Agrupamento de Escolas

Professor Reynaldo dos Santos

2021/2022

BIOLOGIA 12º ano turma A

novembro, 2021
Ciclo uterino dos mamíferos: estudo comparativo entre os vários grupos de
indivíduos
Bruna Antunes, nº3; Madalena Oliveira, nº17; Maria Ferreira, nº19

Ciclo menstrual

O ciclo menstrual é constituído por dois ciclos: o ciclo ovário

(fig.1) e o ciclo uterino (fig.2). A média da duração do ciclo
menstrual, ou seja, o intervalo entre uma menstruação e
outra, é habitualmente de 28 dias. No entanto, este é um
valor indicativo e médio (Santos, 2020).

O ciclo ovárico divide-se em duas fases. Fase folicular e fase

luteínica.

A fase folicular corresponde ao desenvolvimento de 6 a 12 Figura 2 - Ciclo uterino (CienTIc, 2015).

folículos ovários que iniciam, mensalmente, o processo de
maturação. Apenas um dos folículos conclui a maturação,
degenerando os restantes. Termina com a ovulação. As
células foliculares e a teca interna produzem estrogénios.
Já a fase luteínica corresponde à formação, evolução e
regressão do corpo amarelo. Este produz progesterona e
alguns estrogénios.
Fol ículo terciário
Fol ículo secundário
Fol ículo primário
Fol ículos primordiais
A fase menstrual corresponde à fase em que ocorre a
desagregação parcial do endométrio, por contração e
rompimento dos vasos sanguíneos, ficando este reduzido a
1mm de espessura. As hemorragias, juntamente com os
restos da mucosa, constituem um fluxo que é expulso entre
1º e o 5º dia do ciclo - a menstruação. A menstruação ocorre,
caso não tenha ocorrido fecundação no ciclo anterior, pela
degeneração do corpo amarelo, que deixa de produzir
progesterona (fig.3) e estrogénios (fig.4) (CienTIc, 2015).

Regressão do
corpo a marelo Fol ículo maduro

Ovul ação
Corpo a marelo (l i bertação do oócito II)

Desenvolvimento do corpo amarelo

Figura 1 - ciclo ovárico (Nepomuceno, 2001)

Figura 3 - Hormona progesterona (Shutterstock, 2005)
Junto com o ciclo ovárico ocorre o ciclo uterino (fig.2). As
Já a fase proliferativa corresponde à proliferação de células
hormonas ováricas vão provocar no endométrio
do endométrio, que se regenera e vasculariza até atingir
(revestimento uterino) alterações. Estas modificações
6mm de espessura. Desenvolvem-se glândulas. Ocorre entre
permitem, em cada mês, preparar o útero para uma possível
gravidez, e dividem-se em 3 fases: proliferativa, secretora e o 5º e o 14º dia do ciclo. Coincide com a fase folicular do
ovário. No final desta fase ocorre a ovulação. O crescimento
menstrual (Neto & Soares, 2016).
do endométrio é estimulado pelo estrogénio (CienTIc, 2015).
2 Ciclo uterino dos mamíferos: estudo comparativo entre os vários grupos de indivíduos
Figura 4 - Hormona estrogénio (Shutterstock, 2005)
E, a fase secretora coincide com o estádio em que o
endométrio atinge a máxima espessura (até 8mm) e
vascularização. As glândulas apresentam atividade secretora
produzindo um muco rico em glicogénio. Coincide com a fase
luteínica do ovário e é estimulada pela ação conjunta do
estrogénio e do progesterona. Ocorre entre o 14º e o 28º dia
do ciclo (CienTIc, 2015).
Contudo, o ciclo uterino não ocorre em todos os mamíferos.
Ocorrendo exclusivamente na espécie humana (mulheres),
nos primatas, nos morcegos, no elefante musaranho e no
rato espinhoso. Já a maioria dos mamíferos (de que são
exemplo: cadelas, gatas, ovelhas, cabras, coelhas, éguas,
porcas, vacas e jumentas) possuem ciclo estral.
Ciclo estral
O ciclo estral equivale ao espaço de tempo compreendido
entre dois estros/cios, de duração variável (normalmente
em torno de 20 dias). Caracteriza-se, também, por
modificações, tanto internas quanto externas, ao nível do
órgão genital, assim como no comportamento da fêmea
(Fisiovet, 2001).
O ciclo estral recebe esta denominação por apresentar o
estro (cio) numa das suas fases. A duração varia consoante a
espécie. De acordo com a duração do cio/estro, podemos
classificar os animais em:
 Poliéstricos estacionais - apresentam vários ciclos, mas
em um único período, por exemplo, na primavera e no
verão, é o caso da égua ou no outono inverno, caso da cabra
e da ovelha; (Garcia, 2008)
 Poliéstricos não estacionais - as fêmeas poliéstricas
apresentam vários ciclos ao ano que se repetem
ininterruptamente como por exemplo a vaca, a porca, a
coelha, a rata e a cobaia; (Garcia, 2008)
 Monoéstricos - nas fêmeas monoéstricas ocorre um
único ciclo anual, como no caso dos animais selvagens;
(Garcia, 2008)
 Diéstricos - espécies diéstricas são aquelas que
apresentam dois ciclos por ano, como por exemplo a cadela
e a gata com algumas exceções; (Garcia, 2008)
O ciclo estral está dividido em cinco fases, porém nem todos
os animais realizam todas as fases. As fases são:
 Proestro ou Fase de Proliferação ou de Fase de
hiperplasia glandular
Nesta fase cuja, duração varia de 2 a 6 dias na égua (fig.5), 2
a 3 em ruminantes e porcas e 4 a 12 dias na cadela, ocorre o
crescimento e a maturação folicular pela ação do FSH com
consequente aumento na secreção de estrogénios. No útero
tem lugar uma intensa proliferação celular caracterizada
sobretudo pelo crescimento e hiperplasia das glândulas. É
um período em que o útero se prepara para o cio/estro
(Fonseca, 2005).
Figura 5 - Ciclo estral da égua. P - Proestro, E- Estro, M -
Metaestro, D - Diestro (Garcia, 2008)
 Estro ou cio ou Fase de produção de estrogénios
“Estro” ou “cio”, normalmente, referido como dia zero do
ciclo estral, é o período da fase reprodutiva do animal, no
qual a fêmea apresenta sinais de recetividade sexual, ou
seja, é o período propício para que o óvulo seja fecundado-
período estral ou cio. O período estral ou cio é uma fase de
intensa produção hormonal (sendo este o fator que torna os
animais propensos e determinados a reproduzir) e em que,
à semelhança do que acontece no ser humano, as hormonas
são reguladas principalmente por duas estruturas: o
hipotálamo e a hipófise. O hipotálamo (estrutura presente
no encéfalo) é responsável pela produção da hormona
libertadora de gonadotropinas (GnRH). Após ser produzido
pelo hipotálamo, o GnRH difunde através dos capilares para
o sistema hipofisário até às células da hipófise inferior. Ao
chegar à hipófise, o GnRH estimula a produção e a secreção
das hormonas FSH e LH, que controlam o desenvolvimento
folicular e esteroidogénese (processo de produção de
3 Ciclo uterino dos mamíferos: estudo comparativo entre os vários grupos de indivíduos

esteroides, tais como estrogénio e progesterona), atingindo começam os fenómenos proliferativos do útero (Ribeiro,
a secreção de estrogénios que levam ao comportamento de 2009).
estro (recetividade sexual) (Fonseca, 2005).
 Anestro
 Metaestro ou Fase luteínica
Consiste no período de inatividade sexual, é o espaço de
Esta fase tem a duração de 10 dias (fig.6) na vaca e de 3-4 intervalo entre um cio e outro em espécies monoéstricas e
semanas na cadela. Caracteriza-se pela formação do corpo diéstricas. Na égua e outras fêmeas sazonais pode durar até
lúteo, pelos estrógenos em declínio e pela progesterona em 6 meses e na cadela de 3-6 meses (fig.7) (Ribeiro, 2009).
elevação, havendo preparação da mucosa para a
implantação. Pode haver hemorragias mais intensas na
égua, vaca e porca do que em animais como ovelhas e
cabras. Na fase da gravidez o ciclo fica interrompido, sendo
somente retomado depois do nascimento, após o puerpério,
período que consiste na reorganização tecidual uterina
(involução puerperal do útero). A duração do puerpério é de
6-8 semanas na cabra e na ovelha, por volta de 4 meses (até
o próximo período do cio) em carnívoros, de 7-25 dias na
égua, 1-4 semanas na porca e de 3-8 semanas em
vacas (Ribeiro, 2009).

Figura 7 - Ciclo estral da cadela. P - Proestro, E- Estro, M -

Metaestro, D - Diestro, A - Anestro. (Garcia, 2008)

Síntese comparativa entre o ciclo uterino e ciclo

estral canino

- Enquanto que o ciclo da mulher é, em média, de 28 dias o

ciclo da cadela dura certa de 5 a 15 dias (cio);

- No ciclo menstrual existem apenas 3 fases (Menstrual,

Proliferativa e Secretora) enquanto que na cadela existem 5
(Proestro, Estro, Metaestro, Diestro e Anestro);
Figura 6 - Ciclo estral da vaca. P - Proestro, E- Estro, M -
Metaestro, D - Diestro (Garcia, 2008)
- O sangramento que ocorre em animais como a cadela
acontece, porque no período anterior ao cio (Proestro), há
 Diestro ou Fase de Regressão
liberação de uma grande quantidade de hormonas, o que faz
Não havendo fecundação, o corpo lúteo sofre involução e o com que o fluxo sanguíneo aumente. Em virtude do intenso
útero sofre fenómenos regressivos, através do bloqueio da fluxo sanguíneo, pode ocorrer o rompimento de vasos
secreção das glândulas uterinas e do desaparecimento das sanguíneos e a consequente eliminação de sangue;
suas sinuosidades. Mesmo com o bloqueio da secreção não
- Ao contrário do que acontece no ser humano, o sangue
há desagregação da mucosa, nem mesmo na cadela, e nem
expelido pelas fêmeas caninas seduz/atrai o macho, para
lesões microscópicas e hemorragias, como ocorre na
que se dê a cópula; o sangue que estas fêmeas expulsam não
menstruação (Ribeiro, 2009).
é designado por menstruação;
A duração do diestro é muito variável, em ruminantes, uma
- O endométrio destes mamíferos renova-se de uma forma
semana, égua e porca de 5-6 dias e na cadela e outros
diferente da do endométrio da mulher. Quando não ocorre
animais diéstricos segue um estágio de repouso de vários
a implantação do embrião, o endométrio é reabsorvido pelo
meses depois das 8-9 semanas que dura a fase de regressão,
útero e não é eliminado pela vagina. Já no caso da mulher, o
até que se inicia uma nova maturação de folículos e
4 Ciclo uterino dos mamíferos: estudo comparativo entre os vários grupos de indivíduos

endométrio é expelido pelo canal vaginal caso não ocorra https://www.infoescola.com/biologia/ciclo-

fecundação. estral/

Referências Santos, R. (12 de 11 de 2020). Fases do ciclo menstrual.

ciclo menstrual. Obtido em 03 de 11 de 2021,
de
CienTIc. (01 de 09 de 2015). Sistema Reprodutor https://www.saudebemestar.pt/pt/clinica/gin
Feminino. Ciclo uterino. Obtido em 01 de 11 de ecologia/fases-do-ciclo-menstrual/
2021, de
Shutterstock. (17 de 09 de 2005). Obtido em 03 de 11
https://www.cientic.com/portal/index.php?o de 2021, de
ption=com_content&view=article&id=112%3 https://www.shutterstock.com/es/search/pro
Adiapositivos-de-sistema-reprodutor- gesterona
feminino&catid=35%3Areproducao-e-
manipulacao-da-fertilidade&Itemid=109

Fisiovet. (2001). REPRODUÇÃO NAS FÊMEAS. Obtido

em 06 de 11 de 2021, de
http://fisiovet.uff.br/wp-
content/uploads/sites/397/delightful-
downloads/2018/07/Reprodu%C3%A7%C3%A
3o-nas-f%C3%AAmeas.pdf

Fonseca, J. (2005). Estratégias para o controle do ciclo

estral e superovulação em ovinos e caprinos.
ciclo estral. Obtido em 06 de 11 de 2021, de
https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstrea
m/doc/854509/1/AACEstrategiasparaocontrol
e.pdf

Garcia, S. (2008). Ciclo sexual. Características dos ciclos

estral e menstrual. Obtido em 06 de 11 de
2021, de
https://aprender.ead.unb.br/pluginfile.php/1
19534/mod_resource/content/2/2-
%20Ciclo%20sexual.pdf

Nepomuceno, J. (13 de 05 de 2001). Reprodução

Humana. ciclo ovárico. Obtido em 03 de 11 de
2021, de https://origen.com.br/o-que-sao-
foliculos-ovarianos/

Neto, M., & Soares, B. (13 de 05 de 2016). O Ciclo

Sexual da Mulher. Ciclo uterino. Obtido em 01
de 11 de 2021, de
http://www.metis.med.up.pt/index.php/O_Ci
clo_Sexual_da_Mulher

Ribeiro, P. (2009). ciclo estral. ciclo reprodutivo. Obtido

em 07 de 11 de 2021, de