenas mais um acúmulo intelectual. É a contextualização e
ressignificação que permite que o indivíduo ao entrar em contato com o texto
literário — em seu processo de formação como leitor — transmita-a para o campo
da conotação, da afetividade.
DICAS
152
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
153
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
DICAS
Por meio do SAEB o professor avalia o aluno, e esta política pública avalia
professor e aluno de modo a procurar suas deficiências regionais, estaduais por meio de
dados obtidos. Na sua página oficial há relatórios de pesquisas que apontam as fragilidades
dos alunos de graduação relacionadas à sua competência ledora, bem como avanços e
disparidades de outras políticas públicas implementadas. É uma fonte de informação muito
relevante para auxiliar no processo de desenvolvimento de políticas avaliativas, visto que se
trata de um documento nacional. Disponível em: https://medium.com/@inep/resultados-
do-saeb-2017-f471ec72168d.
Mas como se dá esse processo, qual a sua base? Não há outra: a leitura
cotidiana. As informações do dia a dia, a interação linguística nos mais variados
estratos e situações comunicativas, é o que desenvolverá a competência inerente
ao falante e, consequentemente, o leitor. Uma vez que há a noção de analfabeto
funcional, a sociedade carece dessa competência ledora, embora isso seja um
entrave cada vez maior.
154
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
O resultado disso é que, por exemplo, jovens podem saber muito sobre
a Revolução Russa por influência de um youtuber muito influente — um digital
influencer —, mas não necessariamente competente, enquanto outro youtuber,
que pode inclusive ser um professor, amarga poucos likes. Consequentemente,
a variedade de informações é oriunda mais da influência da pessoa, do que seu
saber.
DICAS
155
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
156
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
A informação está cada vez mais ao nosso alcance. Mas a sabedoria, que
é o tipo mais precioso de conhecimento, essa só poderá ser encontrada
nos grandes autores da literatura. Esse é o primeiro motivo por que
devemos ler.
O segundo é que todo bom pensamento, como já diziam os filósofos
e os psicólogos, depende da memória. Não é possível pensar sem
lembrar – e são os livros que ainda preservam a maior parte de nossa
herança cultural.
Finalmente, e este motivo está relacionado ao anterior, eu diria
que uma democracia depende de pessoas capazes de pensar por si
próprias. E ninguém faz isso sem ler (BLOOM, 2001, p. 35).
Esse é o ponto que muitos não chegam: informar-se não é saber, explanar
sua mente, desenvolver a prática do pensar crítico. É na prática da leitura que
o aluno se constitui como cidadão, ou seja, que interage, faz leituras, escuta,
produz textualmente aquilo que compreendeu, como suas apreensões, críticas
e sugestões. Dessa forma, uma das melhores práticas de desenvolvimento da
faculdade ledora é a relação entre as compreensões do aluno e sua produção
textual.
E
IMPORTANT
FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSVLZOk2C5XA68fYYjKKv-
tfmZHokKwsuwQdgmaKittfcmLiHbqb2w&s>. Acesso em: 3 fev. 2020.
158
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
Propõem-se que, para que haja uma migração de uma leitura informativa
para, pelo menos, um estudo textual, deve-se seguir algumas propostas didáticas
e lúdicas. Deve-se, num primeiro momento, fazer uma leitura paratextual,
observando título, assunto, marcas do gênero textual, autoria, se possui imagens,
forma de propagação etc.
E
IMPORTANT
Em seguida, seleciona-se o que fora escolhido, fazendo uma leitura mais seletiva, seja pelos
trechos sublinhados, seja pelo resumo de suas ideias. A partir desse ponto é possível uma
leitura mais aprofundada do texto, de acordo com seus propósitos, de aprofundamento ou
não.
Esse breve exercício já exemplifica uma prática de leitura que vai além da informativa, pois é
o primeiro passo para um posicionamento do leitor. É a partir disso que ele pode começar
a desenvolver um labor crítico na prática de leitura, desenvolvendo suas primeiras técnicas
de análise do texto literário.
159
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
DICAS
Uma vez que você assume essa responsabilidade, deve guiar seus alunos a
esse caminho. Não cobrança, mas incentivo, sendo persistente sem ser insistente.
Dito isso, deve-se estar atento ao tipo de texto a ser lido, como os múltiplos
tipos e gêneros utilizados no meio universitário, por exemplo, e aqueles que são
apresentados na educação básica. Deve-se estar atento ao tipo, formato, estilo
etc., de modo que o aluno possa, ao seu tempo e na medida de suas capacidades,
organizar, ou seja, escrever, uma estrutura que dê conta da percepção que tem do
assunto principal desse texto. É por isso que se sugere a criação de um roteiro de
leitura para que essa análise possa ser feita de modo mais frutífero.
160
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
Esse processo permite que seja feita uma análise do texto como um todo,
seus conteúdos, apresentação, temática e a problematizarão do autor, como ele
se posiciona diante de determinada situação, as ideias, subideias e plots. É um
esquema muito útil para se interpretar novelas literárias: observa que na obra
A hora dos ruminantes, de José J. Veiga, tem uma trama principal, os homens da
tapera que começam a exercer poder em Manarairema, e várias sub-histórias,
como a invasão dos bois, dos cachorros, o conflito entre os moradores etc.
161
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
162
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
E
IMPORTANT
163
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
5.4.1 Fichamento
Uma dessas estratégias/formatos de análise/gênero textual da análise
é o fichamento, no qual o leitor levanta as principais questões da obra lida,
organizando suas temáticas — explícitas e implícitas —, as quais podem ser
consultadas em trabalhos futuros. É possível, tendo como exemplo Senhora, de José
de Alencar, selecionar as personagens, delimitá-las em características, interesses,
objetivos, participação na e contribuição para a trama, enredo principal, enredo
secundário, relação que uns personagens têm com outros etc. Pode-se também
seguir fichando a trama principal, as subtramas, lugares, relação do mundo
ficcional com o mundo real, como os lugares reais são representados na obra etc.
DICAS
Embora não seja o tema desta unidade, cabe um apontamento sobre o Pibic,
suas práticas e desenvolvimentos, principalmente se você, que nunca tinha ouvido falar,
optar por desenvolver um projeto de Pibic direcionado para práticas de leituras. Alguns sites
apresentam todos os detalhes, documentação apresentada e, principalmente, formas de se
solicitar bolsas de pesquisa. Disponível em: http://www.pesquisa.uff.br/?q=content/o-que-
%C3%A9-pibic.
164
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
Para que não seja preciso ler novamente o texto todas as vezes que se
precise fazer um relatório de Pibic, o modelo de ficha de citações é essencial,
pois seleciona e organiza os trechos apontados como fundamentais de uma obra,
catalogando-os em página, ano, autor etc.
5.4.3 Resumo
O resumo, por outro lado, é um gênero textual realizado com frequência,
já que envolve a produção de uma síntese textual baseada principalmente nos
pontos principais detectados no decorrer de sua leitura.
Essa tarefa, por sinal, é muito complexa. Há uma ideia errônea de que
o resumo envolve o recorte das palavras importantes quando, na verdade,
seleciona-se de forma organizada os pontos mais importantes, a essência da
obra. Se para nós que trabalhamos continuamente com o texto é um exercício
com grau de dificuldade que não pode ser ignorado, para o leitor em formação é
uma atividade hercúlea. A concisão é uma habilidade valorizada e buscada, mas
desenvolvida paulatinamente, de maneira que quanto mais cedo seja colocada em
prática, melhor. Seu resultado é facilitar a compreensão textual e, sendo realizado
como promover, amplia as percepções do leitor, já que sua essência já está ali,
delimitada.
165
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
5.4.4 Comentário
Outro método/gênero é o comentário. É muito comum a presença de
comentaristas políticos, jornalísticos e esportivos. O comentário da obra literária
envolve um posicionamento, análise direcionada e apreensões desse texto.
Normalmente, em veículos de comunicação, é feita por vozes de autoridade
como professores e pesquisadores, mas é um gênero muito propício para o leitor,
visto que o coloca em posição, ou melhor, obriga-o a se posicionar. É por isso que
também é chamado de comentário analítico.
166
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
Essa prática aqui apresentada voltada para o texto literário pode ser
aproveitada, inclusive, na crítica literária pertinente à determinada obra. É fato que
pode ser aproveitada em qualquer tipo de texto, principalmente pela dificuldade
dos alunos — como no ensino superior — de catalogarem tudo o que aprenderam,
entraram em contato e desenvolveram ao longo de um semestre letivo. Dessa
maneira, cria-se um arquivo bibliográfico da sua trajetória intelectual.
167
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
Introdução
168
TÓPICO 2 - A LEITURA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
Desenvolvimento
Formar leitores competentes que gostem de ler, que leiam para estudar
e adquirir conhecimentos ou para obter informações para as mais diversas
finalidades é formar as bases para que as pessoas continuem a aprender durante
a vida toda.
169
UNIDADE 2 - LEITURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS
O sujeito faz uma leitura textual com todo seu ser e sua bagagem
sociocultural, o leitor constitui-se, identifica-se e projeta-se no texto, aproximando-
se e distanciando-se das ideias que o texto sugere, mesclando às suas ideias, as
saliências textuais que lhe sobressaem, o que lhe é permitido pela incompletude
do texto, pelas lacunas deixadas pelo autor.
FONTE: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_ma-
ria_jesus_ornelas_valle.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2020.
170
RESUMO DO TÓPICO 2
• Deve-se desenvolver práticas para que a literatura seja mais do que uma
disciplina escolar, mas um mecanismo de acesso a outros saberes por parte do
aluno, e de maneira constante.
CHAMADA
171
AUTOATIVIDADE
Produza um roteiro de aula no qual você apresenta uma obra literária e sua
correlação com outras mídias.
172
UNIDADE 3 -
RECURSOS DIDÁTICO-
TECNOLÓGICOS A
SERVIÇO DA LEITURA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
173
174
TÓPICO 1 -
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O professor lê e faz ler os seus alunos. O professor lê e provê conteúdos.
O professor lê e prevê caminhos. O professor lê e se vê melhor nas
suas caminhadas. O professor lê e se reconstrói nas experiências. O
professor lê e se vitaliza incessantemente (SILVA, 2009, p. 28).
[...] para ser um agente de leitura a pessoa tem primeiro que gostar de
ler, ter vontade e compromisso social de compartilhar esse gosto e sua
experiência de leitura com um outro tanto de gente, formando leitores
em ambientes diversos como bibliotecas públicas municipais, escolas,
fábricas, empresas, associações, comunidades e dentro das casas, no
seio de famílias que abrem suas portas para que os livros e a leitura
possam entrar em suas vidas (SANTOS, 2009, p. 40).
FONTE: Os autores
176
TÓPICO 1 - LEITURA NO CONTEXTO DIGITAL: PROCESSOS E ESTRATÉGIAS
FONTE: Os autores
177
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
178
TÓPICO 1 - LEITURA NO CONTEXTO DIGITAL: PROCESSOS E ESTRATÉGIAS
179
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
Van Der Weel (2018), refletindo sobre os dados apresentados por Mangen
(2016), aponta que se antigamente as telas digitais não favoreciam uma boa
experiência de leitura na atualidade a qualidade dos hardwares e softwares
foi aprimorada trazendo à tona uma nova geração de leitores. Em questão de
poucas décadas o e-book (livro digital) capturou a preferência antes dedicada
ao livro impresso. Para o autor, em pouco tempo a tela tornou-se onipresente e
seu uso proliferou em todas as camadas sociais e faixas etárias. A experiência de
leitura, é outro ponto que sofreu modificação, causando mudanças fundamentais
e abrangentes na maneira como lemos; uma das mais presentes é a criação do
livro eletrônico geralmente disponibilizado em um dispositivo digital, também
conhecido como e-reader (dispositivo eletrônico concebido especificamente para a
leitura de e-books) (BATISTA, 2018).
180
TÓPICO 1 - LEITURA NO CONTEXTO DIGITAL: PROCESSOS E ESTRATÉGIAS
E
IMPORTANT
FONTE: <https://www.frontiersin.org/files/Articles/426051/fpsyg-10-00038-HTML/image_m/
fpsyg-10-00038-g001.jpg>. Acesso em: 5 fev. 2020.
181
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
FONTE: <https://www.ultrapassandolimites.com.br/blog/wp-content/uploads/2017/08/a-impor-
tancia-da-leitura.png>. Acesso em: 5 fev. 2020.
182
TÓPICO 1 - LEITURA NO CONTEXTO DIGITAL: PROCESSOS E ESTRATÉGIAS
Compatibilidade com vários aparelhos Maior controle por parte das editoras
Níveis de segurança (criptografia) Certificação digital
Marcador de página Obsolescência tecnológica
Bloco de anotações Dúvidas sobre o futuro do direito
autoral
Controle de brilho Inexistência de interoperabilidade
entre os formatos de livros eletrônicos
e aparelhos
Busca por palavras Leitura cansativa
Ajuste ao tamanho e tipo da fonte Comercialização somente via internet,
prejudica os que não têm acesso
Acesso rápido às livrarias on-line e Exclusão digital
bibliotecas digitais (acesso Wi-Fi através do
e-reader)
Possibilita o autor de publicar seu próprio Comercialização de poucos títulos em
ebook formato digital
Memória expansível (e-reader) Ausência de bibliotecas que realizam
empréstimo de e-books
Baterias duradouras (podendo durar dias ou
semanas — e-reader)
Aparelho leve (e-reader)
Leitura na nuvem
FONTE: Adaptado de Batista (2018, p. 19-20)
NOTA
“Alguns e-books têm a opção de áudio para leitores, denominada áudio book.
Tal recurso pode ser utilizado por quem tem algum tipo de deficiência, por exemplo,
cegueira, ou por quem tem dificuldades em realizar a leitura” (BATISTA, 2018, p. 18).
183
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
FONTE: Os autores
DICAS
AUTOATIVIDADE
184
TÓPICO 1 - LEITURA NO CONTEXTO DIGITAL: PROCESSOS E ESTRATÉGIAS
185
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
FONTE: <https://abrilexame.files.wordpress.com/2019/04/gettyimages-453926159.jpg?quali-
ty=70&strip=info&resize=680,453>. Acesso em: 5 fev. 2020.
DICAS
186
TÓPICO 1 - LEITURA NO CONTEXTO DIGITAL: PROCESSOS E ESTRATÉGIAS
FONTE: Os autores
187
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
E
IMPORTANT
FONTE: Os autores
188
TÓPICO 1 - LEITURA NO CONTEXTO DIGITAL: PROCESSOS E ESTRATÉGIAS
189
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
Como fatores de diferença nos suportes, Castro (2013, p. 149) destaca que
“na revista impressa, as reportagens possuem mais cores e mais imagens que na
versão digital e o sumário segue uma dinâmica bastante diferente e em forma de
infográfico”. Outro ponto ressaltado pela autora é de que a revista impressa se
constitui em “um texto multimodal, ou seja, que integra modalidades semióticas
bastante utilizado pelo jornalismo em notícias e reportagens de divulgação
científico-tecnológica” (CASTRO, 2013, p. 149).
190
TÓPICO 1 - LEITURA NO CONTEXTO DIGITAL: PROCESSOS E ESTRATÉGIAS
191
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
FONTE: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/produco-
es_pde/2014/2014_uepg_port_artigo_elizabete_nobre_de_azevedo.pdf>. Acesso em: 5 fev.
2020.
192
TÓPICO 1 - LEITURA NO CONTEXTO DIGITAL: PROCESSOS E ESTRATÉGIAS
DICAS
193
RESUMO DO TÓPICO 1
194
AUTOATIVIDADE
195
Novos agentes, novas experiências são reveladas e discutidas, alargando a
base dos debates produzidos pelas críticas da modernidade à herança colonial.
Santos, afirma que:
1 INTRODUÇÃO
A tecnologia cada vez mais se faz presente em todas as ações humanas e a
leitura de textos literários não é uma exceção.
2 LETRAMENTO LITERÁRIO
Letramento é palavra que corresponde a diferentes conceitos,
dependendo da perspectiva que se adote: antropológica, linguística,
psicológica, pedagógica. É sob esta última perspectiva que a palavra
e o conceito são aqui considerados, pois foi no campo do ensino
inicial da língua escrita que letramento – a palavra e o conceito – foi
introduzido no Brasil (SOARES, 2014, s.p.).
197
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
FONTE: Os autores
198
TÓPICO 2 - TECNOLOGIAS DIGITAIS E O LETRAMENTO LITERÁRIO
199
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
200
TÓPICO 2 - TECNOLOGIAS DIGITAIS E O LETRAMENTO LITERÁRIO
FONTE: Os autores
E
IMPORTANT
201
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
Letramento
202
TÓPICO 2 - TECNOLOGIAS DIGITAIS E O LETRAMENTO LITERÁRIO
NOTA
Para Cosson (2010) são três tipos os espaços que a literatura deve ocupar em
sala de aula: o espaço do texto: é análise que compreende sua elaboração e seu sentido,
trata da necessidade de aprendizagem da qual é preciso o contato permanente com o texto
e a mediação do professor; o espaço do contexto: é a mensagem explícita no texto, um
saber sobre outra área, são outras referências que o texto carrega; o espaço do intertexto:
seria a intertextualidade, ou seja, é a relação, o diálogo entre textos.
De acordo com Rouxel (2013 apud MONTEIRO; SILVA, 2017) podem ser
mobilizados três tipos de saberes (Figura 18) no letramento literário, sendo vital
que o educador privilegie a diversidade na escolha das obras literárias que serão
usadas em sala de aula.
203
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
204
TÓPICO 2 - TECNOLOGIAS DIGITAIS E O LETRAMENTO LITERÁRIO
FONTE: Adaptado de Girotto e Souza (2010 apud MONTEIRO; SILVA, 2017, p. 7438)
205
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
Autor(a) Conceito
McLeod (1977) Inferências são informações cognitivamente
geradas com base em informações explícitas,
linguísticas ou não linguísticas, desde que em um
contexto de discurso escrito contínuo e que não
tenham sido previamente estabelecidas.
Frederiksen (1977) Inferências ocorrem sempre que uma pessoa
opera uma informação semântica, isto é, conceitos,
estruturas proposicionais ou componentes de
proposições, para gerar uma nova informação
semântica, isto é, novos conceitos de estruturas
proposicionais.
Beaugrande e Dressler Inferências são operações que consistem em suprir
(1980) conceitos e relações razoáveis para preencher
lacunas (vazios) e descontinuidades em um
mundo textual”. Para esses autores, o processo
inferencial busca sempre resolver um problema de
continuidade de sentido.
Brown e Yule (1983) Inferência são o processo no qual o leitor (ouvinte)
deve ir do sentido literal do que está escrito
(ou dito) ao que o escritor (falante) pretendeu
transmitir”. As inferências seriam, assim, “conexões
que as pessoas fazem quando tentam interpretar a
intenção do autor do texto que ouvem ou leem”.
Para Goodman (1985) Inferência é uma estratégia geral de adivinhação,
com base no que é conhecido. É uma informação
necessária, mas não conhecida”.
206
TÓPICO 2 - TECNOLOGIAS DIGITAIS E O LETRAMENTO LITERÁRIO
207
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
208
TÓPICO 2 - TECNOLOGIAS DIGITAIS E O LETRAMENTO LITERÁRIO
Soares (1998), nesse sentido, destaca que o texto não preexiste a sua leitura
e leitura não é aceitação passiva; mas uma construção ativa. É no processo de
interação desencadeado pela leitura que o texto se constitui.
Koch e Elias (2010, p. 73) destaca, a partir de Horman (1976), que o leitor,
com base no Princípio da Continuidade de Sentido, “põe em funcionamento todos
os componentes e estratégias cognitivas que tem à disposição para dar ao texto
uma interpretação dotada de sentido”, sendo que “no conjunto dos conhecimentos
constitutivos para a produção de sentido “destaca-se o conhecimento de outros
textos” (KOCH; ELIAS, 2010, p. 73). Dessa forma, o terceiro elemento usado pelo
leitor no processo de produção de sentido a ser apresentado é a intertextualidade
que em textos produzidos no contexto digital assumem potencial ampliado.
209
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
NOTA
Lopes (2010), com base em Reis (2001) e Centeno (1986), destaca que o
texto literário resulta:
210
TÓPICO 2 - TECNOLOGIAS DIGITAIS E O LETRAMENTO LITERÁRIO
NOTA
No que tange ao texto literário digital, Corrêa (2004, p. 13) ressalta que a
ocupação deste tipo de texto no meio eletrônico é ainda incipiente e que demanda
“um outro autor e um outro leitor — os princípios normativos não existem e são
quando implementados sempre voláteis. As experiências dos e-books buscam
encontrar um meio termo entre a tradição do meio impresso e o meio eletrônico”.
211
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
Karnal (2014, p. 399) esclarece que “há no Brasil, hoje, uma produção
intensa de poesia e poetas novos que surgiram muito em razão da internet. Se
por um lado há baixa produção e consumo desse gênero no mercado editorial
impresso, por outro lado há milhares de blogs, muitos sites e revistas on-line”.
212
TÓPICO 2 - TECNOLOGIAS DIGITAIS E O LETRAMENTO LITERÁRIO
213
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
214
RESUMO DO TÓPICO 2
• O texto é algo inacabado, como algo que se constrói por meio de uma atividade
interativa construtora de sentidos.
215
AUTOATIVIDADE
1 Faça uma pesquisa de outros tipos de obras literárias que podem ser
encontradas no formato e-book e reflita de que forma a acesso ao livro
digital nas escolas pode motivar a leitura do texto literário.
216
TÓPICO 3 -
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A tecnologia está cada vez mais presente nas práticas de leitura
contemporâneas, principalmente entre os mais jovens.
2 LENDO O HIPERTEXTO
Ao explorarmos os novos gêneros literários que surgiram com a
informática, tais como a poesia eletrônica, narrativas hipertextuais,
experiências textuais combinatórias, dentre outras, podemos
conquistar aqueles que ainda não são leitores, pois a leitura em
meio informatizado ainda é pouco explorada no ambiente escolar,
configurando-se como uma novidade. Além disso, o computador pode
apresentar-se mais atrativo em alguns aspectos, principalmente para
o jovem de hoje que possui um perfil diferente do jovem do século
passado (NEITZEL et al., 2013, p. 56).
217
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
Para Kenski (2007, p. 31) a prática de leitura mediada pela tecnologia digital
promove rupturas nas “formas narrativas circulares e repetidas da oralidade e
com o encaminhamento contínuo e sequencial da escrita, e se apresenta como um
novo fenômeno descontínuo, fragmentado e, ao mesmo tempo, dinâmico, aberto
e veloz. [...] se abre para o estabelecimento de novas relações entre conteúdos,
espaços, tempos e pessoas diferentes”, tais especificidades se materializam no
hipertexto.
FONTE: Os autores
218
TÓPICO 3 - COMPOSIÇÕES DO TEXTO NO CIBERESPAÇO E OS PROCESSOS DE LEITURA DESENVOLVIDOS
Para Castro (2013, p. 147) é necessário “saber lidar com a interface desses
textos materializados e principalmente saber navegar e buscar informações
neles”.
219
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
[...] o hipertexto não tem nem segue uma ordem canônica. [...] todo
caminho escolhido pelo navegador no hipertexto defi ne uma leitura
igualmente convincente e apropriada, através da qual a relação de
cada hiperleitor com o texto muda radicalmente. O hipertexto em rede
não tem sentido único, mas apresenta multiplicidade signifi cativa,
sem a imposição de um sentido dominante (XAVIER, 2009, 175).
220
TÓPICO 3 - COMPOSIÇÕES DO TEXTO NO CIBERESPAÇO E OS PROCESSOS DE LEITURA DESENVOLVIDOS
Para Dias e Novaes (2009, p. 3) “muitos dos textos que hoje circulam na
sociedade são materializados em ambientes digitais, e é preciso que os indivíduos
construam habilidades para lidar com esses textos”.
Segundo Leite (2016, p. 18), “na leitura digital existe a interface material.
O leitor agora interage com o texto, dialogando com o mesmo, não apenas em
caracteres referentes à interpretação e apreensão de significados, mas também
na possibilidade de sua manipulação gráfica, tendo a possibilidade de alterá-lo,
suprimi-lo, imprimi-lo”.
221
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
Para Teixeira e Sousa (2014), o sincretismo objetiva — por meio dos estudos
da semiótica discursiva — compreender a heterogeneidade da multimodalidade
considerando não sua composição multifacetada, mas compreendendo-o o texto
multimodal como unidade enunciativa de significação. As autoras se voltam
à mobilização de múltiplas linguagens e como integralidade do processo de
enunciação; gerando um sintagma novo e único. “Quando ocorre a composição de
um plano de expressão em que linguagens diferentes estão em jogo, em função de
um enunciado, tem-se o sincretismo” (SCHERER, 2018, p. 179). Considerando tal
correlação entre o sincretismo e a multimodalidade, nesta seção aprofundaremos a
discussão sobre multimodalidade e sua relação com os espaços digitais de leitura.
222
TÓPICO 3 - COMPOSIÇÕES DO TEXTO NO CIBERESPAÇO E OS PROCESSOS DE LEITURA DESENVOLVIDOS
NOTA
Modos semióticos são “meios para materializar o sentido. Podemos citar, ainda,
que os modos são um meio de ‘capturar’ ou ‘transcrever’ o mundo” (ARAÚJO; GUALBERTO,
2018, p. 47).
223
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
224
TÓPICO 3 - COMPOSIÇÕES DO TEXTO NO CIBERESPAÇO E OS PROCESSOS DE LEITURA DESENVOLVIDOS
225
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
226
TÓPICO 3 - COMPOSIÇÕES DO TEXTO NO CIBERESPAÇO E OS PROCESSOS DE LEITURA DESENVOLVIDOS
FONTE: <http://www.hipertextus.net/volume10/03-Hipertextus-Vol10-Manoela-Santana&Ro-
drigo-Aragao.pdf>. Acesso em: 5 fev. 2020.
DICAS
227
RESUMO DO TÓPICO 3
• O mundo virtual apresenta uma série textos com distintas formas composicionais
e possibilita ao leitor diferentes — mesmo que limitadas — possibilidades de
navegação no ato de leitura.
• O hipertexto não tem e nem segue uma ordem canônica, sendo que todo
caminho escolhido pelo navegador no hipertexto define uma leitura igualmente
convincente e apropriada, através da qual a relação de cada hiperleitor com o
texto muda radicalmente.
228
• O texto multimodal é uma unidade de significação, constituída pelos recursos
semióticos dos diversos sistemas escolhidos pelo produtor de texto, num
contexto de situação, para determinados fins comunicativos.
• O texto multimodal não surge com o advento das tecnologias digitais, e que
qualquer que seja o texto escrito, ele é multimodal, isto é, composto por mais
de um modo de representação.
229
AUTOATIVIDADE
FONTE: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/view/11019/8864>.
Acesso em: 5 fev. 2020.
230
b) ( ) A prática de leitura mediada pela tecnologia digital promove
rupturas nas formas narrativas circulares e repetidas da oralidade e com o
encaminhamento contínuo e sequencial da escrita
c) ( ) Ao explorarmos os novos gêneros literários que surgiram com
a informática, tais como a poesia eletrônica, narrativas hipertextuais,
experiências textuais combinatórias, dentre outras, podemos conquistar
aqueles que ainda não são leitores, pois a leitura em meio informatizado
ainda é pouco explorada no ambiente escolar, configurando-se como uma
novidade
d) ( ) O hipertexto deve ser visto como o lócus de processos virtuais que dá
vida ao modo de enunciação digital.
231
também, uma das mais exigidas pelos diversos segmentos sociais, em especial
o acadêmico. Em virtude do que foi exposto realizamos uma pesquisa que
buscou compreender como os alunos vêm significando a leitura de gêneros
digitais no contexto escola.
232
TÓPICO 4 -
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Práticas de ensino da leitura, com o advento das tecnologias digitais,
rompem a barreira do livro físico e incorporam-se às telas e interfaces digitais.
233
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
Dois dos recursos mais citados na literatura sobre o tema são os Objetos de
Aprendizagem (OA) e os recursos educacionais abertos (REA). Vamos conhecê-
los?
234
TÓPICO 4 - RECURSOS EDUCACIONAIS DIGITAIS PARA ENSINO DA LEITURA
E
IMPORTANT
235
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
236
TÓPICO 4 - RECURSOS EDUCACIONAIS DIGITAIS PARA ENSINO DA LEITURA
FONTE: Os autores
237
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
NOTA
238
TÓPICO 4 - RECURSOS EDUCACIONAIS DIGITAIS PARA ENSINO DA LEITURA
FONTE: Adaptado de Hylén (2005 apud RODRIGUEZ; TAGA; VIEIRA, 2011, p. 183)
REDISTRIBUIÇÃO
239
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
240
TÓPICO 4 - RECURSOS EDUCACIONAIS DIGITAIS PARA ENSINO DA LEITURA
241
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
242
TÓPICO 4 - RECURSOS EDUCACIONAIS DIGITAIS PARA ENSINO DA LEITURA
243
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
FONTE: Os autores
244
TÓPICO 4 - RECURSOS EDUCACIONAIS DIGITAIS PARA ENSINO DA LEITURA
DICAS
NOTA
“São vários os tipos de formatos que o livro digital pode assumir, tais como:
RB, PDF, LIT, PDB, PRC6, ePub etc. (Quadro 9). Entre eles, destacam-se o PDF e o ePub. As
possibilidades de navegação também vão depender do software que será utilizado para a
abertura do arquivo” (STUMPF et al., 2011, p. 5-6).
245
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
246
TÓPICO 4 - RECURSOS EDUCACIONAIS DIGITAIS PARA ENSINO DA LEITURA
Araújo et al. (2013, p. 15) destaca que “a evolução do livro para o formato
digital também possa acarretar numa evolução da leitura. Talvez isto seja possível,
mas o mais provável é que a mudança de suporte não faça com que ninguém se
torne leitor, pois o hábito de leitura normalmente é iniciado desde cedo [...]”.
Nesse debate entre o livro físico e o virtual, Meira (2006, p. 6) indica que
o principal “não é o fim ou não do papel e sim a qualidade e utilidade do que
vai estar nele, real ou virtual, daqui pra frente”; sendo que “a apresentação do
livro está relacionada com o desenvolvimento tecnológico e cultural presentes em
diferentes épocas de sua existência formal” (TEIXEIRA, 2015, p. 29).
DICAS
247
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
LEITURA COMPLEMENTAR
[...] um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma
língua universal digital tanto está promovendo a integração global
da produção e da distribuição de palavras, sons e imagens de nossa
cultura como personalizando-os ao gosto das identidades e humores
dos indivíduos. As redes interativas de computadores estão crescendo
exponencialmente, criando novas formas e canais de comunicação,
moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo moldadas por ela.
(CASTELLS, 2011, p. 40).
248
TÓPICO 4 - RECURSOS EDUCACIONAIS DIGITAIS PARA ENSINO DA LEITURA
249
UNIDADE 3 - RECURSOS DIDÁTICO-TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA LEITURA
250
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você aprendeu que:
• Recursos educacionais digitais são quaisquer recursos digitais que possam ser
utilizados no cenário educacional; que podem abordar diferentes temáticas ou
disciplinas e assumir distintas características.
CHAMADA
251
AUTOATIVIDADE
FONTE: <http://cieb.net.br/cieb-estudos-5-modelos-de-curadoria-de-recursos-educacio-
nais-digitais/>. Acesso em: 5 fev. 2020.
252
c) ( ) Toda entidade digital produzida especificamente para fins de suporte
ao ensino e aprendizagem.
d) ( ) Uma entidade, digital ou não digital, que pode ser usada, reusada ou
referenciada durante o ensino com suporte tecnológico.
e) ( ) Destinado a situações de aprendizagem tanto na modalidade a
distância quanto semipresencial ou presencial.
253
254
REFERÊNCIAS
255
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