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TEORIA E PRÁTICA

PEDAGÓGICA
Unidade 5 - A educação física como
campo de conhecimento

GINEAD
TEORIA E PRÁTICA PEDAGÓGICA I
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UNIDADE 5

OBJETIVOS
Ao final da
unidade,
esperamos que
você seja capaz
de:

> identificar o conceito de


campo de conhecimento da
Educação Física;
> compreender o ensino
superior da Educação Física e as
áreas de atuação do profissional.

Todos os direitos reservados.

Prezado(a) aluno(a), este material de estudo é para seu uso pessoal, sendo

vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, venda,

compartilhamento e distribuição.

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UNIDADE 5: A EDUCAÇÃO
FÍSICA COMO CAMPO DE
CONHECIMENTO

INTRODUÇÃO
A Educação Física, como campo do conhecimento, perpassa diferentes áreas.
Com o intuito de debater e de entender o seus objetos de estudo,o corpo e
o movimento, apropria-se de outros conceitos, ao mesmo tempo em que se
fundamenta em bases próprias, no sentido de qualificar pesquisas e estudos.
Nesse processo, as concepções emergem de uma perspectiva prática da ação
em que os seus fenômenos e o seu dinamismo propiciam reflexões críticas e
conceituais vinculadas às práticas pedagógicas da profissão.
Castro et al. (2017, p. 870) afirmam que

[n]este contexto, compreende-se que a aproximação da Educação Física


com diferentes domínios do conhecimento propiciou a conformação de um
campo científico caracterizado pela multiplicidade teórico-epistemológica,
tendo em vista as pesquisas abarcadas pela área com distintos enfoques
temáticos.

Assim, o trabalho do profissional de Educação Física, que, por muitas ve-


zes, foi visto, socialmente, como aquele “que cuida do físico”, assume novos
patamares:o trabalho com o corpo e com o movimento dos indivíduos de
forma ampliada e integral, sem dicotomias e sem tendências exclusivamente
motoras. Esse fato promove a necessidade de uma atuação crítica, reflexiva e
justificada teoricamente. Dessa forma, não mais é cabível a simples reprodu-
ção de um gesto, mas, sim, o ensino e a educação sobre tal movimento.

5.1 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO ÁREA


DECONHECIMENTO
A produção do conhecimento em Educação Física ganha expressividade

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quando as áreas de atuação se ampliam. Emerge, então, a necessidade de


que as ações pedagógicas sejam realizadas com coerência teórica. É possível
exemplificar esse cenário com as áreas da Saúde e de Esporte de Alto Rendi-
mento, que, ao exigirem maior efetividade e maior produção, também anun-
ciam a carência de maiores entendimentos conceituais sobre o fazer profis-
sional nesses espaços.

FIGURA 1: TREINAMENTO DE ALTO RENDIMENTO

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

Mesmo assim, locais de atuação que são historicamente tradicionais assu-


mem novas perspectivas teóricas e se reconfiguram com base nas mudanças
de cultura e de comportamentos da sociedade. De fato, atualmente, na área,
vislumbra-se a influência da tecnologia em materiais, em equipamentos de
segurança, em espaços de trabalho, entre outros elementos. Além disso, o
uso demídias modifica rotinas e sessões de treinos e ressignifica conteúdos
das aulas de Educação Física em instituições escolares (SACRISTÁN; PEREZ
GOMES, 1988).

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1. A tecnologia na Educação Física

O uso do war em jogos de futebol está promovendo mudanças


significativas em posturas de jogadores, de treinadores e da mídia em
geral. Ainda sobre a tecnologia na Educação Física, pode-se citar o uso
do software para avaliação postural SAPO (entre tantos outros), que,
segundo Braz et al. (2008, p. 119),

é um programa de uso relativamente simples e gratuito que fornece, além


das medidas lineares, valores angulares. Fundamenta-se na digitalização
de pontos espacialmente definidos, que possibilita funções diversas tais
como a calibração da imagem, utilização de zoom, marcação livre de pontos,
medição de distâncias e de ângulos corporais.

2. A mídia no esporte

A abertura da divulgação dos esportes em canais midiáticos aproxima


as realidades de diferentes países deuma mesma modalidade
esportiva. Nesse contexto, a Educação Física não atua somente no
treino de habilidades especificas, mas trabalha, também, com dados
estatísticos, com análises de resultados, com comportamentos sociais
dos indivíduos envolvidos, entre outras grandezas.

3. Ressignificação dos conteúdos escolares

O fácil e rápido acesso à informação faz com que práticas não comuns
às rotinas dos estudantes sejam acessadas por recursos tecnológicos
e midiáticos. Um espetáculo de dança, uma prova olímpica e uma
batalha de hip hop são elementos que podem ser reconstruídos e
adaptados ao ambiente escolar.

Todos esses indicativos fazem com que os estudos sobre as dinâmicas de atu-
ação sejam disseminados, reproduzidos e reinventados sob influência de vá-
rias áreas do conhecimento, para além das biológicas e fisiológicas. Com essa
ampliação das demandas profissionais, áreas como a Antropologia, a Socio-
logia, a Física, a Pedagogia, entre outras, assumem papel fundamental nos
debates teóricos sobre o conhecimento científico na área da Educação Física.

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FIGURA 2: PROFISSIONAL DA SAÚDE

Fonte:Plataforma Deduca (2020).

A oferta e a abertura de cursos de aperfeiçoamento e de pós-graduação esti-


mulam que mais profissionais busquem atualizações teóricas sobre o traba-
lho que desenvolvem. De acordo com essa lógica, o trabalho está sempre se
retroalimentando,com novidades e com subsídios que qualificam as funções
profissionais.

5.2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O SENSO COMUM


Mesmos com tantas produções e com a ampliação dos debates teóricos, a
área da Educação Física ainda registra, em sua atuação, a marca de ser aquela
que só trabalha com o físico. Por ser uma área em quea prática constante e de
longo prazo aprimora os movimentos, muitas vezes, consideram-se aptas a
atuar no tratamento das temáticas da área pessoas que não têm a habilitação

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profissional específica, embora tenham experiência com essa prática, como,


por exemplo, ex-atletas.
Não se ignora, aqui, a importância dos conhecimentos advindos das experi-
ências práticas.Contudo, valoriza-se a reconfiguração desses saberes em ba-
ses teórico-filosóficas que emergem das discussões profícuas complexas dos
espaços de formação profissional. Dessa forma, a eficácia da execução deve,
sempre, estar atrelada aos princípios científicos que perfazem as estratégias
de ensino e de treino dos movimentos gestuais.

Você sabia que, no Conselho Federal de Educação


Física (CONFEF), há debates sobre a incorporação
de “práticos” no grupo de profissionais da área?
Segundo o CONFEF (2003),

o registro de Provisionado depende de


comprovação oficial de exercício da atividade
por no mínimo três anos antes de 2 de setembro
de 1998, quando a Lei n.º 9.696/98 foi publicada
no Diário Oficial da União. De acordo com o
estabelecido pela Resolução nº 45 do CONFEF,
comprova-se o exercício da profissão através de
Carteira de Trabalho, devidamente assinada; ou
contrato de trabalho, devidamente registrado
em cartório; ou documento público oficial do
exercício profissional.

Visite esta página para saber mais sobre a temática.

Não obstante, é comum ouvir várias dicas e opiniões sobre a forma de reali-
zação de movimentos e de tarefas motoras das práticas corporais da área. O
futebol é um exemplo clássico: principalmente no Brasil, sempre há comen-
tários sobre como o treinador deveria agir em situações de jogo. Contudo,
muitas vezes, o que não se reconhece é a trajetória formativa doa profissio-
nais, que estudam mais de cinco anos e necessitam de comprovação de ho-
ras de experiências práticas para conquistar a habilitação profissional.

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FIGURA 3: TREINADOR DE FUTEBOL – ESTREITA RELAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

Outro registro da percepção do senso comum sobre área da Educação Física


indica a autoprescrição de atividade física pelos indivíduos como forma de
manutenção do corpo saudável. Esse fato pode gerar insatisfação de resulta-
dos, porque, para emagrecer, por exemplo, possivelmente, os exercícios ne-
cessários devem estar alinhados a dinâmicas aeróbicas.Porém, essa seguran-
ça e essa definição do que realmente deve ser feito só se conquistam quando
são realizadas a partir das características e do histórico de vida dos indivíduos.
Por isso, torna-se fundamental que a Educação Física não esteja assegurada
em práticas de reprodução do movimento e em percepções engessadas so-
bre o corpo. Ao contrário, deve assumir perspectivas sobre a educação para
o movimento e sobre o corpo em que, cada vez mais, a consciência corporal
e o conhecimento sejam os condutores de práticas coerentes e conscientes
do“como” e do “para quê” movimentar-se.

5.3 EDUCAÇÃO FÍSICA: O QUE ENSINAR?


Para responder à pergunta do que ensinar em Educação Física, tente listar,
rapidamente, quais são os esportes sistematizados que você conhece.Amplie
essa reflexão e se utilize, agora, da expressão “práticas corporais”, entendendo

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que incluem todos os movimentos corporais do indivíduo. Ébem possível que


as respostas sejam grandes e quase infindas. Nessa lógica, o universo de te-
máticas e de demandas de atuação para oprofissional é potencializado cons-
tantemente. Como forma de organização, pode-se identificar algumas áreas
especificas que têm, em seu eixo central, ramificações e variações: áreas da
Saúde, da Educação e do Esporte.

• Saúde: contexto de trabalho que tematiza a prevenção e a promoção


da saúde.

Fonte:Plataforma Deduca (2020).

• Educação: contexto de trabalho que abarca os processos de ensino e


de aprendizagem em geral.

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

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• Esportes: contexto de trabalho que envolve a complexidade dos


esportes em geral.

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

É importante entender que, nessa organização, o que agrupa os temas e os


objetos de trabalho é a forma como os profissionais os utilizarão. Por exemplo,
é possível se utilizar da natação para atenuar problemas posturais, mesmo
que a natação seja um esporte sistematizado de cunho competitivo.
Assim, a Educação está envolta dos processos, das estratégias e das metodo-
logias de ensino. Perpassa diferentes níveis, desde a Educação Básica até o
Ensino Superior, e, ainda, abraça espaços de atuação como instituições pró-
prias de ensino (ONGS e espaços alternativos).

Conforme a matriz curricular de alguns cursos do


Ensino Superior, é possível identificar a oferta de
disciplinas de práticas corporais (ainda que tenham
outras denominações). Há, no rol de disciplinas a
serem cursadas,a oferta de espaços para a prática
de movimentos. Leia mais sobre isso no artigo “A
perspectiva docente sobre a Educação Físicados
cursos superiores da Universidade Federal de São
Carlos” (IZA; GONÇALVES JÚNIOR, 2000), que pode
ser acessado neste link.

No conjunto da saúde, as temáticas que estão envolvidas lidam com as dife-

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rentes possibilidades do trato com a qualidade de vida. É possível identificar


tais práticas em locais como academias, clubes socais, hospitais e unidades
de saúde. A definição que se busca é atuar na dimensão da prevenção e da
promoção da saúde em diferentes faixas etárias, situação que expande e di-
namiza as possibilidades de ações práticas.

FIGURA 4: ATUAÇÃO NA SAÚDE EM DIFERENTES POPULAÇÕES E FAIXAS ETÁRIAS

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

No contexto do esporte, a gama de atuação passa pelos diferentes papéis


desse universo: preparação física, iniciação, alto rendimento, participação no
esporte como lazer, gestão e administração esportiva, fisiologia, analista de
mercado e de sistemas, marketing esportivo, entre outros.

“Coach Carter: treino para a vida” é um filme que


retrata o papel do treinador esportivo para muito
além do ensino de habilidades técnicas e de
sistemas táticos. O filme mostra a importância
desse profissional na vida de diferentes indivíduos,
fato que exemplifica a imensidão de saberes e de
conhecimentos que perfazem a atuação na área.

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Ainda assim, as linhas demarcatórias dessas grandes áreas não limitam os ce-
nários e os temas de trabalho; buscam, na verdade, uma sistematização que
abrace o universo de possibilidades. Contudo, sempre será na transformação
dos interesses e dos comportamentos sociais que a Educação Física se rein-
ventará e mobilizará outros e novos horizontes de trabalho.

5.4 EDUCAÇÃO FÍSICA: NOVAS E VELHAS


PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Com herança militarista e biologista, a Educação Física de práticas tradicio-
nais, da execução rígida de exercícios físicos e do disciplinamento do corpo,
tinha por meta a higienização dos corpos e o fortalecimento dos indivíduos. A
ideia consistia em buscar corpos sadios aptos para o trabalho braçal, no caso
de homens, e para procriação, no caso das mulheres.

FIGURA 5: GINÁSTICA PARA HOMENS – FIM DA DÉCADA DE 1930

Fonte: gymnsw.org.au(1938).

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FIGURA 6: GINÁSTICA PARA MULHERES – DÉCADA DE 1930

Fonte: Acervo Ceme (1930).

De acordo com isso, configuram-se as tendênciasde práticas da Educação


Física pelo viés físico-motor. Nessa tendência, a referência do exercício físico
era a conquista de padrões delimitados pelos estudos do funcionamento do
corpo. Então, definições do desenvolvimento motor, da aptidão física, da pa-
dronização de execução das técnicas de movimentos emergiram, de forma a
constituir guias práticos de trabalho.
Os manuais de exercícios físicos com rotinas prontas amparavam as ações
práticas de professores, de técnicos e de instrutores físicos. Uniformizavam,
inclusive, as rotinas/sessões de aula com a definição de etapas distintas (aque-
cimento, parte principal e volta à calma),definindo os tempos para cada uma
delas. Segundo Caparroz e Bracht (2007), têm uma racionalidade para todas
as proposições.

“O raciocínio é mais ou menos o seguinte: se acontece isso, dessaforma,


então a teoria me diz que devo agir assim; diante do problema X a teoria
dizque devo agir Y, do problema Y, agir de forma X; se o objetivo é esse, então
a
melhor forma de atingi-lo é Y. Isso vai ao ponto de entendermos a teoria
quase
como um manual (ou livro de autoajuda tão em moda nos tempos atuais) ou
como um roteiro de montagem de uma mesa que compro desmontada na
loja eque preciso montar em casa (não esquecer que as teorias científicas nos
prometeram guiar por caminhos iluminados e seguros nas trevas da vida,
nos dariam acerteza, a segurança de alcançar nossos objetivos”.(CAPARROZ
e BRACHT, 2007, p. 27).

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No entanto, esse paradigma de atuação servia a interesses da época e aten-


dia, de forma satisfatória,às necessidades das ações pedagógicas profissio-
nais eàs demandas sociais. De certa forma, a valorização dos mais hábeis, dos
mais ágeis e dos mais fortes conduzia as metas e os objetivos de uma Educa-
ção Física que privilegiava alguns,justificando-se com a igualização de todos.
Assim, nas transformações do mercado de trabalho,novas abordagens de
atuação surgiram. Na verdade, a mudanças mais significativasestão na forma
como o profissional passa a entender o corpo e o movimento.A complexida-
de de fenômenos que envolvem as práticas corporais é considerada em sua
totalidade,comprovando que o indivíduorepresenta o conjunto de aspectos e
de sentidos das dimensões atitudinais, procedimentais e cognitivas.
A realizaçãodo movimento, o saber fazer, só tem sentido quando está atrela-
da e é impactada pelo saber ser e pelo saber pensar.A respeito dessa relação
intrínseca, Kunz (2001) apresenta a ideia de tensão entre o ser social e o ser
individual, estabelecendo que a consciência,no âmbito do movimento,dá-se
pela autonomia de movimento configurada de acordo com a percepção co-
letiva de execução.

FIGURA 7: PENSAR SOBRE O SABER FAZER

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

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Para Taffarel e Morschbacher (2013, p. 51),

[u]ma concepção de ensino que se orienta nos pressupostos desta perspectiva


estabelecida e que se explica na prática pela didática comunicativa privilegia
para esta interação e para a linguagem: o saber-fazer, o saber-pensar e o
saber-sentir. A subjetividade tem relevância pedagógica fundamental, pois
é social, assumida e vivida por indivíduos em suas existências particulares, é
“nossa” forma de conhecer o mundo no qual se incluem objetos, a natureza,
os outros e nós mesmos.

A amplitude que esse entendimento promove nas práticas pedagógicas im-


prime outras possibilidades de se trabalhar com o corpo e com o movimento.
Emergem,daí, tendências e estratégias metodológicas que favorecem a crí-
tica reflexiva sobre o movimentar-se. Nessa perspectiva, surgem temáticas e
espaços de atuação que diferem da lógica tradicional da Educação Física:

• práticas de aventura - o retorno à proximidade da natureza por meio de


práticas como trilhas, escaladas, corridas orientadas, rafting, lazer ecológico,
entre outras;

Trilha Escalada

Fonte: PixaBay (2016). Fonte: PixaBay (2017).

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• práticas alternativas - na busca pelo equilíbrio do corpo,as práticas


introspectivas, como yoga, tai chi chuan, alongamentos, relaxamentos, pilates,
entre outras, ganham espaço;

Yoga Pilates

Fonte: PixaBay (2018). Fonte: PixaBay (2017).

• práticas de condicionamento físico–o trabalho de preparação do corpo


e de estética corporal assumem aspectos inovadores, como, por exemplo, nas
sessões de crossfit, de treinamento funcional, de lutas, de práticas fitness,
entre outras.

Luta Fitness

Fonte: PixaBay (2016). Fonte: PixaBay (2017).

Essas poderiam ser consideradas práticas que surgem de ummovimento


mais atual e mais complexo da Educação Física enquanto área profissional.
Poderiam ser acrescidas a essa lista o turismo, a recreação hospitalar, o traba-
lho nos núcleos da saúde, entre tantos outros. As evidências denotam cresci-
mento constante e transformações diárias, o que faz da Educação Física uma

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profissão encantadora.

5.5 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINOSUPERIOR


No Ensino Superior, para além da formação e da habilitação dos profissionais
da área nos cursos de bacharelado e de licenciatura, ainda há os cursos de
pós-graduação, os grupos e os núcleos de pesquisa, os projetos de extensão,
os projetos de políticas públicas de formação, os laboratórios de pesquisas e
os laboratórios pedagógicos.
A pós-graduação se caracteriza pelos cursos de aperfeiçoamento, de mestra-
do e de doutorado. Geralmente, a sequência lógica de realização é a conclusão
do curso de graduação; o aprofundamento em uma área especifica no curso
de especialização,que têm uma carga horária média de 360h; a realização do
curso de mestrado, com dois anos de duração; e, por fim, o ingresso no curso
de doutorado, com quatro anos de duração. Uma característica importante
dos dois últimos cursos é a realização de um estudo aprofundado sobre de-
terminado tema, o que leva à defesa, respectivamente, de uma dissertação e
de uma tese. Geralmente, esses estudos são conduzidos pelas linhas de inte-
resse dos programas de pós-graduação, que, em síntese, dividem-se em três
categorias: biodinâmica, sociocultural e pedagógica. Castro et al. (2017, p. 873)
definem essas categorias da seguinte forma.

1. A Biodinâmica está atrelada à matriz biológica —Biomecânica, Fisiologia


do Exercício, Aprendizagem e Desenvolvimento Motor, Nutrição Esportiva,
Treinamento Físico e Desportivo e Psicologia do Esporte.

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

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2. ASociocultural– objetiva investigar temas como o esporte e as práticas


corporais nas perspectivas da Sociologia, da Antropologia, da História e da
Filosofia.

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

3. A Pedagógica–trata de aspectos metodológicos, sociais, políticos e


filosóficos ligados à Educação Física Escolar, à formação de professores e à
Pedagogia do Esporte.

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

De certo modo, as experiências vividas no espaço do Ensino Superior impac-


tam a identidade profissional (TAJRA; SANTOS, 2015). As participações em
projetos de extensão, em grupos de pesquisa, em atividades de laboratórios e
em estágios são incorporadas como um acervo de possibilidades que podem
motivar ou não as práticas profissionais. Assim, aquilo que vivemos que mais

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impactou em nossa atuação pode conduzir nossas escolhas profissionais no


futuro.

5.6 O CAMPO DE TRABALHO


DOPROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
No reconhecimento do campo de trabalho, os profissionais de Educação Fí-
sica se identificam quando há motivações e interesses de estudos. A condu-
ção dos locais de práticas exige metas e objetivos diferenciados, fazendo com
que, muitas vezes, os profissionais busquem uma especialização: por exem-
plo, um profissional que é bacharel em Educação Física está apto a trabalhar
em diversas áreas, mas pode se especializar na Gestão Esportiva e buscar, no
mercado, ofertas nesse campo.
As habilitações de bacharel e de licenciado delimitam duas dimensões pro-
fissionais: para o licenciado, o espaço das instituições de ensino; e, para o ba-
charel, os demais espaços.

Para que você conheça um pouco mais sobre as


habilitaçõesdos profissionais de Educação Física,
sugerimos a leitura dos seguintes textos. Para
acessá-los, basta clicar sobre os títulos.

• “Barreiras percebidas para a prática de


atividade física entre universitários de Educação
Física”

• “Formação de treinadores esportivos:


orientações para a organização das práticas
pedagógicas nos cursos de bacharelado em
Educação Física”

• “Egressos dos cursos de licenciatura em


educação física: um estudo de revisão”

Nessa condição, a formação inicial se manifesta nos espaços de aquisição de

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conhecimentos básicos e fundamentais para se constituir como um profis-


sional, mas, pela amplitude do mercado de atuação, não caberiam em um
único curso os detalhamentos e as especificidades de tantas práticas corpo-
rais a serem desenvolvidas profissionalmente.

FIGURA 8: PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

Nesse sentido, a relação entre interesses e motivações para as práticas peda-


gógicas aponta para os possíveis cenários que se apresentam no mercado.
Aqueles que gostam de crianças e do ensino podem buscar, na Educação In-
fantil, um espaço promissor de trabalho, ao passo que aqueles que preferem
treinamento físico e esportes podem desenvolver suas atividades profissio-
nais em clubes esportivos.

Pesquise sobre a vocação, sobre a escolha


profissional, sobre as motivações e sobre os
interesses por uma profissão. Você verá que,
historicamente, a aproximação com o esporte e
com as atividades físicas conduz os acadêmicos
aos cursos de habilitação na área. Contudo, há
um movimento interessante de ingresso nesses
cursos de acadêmicos sem histórico esportivo, pelo
simples fato de gostarem das práticas corporais.

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Reconhecer os campos de atuação e vivenciar as tarefas e as funções desen-


volvidas em cada um deles possibilitam uma imersão nas diferentes formas
de agir enquanto profissional de Educação Física. Essa exploração do merca-
do de trabalho, na condição de configuração de interesses e de identidade,
faz com que o profissional se reconheça ou não nos espaços.
Na verdade, a oferta de aproximação com as experiências laborais deve ser
estimulada desde os primeiros anos do curso de formação inicial, quando o
acadêmico pode conduzir seus estudos e seus processos formativos pelas di-
mensões práticas em que se sinta mais capaz e mais eficiente.
A proposta de assumir determinado campo deve ser consciente, pois é pre-
ciso ter, claramente, que mesmo todos sendo parte de um grupo de pro-
fissionais, há subgrupos que se constituem a partir das especificidades das
práticas de trabalho. Dessa forma, ser conhecedor dos detalhamentos que se
apresentam em cada campo amplia a valorização social dos profissionais e
qualifica o coletivo profissional, já que a eficiência e a competência garantem
a estabilidade no mercado profissional.

CONCLUSÃO

Esta unidade apresentou uma reflexão sobre a Educação Física enquanto


campo de conhecimento que se revela em suas potencialidades de estudos,
em suas bases teóricas, em seus processos formativos e, ainda, na eficácia e
na satisfação de se atuar em campos de trabalho tão diferentes e tão com-
plexos.
A Educação Física deve ser entendida como uma área de atuação que se con-
figura pela coletividade de um grupo de profissionais. Mesmo assim, as nor-
mativas que regem tal profissão já definem dois grupos distintos com base
em saberes e em conhecimentos específicos e na delimitação de espaços de
atuação. De certa forma, essa subdivisão gera uma primeira decisão de onde
e de como atuar.
Essa estruturação indica outros agrupamentos (dentro de cada habilitação),
que promovem um maior refinamento das funções, das estratégias pedagó-
gicas, dos saberes, dos interesses e das motivações para o trabalho. Contudo,
o reconhecimento das especificidades faz com que os profissionais da área

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busquem a qualificação dos processos formativos e a inserção no cenário pro-


fissional a partir de uma identidade construída na e pela prática.
Não obstante, o estudo demonstrou uma organização das dimensões que
compõem a área tanto para sistematizar a produção do conhecimento como
para adequar as possibilidades de atuação profissional às demandas teórico-
-práticas. Esse fato promove, na sociedade em geral, uma percepção e uma
valorização sobre o que é e sobre o que faz um profissional da área da Educa-
ção Física.

ANOTAÇÕES

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