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Esquemas-síntese

da Crónica de D. João I,
de Fernão Lopes
1. Capítulo 11
«Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavom o Meestre,
e como aló foi Alvoro Paaez e muitas gentes com ele.» - p. 76

Conta-se neste capítulo como o povo de Lisboa foi ajudar D. João,


Mestre de Avis, quando se soube que a sua vida corria perigo, no
Paço em que estavam a rainha D. Leonor Teles e João Fernandes
Andeiro, fidalgo galego que, com escândalo público, era amante da
rainha.

Chegada ao Paço, a multidão verificou que o Mestre de Avis estava


vivo, tendo Andeiro sido morto por ele. Resultaram daí grandes
manifestações de alegria coletiva, expressão do apoio popular que
era dado a D. João enquanto adversário da rainha, regente do reino
por morte de D. Fernando.
Quatro sequências do capítulo:

1.ª parte 2.ª parte 3.ª parte 4.ª parte

Mobilização A multidão O Mestre O Mestre


da população rodeia de Avis surge é informado
da cidade pelos o Paço à janela acerca do perigo
partidários e ameaça e dirige-se em que se
do Mestre invadi-lo à multidão para encontra o Bispo
de Avis a pacificar de Lisboa

APELO MOVIMENTO CONFLUÊNCIA SEPARAÇÃO


Iminente invasão do Paço.
Clímax do capítulo: aclamação do Mestre.

Iminente inva
Iminente são
invasão
d Paço do Paço

A multidão sente que a vida


do Mestre de Avis está em perigo
e deseja salvá-lo, invadindo o Paço

A multidão força
o aparecimento do Mestre
à janela
Narrador: mostra as emoções
das personagens

Iminente inva mostra as intenções


Omnisciente
são d Paço das personagens

narra o plano da morte


do conde Andeiro

Plano da morte do Conde Andeiro ― percurso da mensagem arquitetado


por Álvaro Pais e pelos partidários do Mestre:

Ruas d Anúncio de que A multidão acorre


Pajem Ruas de Lisboa o Mestre corre perigo ao Paço
e Lisboa
Personagens: a multidão, «como viuva que rei nom tinha».

1.º momento: movimento indignação, revolta


de concentração e agressão

Multidão —
personagem coletiva

«as gentes»,
«todos», 2.º momento: movimento alívio, serenidade
«a gente», de dispersão e satisfação
«aquelas gentes»,
«as donas da cidade»
Personagens: o Mestre de Avis, figura carismática.

• Populista — aparece à janela, pois pretende obter o apoio da população;


• Gentil — dirige-se à multidão com termos afáveis;
• Humano — pretende salvar o Bispo de Lisboa;
• Carismático — consegue liderar a revolta contra a fação castelhana;
• Desejado — a população de Lisboa acorre para o salvar, pois associa-o ao seu pai,
D. Pedro I, e à ideia de independência.

Personagens: figuras do movimento de apoio à ação do Mestre de Avis.

Pajem e Álvaro Pais: cumprem o plano no exterior

Iminente inva
Grupo de apoiantes
são d Paço

«todolos seus, e outros bõos da cidade […] e outros fidalgos»


Dinamismo da narração: marcas linguísticas.

• Utilização de verbos de movimento;


• Utilização de verbos declarativos;
• Utilização do imperfeito do indicativo e do gerúndio;
• Recurso ao discurso direto;
• Emprego de advérbios expressivos;
• Campo lexical relacionado com movimento ou ruído;
• Descrição de espaços de forma gradual (rua, janela do Paço, rua, Paços do
Almirante).
2. Capítulo 115
«Per que guisa estava a cidade corregida para se defender,
quando el-Rei de Castela pôs cerco sobre ela.» - p. 82

Conta-se neste capítulo como se fez a preparação da cidade de


Lisboa para resistir ao cerco dos castelhanos.
Comandando a defesa da cidade, o Mestre de Avis manda guardar
alimentos, por forma a que eles não faltem, uma vez que o cerco
impediria o reabastecimento da cidade.
Descreve-se também o trabalho de organização dos defensores e
dos equipamentos: a reparação e o fortalecimento das muralhas,
a verificação das armas, a distribuição de tarefas de defesa e a
regulação da ordem na cidade.
Salienta-se, ao mesmo tempo, que se trata de um esforço de
guerra coletivo, que chega a causar a admiração de quem relata.
Preparativos para a defesa da cidade:

Mantimentos Defesa

• Recolha de víveres; • Colocação de material bélico nas torres;


• Transporte do gado • Colocação de catapultas nas torres;
morto em embarcações; • Atribuição de áreas de defesa (nas muralhas,
• Salga dos víveres. especialmente) a alguns fidalgos ou cidadãos
apoiados por grupos de soldados;
• Combinação sobre o alarme (repicar do sino);
• Torres com vigias noturnas;
• Apenas oito portas da cidade abertas e guardadas
por homens armados;
• Chaves de algumas casas eram guardadas à
noite e recolhidas no Paço.
O Mestre de Avis: retrato de um líder.

D. João,
Mestre de Avis

Atribui Confirma, Confia Manda construir


as tarefas de noite, as chaves estacas
de defesa se as muralhas a homens para defender
aos e as portas da sua a zona
responsáveis estão seguras confiança da Ribeira

Atribuição de funções de defesa e proteção


Envolvimento pessoal nas tarefas
Caracterização da população da cidade de Lisboa: patriotismo e unidade.

• Fidalgos;
Envolvimento
Coragem • Elementos de várias classes sociais, como os mesteirais;
Audácia • Membros do clero;
• Raparigas.

Respeito pelas ordens do líder


Envolvimento pessoal nas tarefas
3. Capítulo 148
«Das tribulações que Lixboa padecia per mingua de mantimentos.» - p. 84

Personagem principal: a cidade que sofre


as consequências do cerco castelhano.

Iluminura do Cerco de Lisboa de 1384,


Chroniques de Jean Froissart
(1337-1405).
Este capítulo ocupa-se dos tempos de sofrimento da população de
Lisboa, sujeita ao cerco castelhano.

As privações que ele provoca são descritas de forma


pormenorizada, salientando-se os vários aspetos do sacrifício a que
o referido cerco obriga: a escassez de alimentos e o seu preço
elevado, a falta de esmolas, o recurso a produtos de baixa
qualidade, etc.

E, contudo, sempre que o inimigo ameaçava era visível o esforço


coletivo para superar as dificuldades.
Sequências narrativas que estruturam o capítulo:

1.ª parte 2.ª parte 3.ª parte 4.ª parte 5.ª parte

Motivo das Consequências Consequências Consequências Conclusão


dificuldades: económicas sociais do psicológicas emotiva do
• Demasiada do cerco cerco do cerco cronista sobre
população; de Lisboa. de Lisboa. de Lisboa. o sofrimento
• A população da cidade:
das aldeias • Interpelação
em redor ao leitor;
recolheu-se • Lamento
à cidade. pelos que
sofreram.
Repercussões do cerco na vida da capital:

Consequências económicas • Falta de produtos alimentares (sobretudo trigo);


do cerco de Lisboa • Inflação (produtos demasiado caros).

• Aumento de doenças devido ao mau regime alimentar;


Consequências sociais • Subnutrição e consequências na saúde da população;
do cerco de Lisboa • Pobreza e mendicância;
• Aumento da taxa de mortalidade.

• Ambiente geral de tristeza e desespero;


• Discussões;
Consequências psicológicas
• Desejo de morte;
do cerco de Lisboa
• O sofrimento quotidiano não impede que a população
se lance ao combate quando isso é necessário.
Postura da população face às dificuldades:

Postura introvertida: Postura dirigida para o exterior:


as pessoas choram sozinhas os habitantes dialogam e queixam-se
e lamentam-se; por saberem que sofrem pelo facto de
preferem a morte à desgraça quotidiana. não se renderem aos castelhanos.

Reação do Mestre de Avis às circunstâncias em que a cidade se encontra:

Primeira referência: Segunda referência:


comoção com o sofrimento da população preocupação com a população
(o Mestre como um ser sensível (não se confirma o rumor de expulsar
e humano). de Lisboa quem já não tivesse pão).
Recursos expressivos que se destacam no capítulo:

• Interrogação retórica;
• Comparação;
• Exclamação;
• Hipérbole;
• Metáfora.

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