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Seminário

Introdução às Ciências Sociais


Licenciatura em Ciências Sociais
Unidade Curricular de Introdução às Ciências
Sociais
Departamento de Ciências Sociais e de Gestão
Universidade Aberta

Porto, 16 de janeiro de 2018


Docente: Olga Magano
Tutores: Ana Melro | Ana Pinheiro | Joaquim Fialho
1
Objetivos

Apresentação e discussão do programa da


Unidade Curricular (UC) de Introdução às
Ciências Sociais
Promover a aquisição de conhecimento da
UC
Preparação dos estudantes para a
realização das provas presenciais

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Objetivos e competências da UC
 Identificar as etapas do processo de construção do conhecimento científico
 Identificar e equacionar os obstáculos epistemológicos ao desenvolvimento do
conhecimento científico.
 Saber refletir sobre a unidade e a pluralidade das diversas Ciências Sociais e as questões
históricas e sociais que permitiram o seu desenvolvimento
 Identificar e delimitar o campo de investigação das Ciências Sociais
 Dominar as principais teorias e problematizações constitutivas do campo disciplinar das
Ciências Sociais
 Indicar os principais contributos das diferentes Ciências Sociais e formas de
complementaridade e interdisciplinaridade
 Identificar e caracterizar os factos sociais enquanto domínio próprio das Ciências Sociais
 Reconhecer e analisar as condições específicas da construção do conhecimento
científico das Ciências Sociais, quanto ao seu grau de adequação e poder explicativo
relativamente aos factos sociais
 Conhecer e relacionar os fatores fundamentais de explicação social quanto ao seu valor
e peso relativos na interpretação e explicação dos factos sociais
 Conhecer e comparar as principais Ciências Sociais quanto às perspetivas e valor
informativo e complementar dos resultados proporcionados
 Espera contribuir-se para a capacidade de pesquisa, seleção e análise de informação e
também formar espírito crítico e reflexivo que permita aos estudantes argumentar
sobre as grandes problemáticas das Ciências Sociais
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Programa da UC
1. Perspetiva da vida quotidiana e do que é a 4.2 Familiaridade do social e senso comum
especificidade do social 4.3 Dicotomias natureza e cultura e indivíduo e sociedade
1.1. Reflexão sobre o que é a vida quotidiana e as 4.4 Etnocentrismo cultural
relações sociais
1.2. Definição do conceito de social no âmbito das 5. A explicação e a compreensão em Ciências Sociais
Ciências Sociais (a especificidade do social)
5.1 Contextualização das duas principais correntes
teóricas em Ciências Sociais
2. Aprender a ser membro da sociedade: formas de 5.2 Singularidade e complementaridade entre explicação
sociabilidade e compreensão
2.1. O processo de socialização
2.2. Papéis sociais – interpretação e interiorização de 6. O domínio das Ciências Sociais – unidade e
normas sociais pluralidade
6.1 Visão global sobre as Ciências Sociais – o centro de
3. Construção do conhecimento científico interesse das Ciências Sociais
3.1. O processo de construção do conhecimento científico 6.2 Unidade e pluralidade das Ciências Sociais
3.3. Construção e verificação de teorias: problemas e
controvérsias 7. Visão global sobre as Ciências Sociais
7.1 Breve apresentação de algumas Ciências Sociais
4. Objetividade e neutralidade nas Ciências Sociais: os 7.2 Dinâmica e transformação das Ciências Sociais
obstáculos epistemológicos
4.1 Definição de obstáculos epistemológicos e a sua
configuração

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Recursos
Bibliografia obrigatória:
• Magano, Olga (2014), Introdução às Ciências Sociais. Lisboa. Universidade Aberta. eUAb. Coleção Universitária, n.º 7, ISBN 978-
972-674-700-0. (e-book).
• Outros textos disponibilizados na turma.
Bibliografia complementar:
• Campenhoudt, L. V. (2003). Introdução à Análise dos Fenómenos Sociais. Lisboa, Gradiva.
• Durkheim, Émile (1985). As Regras do Método Sociológico. Lisboa. Editorial Presença.
• Esteves, António Joaquim; Fleming, Joaquim (1982). Sociologia. Textos e notas introdutórias. Porto. Porto Editora.
• Giddens, Anthony (1996). Novas Regras do Método Sociológico. Lisboa. Gradiva.
• Luckman, Thomas e Berger, Peter I. (1985). A construção social da realidade. Um livro sobre a sociologia do conhecimento.
Lisboa. Dinalivro.
• Nunes, Sedas (1973). Questões preliminares sobre as ciências sociais. Lisboa. Presença /GIS.
• Santos, Boaventura de Sousa (1986). Um discurso sobre as ciências. Coimbra. Universidade de Coimbra.
• Santos, José Rodrigues dos. (2000). “A Propósito das Noções «Problema Social» e «Problema Sociológico». Vários. Homenagem
ao Professor Augusto da Silva. Universidade de Évora. Departamento de Sociologia.
• Silva, Augusto Santos; Pinto, José Madureira (1986). (orgs.). Metodologia das ciências Sociais. Porto. Ed. Afrontamento.
• Weber, Max (2009). Conceitos sociológicos fundamentais. Lisboa. Edições 70.
Outros Recursos:
• B-On - Biblioteca do Conhecimento - http://www.b-on.pt/
• Dicionário de Sociologia - Porto Editora
• Directory of Open Acess Journals - http://www.doaj.org/doaj?func=subject&cpid=87
• Guia virtual das Ciências Sociais - http://www.ics.ul.pt/guiavirtual/
• Les classiques des sciences socials - http://classiques.uqac.ca/

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Tema 1

1. Perspetiva da vida quotidiana e do que é a


especificidade do social
1.1. Reflexão sobre o que é a vida quotidiana e
as relações sociais
1.2. Definição do conceito de social no âmbito
das Ciências Sociais (a especificidade do social)

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Objetivos do Tema 1

Identificar em que consiste a noção de


quotidiano
Equacionar de que forma é que o quotidiano
pode ser integrado na análise social
Identificar o conceito de social e a sua
especificidade
Distinguir problema social de problema
sociológico

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O quotidiano social
A importância da análise do quotidiano para o estudo das relações sociais:

José Machado Pais:


 Quotidiano como lugar privilegiado da análise sociológica na medida em que é
um lugar revelador, por excelência, de determinados processos do funcionamento
e da transformação das sociedades e de determinados conflitos que opõem os
agentes sociais” (1986: 8).

 Não é possível separar o quotidiano do social, da mesma forma que não é


possível encontrar as fronteiras entre as vivências do dia-a-dia, com todas as suas
tensões, conflitos, alegrias, mudanças e as reflexões sociológicas que delas se
fazem.

Mas como se faz a passagem do quotidiano para a sua importância científica?

É o que vamos analisar de seguida com a distinção entre o que é problema social e
problema sociológico.

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O problema social

 Na linguagem quotidiana utilizamos indiferentemente as


expressões «problema social» e «problema sociológico»
como se tivessem o mesmo significado.

 É uma confusão etimológica e epistemológica.

 Problema social ≠ problema sociológico.

9
O problema social

 A multiplicação dos «problemas sociais» é um fenómeno


contemporâneo.

 Por outras palavras: um número crescente de factos,


situações e aspetos da realidade social têm vindo a ser
problematizados:
 Nomofobia
 Obsolescência (programada)
 Bullying
Problema sociológico?
 Desemprego altamente qualificado
 Isolamento dos idosos
 E/Imigração
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O problema social

 A essência do problema social está na própria insatisfação


experimentada face a este ou aquele aspeto da realidade
social.

 É uma situação que afeta um número significativo de pessoas


e que é julgada por estas ou por um número significativo
doutras pessoas como uma fonte de dificuldade ou
infelicidade e considerada suscetível de melhoria/resolução.

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O problema social

Dimensão objetiva Dimensão subjetiva


(Situação) (Visão)

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O problema social

 Um problema social é uma alegada situação incompatível com


os valores de um significativo número de pessoas, que
concordam ser necessário agir para a alterar.
Ex.: droga/traficantes/consumidores.

 Os problemas sociais estão imbuídos de um significado social.

 O crivo científico dá-lhes significado sociológico.

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O problema social

«Uma situação que afeta um número significativo de


pessoas e é julgada por estas ou por um número
significativo doutras pessoas como uma fonte de
dificuldade ou infelicidade e considerada suscetível e
melhoria».

Unesco

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O problema social

Características dos discursos


Interpretativo Explicativos Normativos
(Qual é o
problema, (O que se deve
dificuldades (Causas dessas fazer para os
sentidas) dificuldades) solucionar)

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O problema social: síntese

É ALGO QUE AFETA UM NÚMERO SIGNIFICATIVO DE PESSOAS

A partir de que número um problema deixa de ser pessoal e passa a ser


social?
R: Não existe um número exato... mas, quando uma situação afeta um
número suficiente de modo a ser notícia, a falar-se, escrever-se... temos
um problema social.

É CONSIDERADO INDESEJÁVEL

O trabalho infantil afetou (e afeta em algumas regiões) um número


significativo de pessoas mas não era um problema social porque era
desejável; só quando um número significativo de pessoas passou a
defender ideias contrárias se tomou um problema social.

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O problema social: síntese
SENTE-SE QUE ALGUMA COISA PODE SER FEITA...
O mau tempo reúne as condições SIGNIFICATIVO e INDESEJAVÉL
mas não é um problema social porque nada podemos fazer.

O que não podemos mudar não é um problema social, embora,


por vezes, as condições de análise se modifiquem: a fome durante
muito tempo não foi um problema social até se sentir que não era
um fenómeno irreversível.

ATRAVÉS DE UMA AÇÃO SOCIAL COLETIVA


Os problemas sociais surgem muitas vezes quando se descobre
que é possível mudar as coisas.

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O problema social: erros de análise

1. PENSAR QUE EXISTE UNANIMIDADE DE PONTOS DE VISTA


Ex.: considerar a prostituição como indesejável para todos.

2. PENSAR QUE SÃO NATURAIS E INEVITÁVEIS


I.e. que pertencem à «lei natural»... mas, a lei da sobrevivência
natural nem sempre se aplica às sociedades humanas porque as
instituições e os costumes também participam na
sobrevivência... a lei natural muitas vezes santifica os bem
sucedidos e desencoraja a simpatia pelos infelizes.

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O problema social: erros de análise

3. SÃO «COISAS ANORMAIS»

Causadas por comportamentos anormais que rompem com a


ordem estabelecida... mas, muitos problemas sociais são
causados por comportamentos «normais».

O que é normal?
O que é patológico?

 Desemprego
 Prostituição
 Fome
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O problema social: erros de análise

4. SÃO CAUSADOS POR MARGINAIS

E não por gente «normal»... os problemas sociais são, muitas


vezes, a consequência de comportamentos normais de gente
normal... são o produto de um sistema de valores.

 Corrupção
 Tráfico de influências
 Clientelismo

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O problema social: erros de análise

5. EXISTEM PORQUE SE FALA NELES

Ou porque são divulgados e ampliados pela comunicação


social.

 Qual o papel dos media? Ciberespaço?


 Sociedade global

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O problema social: erros de análise

6. TODOS GOSTARIAM DE VER OS PROBLEMAS RESOLVIDOS

Existem pessoas que não querem a resolução dos problemas.

 Será que os tranficantes querem?


 Laboratórios?
 Agências financeiras?

7. OS PROBLEMAS SOCIAIS RESOLVEM-SE POR SI PRÓPRIOS

É a crença no progresso automático e inevitável.

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Afinal… quando é
problema
sociológico?

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O problema sociológico
Há duas linguagens:
Comum
Científica

As Ciências Sociais utilizam algum vocabulário que é partilhado pela


linguagem do quotidiano.
A construção das disciplinas sociológicas faz-se através do trabalho
crítico de análise das noções e da reconstrução de conceitos.
A constituição de um problema social é o resultado de lutas simbólicas
travadas em sociedade e que pressupõem grupos com graus diversos de
poder.
O problema sociológico é uma interrogação que o investigador formula
acerca dos processos de interação social, acerca dos modos de
organização do sistema social e dos fenómenos que dele decorrem, e não
se justapõe ao problema social.
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Concluindo...

 Um problema social é uma violação de


expectativas morais.

 As questões sociológicas derivam das


preocupações sociais.

 O problema sociológico é um problema de


conhecimento científico que se suscita e resolve
no âmbito da Sociologia.

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Tema 2

2. Aprender a ser membro da sociedade:


formas de sociabilidade
2.1. O processo de socialização
2.2. Papéis sociais – interpretação e
interiorização de normas sociais

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Objetivos do Tema 2
 Compreender em que consiste o processo de
interiorização e incorporação de normas sociais.
 Definir o conceito de socialização.
 Distinguir as várias fases do processo de socialização.
 Identificar os principais agentes de socialização.
 Definir papel social.
 Explicitar como se interiorizam e interpretam as
normas sociais: os papéis sociais.
 Contextualizar as diferenças de socialização nas várias
sociedades e tipos de papéis possíveis de acordo com
género, idade, classe social, formação, etc.

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Processo de socialização
 Processo através do qual os indivíduos adquirem um certo
número de conhecimentos, de mecanismos e de respostas
às diferentes circunstâncias da vida social, por via dos quais
se adaptam às exigências da vida coletiva e se integram
nas suas estruturas.

 Processo bilateral, de constante interação entre indivíduo


e Sociedade.

 Diferente em todas as sociedades.

Socialização ≠ Sociabilização

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Socialização primária e secundária

 Socialização primária: indivíduo não nasce membro da


sociedade. Nasce com disposição para a sociabilidade e
torna-se membro da sociedade (interiorização,
identificação e significação).
 A socialização primária é a primeira socialização que o
indivíduo experimenta na infância e em virtude da qual
aprende a ser membro da Sociedade.
 Termina quando o conceito do Outro generalizado fica
estabelecido na consciência do indivíduo.

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Socialização primária e secundária

Socialização secundária: processos posteriores,


por meio dos quais o indivíduo é introduzido
num mundo social específico.
 Exige a aquisição de vocabulários específicos
das funções; os novos conteúdos terão de se
sobrepor, fundir ou complementar os já
existentes.

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Agentes de socialização

Mecanismos de socialização são postos em ação


por um certo número de agentes:
 Família
 Escola
 Grupos sociais/de pares
 Meios de comunicação
Processo contínuo…

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Interiorização e estrutura social

Atrás vimos o conteúdo da socialização, mas é


também importante o contexto, as condições e
consequências sociais da socialização (estrutura
social onde ocorre) – interiorização.

Socialização imperfeita

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Papel social

Setor organizado de orientação de uma pessoa


definindo a sua participação no processo de
interação social.
Conjunto de deveres adstritos a uma determinada
posição social: comportamento esperado,
expectativas de obrigações mantidas por outros
membros acerca do comportamento daquele que
tem a posição.

Papel social = Posição social


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Papéis sociais – interpretação e
interiorização de normas sociais

Ao lado do conceito de socialização está o de


papel social, que surge associado aos conceitos
de interpretação e interiorização…
… de normas sociais
Definição de modelos de conduta, exteriores e
impositivos ao indivíduo.

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Múltiplos papéis sociais

 O indivíduo, ao ocupar múltiplas posições


(estatuto social), vai desempenhar múltiplos
papéis.
 Teoria de ator social de Goffman.
 A definição de cada papel é realizada em função
do comportamento esperado pelas pessoas com
que o indivíduo se relaciona, estando esta
expectativa igualmente presente nas relações
grupais.
Conflito de papéis
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Tema 3

3. Construção do conhecimento científico


3.1. O processo de construção do conhecimento
científico
3.3. Construção e verificação de teorias:
problemas e controvérsias

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Objetivos do Tema 3
 Conceptualizar a noção de objetividade e o processo de construção do objeto de estudo em
Ciências Sociais.
 Identificar e explicitar os principais obstáculos epistemológicos: familiaridade com a
realidade social, dicotomias natureza/cultura e indivíduo/sociedade e etnocentrismo.
 Reconhecer as fases do processo de construção do conhecimento científico e as várias
etapas do método científico de acordo com Gaston Bachelard: rutura com o senso comum,
construção e validação de conhecimento.
 Descrever os procedimentos científicos para a rutura com o senso comum e avaliar e discutir
as dificuldades com que os cientistas se debatem para cumprir essa necessidade
metodológica.
 Explicitar a importância da função de comando da teoria na produção social do
conhecimento científico.
 Identificar os principais paradigmas teóricos nas ciências, em particular, nas Ciências Sociais.
 Compreender a importância da relativização e a relacionação entre os fenómenos sociais.
 Enquadrar a noção de realidade social como fenómeno multidimensional e as diferentes
perspetivas das Ciências Sociais.

37
Rutura com o senso comum
Processo de construção de conhecimento científico – 3 grandes etapas
(Gaston Bachelard):

Etapa 1: Rutura com o senso comum


 O investigador de Ciências Sociais enfrenta obstáculos enquanto
membro de uma sociedade e como investigador.
 Estes obstáculos são designados por epistemológicos e consistem
na familiaridade do investigador com o social, o senso comum, a
dicotomia natureza e cultura, a dicotomia indivíduo sociedade, o
etnocentrismo e a relação do nós com os outros, de acordo com as
posições sociais que cada ser humano ocupa na sociedade.
 Para enfrentar e controlar cada um destes obstáculos, os cientistas
sociais devem fazer um processo de rutura com o senso comum,
nomeadamente pela desconstrução de pré-noções que dificultam o
desenvolvimento do raciocínio científico.

38
Rutura com o senso comum
 Para romper com o senso comum é necessário relativizar, relacionar e fazer
análise científica das concepções de senso comum

 A atitude problematizadora da ciência e os princípios da pesquisa social


constituem os elementos da superação do senso comum: a
relativização dos fenómenos humanos; os contextos socio-históricos e as
coordenadas de tempo e lugar são determinantes; a relacionação dos factos; a
integração em sistemas de relações recíprocas, empiricamente verificáveis,
questionar e problematizar todos os conhecimentos adquiridos, inclusivamente o
senso comum, as ideologias e a própria ciência.

 A rutura nunca será completa nem unitária mas a separação dos domínios da
ciência e do senso comum são condições básicas da própria investigação científica.

 Evitar a ilusão de transparência proporcionada pela familiaridade do social.

 Evitar o conhecimento espontâneo que obsta ao conhecimento científico

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Construção do objeto de análise

Etapa 2: A construção do objeto de análise, das teorias explicativas


 Uma das condições cruciais para a superação das conceções do
senso comum e ideológicas deriva precisamente do facto de que a
pesquisa social pode torná-las objeto da sua própria análise.
 Quer dizer, pode submetê-las aos seus próprios mecanismos de
controlo. Tal constitui, é bom não esquecê-lo, um passo
indispensável para a rutura: é porque é capaz de colocar
sistematicamente em causa os conhecimentos adquiridos, quer
por saber prático, quer por vinculação doutrinária, quer mesmo por
investigação científica.
 É porque o questionar, o problematizar, representa a própria
essência do seu trabalho, que a ciência é capaz de continuamente
romper, no seu domínio, com as noções que não se ajustem às suas
regras (Silva e Pinto, 1986: 52).

40
Realidade social
 A procura da verdade objetiva é a essência da ciência social.
 O cientista social parte desse pressuposto para tentar atingir o
"realismo", ou seja, procurar uma visão objetiva da realidade.
 As questões metodológicas colocam-se na definição do que é a
objetividade e nas formas para atingir essa objetividade na análise
dos factos e das suas relações causais.
 Tem sido uma preocupação constante dos cientistas sociais, desde
os fundadores: produzir conhecimento científico objetivo sobre a
realidade social.

Ciência = processo de construção

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Comando da Teoria
A função de comando da Teoria

 Bachelard defende que “a opinião pensa mal; não pensa; traduz necessidades em
conhecimentos”.
 Não se pode basear nada na opinião: antes de tudo é preciso, é preciso destruí-la.
Ela, a opinião, é o primeiro obstáculo a ser superado.
 Em primeiro lugar, é preciso saber formular problemas que não se formulam de
forma espontânea em ciência.
 O desenvolvimento de procedimentos padronizados de recolha de informação
sobre o real, como por exemplo as técnicas do inquérito por questionário, da
entrevista, da análise de conteúdo, contribuiu para que o processo de observação
sociológica e das ciências sociais em sentido amplo, se tornasse uma fase do
trabalho científico cada vez mais sistemática e racionalmente controlada.
 Mas o avanço nesta direção só é possível com o contributo de outro elemento da
prática: a teoria, ou seja, da matriz teórica, entendida como conjunto organizado
de conceitos e relações entre conceitos substantivos, isto é, referidos, direta ou
indiretamente ao real (Almeida e Pinto, 1986: 55).

42
Construção e verificação de teorias

 A construção da teoria é fomentada pela colocação de perguntas, pela


interrogação sobre determinados aspetos da realidade social.
 Processo que parte do racional para o real (G.Bachelard).

À teoria é conferido o papel de comando do conjunto de trabalho científico, que se


traduz em articular-lhe os diversos momentos:
 Definição do objeto de análise;
 Atribuição de significado;
 Construção de potencialidades explicativas;
 Definição de limites;
 Nos percursos de diversos níveis da sua especificação ela produz e integra os
chamados enunciados observacionais, dá consistência à rede de relações que se
estabelece em todo o processo.

Verificação da validade das teorias faz-se pelo confronto com a informação empírica e
resultados de outras investigações.

43
Tema 4

4. Objetividade e neutralidade nas Ciências


Sociais: os obstáculos epistemológicos
4.1 Definição de obstáculos epistemológicos e a
sua configuração
4.2 Familiaridade do social e senso comum
4.3 Dicotomias natureza e cultura e indivíduo e
sociedade
4.4 Etnocentrismo cultural
44
Objetivos do Tema 4

 Conceptualizar a noção de objetividade e o processo


de construção do objeto de estudo em Ciências Sociais.
 Identificar e explicitar os principais obstáculos
epistemológicos: familiaridade com a realidade social,
dicotomias natureza/cultura e indivíduo/sociedade e
etnocentrismo.
 Delinear os contornos do conceito de etnocentrismo e
o seu impacto sobre outros conceitos.
 Compreender a importância da relativização e a
relacionação entre os fenómenos sociais.

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Obstáculos epistemológicos
 A familiaridade do social e senso comum- proximidade do social – a minha realidade social
não é igual à dos outros; a ilusão de transparência.

 Dicotomia natureza e cultura - Nas interpretações comuns dos factos sociais é usual
atribuírem-se causas físicas, biológicas ou naturais a determinados padrões de
comportamento.

 Questiona-se a relação que se estabelece entre a natureza e os diversos contextos sociais e


culturais em que o ser humano se move (evolucionismo; sociolobilogia).

 Dicotomia indivíduo e sociedade, o vago sentimento de desorientação provocado pela


indefinição do objeto das ciências sociais assenta em dois argumentos: um deles refere que
como cada indivíduo é diferente dos outros, torna impossível avançar com uma explicação
em termos de grupo e o outro argumento sustenta que este tipo de explicação é contrário ao
livre-arbítrio, ou seja, à opção individual de cada um de nós.

 Os comportamentos humanos não são “naturais”, são “sociais” - dependem da forma como
estão organizadas as sociedades de origem e o processo de socialização incentiva.

 Por exemplo, o caso da competitividade.

46
Comportamento social
 O que se constata é que os seres humanos são ao mesmo tempo singulares, com
as suas próprias características mas também compartilham algumas características
com os outros indivíduos.
 Assim sendo, o que é singular de cada indivíduo é a combinação total, não cada
característica individual em si mesma.
 qualquer investigador social tentará sempre encontrar as causas de qualquer
comportamento individual numa experiência social vivida pela pessoa.
 Por outro lado, há que notar que só quando estamos conscientes das forças que
nos pressionam para nos comportarmos de determinada maneira nos diferentes
contextos é que se questiona uma decisão se devemos ou não continuar a
comportar-nos desse modo e se torna significativa.
 Caso contrário, se não existir esse questionamento as escolhas que fazemos
aparentemente não são entendidas por nós como escolhas de facto mas sim como
“naturais”.
 Ex.: o suicídio (estudo desenvolvido por Durkheim que nos revela que apesar do
suicídio ser um ato individual enquadra-se num conjunto de características sociais
partilhadas pelos indivíduos).

47
Etnocentrismo
 A sobrevalorização do grupo e da cultura local, regional, nacional ou
transnacional, a que pertence cada um dos indivíduos e a respetiva
depreciação das culturas e das organizações diferentes, o desejo de
universalização dos valores próprios do grupo e da cultura de
pertença, assumindo-se que esses valores constituem ou devem
constituir as normas de referência para a avaliação de estruturas e
de práticas sociais (Silva, 1986: 45).

 Esta conceção etnocêntrica foi dominante durante muitos anos nas


ciências sociais, em que as havia a valorização abusiva de certos
valores de algumas sociedades eram usadas como parâmetros de
comparação e uma espécie de medição de evolução social.

 Por exemplo em relação aos ciganos, aos imigrantes, etc.

48
Tema 5

5. A explicação e a compreensão em Ciências


Sociais
5.1 Contextualização das duas principais
correntes teóricas em Ciências Sociais
5.2 Singularidade e complementaridade entre
explicação e compreensão

49
Objetivos do Tema 5

Distinguir a corrente teórica explicativa e a


teoria compreensiva ou interpretativa.
Compreender o alcance das duas correntes e
de que forma se interligam e complementam.
Identificar os principais autores de cada uma
das correntes.

50
Explicação e compreensão

 A principal preocupação dos autores das


disciplinas de Ciências Sociais tem sido a
explicação e a compreensão das sociedades em
que vivem e as interconexões que se estabelecem
entre elas.
 Neste capítulo recorremos especialmente a Karl
Marx, Émile Durkheim e Max Weber para
exemplificarmos como tem sido produzido este
conhecimento explicativo da realidade social.

51
K. Marx e as relações de produção

 Karl Marx e o materialismo histórico - análise das grandes desigualdades sociais.

 Salienta três tipos de relações sociais de produção que Marx define - escravatura,
servidão e salariado - têm, de formas diferentes, o mesmo denominador comum: o
facto de que os interesses dos dominantes se sobrepõem à vontade dos explorados.

 A alienação do trabalhador na economia capitalista deriva dessa disparidade entre o


poder produtivo do trabalho, que se torna cada vez maior com a expansão do
capitalismo, e a ausência de controlo por parte do trabalhador sobre os objetos que
produz.

 Marx entende que a divisão em classes implica uma relação conflitual. Simplificando-se
e universalizando-se na sociedade burguesa, as relações de classe alteraram-se, de
acordo com Marx, depois de consolidado o capitalismo, já que se verifica uma
tendência para a existência de duas grandes classes que estão em oposição direta: a
burguesia e o proletariado.

 Alienados por não terem consciência da exploração que os vitima nem da sua
participação inconsciente numa relação de dominação.

52
Durkheim – Modelo explicativo
Émile Durkheim e o positivismo sociológico

 Estabeleceu um método e definiu o objeto da sociologia, ao mesmo


tempo que procurou encontrar soluções para a manutenção da sociedade
que surgiu após as revoluções.
 Para ele a organização social é possível graças ao consenso ou à
"consciência coletiva" e a sociologia tem como objeto o "facto social".
 Perspetiva de que o social apenas pode ser explicado recorrendo ao
social, ou seja, pela construção social através do corte epistemológico com
o senso comum, procurando obter um estatuto de cientificidade para a
sociologia ( “As regras do método sociológico”, Durkheim, 1984).
 Esta conceção assenta no pressuposto de que o facto social deve ser
tratado como uma “coisa”, isto é, de acordo com o método científico.
 Facto social duas características fundamentais – a exterioridade e a
coação.
53
Facto social
 Factos sociais - “consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir
exteriores ao indivíduo (existem fora das consciências individuais) e dotadas
de um poder coercivo em virtude do qual se lhe impõem” (1984: 31).

 Cada facto social concreto deve ser referido a um ambiente social particular e
a um tipo definido de sociedade, pois um dado facto social ocorre num
determinado espaço físico e num determinado tempo (época ou data
específica). O espaço e o tempo conferem aos factos sociais características por
vezes únicas, outras vezes semelhantes, a outros factos noutros locais ou
épocas. O facto designa, então, um acontecimento concreto no tempo e no
espaço.

 Ao dizermos que um indivíduo se suicidou esta manhã no seu apartamento,


estamos a referir-nos a um facto social concreto mas não a um facto
sociológico. Para ser sociológico é preciso que haja sobre ele um conjunto de
interrogações metodológicas.

54
Max Weber e a compreensão
Max Weber e a objetividade em Ciências Sociais

 Estudo da sociedade e das relações sociais através da religião.

 Weber sublinha o facto de na Europa moderna “os principais homens de negócios e proprietários de capital, assim como os
operários qualificados de nível mais elevado e, de modo particular, o pessoal de elevadas qualificações técnicas e comerciais
das empresas modernas, serem na sua grande maioria protestantes”. Trata-se de um facto não apenas contemporâneo, mas
sim histórico: é possível demonstrar que alguns dos primeiros centros de desenvolvimento capitalista na primeira parte do
século XVI eram de religião protestante (Weber, 1983 [1920]: 25).

 Para o autor, protestantismo adota uma atitude muito rígida em relação ao prazer e aos divertimentos – fenómeno
particularmente pronunciado no calvinismo o que permite concluir que é a natureza específica das crenças protestantes que
explica a relação entre o protestantismo e o racionalismo económico.

 A novidade da interpretação de Weber não consiste no facto de surgir que há uma relação entre a Reforma e o capitalismo
moderno. Verifica-se geralmente que as pessoas que dedicam a vida a atividades económicas e à obtenção de lucro são ou
indiferentes à religião, ou até hostis a ela, na medida em que as suas ações visam exclusivamente o mundo “material”,
enquanto a religião se interessa apenas pelo mundo “não-material”.

 O protestantismo, porém, longe de se desinteressar do controlo das atividades quotidianas, exigia aos seus aderentes uma
disciplina muito mais rígida do que o catolicismo, injetando assim um elemento religioso em todos os aspetos da vida do
crente. A relação entre o protestantismo e o capitalismo moderno não pode ser integralmente explicada considerando o
primeiro como um “resultado” do segundo: mas o carácter das crenças e dos códigos de comportamento dos protestantes é
de resto muito diferente do que à primeira vista poderíamos considerar como de molde a estimular a atividade económica
(pp. 26-27). 55
Espírito do capitalismo
 O principal adversário que o “espírito” do capitalismo teve de enfrentar foi o tradicionalismo.

 Para o desenvolvimento do capitalismo é necessário existir um excedente populacional no mercado de


trabalho que possa ser contratado a baixo preço.

 A ciência baseia-se também em ideias que, tal como os outros valores, não podem ser cientificamente
comprovados.

 O principal objetivo das ciências sociais é pois, segundo Weber, o de “compreender a originalidade
característica da realidade em que vivemos”. Ou seja, o principal objetivo das ciências sociais consiste na
tentativa de compreensão das razões que fazem com que os fenómenos históricos particulares sejam
aquilo que são. Isto exige, porém, que se opere uma abstração a partir da complexidade infinita da
realidade empírica. A realidade consiste numa profusão infinitamente divisível. Ainda que nos
concentremos num único elemento dessa realidade, verificaremos que esse elemento partilha dessa
infinidade. Toda a forma de análise científica, todo o corpo de conhecimentos científicos, pertença ele ao
domínio das ciências naturais ou sociais, implica uma seleção operada a partir da infinidade da realidade.

 Para o autor os conceitos utilizados nas ciências sociais não podem ser diretamente derivados da
realidade, exigindo a mediação das pressuposições de valor, uma vez que a determinação dos problemas
considerados como dignos de interesse se baseia nessas pressuposições. Assim, a interpretação e a
explicação de uma configuração histórica exigem a construção de conceitos especificamente elaborados
com esse propósito e que, tal como objetivos de análise, não reflitam propriedades universalmente
“essenciais” da realidade (Giddens, 1984: 201).

 Um tipo ideal é elaborado através da abstração e da combinação de um número indefinido de elementos


que, se bem que sejam todos eles extraídos.
56
Corrente explicativa e corrente
interpretativa
 Na corrente explicativa:
- É incontornável retomar a teoria de Émile Durkheim, sobretudo com a compreensão do
modelo explicativo que desenvolveu e que designou pelas “regras do método sociológico” e
a conceção de laços sociais (o positivismo sociológico).
- O autor preocupa-se em estabelecer o método e definir o objeto da sociologia, sob o ponto
de vista positivista (segundo modelos retirados das ciências da natureza). Os principais
conceitos desenvolvidos foram: facto social, consenso, consciência coletiva, solidariedade
orgânica e mecânica, etc.

 Na corrente compreensiva:
- Max Weber destacou-se pelo desenvolvimento de um modelo teórico compreensivo sobre a
realidade social do seu tempo (ou seja, procurou a interpretação da ação social e busca de
sentido e não só a explicação através do método positivista).
- O autor enfatiza os aspetos subjetivos e simbólicos das relações sociais e delimita o campo de
estudo da sociologia dentro da ação social.
- Estuda a análise da natureza capitalista e das características do capitalismo europeu com a
influência religiosa dominante e desenvolve os seguintes conceitos: subjetividade e
objetividade, Juízos de facto e juízos de valor, tipos ideais, sociologia interpretativa ou
compreensiva, tipos de dominação, estatuto social.

57
Outros modelos de
cultura

Outros modelos explicativos: cultura e traços culturais e grupos


sociais e formas de sociabilidade

Cultura e traços culturais


 Todo o comportamento é orientado para a cultura. Qualquer
manifestação de hábitos ou costumes da vida do quotidiano, como
a gastronomia, a maneira de vestir, as artes e os ofícios, entre
outros, é sentida como manifestações culturais. Mesmo as funções
humanas que correspondem a necessidades fisiológicas, como a
fome, o sono, o desejo sexual, etc., são informadas pela cultura: as
sociedades não dão exatamente as mesmas respostas a essas
necessidades.
 O relativismo cultural e a análise estrutural da cultura.
 F. Boas - o estudo de uma cultura particular é concebido sem a
priori, sem comparação a outras culturas.

58
Outros modelos de
cultura
Outros modelos explicativos: cultura e traços culturais e grupos sociais e formas de sociabilidade

Grupos sociais e formas de sociabilidade

 Durkheim – conceito de solidariedade mecânica e orgânica.


 George Gurvitch - manifestações de sociabilidade
– Elaborou outras duas escalas, ou tipos, em que se manifestam e combinam os diferentes ambientes sociais - as unidades
coletivas particulares (grupos) e os quadros estruturais da sociedade (sociedades globais).
– Duas formas de interação nas sociabilidades: a sociabilidade espontânea e as expressões organizadas da
sociabilidade. No contexto da sociabilidade espontânea foram definidos dois tipos. Em primeiro lugar, Gurvitch
identificou a sociabilidade espontânea por interpenetração, participação e fusão parcial no Nós.
 Simmel e o conceito de sociation - distinção entre o conteúdo e a forma nas relações sociais. Propôs-se, neste sentido, a
introduzir nas ciências sociais o conceito de sociation considerada uma forma pura de interação que o levou a ser
considerado o fundador da sociologia pura ou formal. Para este autor, a forma seria, então, o objeto da sociologia pura ou
formal.
– Distinta do conteúdo, essa forma é o resultado da identificação de regularidades e padrões específicos, constituídos a partir de
uma abordagem científica - daí que Simmel refira que "Em si próprios, estes materiais com que se preenche a vida, as
motivações que a impulsionam, não são sociais. Rigorosamente falando, nem a fome, nem o amor, nem o trabalho, nem a
religiosidade, nem a tecnologia, nem as funções e os resultados da inteligência são sociais. São fatores de sociation apenas
quando transformam a mera agregação de indivíduos isolados em formas de estar de e para os outros.
 Robert K. Merton e o conceito de função: funções latentes e manifestas - defende que os fenómenos sociais se inscrevem
numa lógica de explicação através das funções que desempenham no social (Barata, 2004: 42). Tais funções estão
associadas às ações de um elemento do sistema social que provocam consequências objetivas no conjunto desse sistema e
na sua reprodução, o que levou este autor a distinguir dois tipos de funções: a função latente e a função manifesta.
– Uma função é latente sempre que não é pretendida e apercebida por quem a desencadeia.
– Uma função é manifesta quando é querida e apercebida pelos indivíduos.

59
Tema 6

6. O domínio das Ciências Sociais – unidade e


pluralidade
6.1 Visão global sobre as Ciências Sociais – o
centro de interesse das Ciências Sociais
6.2 Unidade e pluralidade das Ciências Sociais

60
Objetivos do Tema 6

 Identificar o contexto histórico, social e político presente no


desenvolvimento das Ciências Sociais.
 Delimitar teoricamente a especificidade do social e explicar em que
consiste.
 Reconhecer a pluralidade e especificidade das Ciências Sociais:
delimitar o conceito de matriz teórica e de campo disciplinar.
 Distinguir facto social de facto sociológico.
 Perspetivar o social como uma construção científica.
 Equacionar as vantagens de uma abordagem científica
multidisciplinar dos fenómenos sociais.
 Descrever em que consiste e se concretiza a interdisciplinaridade
das diversas Ciências Sociais.

61
Visão global sobre as ciências

O que são as Ciências Sociais? O que as


distingue e o que as une?
Qual a importância do conhecimento?
Qual a importância das teorias?

62
Autonomia do social

 O social é irredutível ao individual.


 Importância da contribuição dos três grandes
fundadores da Sociologia: Marx, Durkheim e
Weber.
 Importância de Marcel Mauss - “fenómeno
social total”.

63
Unidade e pluralidade das Ciências
Sociais

 Todos os fenómenos são “fenómenos sociais


totais”.
 Todas as Ciências Sociais se ocupam da
mesma realidade: a realidade social.

64
Tema 7

7. Visão global sobre as Ciências Sociais


7.1 Breve apresentação de algumas Ciências
Sociais
7.2 Dinâmica e transformação das Ciências
Sociais

65
Objetivos do Tema 7

Identificar o campo científico de cada uma das


Ciências Sociais apresentadas.
Reconhecer as principais distinções entre as
Ciências Sociais.
Descrever como se processa o cruzamento ou
complementaridade entre as Ciências Sociais.

66
Pluri e interdisciplinaridade

 Pluridisciplinaridade das Ciências Sociais: à medida que se


afirma, cada ciência pode originar sub-disciplinas ou
cruzamentos entre disciplinas.
 Interdisciplinaridade: o intercâmbio de saberes com vista à
complementaridade do conhecimento, para melhor
explicar os fenómenos sociais na sua totalidade.
 O “social” é único; as maneiras de o abordar, as dimensões
a privilegiar é que variam consoante os interesses que
orientam e a partir dos quais se situa o investigador em
Ciências Sociais, com a sua específica abordagem da
realidade social.

67
Unidade e pluralidade

Na obra as “Questões preliminares sobre as Ciências Sociais”,


Sedas Nunes distingue 4 princípios lógicos de diferenciação:

1. Os fins ou objectivos
2. Os problemas de investigação
3. As variáveis relevantes
4. Os métodos e técnicas de pesquisa e interpretação teórica.

68
Algumas Ciências Sociais
 Psicologia: centra-se nas estruturas psíquicas gerais.
 Sociologia: centra-se nas determinações imputáveis a grupos e
organizações.
 Economia: centra-se na mediatização das relações sociais pelas relações
com os recursos .
 Geografia: centra-se nas dimensões espaciais da vida social.
 História: centra-se na variação social segundo o tempo.
 Antropologia: centra-se na diversidade cultural.
 Ciência política: centra-se nas relações de poder entre indivíduos e
Sociedade.
 Psicologia social: centra-se na interacção entre indivíduos.

69
Seminário
Introdução às Ciências Sociais
Licenciatura em Ciências Sociais
Unidade Curricular de Introdução às Ciências Sociais
Departamento de Ciências Sociais e de Gestão
Universidade Aberta
Muito obrigada pela vossa participação! BOM TRABALHO!

A equipa docente
Olga Magano
Ana Melro
Ana Pinheiro
Joaquim Fialho

Porto, 16 de janeiro de 2018


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