Você está na página 1de 8

Accelerat ing t he world's research.

Os benefícios do esporte e a
importância da treinabilidade da
força muscular de pré-púberes atletas
de voleibol
Patrícia Schneider

Related papers Download a PDF Pack of t he best relat ed papers 

Os Benefícios Do Esport e e a Import ância Da Treinabilidade Da Força Muscular De Pré-Púber…


Flavia Meyer

Linear growt h and pubert y in children and adolescent s: effect s of physical act ivit y and sport s
Vict or Pint o

Seleção e promoção de t alent os esport ivos em voleibol masculino: análise de aspect os cineant ropo…
Marcelo Massa
Revista Brasileira de Cineantropometria & DesempenhoBenefícios
Humano do esporte 87
ISSN 1415-8426

Artigo de revisão Gisele Benetti1


Patrícia Schneider1
Flávia Meyer1

OS BENEFÍCIOS DO ESPORTE E A IMPORTÂNCIA DA


TREINABILIDADE DA FORÇA MUSCULAR DE PRÉ-PÚBERES
ATLETAS DE VOLEIBOL

SPORTS BENEFITS AND THE IMPORTANCE OF MUSCULAR STRENGTH


TREINABILITY IN PREPUBERTAL VOLLEYBALL ATHLETES

RESUMO

O objetivo desta revisão foi investigar os principais benefícios do esporte e a importância e treinabilidade
da força muscular de crianças pré-púberes atletas de voleibol. Com o aumento da popularidade do voleibol no
Brasil, as crianças estão participando mais de competições esportivas. Conforme a literatura revisada, parece
que o treinamento físico moderado é benéfico para o tecido ósseo e estimula o crescimento em estatura, até
atingir a estatura geneticamente determinada. O principal objetivo do treinamento de voleibol para crianças é
desenvolver as técnicas e as táticas básicas e detectar talentos esportivos. Para os jovens atletas obterem
sucesso esportivo são necessárias qualidades físicas como força, velocidade, flexibilidade e agilidade. O
treinamento de força muscular é indicado como auxiliar do treinamento esportivo para crianças atletas, melhorando
a coordenação muscular e o desempenho motor nas atividades esportivas competitivas e recreacionais e diminuindo
as sobrecargas articulares e o risco de lesões.

Palavras-chave: esporte, dinamometria computadorizada, infância.

ABSTRACT

The purpose of this review was to investigate the main benefits of sports and the importance and treinability Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho. Hum. 2005;7(2):87-93
muscle strenght in prepubescent volleyball athletes. Brazilian children are participating in competitive sports due
to the increase of volleyball popularity. According to the literature reviewed, it seems that physical training is
beneficial to bone tissue and tends to estimulate growth in height to the genetic limits. The main goal of children
volleyball trainig is to improve basic technique and tatics and also to discover new talents. Young athletes need to
be strong, fast, flexible and agile to achieve success. Strength training is indicated as an important complement
to specific sports training of young athletes, due to improvement of muscle coordination and motor skills in
competitive and recreational activities and to a decrease of joint overload and risk of injury.

Key words: sport, computerized dinamometry, childhood.

1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Laboratório de Pesquisa do Exercício - LAPEX
88 Benetti et al.

INTRODUÇÃO esporte, voleibol e força muscular. Inicialmente


foram destacados os benefícios do treinamento
A participação de jovens em esportivo para crianças, seguindo para os
competições esportivas aumentou aspectos do treinamento do voleibol e a
consideravelmente nas últimas décadas, pois importância da força muscular nesse esporte.
o voleibol do Brasil vem se destacando nas Por fim, foi abordada a treinabilidade da força
competições internacionais como uma das muscular na pré-puberdade e as conclusões.
equipes líderes, gerando na população
entusiasmo, participação e afiliação em todas Os benefícios do treinamento esportivo
as regiões do país1. Têm-se observado também para crianças
um aumento crescente nos clubes e escolinhas
esportivas de crianças atletas de voleibol, Existem diferenças físicas e
principalmente pré-púberes em função do psicológicas entre crianças e adultos e, por isso
aumento da popularidade deste esporte. a criança atleta não deve ser igualada a um
Esse aumento foi observado por adulto, devendo ser treinada de forma
Wilmore e Costill2, que mostraram o constante diferenciada no esporte9. A ótima habilidade que
aumento e interesse de meninos e meninas em as crianças tem para desenvolver técnicas de
competições escolares e de clubes em vários motricidade esportiva, a expansão e a
esportes. No posicionamento oficial da experiência do número de movimentos devem
Federação Internacional de Medicina Esportiva3, ser prioridades no treinamento esportivo com
é citado que o esporte de competição contribui crianças, em razão do rápido desenvolvimento
para o desenvolvimento físico, emocional e do cérebro e da subseqüente capacidade
intelectual de crianças e adolescente. A elevada de desempenho no campo das atitudes
experiência no esporte pode desenvolver a de coordenação.
autoconfiança e estimular o comportamento Zílio10 afirma que, para a execução de
social. Por todas essas razões, o esporte de uma habilidade esportiva, a criança deve ser
competição para crianças deve ser incentivado. orientada a tomar conhecimento de suas reais
Dentre os diferentes esportes, o capacidades, pois o sucesso e o fracasso no
voleibol caracteriza-se como um esporte coletivo esporte são experiências importantes. O
e de grande número de praticantes em todo sucesso transmite uma sensação de satisfação
mundo, tendo em seu jogo grande dinamismo pessoal pela conquista adquirida e serve como
e a aplicação constante de fundamentos ponto inicial para novas realizações, e o fracasso
técnicos. Segundo Suvorov e Grishin4, o voleibol tem o seu valor na qualidade de incentivo para
se destaca pelo desenvolvimento das uma nova tentativa de êxito.
qualidades motrizes como velocidade, Em clubes esportivos, as crianças
flexibilidade e resistência aeróbia, além da força, podem começar a conhecer e a praticar
esportes a partir dos três anos de idade, mas
Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho. Hum. 2005;7(2):87-93

para que possam dominar os hábitos motores


do voleibol. Segundo Mafulli et al.5, atletas jovens as preferências esportivas surgem por volta dos
são selecionados conforme a habilidades seis anos, quando a criança já obteve tempo e
esportivas, níveis de desempenho, compleição oportunidade para conhecer diversas
física e força muscular. A força muscular é um modalidades esportivas. Nessa fase, ocorre o
importante componente da aptidão física e início da escolaridade, que vai aproximadamente
essencial para a execução de uma variedade dos seis até os dez anos de idade. Durante esta
de atividades diárias 6. Além disso, é uma etapa de desenvolvimento, as crianças são
valência física importante para o desempenho velozes, tem boa capacidade de concentração
esportivo7, também no voleibol8. e de diferenciação de movimentos. Além disso,
Sendo assim, o objetivo desta revisão possuem uma aquisição refinada de
foi investigar os principais benefícios do esporte, informações, o que favorece a aprendizagem e
a importância e a treinabilidade da força habilidades específicas dos esportes 9 ,
muscular de crianças pré-púberes atletas de principalmente, se elas possuem um bom
voleibol. Para tanto, uma pesquisa foi realizada professor e cultivam amizades entre os colegas.
no banco de dados da CAPES e em livros da Weineck11 preconiza que:
área, utilizando como palavras-chave criança, “(...) com as condições psicofísicas
Benefícios do esporte 89

extremamente favoráveis para a aquisição aumento do conteúdo mineral ósseo e massa


de habilidades motoras – a ampliação do óssea, sendo estes efeitos mais aparentes em
repertório motor e a melhora das habilidades esportes de suporte do peso corporal, como por
coordenativas que estão no centro de exemplo, o voleibol15, a corrida, o futebol, a
formação esportiva, na fase escolar -, devem ginástica, do que em esportes de não suporte
ser utilizadas na aprendizagem da técnica
do peso corporal, como a natação5.
esportiva básica primeiramente a
coordenação grosseira, refinando-a
Em relação à altura associada à
posteriormente”. participação esportiva e o treinamento para o
esporte, Mafulli et al5 afirma que não há qualquer
Conforme a Federação Internacional de efeito aparente em altura ou à taxa de
Medicina Esportiva3, as habilidades motoras, as crescimento nas crianças saudáveis e
habilidades pessoais e as necessidades sociais adequadamente nutridas. Em um estudo
da criança devem ser estimuladas através do longitudinal 16 com várias modalidades
esporte. Somente quando as crianças puderem esportivas, onde as mesmas crianças são
adquirir a consciência desta soma de atributos, seguidas por um curto prazo de tempo, os
terão a motivação necessária para atingir um atletas (voleibol, mergulhadores, corrida de
bom desempenho esportivo. Reforçando essas fundo e basquetebol), apresentaram valores
indicações, Filin12 indica que no processo de médios de estatura similares às crianças não-
treinamento com as crianças devem ser atletas.
priorizados como objetivos o desenvolvimento A questão da influência do esporte na
das qualidades físicas, a formação dos hábitos estatura e na composição óssea da criança
motores e a assimilação dos conhecimentos, o ainda é bastante complexa, envolvendo fatores
que pode proporcionar à criança utilizar com mecânicos como intensidade do treinamento e
êxito os ganhos da cultura física e do desporto tipo de esporte, além de fatores nutricionais,
nas atividades da vida diária. hormonais e genéticos17. O treinamento físico
Existem várias modificações é de particular importância para a integridade
fisiológicas para as crianças decorrentes do do tecido ósseo, pois níveis minerais
treinamento físico. Existe a possibilidade de estabelecidos durante a infância e a
haver a hipertrofia do músculo cardíaco e de adolescência podem ser importantes
suas fibras e conseqüente ganho de força de determinantes do estado mineral ósseo na
contração 13 , proporcionando a queda na maioridade5.
freqüência cardíaca. Também podem existir Quanto à maturação sexual em
benefícios na circulação periférica e no retorno meninas atletas, não há evidências de que o
venoso. O sistema endócrino elimina a gordura treinamento esportivo acelere ou retarde a
excedente e, no diabetes há a diminuição das maturação, nem o crescimento das mamas e
necessidades de insulina exógena. O sistema dos pêlos púbicos18. Também não há evidência
digestivo se beneficia quando acompanha uma para afirmar que o treinamento retarde a
alimentação mais saudável e proporcional às adrenarca e prolongue o estado pré-púbere ou
necessidades orgânicas para o bom que atrase a menarca em meninas atletas em
desempenho esportivo e com horários comparação às não atletas19. Entre os fatores
preestabelecidos, em função dos horários de que podem influenciar a menarca estão a
treinamento. tendência familiar para a maturação posterior
Níveis toleráveis de exercício e o das atletas ou a variação da idade da menarca
treinamento esportivo moderado parecem pelo número de crianças na família5. Sendo
estimular o crescimento físico normal3, 5 e atingir assim, não existe associação entre o
o padrão de crescimento geneticamente treinamento esportivo e a menarca tardia.
determinado 5,14 . Em indivíduos jovens Então, o esporte para a criança pode
saudáveis, os efeitos positivos do treinamento trazer benefícios físicos, sociais, psicológicos
físico se sobrepõem a quaisquer efeitos e motores. Porém, devem ser respeitados os
negativos e anulam os fatores de risco limites de treinamento compatíveis ao
relacionados ao crescimento3. desenvolvimento da criança, pois o treinamento
O treinamento físico regular durante a físico moderado é indicado para estimular o
infância e adolescência é associado com o crescimento físico saudável.
90 Benetti et al.

O treinamento do voleibol específicos do esporte e da metodologia da


preparação física dos atletas12.
O treinamento é uma prática Para destacar a importância dos
sistematizada e especializada para um esporte diversos componentes da performance no
específico ou disciplina desportiva para o período voleibol, Nadeau e Peronnet22 desenvolveram
de um ano, ou para programas experimentais uma listagem destacando os principais
em curto prazo específicos. Eles são componentes, de modo que a importância
normalmente específicos, como, por exemplo, relativa dos aspectos foi dada através de notas
treinamento de resistência muscular, de 1 a 5 (considerando 5 o componente de
treinamento de habilidades esportivas, maior importância, e 1 o de menor importância),
treinamento de flexibilidade, e variam em conforme a avaliação subjetiva do autor, e está
intensidade e duração conforme a reproduzido na figura 1.
especificidade do esporte5.
O treinamento de voleibol competitivo Força muscular no voleibol
para crianças até doze anos é realizado na
categoria denominada mini voleibol. Esta A força no voleibol se manifesta na
categoria caracteriza-se por ser jogada em uma forma de tensão máxima e velocidade nas
quadra adaptada, com a altura da rede menor contrações musculares23. O voleibol alterna
do que a padrão, e uma bola mais leve do que a atividade aeróbica e anaeróbica, requerendo
oficial. Neste jogo participam apenas três desempenho físico e energia para as exigências
jogadores. Ele é praticado com o objetivo do esporte24. Além da força, o atleta deve possuir
principal de a criança desenvolver as ações flexibilidade, potência, agilidade e
técnicas e táticas básicas do voleibol, de acordo condicionamento aeróbio para a prática do
com a idade. Jovens atletas podem aprender esporte24. O voleibol requer força de membros
habilidades motoras e de jogo mais fácil e inferiores, principalmente para saltos, sendo
rapidamente do que adultos. Além disso, essa esses movimentos básicos para a execução de
é uma boa faixa etária para reconhecer o talento bloqueios e cortadas25, a força de membros
precoce de crianças para o futuro superiores também é importante, basicamente
aproveitamento em equipes competitivas de para os ataques. Além disso, requer força de
clubes20. tronco, para compensar a tensão no ombro e
Mesquita 21 preconiza que o no braço durante o ataque. Para que um atleta
desenvolvimento multilateral do atleta no início de voleibol suporte altos níveis de exigência em
da sua formação é indispensável para obter uma partida, como prioridade, deve ser
futuramente elevados níveis de rendimento. desenvolvido o fortalecimento do corpo de forma
Como prioridades são descritas, a aquisição dos global26. Morrow et al.8, indicam que a força
conceitos técnicos esportivos e a consolidação muscular de membros superiores é bastante
das ações motoras para aumentar a utilizada no voleibol e que esta parece ser uma
Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho. Hum. 2005;7(2):87-93

autoconfiança e a motivação do jovem atleta. diferenciação entre os resultados das equipes.


Segundo Cordeiro20, os atletas de mini voleibol O fortalecimento muscular, juntamente
devem atender a algumas qualidades físicas com o alongamento antes e após o treinamento,
elementares para obter sucesso esportivo, tais é fundamental no voleibol, pois além de
como: força, velocidade e agilidade. Também aumentar a força muscular e a flexibilidade,
são necessários uma boa amplitude visual, tende a melhorar o sistema cardiopulmonar, a
pensamento tático, velocidade de reação, coordenação e a capacidade de resposta
atenção, espírito coletivo e motivação. muscular. Propicia ainda uma diminuição de
O treinamento de crianças faz parte da sobrecargas e, conseqüentemente, minimiza a
continuação da aprendizagem e nele formam- ocorrência de lesões 27. Mesquita 21 reforça
se condições morfológicas, funcionais, preconizando que um trabalho físico e
psicológicas e pedagógicas básicas sistematizado torna-se imprescindível na
necessárias para a especialização no desporto. formação do jovem atleta, pois dessa forma ele
O sucesso deste aperfeiçoamento é irá construir os alicerces para o desenvolvimento
condicionado pela união do processo de das capacidades motoras e, conseqüente-
assimilação da técnica dos movimentos mente, das aquisições específicas do voleibol.
Benefícios do esporte 91

Figura 1. A Importância dos componentes a serem púberes mesmo com baixos níveis de
desenvolvidos no voleibol. hormônios circulantes podem aumentar a força
muscular35.
1. Potência: força – velocidade (saltos, cortadas, etc) 4
O treinamento de força muscular para
2. Flexibilidade – relaxamento (ombros, pulsos) 3–
crianças pode auxiliar na melhora do
3. Resistência aeróbica 5
desempenho de habilidades motoras 32, nos
a) Aeróbica (manutenção da posição básica)
b) Anaeróbica (repetição de saltos, cortadas, etc) 2
testes motores de aptidão física como salto
4. Somatotipo 4
vertical e flexibilidade33,31,35, nos níveis de lipídeos
a) Altura sangüíneos35, nos parâmetros de saúde e na
b) Peso 5 redução de lesões em esportes e atividades
c) Tecidos (gordura / músculo) 2 recreativas37. Além disso, parece diminuir o
5. Coordenação nervosa – agilidade 3 estresse emocional e auxiliar na prevenção de
a) Concentração doenças músculo-esqueléticas de longa
b) Tempo de reação 5 duração, como lombalgias e osteoporose38.
c) Tempo de movimento 5 O tipo de treinamento poderia
d) Sincronização 5 influenciar nas respostas de ganho de força.
Técnica (execução)
Faigenbaum et al.30 avaliaram os efeitos de dois
Potência líquida (agonistas / antagonistas) 5
diferentes protocolos de treinamento de força
Equilíbrio 5
com crianças pré-púberes, um com volume alto
Relações temporo-espaciais 3
6. Psíquicos (concentração, motivação, inteligência, etc)
e cargas moderadas e outro com baixo volume
5
7. Técnica (Quantidade e qualidade dos elementos técnicos 5
e cargas altas a moderadas, em um período de
apresentados pelos jogadores)
onze semanas. Foram encontrados aumentos
8. Tática individual e coletiva (relações inter-individuais) 5 significativos da força muscular em relação ao
5 grupo controle para os dois diferentes protocolos
utilizados, sendo que o protocolo com alto
volume e intensidade moderada parece ser mais
Não foram encontrados estudos que
seguro para iniciar um treinamento de força
investigassem a força muscular em crianças
muscular com crianças.
pré-púberes atletas de voleibol. Encontram-se
Outra importância que pode ser dada
apenas estudos referentes à força muscular de
ao aumento da força muscular para crianças
atletas de voleibol púberes e pós-púberes
pré-púberes é em relação à melhora do
relacionados com testes de desempenho
desempenho esportivo. Faigenbaum et al.31
esportivo 28,25,29 , ou com parâmetros
aplicaram um programa de treinamento de força
antropométricos característicos de atletas de
de oito semanas em crianças pré-púberes de
voleibol24, 8.
ambos os gêneros. O grupo experimental obteve
um ganho significativo na força muscular de 10
Treinabilidade da força muscular em crian-
repetições máximas na extensão de joelho de
ças pré-púberes
64,5% e na flexão de cotovelo de 78,1%, e na
redução das medidas de composição corporal
Alguns estudos realizaram um
em comparação ao controle. Os autores
programa de treinamento de força em crianças
salientaram que os altos ganhos na força
pré-púberes não atletas e encontraram
muscular podem também ser atribuídos ao
aumentos significativos na força muscular
condicionamento esportivo das crianças, que
destas em relação ao grupo controle,
participavam regularmente de atividades
principalmente nos testes de 1RM e em testes
esportivas ao longo do estudo.
isocinéticos e isométricos de extensão de joelho
Parece não existir danos às epífises
e flexão de cotovelo 30,31,32,33.34,35 . A esse
ósseas, aos ossos e aos músculos em
desenvolvimento da força muscular, foram
crianças pré-púberes como resultados do
atribuídas, predominantemente, as adaptações
treinamento de força, e quando houve lesões,
neurais, e também parece estar associado a
foram em atividades esportivas ou de vida
um crescente aumento no número de ativação
diária33. Também não há evidências de que o
e no recrutamento das unidades motoras36, 32,
treinamento de força muscular para crianças
35
, porém sem o aumento da área de secção
prejudique seu crescimento em estatura33, 34.
transversa do músculo. Portanto, meninos pré-
92 Benetti et al.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 6. Beunen G, Thomis M. Muscular strength


development in children and adolescents.
Este artigo de revisão descreveu Champaign. Ped Exerc Sci 2000;(12):174-97.
através da literatura consultada, os benefícios 7. Falk B, Tenenbaum G. The effectiveness of
resistance training in children: a meta-analysis.
da prática esportiva e do treinamento de voleibol
Sports Med 1996;(22):176-86.
para crianças, focalizando o estágio
8. Morrow JR Jr, Jackson AS, Hosler WW, Kachurik
maturacional pré-púbere. JK. The importance of strength, speed, and body
O voleibol para crianças tem como size for team success in women’s intercollegiate
objetivo principal desenvolver as técnicas e volleyball. Res Q 1979;(50):429-437.
táticas motoras básicas da modalidade. Os 9. Weineck J. Manual de Treinamento Esportivo. São
voleibolistas necessitam possuir algumas Paulo: Manole; 1986.
exigências específicas do esporte, como força, 10. Zílio A. O conteúdo educacional do esporte. Revista
velocidade e agilidade, pois estas são Movimento 1994;6-9.
consideradas elementares para o sucesso 11. Weineck J. Biologia do Esporte. São Paulo:
esportivo. Em função dessas exigências do Manole; 2000.
12. Filin VP. Desporto Juvenil, Teoria e Metodologia,
voleibol, torna-se necessário o desenvolvimento
Londrina: Centro de Informações Desportivas;
de um programa de treinamento de força 1996.
muscular. Conforme estudos pesquisados, este 13. Carazzato JG. A criança e o esporte: idade ideal
programa de treinamento além de aumentar a para o início da prática esportiva competitiva. Rev
força muscular, tende a auxiliar na melhora do Bras Med Esporte 1995;(1):97-101.
desempenho esportivo, na coordenação 14. Matsudo SM, Paschoal VCP, Amâncio OMS.
muscular e na redução das lesões esportivas. Atividade física e sua relação com o crescimento
Os estudos sugerem a necessidade e e a maturação biológica em crianças. Cadernos
a eficácia de um programa de treinamento de de Nutrição 1997;1-12.
força muscular associado à prática esportiva, 15. Karam FC, Meyer F, Souza ACA. Esporte como
prevenção de osteoporose: um estudo da massa
pois assim as crianças tendem a ter benefícios
óssea de mulheres pós-menopáusicas que foram
físicos, sociais, psicológicos e motores. É atletas de voleibol. Rev bras med esporte
importante respeitar os limites da criança, e o 1999;(5):86-96.
treinamento deve estar de acordo com o seu 16. Malina R.M. Physical growth and biologic
desenvolvimento motor e psicológico. maturation of young athletes. Exerc Sport Sci Rev
Para a otimização do rendimento 1994; (22): 389-434.
esportivo e dos benefícios do treinamento físico, 17. Pacheco I, Meyer F. A influência do esporte na
é necessário compreender os benefícios da estatura final em crianças. Perfil 2001;19-24.
prática esportiva, as exigências específicas do 18. Bayley DN & Mirwald RL. The effects of training
voleibol e as formas de realizar um programa on the growth and development of the child. In:
MALINA, R. M. Young athletes. Champaing:
de treinamento de força muscular apropriado
Human Kinetics; 1988; 253-271.
para o estágio maturacional dos jovens atletas.
Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho. Hum. 2005;7(2):87-93

19. Geithner et al. The effects of training on the growth


and development of the child. In: MALINA, R. M.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Young athletes. Champaing, Human Kinetics,
1988; 253-271
1. Canfield J, Reis C. Aprendizagem Motora no 20. Cordeiro CF. Mini-voleibol: um método de iniciação.
Voleibol. Santa Maria: JEC Editora; 1998. In: Voleibol, Curso de Treinadores Nível I. Porto
2. Wilmore JH, Costill DL. Fisiologia do Esporte e do Alegre, 1997:57-62.
Exercício 2ª ed. São Paulo: Manole; 2001. 21. Mesquita I. Processo de formação do jovem
3. FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE MEDICINA jogador de voleibol. Lisboa: Centro de Estudos e
ESPORTIVA. Treinamento físico excessivo em Formação Desportiva; 2002.
crianças e adolescentes. Rev bras med esporte 22. Nadeau M, Peronnet F. Fisiologia Aplicada a
1997;(3):122-124. Atividade Física, São Paulo: Manole; 1985.
4. Suvorov YP, Grishin ON. Voleibol Iniciação. 3ª ed. 23. Schutz, L. K. Volleyball. Phys Med Rehabil Clin N
Rio de Janeiro: Sprint; 1998. Am 1990; (10): 19-34.
5. Maffulli NMD, Baxter-Jones ADG, Thompson AM, 24. Almeida TA, Soares EA. Perfil dietético e
Malina RM. Growth and maturation in elite young antropométrico de atletas adolescentes de
female athletes. Sports Medicine & Arthroscopy voleibol. Rev Bras Med Esporte 2003;(9):191-197.
Review: The Female Athlete 2002;(10):42-49. 25. Tricoli VA, Barbanti VJ, Shinzato GT. Potência
Benefícios do esporte 93

muscular em jogadores de basquetebol e voleibol: 32. Ramsay JA, Cameron JR, Blimkie KS, Garner RS,
relação entre dinamometria isocinética e salto Macdougal JD, Sale DG. Strength training effects
vertical. Rev Paul Ed Física 1994;(8):14-27. in prepubescent boys. Med Sci Sports Exerc
26. Butler R, Rogness K. Strength training for the young 1990;(22):605-614.
volleyball player. NSCA 1983;66-68. 33. Rians CB, Weltman A, Cahill BR, Janney CA,
27. Malta M, Nascimento LF. Prevenção no vôlei é Tippett SR, Katch, F. I. Stength training for
um caminho para o alto nível. Revista Vôlei prepubescent males: Is it safe? Am J Sports Med
Técnico 1995;21-26. 1987;(15):483-89.
28. Smith DJ, Shelley S, Kilb B. Effects of resistance 34. Sandres E, Eliakim A, Constantini N, Lidor R, Falk
training on isokinetic and volleyball performance B. The effect of long-term resistance training on
measures. J Appl Sport Sci Res 1987;(1):42-44. anthropometric measures, muscle strength, and
29. Ugrinowitsch C, Barbanti VJ, Gonçalves A, Peres self concept in pre-pubertal boys. Ped Exerc Sci
BA. Capacidade dos testes isocinéticos em 2001;(13):357-72.
predizer a “performance” no salto vertical em 35. Weltman A, et al. The effects of hydraulic
jogadores de voleibol. Rev Paul Ed Física resistance strength training in pre-pubertal males.
2000;(14):172-83. Med Sci Sports Exerc 1986;(18):629-38.
30. Faigenbaum AD, Westcott WI, Loud Rl, Long C. 36. Blimkie CJR. Resistance training during
The effects of different resistance training protocols preadolescence. issues and controversies. Sports
on muscular strength and endurance development Med 1993;(15):389-407.
in children. Pediatrics 1999;(104):1-7. 37. Faigenbaum AD. Strength training for children and
31. Faigenbaum AD, Zaichkowsky LD, Westcott WL, adolescents. Pediatric and Adolescent Sports
Micheli LJ, Fehlandt AF. The effects of a twice-a- Injuries 2000;(19):593-619.
week strength training program on children. Ped 38. Oliveira AR, Gallagher JD. Treinamento de força
muscular em crianças: novas tendências. Rev Bras
Exerc Sci 1993;(5):339-346.
Ativ Fis e Saúde, 1997;(2):80-90.

Endereço para correspondência Recebido em 15/03/05


Patrícia Schneider Revisado em 15/05/05
Escola de Educação Física – LAPEX Reapresentado 06/06/05
Felizardo, 750. Aprovado em 19/08/05
CEP: 90690-200
Jardim Botânico - Porto Alegre – RS
schneiderpatricia@yahoo.com.br

Você também pode gostar