Você está na página 1de 93

AFO

LRF – Parte I

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
AFO
LRF – Parte I

Sumário
Manuel Piñon

Apresentação. . .................................................................................................................................. 4
LRF – Parte I...................................................................................................................................... 5
1. Regimes Fiscais Transitórios e Extraordinários – Efeitos na LRF..................................... 5
1.1. Medidas de Combate à Pandemia (CoviD-19) – Introdução. . ............................................ 5
1.2. Estado de Calamidade Pública e o Decreto Legislativo n. 6/2020.. ............................... 5
1.3. Orçamento de Guerra – EC n. 106/2020. . ............................................................................. 7
1.4. Lei Complementar – LC n. 173/2020..................................................................................... 8
1.5. Leis Complementares n. 177/2021 e n. 178/2021.. ............................................................ 14
1.6. EC n. 109/2021 – Regimes Fiscais Transitórios e Extraordinários................................15
2. Introdução ao Estudo da LRF...................................................................................................15
2.1. Aspectos Iniciais. . .....................................................................................................................15
2.2. Abrangência. . ............................................................................................................................19
2.3. Pressupostos.. ..........................................................................................................................21
2.4. Princípios................................................................................................................................. 23
3. Equilíbrio das Contas Públicas............................................................................................... 26
4. Planejamento e Processo Orçamentário. . ............................................................................ 27
4.1. PPA e LDO. . ................................................................................................................................ 27
4.2. Anexo de Metas Fiscais da LDO.. ......................................................................................... 29
4.3. Anexo de Riscos Fiscais da LDO.......................................................................................... 33
4.4. Lei Orçamentária Anual (LOA)............................................................................................. 36
5. Resultado Nominal e Resultado Primário............................................................................ 38
6. Execução Orçamentária e Cumprimento de Metas............................................................ 41
7. Receita Pública...........................................................................................................................44
7.1. Receita Corrente Líquida (RCL).............................................................................................46
7.2. Renúncia de Receita................................................................................................................51
8. Despesa Pública – Parte I........................................................................................................ 54
8.1. Geração da Despesa............................................................................................................... 54

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 2 de 93
8.2. Despesa Obrigatória de Caráter Continuado (DOCC).. .................................................... 56
8.3. A Regra de Ouro...................................................................................................................... 59
Resumo.............................................................................................................................................64
Mapas Mentais............................................................................................................................... 69
Questões de Concurso.................................................................................................................. 74
Gabarito.............................................................................................................................................91
Referências...................................................................................................................................... 92

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Apresentação
Olá, amigo(a) concurseiro(a)!
O nosso objetivo hoje é conhecer a primeira parte dos principais pontos da Lei de Respon-
sabilidade Fiscal (LRF) que poderão ser cobrados em nossa prova.
Quero chamar a sua atenção para que tente se concentrar ao máximo nesta aula. Vamos
conhecer vários detalhes da LRF e, para isso, seu foco deve estar voltado completamente para
a nossa aula. Assim, minha sugestão é colocar o celular no modo “avião” e se desligar comple-
tamente das redes sociais e WhatsApp.
Como disse Norman Peale: “[...] o pensamento positivo pode vir naturalmente para algu-
mas pessoas, mas também pode ser aprendido e cultivado. Mude seus pensamentos e você
mudará o mundo”.
Então, pense positivo, acredite que você vai passar e comece melhorando hoje a sua con-
centração na hora de estudar.
Desejo que tenha um excelente aproveitamento.
Vamos nessa!

Prof. Manuel Piñon

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 4 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

LRF – PARTE I
1. Regimes Fiscais Transitórios e Extraordinários – Efeitos na LRF
Antes de iniciarmos os estudos do conteúdo da LRF, é importante sabermos que com o au-
mento da necessidade de recursos públicos para adoção de medidas de combate à pandemia
da COVID-19, surgiu também a necessidade de flexibilizar temporariamente parte das regras
impostas pela LRF.
Dessa forma, esse tópico da aula contempla um breve resumo das principais alterações na
legislação que impactaram a aplicação de alguns artigos da LRF, sendo alguns apenas durante
o estado de calamidade pública da COVID-19 (até 31/12/2020) e outros de forma permanente.

1.1. Medidas de Combate à Pandemia (CoviD-19) – Introdução


Em um momento delicado como o que o mundo vive atualmente no combate à Pandemia
(COVID-19), o orçamento público passa a ser uma ferramenta de gestão governamental ainda
mais importante.
Nesse contexto, algumas medidas legislativas foram adotadas no sentido de dotar o gas-
to público de maior flexibilidade e agilidade, tendo em vista a urgência das medidas inerentes
a esse enfrentamento inédito.
Vamos traçar aqui um histórico dessas medidas, de modo a apresentar para cada uma
delas o seu conteúdo e o seu efeito nos dispositivos da LRF. Também ao longo das aulas va-
mos correlacionar, quando for o caso, os assuntos estudados com mudanças decorrentes das
medidas legislativas de combate à pandemia, bem como a evolução de nossa legislação até a
publicação da EC n. 109/2021, em 16/03/2021, no que diz respeito à flexibilização temporária
das regras relativas à responsabilidade fiscal em situações como a de uma pandemia.
Traçando um histórico, no dia 13/03/2020, por meio da Medida Provisória (MP) n. 924/2020
o governo abriu créditos extraordinários, decorrente de anulação de despesas, para aplicação
nas medidas de combate à pandemia.
Até aqui, nada demais.
Basicamente, com a legislação vigente até então, a utilização de Medidas Provisórias para
abrir créditos extraordinários seria a principal forma de ajustar os gastos públicos às novas ne-
cessidades da população em decorrência da pandemia. Entretanto, a gravidade da pandemia
da COVID-19 fez surgir uma nova legislação.

1.2. Estado de Calamidade Pública e o Decreto Legislativo n. 6/2020


Ciente da grave situação que iria ser enfrentada, o Presidente da República decretou esta-
do de calamidade pública, que foi reconhecido pelo Congresso Nacional por meio do Decreto

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 5 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Legislativo n. 06/2020 em 20/03/2020. Registre-se que o Decreto Legislativo n. 06/2020 va-


leu até 31/12/2020.

Note que nesse momento ainda tinha entrado no mundo jurídico a Lei Complementar (LC)
n. 173/2020 (adiante comentada), sendo o principal objetivo da decretação do estado de ca-
lamidade pública, por meio da mensagem enviada pelo Presidente da República, a dispensa do
atingimento dos resultados fiscais previstos no artigo 2º da Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) e da limitação de empenho disposta no artigo 9º da LRF.

 Obs.: no artigo 65 da LRF, já existia previsão para suspensão de alguns de seus dispositivos
em caso de calamidade pública.

Confira, com grifos nossos:

Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da
União, ou pelas Assembleias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdu-
rar a situação:
I – serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23, 31 e 70;
II – serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no
art. 9º.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de estado de defesa ou de sítio, decretado
na forma da Constituição.

Note, portanto, a situação de calamidade pública, quando oficialmente reconhecida pelo


Congresso Nacional (União) ou pelas Assembleias Legislativas (Estados e Municípios), en-
quanto perdurar a situação, serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabe-
lecidas nos artigos 23 (apuração das despesas com pessoal), 31 (apuração da dívida pública
consolidada) e 70 (sem aplicação atualmente) da LRF, sendo também dispensados o atingi-
mento dos resultados fiscais e a limitação de empenho.
O objetivo dessa flexibilização é dar ao gestor maior discricionariedade sobre os gastos,
viabilizando a liberação de recursos em detrimento do atingimento das metas fiscais, autori-
zando o governo a gastar ainda mais do que arrecada e aumentar o endividamento público,
enquanto vigente o estado de calamidade pública reconhecido pelo Congresso Nacional.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 6 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Outro ponto que merece destaque é o relativo à renúncia de receitas. Visando que os en-
tes busquem efetivar o equilíbrio fiscal, a LRF (artigo 14) torna difícil a renúncia de receitas,
exigindo que para isso o ente apresente um plano detalhado demonstrando as consequências
orçamentárias e financeiras sobre a perda inicial de arrecadação, bem como as respectivas
medidas para a compensar essa perda de arrecadação também nos 2 anos seguintes.

Exemplo: nesse sentido, por meio do Decreto n. 10.305/2020, a União concedeu isenção por
90 dias do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), visando reduzir o custo dos emprésti-
mos, sem precisar apresentar nenhum plano justificando essa medida.
Outro exemplo seria a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a aquisi-
ção de Respiradores.

1.3. Orçamento de Guerra – EC n. 106/2020


A Emenda Constitucional (EC) n. 106/2020 publicada em 07/05/2020 implantou em nosso
país o chamado regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações da UNIÃO para en-
frentamento de calamidade pública nacional decorrente de pandemia da COVID-19, trazendo
para a nossa matéria o chamado “Orçamento de Guerra”.

Fonte: https://sindjufse.org.br/conteudo/1850/camara-aprova-pec-do-orcamento-de-guerra-e-poupa-salario-dos-
-servidores

Importante destacar que a EC n. 106/2020 é uma Emenda Constitucional avulsa, ou seja,


uma emenda constitucional que não modifica o texto da CF/1988 e que tem vigência tempo-
rária limitada ao encerramento do estado de calamidade decorrente da pandemia (COVID-19),
reconhecida pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo (DL) n. 06/2020 até
31/12/2020.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 7 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

A EC n. 106/2020 dispensou a União ainda do cumprimento das limitações legais ao au-


mento de despesa e renúncia de receitas decorrentes da concessão de incentivos fiscais ou
benefícios tributários.
Em outras palavras, desde que não implique em aumento permanente de despesas, as
proposições legislativas e os atos do Poder Executivo que tenham o propósito exclusivo de
enfrentar a pandemia e suas consequências sociais e econômicas ficam dispensados da ob-
servância das limitações legais relativas a aumento de despesas e renúncia de receitas.
Note que a EC n. 106/2020 dispensou, durante a integralidade do exercício financeiro em
que vigore a calamidade pública nacional da pandemia (2020), a obrigatoriedade de atender
a chamada regra de ouro das finanças públicas. Em outros termos, o “orçamento de guerra”
autoriza que o governo realize operações de crédito para gastar mais com despesas correntes
como os salários dos profissionais de saúde e materiais de consumo como remédios e EPIs
(máscaras etc.).
Nessa toada, visando dotar de transparência as operações de crédito e os gastos públicos
relacionados ao enfrentamento da pandemia, o Ministério da Economia deve publicar, a cada
30 (trinta) dias, relatório com os valores e o custo das operações de crédito realizadas no pe-
ríodo de vigência do estado de calamidade pública nacional relativa à pandemia (COVID-19).
De acordo com EC n. 106/2020, as autorizações de despesas relacionadas ao enfrenta-
mento da calamidade pública nacional decorrente da pandemia (COVID-19) e de seus efeitos
sociais e econômicos deverão ser separadamente avaliadas na prestação de contas do Presi-
dente da República e evidenciadas, até 30 (trinta) dias após o encerramento de cada bimestre,
no Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO).

1.4. Lei Complementar – LC n. 173/2020


Chegamos agora à edição da LC n. 173, de 27/05/2020, que estabeleceu o Programa Fe-
derativo de Enfrentamento ao Corona SARS-CoV-2 (COVID-19), e que, dentre outras medidas,
alterou os artigos 21 e 65 da LRF e suspendeu a aplicação de exigências de outros artigos da
LRF enquanto durarem os efeitos da Pandemia, ou melhor, enquanto o estado de calamidade
estiver valendo (31/12/2020).

Alguns dispositivos da LC n. 173/2020 somente vigoraram durante o período de calamidade


pública decorrente do combate à pandemia (até 31/12/2020).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 8 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

DICA!
Enquanto a EC n. 106/2020 e DL n. 06/2020 abarcam apenas
a União, a LC n. 173/2020 alargou a dispensa de exigências
fiscais aos demais entes federativos, incluiu novos dispositi-
vos na LRF e serviu também para socorrer os Estados, DF e
Municípios em relação ao crescente e enorme déficit público.

Com a LC n. 173/2020, tivemos o reforço do pacto federativo por meio do auxílio financei-
ro da União para Estados, Distrito Federal e municípios para ajudar no combate à pandemia
da Covid-19, suspendendo também o pagamento de suas dívidas para com a União, e também
medidas para equilibrar as contas públicas, especialmente, dos Estados, DF e Municípios.

DICA!
Falando em linguagem simples, de um lado a União enviou
dinheiro para os entes descentralizados, mas de outro tentou
dificultar que tais recursos não fossem devidamente aplica-
dos no combate à pandemia.

Vamos comentar as alterações (em sua maioria inclusões) no artigo 21 da LRF proporcio-
nada pela LC n. 173/2020, que acrescentou alguns dispositivos a esse importante artigo.
Confira primeiro a sua literalidade com grifos nossos:

Art. 21. É nulo de pleno direito: (Redação dada pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
I – o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda:
a) às exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar e o disposto no inciso XIII do caput do art.
37 e no § 1º do art. 169 da Constituição Federal; e (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
b) ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo; (Incluído pela Lei
Complementar n. 173, de 2020)
II – o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores
ao final do mandato do titular de Poder ou órgão referido no art. 20; (Redação dada pela Lei Comple-
mentar n. 173, de 2020)
III – o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a serem imple-
mentadas em períodos posteriores ao final do mandato do titular de Poder ou órgão referido no art.
20; (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
IV – a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder Executivo, por Presidente e demais
membros da Mesa ou órgão decisório equivalente do Poder Legislativo, por Presidente de Tribunal
do Poder Judiciário e pelo Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados, de norma legal con-
tendo plano de alteração, reajuste e reestruturação de carreiras do setor público, ou a edição de ato,
por esses agentes, para nomeação de aprovados em concurso público, quando: (Incluído pela Lei
Complementar n. 173, de 2020)

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 9 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon
a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do
mandato do titular do Poder Executivo; ou (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a serem implementadas em
períodos posteriores ao final do mandato do titular do Poder Executivo. (Incluído pela Lei Comple-
mentar n. 173, de 2020)
§ 1º As restrições de que tratam os incisos II, III e IV: (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de
2020)
I – devem ser aplicadas inclusive durante o período de recondução ou reeleição para o cargo de
titular do Poder ou órgão autônomo; e (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
II – aplicam-se somente aos titulares ocupantes de cargo eletivo dos Poderes referidos no art. 20.
(Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
§ 2º Para fins do disposto neste artigo, serão considerados atos de nomeação ou de provimento
de cargo público aqueles referidos no § 1º do art. 169 da Constituição Federal ou aqueles que, de
qualquer modo, acarretem a criação ou o aumento de despesa obrigatória. (Incluído pela Lei Com-
plementar n. 173, de 2020).

Fazendo a leitura desse artigo vemos que em linhas gerais a sua espinha dorsal é refor-
çar o controle de despesa total com pessoal dos entes federativos, não apenas para período
da pandemia.
Podemos ver ainda que é nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa
com pessoal e que não atenda:
• Às exigências de acompanhamento, para a criação, expansão ou aperfeiçoamento de
ação governamental que acarrete aumento da despesa, conforme definidos no artigo
16 da LRF:
− estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em
vigor e nos dois subsequentes; e
− declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária
e financeira com a LOA e compatibilidade com o PPA e com a LDO;
• Às exigências para a criação das despesas obrigatórias de caráter continuado con-
forme definidos no artigo 17 da LRF em que os atos que criarem as despesas ou as
aumentarem deverão ser instruídos com:
− estimativas do impacto orçamentário-financeiro, no exercício que deva entrar em vi-
gor e nos dois subsequentes;
− demonstração da origem dos recursos para seu custeio; comprovação de que a cria-
ção ou o aumento da despesa não afetará as metas de resultados fiscais previstas no
anexo de metas fiscais da LDO;
− compensação dos seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, pelo aumento
permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 10 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Aqui torna-se importante lembrar das exigências do § 1º do artigo 169 da CF/1988 que diz:

§ 1º a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, em-


pregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de
pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas:
I – se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pes-
soal e aos acréscimos dela decorrentes;
II – se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas
públicas e as sociedades de economia mista”.

Em outras palavras, podemos dizer que os aumentos de despesas com pessoal, só pode-
rão ser feitos se houver dotação na LOA suficiente para atender as despesas já existentes e
ainda aos novos acréscimos e se houver autorização específica na LDO (exceto para as em-
presas públicas e as sociedades de economia mista).
Por sua vez, o disposto no inciso XIII do artigo 37 da CF/1988 veda a vinculação ou equi-
paração de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
serviço público.
Além disso, também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com
pessoal nos 180 dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão.
Com a entrada em vigor da LC n. 173/2020 e das alterações provocadas na LRF, ficam ve-
dados os aumentos em despesas com pessoal em parcelas posteriores ao mandato.

Exemplo suponha que uma lei aprovada em 2020 por uma Prefeitura tenha programado aumen-
tos salariais escalonados em uma determinada carreira do serviço público da seguinte forma:
Ano 2020: 5%
Ano 2021: 10%
Ano 2022: 15%

Assim, com a nova redação do artigo 21 da LRF, aumentos só serão possíveis se todas
as parcelas do escalonamento do aumento ocorrerem dentro do mesmo mandato, ou seja, o
Chefe de Poder ou órgão não pode mais conceder aumentos escalonados se o último ano da
concessão ultrapassar o seu mandato.
Também o artigo 65 da LRF também sofreu modificações, em sua maior parte inclusões,
pela LC 173/2020. Assim, vamos apresentar a sua literalidade com grifos nossos e depois
comentar os principais pontos.

Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da
União, ou pelas Assembleias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdu-
rar a situação:
I – serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23, 31 e 70;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 11 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon
II – serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no
art. 9º.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de estado de defesa ou de sítio, decretado
na forma da Constituição.
§ 1º Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, nos termos de de-
creto legislativo, em parte ou na integralidade do território nacional e enquanto perdurar a situação,
além do previsto nos inciso I e II do caput: (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
I – serão dispensados os limites, condições e demais restrições aplicáveis à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, bem como sua verificação, para: (Incluído pela Lei Complementar
n. 173, de 2020)
a) contratação e aditamento de operações de crédito; (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de
2020)
b) concessão de garantias; (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
c) contratação entre entes da Federação; e (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
d) recebimento de transferências voluntárias; (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
II – serão dispensados os limites e afastadas as vedações e sanções previstas e decorrentes dos
arts. 35, 37 e 42, bem como será dispensado o cumprimento do disposto no parágrafo único do art.
8º desta Lei Complementar, desde que os recursos arrecadados sejam destinados ao combate à
calamidade pública; (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
III – serão afastadas as condições e as vedações previstas nos arts. 14, 16 e 17 desta Lei Comple-
mentar, desde que o incentivo ou benefício e a criação ou o aumento da despesa sejam destinados
ao combate à calamidade pública. (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
§ 2º O disposto no § 1º deste artigo, observados os termos estabelecidos no decreto legislativo
que reconhecer o estado de calamidade pública: (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
I – aplicar-se-á exclusivamente: (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
a) às unidades da Federação atingidas e localizadas no território em que for reconhecido o estado
de calamidade pública pelo Congresso Nacional e enquanto perdurar o referido estado de calamida-
de; (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
b) aos atos de gestão orçamentária e financeira necessários ao atendimento de despesas relacio-
nadas ao cumprimento do decreto legislativo; (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)
II – não afasta as disposições relativas a transparência, controle e fiscalização. (Incluído pela Lei
Complementar n. 173, de 2020)
§ 3º No caso de aditamento de operações de crédito garantidas pela União com amparo no disposto
no § 1º deste artigo, a garantia será mantida, não sendo necessária a alteração dos contratos de
garantia e de contragarantia vigentes. (Incluído pela Lei Complementar n. 173, de 2020)

Em primeiro lugar, note que com a alteração do parágrafo único, o artigo 65 passa a tratar
apenas de calamidade pública, ou seja, não abarca estado de defesa e estado de sítio.
Em segundo lugar, atente que para todos os entes públicos em situação de calamidade
pública ficam dispensados limites, restrições e condições para:
• 1) contratação e aditamento de operações de crédito e concessão de garantias, dis-
pensando assim, os artigos 8, 37 e 42 da LRF e de Resoluções do Senado Federal que
limitam tais operações. Ressalte-se que no caso de aditamento de operações de crédito

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 12 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

garantidas pela União com amparo nas exceções previstas no estado de calamidade
pública, a garantia será mantida, não sendo necessária a alteração dos contratos de
garantia e de contragarantia vigentes;
• 2) contratação entre entes da federação, dispensando, assim, a vedação prevista no
artigo 35 da LRF;
• 3) recebimento de transferências voluntárias, dispensando, assim, diversas regras da
LRF previstas no artigo 25 da LRF.

Também de acordo com a nova redação da LRF dada pela LC n. 173/2020, ficam afastadas
as condições e as vedações previstas no artigo 14 da LRF, relativos à concessão ou ampliação
de incentivo ou benefício de natureza tributária, desde que o incentivo ou benefício sejam
destinados ao combate à calamidade pública.
Também de acordo com a nova redação da LRF dada pela LC n. 173/2020, ficam afastadas
as condições e as vedações previstas no artigo 16 da LRF, desde que a criação ou o aumento
da despesa sejam destinados ao combate à calamidade pública.
Também de acordo com a nova redação da LRF dada pela LC n. 173/2020, ficam afastadas
as condições e as vedações previstas no artigo 17 da LRF, desde que a criação ou o aumento
da despesa sejam destinados ao combate à calamidade pública.
Ainda de acordo com a nova redação do artigo 65 da LRF, vemos que as exceções previs-
tas na LRF no estado de calamidade pública ficam limitadas ao tempo em que a calamidade
perdurar e só podem ser aplicadas onde for reconhecido o estado de calamidade, valendo
apenas para os atos de gestão orçamentária e financeira necessários ao atendimento de des-
pesas específicas relativas ao decreto legislativo de calamidade pública.
Além das mudanças na LRF e da ajuda financeira aos Estados, DF e Municípios, merecem
destaque as seguintes proibições trazidas pelo artigo 8º da LC n. 173/20 até 31/12/2021 para
todos os entes:
• Criação de cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa;
• Alterar estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
• Admitir ou contratar pessoal, sob qualquer título, salvo se essa admissão ou contrata-
ção não implicar aumento de despesa e for para:
− repor um cargo de chefia;
− repor um cargo de direção;
− repor um cargo de assessoramento;
− repor vacância de cargo efetivo;
− repor vacância de cargo vitalício;
− contratação temporária prevista no art. 37, XI, CF;
− contratação temporária para serviço militar;
− contratação de alunos de órgãos de formação de militares;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 13 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

• Realizar concurso público, exceto para as reposições de vacância anteriormente previs-


tas, ou seja, reposição de vacância de cargos efetivos ou vitalícios, de modo que não
poderá haver, assim, para novos cargos, mas apenas para aqueles que vagarem por
aposentadoria, morte, promoção etc.;
• Criar ou majorar auxílios e demais verbas para membros de Poder, do Ministério Público
ou da Defensoria Pública e de servidores e empregados públicos e militares, ou ainda de
seus dependentes, exceto quando derivado de sentença judicial transitada em julgado
ou de determinação legal anterior à calamidade.

1.5. Leis Complementares n. 177/2021 e n. 178/2021


Depois das alterações de 2020, começamos o ano de 2021 com alterações significati-
vas na LRF.
As Leis Complementares n. 177 e n. 178, publicadas respectivamente nos dias 12 e 13
de janeiro de 2021 alteraram vinte e um dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Essas mudanças referem-se especialmente aos dispositivos relativos às despesas com pes-
soal e a tentativa de uniformização na interpretação jurisprudencial dos conceitos que visam
estabelecer limites e condições para o equilíbrio e a sustentabilidade na gestão fiscal dos en-
tes públicos.
A LC n. 177/2021 alterou a LRF para vedar a limitação de empenho e movimentação fi-
nanceira das despesas relativas à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico
custeadas por fundo criado para tal finalidade. Para isso alterou o seu parágrafo 2º do artigo
9º, conforme abaixo com grifos nossos:

§2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais
do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, as relativas à inovação
e ao desenvolvimento científico e tecnológico custeadas por fundo criado para tal finalidade e as
ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.

A LC n. 178/2021, que estabeleceu o Programa de Acompanhamento e Transparência Fis-


cal e o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal, responsável pela maior parte das menciona-
das alterações (que serão apresentadas ao longo da parte teórica das aulas) procurou definir
alguns conceitos de maneira a reduzir a margem interpretativa de gestores e controladores.
Como exemplo, estabeleceu-se que para a apuração da despesa total com pessoal será ob-
servada a remuneração bruta do servidor, vedando deduções como a das parcelas do Imposto
de Renda Retido na Fonte. No que diz respeito à verificação do atendimento dos limites com
despesas com pessoal, foi vedada a dedução da parcela custeada com recursos aportados
para a cobertura do déficit financeiro dos regimes de previdência.
Ainda de acordo com LC n. 178/2021, os Poderes e órgãos devem apurar, de forma segre-
gada para aplicação dos seus limites próprios, a integralidade das despesas com pessoal dos
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 14 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

respectivos servidores inativos e pensionistas, mesmo que o custeio dessas despesas esteja
a cargo de outro Poder ou órgão. Além disso, foi concedido um prazo de dez anos, a partir de
2023, para o retorno ao limite dos Poderes e órgãos que estiverem com excesso de despesas
com pessoal ao final de 2021, após o qual, sujeitar-se-ão a sanções.

1.6. EC n. 109/2021 – Regimes Fiscais Transitórios e Extraordinários


Iniciado o ano de 2021, após um déficit público que bateu o “record” em 2021, em sua maior
parte decorrente das medidas de combate à pandemia da COVID-2019, como o Congresso Na-
cional não prorrogou a validade do Orçamento de Guerra por meio de novo Decreto Legislativo,
no dia 16/03/2021 foi publicada a Emenda Constitucional (EC) n. 109/2021 oriunda da PEC
186, também conhecida como PEC EMERGENCIAL, que foi amplamente divulgada pela mídia
por viabilizar a volta do pagamento do Auxílio Emergencial por parte do Governo Federal.
Importante saber que essa EC também alterou e trouxe também importantes dispositivos
de nossa Constituição que impactam diretamente as nossas aulas de AFO, Direito Financeiro
e Orçamento Público e criou os chamados regimes fiscais transitórios extraordinários. A EC
n. 109/2021 ainda não foi regulamentada, entretanto, mesmo ainda sem regulamentação, já
provocou alguns impactos em nossa LRF que deverão ser aumentados quando da sua regu-
lamentação.
Saiba, por enquanto, que por meio da EC n. 109/2021, foi criado o regime fiscal faculta-
tivo para Estados e Municípios. A ideia é que o Poder Executivo Estadual ou Municipal seja
pressionado nas renegociações com a União para a adotar tal regime. Também por meio da
EC n. 109/2021 foi criado o regime extraordinário na União em caso de pandemia, que abarca
regras permanentes que podem ser acionadas caso seja declarada calamidade pública.
Bem, vamos agora adentar no estudo da LRF!

2. Introdução ao Estudo da LRF


2.1. Aspectos Iniciais
Antes de mais nada, guarde que a LRF é a Lei Complementar de n. 101/2000, que foi apro-
vada em 2000, sendo interessante entendermos o contexto histórico do seu surgimento.

1980-1993 1994 Até 1999 1999-2002

Plano Real Crises econômicas


Alta inflação Ajuste fiscal
controle inflacionário aumento do endividamento

Necessidade de controle
2000
do endividamento e maior
Lei de Responsabilidade
transparência das finanças
Fiscal
públicas
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 15 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Nas décadas de 1980 e 1990, vivíamos um cenário econômico de inflação elevada e des-
controle das contas públicas, gerada em parte pelo aumento dos gastos públicos especial-
mente após a CF/1988.
Assim, para dar conta do crescente aumento de gastos públicos, o Estado usou de artifí-
cios para conseguir arcar com despesas maiores que as receitas arrecadadas, tais como o
aumento do endividamento público, seja via emissão de títulos públicos, seja via contratação
de empréstimos junto ao setor financeiro.
Também a inflação era um mecanismo de financiamento do déficit do Estado, via emissão
de papel moeda e via corrosão de valores de obrigações que não eram corrigidas pela infla-
ção gerada pelo postergamento dos pagamentos.
Com o advento do Plano e Real e a drástica redução da inflação, a real situação de des-
controle da contas públicas ficou mais evidente.
A nível internacional também existia todo um “clima” favorável ao surgimento de uma
norma como a LRF aqui no Brasil, que se baseou especialmente na Nova Zelândia com o seu
“Fiscal Responsibillity Act” de 1994.

Organização das Nações Unidas Fundo Monetário Internacional


Que há muitos anos tem Organismo do qual o Brasil é Nova Zelândia
incentivado e orientado aos estado-membro, e que tem edita- Por meio do Fiscal
países membros a utilização do do e difundido algumas normas de Responsibility Act, de 1994
“orçamento-programa”. gestão pública em diversos países.

Estados Unidos
Cujas normas de disciplina e controle
Comunidade econômica europeia
de gastos do governo central levaram
Por meio do Tratado de Maastricht.
à edição do Budget Enforcement Act,
aliado ao princípio de accountability.

Brasil
Lei Complementar n.101/2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal).

Nesse contexto surge a LRF como “Código de Boas Condutas Fiscais” buscando estabe-
lecer um novo paradigma para as finanças públicas de nosso país. Baseia-se nos princípios
da administração pública e tem como objetivos a diminuição da dívida pública, estabilização
dos preços, o desenvolvimento sustentável, dentre outros, de modo que o orçamento público

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 16 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

seja efetivamente mecanismo de limitação de gastos, organização estatal e representação


dos anseios sociais.
De acordo com a Doutrina, o seu objetivo foi a instrumentalização dos princípios norteado-
res da administração pública: legalidade, publicidade, moralidade, impessoalidade e eficiência,
a partir de um eixo de quatro premissas básicas: planejamento, transparência, controle e
responsabilização.
Ainda de acordo com a Doutrina, a LRF traz uma mudança de cultura no trato da coisa pú-
blica, mais especificamente do dinheiro púbico. Estabelece normas orientadoras das finanças
públicas no País e rígidas punições aos administradores que não mantiverem o equilíbrio de
suas contas.
A LRF regulamenta parte do artigo 163 e todo o contexto do artigo 169 da Constituição Fe-
deral de 1988 no capítulo relativo às finanças públicas, e ainda estabelece normas específicas
de Contabilidade Pública, conforme previsão em seus artigos 50 e 51.
Em outras palavras, a LRF regulamenta, especificamente, as regras previstas nos artigos
163/169 da CF/1988, estabelecendo normas de finanças públicas voltadas para a responsa-
bilidade na gestão fiscal bem como disciplina outras providências.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 17 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

001. (CESPE/TCE-PA/AUDITOR/2016) Julgue o item subsequente, relativo às finanças do se-


tor público.
A aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal colabora com a organização da gestão das fi-
nanças públicas do setor público brasileiro.

É isso. Vamos ver o início da LRF com grifos nossos:

Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabi-
lidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.
§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se
previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante
o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condi-
ções no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e
outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita,
concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.”

Em outras palavras, a LRF regulamenta, especificamente, as regras previstas nos artigos 163 a
169 da CF/1988, estabelecendo normas de finanças públicas voltadas para a responsabilida-
de na gestão fiscal bem como disciplina outras providências.
Certo.

Sugiro que, se possível, após o estudo dessa aula, você dê uma lida na LRF. A leitura da “Lei
seca”, da “letra da Lei” é muito cobrada, especialmente no caso da LRF, em provas de concur-
so. O link para ter acesso à LRF é: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm.
Sem dúvida, essa é a melhor fonte de consulta. Ao final do material, apresentamos também
algumas referências que podem servir como outras fontes de consulta, em caso de dúvida ou
necessidade de aprofundamento.
A ideia aqui é comentar os pontos mais importantes da LRF, especialmente os aspectos
mais cobrados, reproduzindo trechos dessa norma nas resoluções de questões. Para acertar
muitas questões, como veremos, basta saber a sua literalidade, sendo indicada a sua revisão
nas vésperas da prova.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 18 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Bom, tenha logo em mente que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estabelece normas
de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, mediante ações que
previnam riscos e corrijam os desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas,
destacando-se o planejamento, o controle, a transparência e a responsabilização, como pre-
missas básicas.

 Obs.: embora a LRF estabeleça normas de finanças públicas voltadas para a responsabili-
dade na gestão fiscal, seu objetivo não é revogar nem preencher as lacunas da Lei n.
4.320/1964, ou seja, a Lei n. 4.320/1964 continua valendo para o ciclo orçamentário,
sendo que a LRF aborda apenas alguns aspectos, como quando acrescenta funções à
LOA e, especialmente à LDO. Guarde, portanto, que a LRF não cumpre a função da vin-
doura Lei Complementar que disciplinará todo o § 9º do artigo 165 da CF/1988 e que
revogará a Lei n. 4.320/1964.

2.2. Abrangência
Em verdade, em termos de abrangência, a LRF estabelece normas de finanças públicas, a
serem observados pelos três Poderes nas três esferas de Governo: federal, estadual, distrital
e municipal, voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal.
No que diz respeito à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão com-
preendidos o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas,
o Poder Judiciário e o Ministério Público; bem como as respectivas Administrações diretas,

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 19 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes. Ainda, a Estados entende-se


considerado o Distrito Federal; e a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da
União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e
Tribunal de Contas do Município.

DICA!
A LRF é uma lei federal com efeitos gerais ou nacionais, de
modo que inexiste necessidade de outra lei para dar apli-
cabilidade a seus dispositivos, assim como também ine-
xiste previsão de lei no âmbito de qualquer âmbito que
venha sobrepor a LRF.

Abrangência da LRF

Administração direta, fundos

Indireta - Empresa estatal (emp.


pública e sociedade de economia
mista) dependente

Indireta - fundacional e autárquica


União, estados, DF e
municípios

Indireta - empresa estatal não


dependente

Repare que a empresa estatal não dependente (ou independente) não faz parte do campo
de aplicação da LRF, já que é autossustentável, não sofrendo as restrições da LRF, para poder
concorrer com a iniciativa privada em igualdade de condições.
Nesse contexto, destaque-se que:
• uma empresa controlada é uma sociedade cuja maioria do capital social com direito a
voto pertence, direta ou indiretamente, a ente da Federação;
• uma empresa estatal dependente é uma empresa controlada que recebe do ente con-
trolador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio
em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de
participação acionária.

DICA!
Nem toda empresa estatal controlada é obrigada a cumprir a
LRF, mas toda estatal que segue a LRF é uma estatal contro-
lada.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 20 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Note que uma estatal pode ser controlada e não receber do ente controlador recursos
financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital,
excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária, ou seja,
nesse caso é uma estatal controlada independente.

002. (CESPE/ABIN/OFICIAL/2018) A respeito do ciclo orçamentário e das normas legais de


orçamento, julgue o item seguinte.
Para efeito das normas de responsabilidade fiscal, uma empresa estatal pode ser caracteriza-
da como dependente sem constituir uma empresa controlada.

Conforme dispõe o artigo 2º da LRF, na verdade toda empresa estatal dependente é uma em-
presa controlada do ente do qual depende.
Errado.

003. (CESPE/STJ/ANALISTA/2018) Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue o


item a seguir.
O conceito legal de empresa estatal dependente inclui todas as empresas estatais controladas.

Na verdade, nem todas as empresas controladas são dependentes, apenas as que recebem
do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de cus-
teio em geral ou de capital. Confira no trecho do artigo 2º da LRF com grifos nossos:

III – empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos
financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluí-
dos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária;
Errado.

2.3. Pressupostos
Importante destacar ainda que responsabilidade na gestão fiscal, por sua vez, pressupõe:
• ação planejada e transparente;
• prevenção de riscos e correção de desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas
públicas;
• garantia de equilíbrio nas contas, via cumprimento de metas de resultados entre receitas
e despesas, com limites e condições para a renúncia de receita e a geração de despesas
com pessoal, seguridade, dívida, operações de crédito, concessão de garantia e inscri-
ção em restos a pagar.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 21 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

LRF

Planejamento Equilíbrio Fiscal: Endividamento Transparência: publicar


governamental arrecadar mais x público relatórios resumidos,
gastar menos audiências públicas

No que diz respeito ao seu amparo constitucional, a Lei de Responsabilidade Fiscal visa a
regulamentar a Constituição Federal, no Título “Da Tributação e do Orçamento”, cujo Capítulo
II estabelece as normas gerais de finanças públicas a serem observadas pelos três níveis de
governo. Em particular, a LRF vem atender à prescrição do artigo 163 da CF de 1988, cuja re-
dação é a seguinte:

Lei complementar disporá sobre:


I – finanças públicas;
II – dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades con-
troladas pelo poder público;
III – concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV – emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V – fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
VI – operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios;
VII – compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.

Além disso, a LRF atende ao artigo 169 da Carta Magna, que determina o estabelecimento
de limites para as despesas com pessoal ativo e inativo da União a partir de Lei Complementar.
Um outro dispositivo atendido pela LRF consiste na prescrição do artigo 165, § 9º, II, da Cons-
tituição. De acordo com esse dispositivo: “[...] cabe à lei complementar estabelecer normas de
gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta, bem como condições para a
instituição e funcionamento de Fundos.”
A Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu artigo 19, também se entrelaça com o artigo 169
da CF/1988. Confira com grifos nossos:

LRF, Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com
pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percen-
tuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados [...].
CF/1988, Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 22 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Finalmente, a partir do seu artigo 68, a LRF vem atender à prescrição do artigo 250 da
Constituição de 1988 assegurando:

[...] recursos para o pagamento dos benefícios concedidos pelo regime geral de previdência social,
em adição aos recursos de sua arrecadação, a União poderá constituir fundo integrado por bens,
direitos e ativos de qualquer natureza, mediante lei, que disporá sobre a natureza e administração
desse fundo.

2.4. Princípios

São quatro as vigas mestras que sustentam a LRF em seu audacioso projeto de moralizar
a gestão pública brasileira:
• 1) planejamento;
• 2) transparência;
• 3) controle;
• 4) responsabilização.

O planejamento serve para determinar os objetivos a alcançar e as ações a serem realiza-


das, compatibilizando-as com os meios disponíveis para a sua execução.
Tenha em mente que o Planejamento em questão diz respeito às metas, limites e condi-
ções para renúncia e arrecadação de receitas e geração de despesas, refletidas nas peças
orçamentárias, ou seja, no Plano Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e
na Lei Orçamentária Anual (LOA).
Nessa pegada, podemos dizer que, em verdade, o Planejamento é a base do processo de
gestão fiscal, já que é por meio dele que se programará a execução do orçamento, adequando
as ações governamentais ao que fora planejado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 23 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Já a Transparência exige que todos os atos de entidades públicas sejam praticados com
publicidade e com ampla prestação de contas em diversos meios e para isso implica na divul-
gação irrestrita dos projetos e dos resultados da administração pública, e para isso cria novas
peças e procedimentos, como o Anexo de Metas Fiscais (AMF), o Anexo de Riscos Fiscais
(ARF), o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) e o Relatório de Gestão Fiscal
(RGF), com foco também no uso da internet para essa divulgação.

1 - Planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias

2 - Prestação de contas e o respectivo parecer prévio


Instrumentos de
Transparência (LRF)
3 - Relatório resumido da execução orçamentária

4 - Relatório de Gestão Fiscal

No âmbito da Transparência, a LRF prevê ainda a participação popular no orçamento pú-


blico, indo além da simples divulgação de dado, buscando dar condições e subsídios à popula-
ção, por meio de informações claras e objetivas, para que a sociedade acompanhe e fiscalize
a atividade dos gestores públicos.
Por seu turno, o pilar do Controle diz respeito a um efetivo acompanhamento da arrecada-
ção e dos gastos públicos, de modo a possibilitar a efetiva correção nas condutas gerenciais
equivocadas dos administradores, gerenciando o risco por meio de ações fiscalizadoras e de
imposição de prazos na gestão de políticas e de procedimentos, que podem ser de natureza
legal, técnica ou de gestão.

OBJETIVOS DA LRF

1) Planejamento

2) Transparência

3) Controle

4) Responsabilização

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 24 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Importante destacar que a LRF, no âmbito do Controle, estabelece diversos mecanismos


de correção de desvios, definindo prazos, formas de adequação e, por último, sanções insti-
tucionais, em caso de descumprimento.
Em verdade, a LRF nos traz um Sistema de Controle Institucional múltiplo que permite que
todos os poderes estejam sujeitos igualmente ao cumprimento de regras e a serem fiscaliza-
dos nesse sentido.
Finalmente, no que diz respeito à Responsabilização, que é a obrigação de prestar contas
e responder por suas ações, a LRF imputa sanções administrativas ao agente e ao Ente Fe-
derado, que violar a norma, tais como o impedimento de receber transferências voluntárias, a
proibição de contratar operações de crédito e prestação de garantias.
Vale destacar que as sanções para condutas, como as que citamos, estão previstas na Lei
n. 10.028/2000, na Lei de Improbidade n. 8.429/1992, dentre outras.
Os principais princípios específicos da LRF, que devem ser utilizados na sua interpre-
tação, são:
• Planejamento ou ação planejada;
• Transparência na gestão fiscal ou das contas públicas - ação transparente;
• Equilíbrio das contas públicas (a seguir comentado);
• Responsabilidade na gestão fiscal ou dos recursos públicos;
• Cumprimento de metas de resultado;
• Obediência a limites e condições para realização de operações de crédito, inclusive por
antecipação de receita orçamentária;
• Obediência a limites para a dívida consolidada, inclusive para a dívida mobiliária;
• Obediência a limites para despesas com pessoal;
• Cumprimento de condições para geração de despesas de pessoal;
• Cumprimento de condições para geração de despesas da seguridade social (saúde, pre-
vidência e assistência social);
• Cumprimento de condições para geração de despesas obrigatórias de caráter continu-
ado;
• Cumprimento de condições para renúncia de receita.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 25 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

A ideia agora é apresentar os principais aspectos da LRF de modo a facilitar o seu enten-
dimento quando você for fazer a leitura da lei. Registre-se, contudo, que tanto ao longo da
exposição teórica quanto na resolução das questões, apresentaremos os trechos da LRF mais
cobrados em provas de concursos públicos.

3. Equilíbrio das Contas Públicas


Segundo o princípio do equilíbrio orçamentário, o orçamento sempre estará equilibrado,
uma vez que se trata de uma demonstração contábil.

 Obs.: diferentemente do equilíbrio orçamentário preconizado pelo princípio do equilíbrio,


a Lei de Responsabilidade Fiscal traz uma nova noção de equilíbrio para as contas
públicas: o equilíbrio das chamadas “contas primárias”, traduzida no Resultado Pri-
mário equilibrado.

Significa, em outras palavras, que o equilíbrio a ser buscado é o equilíbrio autossusten-


tável, ou seja, aquele que prescinde de operações de crédito e, portanto, que não resulta em
aumento da dívida pública.
Esta é a verdadeira tradução do slogan “gastar apenas o que se arrecada” ou, “pay as you
go” como adotado no orçamento americano.
Uma leitura equivocada e apressada da LRF poderia dar margem a você pensar que, a partir
da publicação da LRF, nenhum ente público poderia contratar operações de crédito, o que não
é verdade.
A partir da análise do Capítulo VII da LRF, que trata da dívida e do endividamento público,
sabemos que, nos termos da Resolução n. 40 e da Resolução n. 43, aprovadas pelo Senado
Federal, foram definidos limites para a dívida pública de todos os entes nacionais.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 26 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

4. Planejamento e Processo Orçamentário


No quadro a seguir, podemos ver a base legal do processo orçamentário brasileiro com
destaque para a LRF e para Lei n. 4.320/1964.
Base Legal

Constituição Federal/Estadual

Lei Complementar de Finanças


LRF
Públicas/Lei n. 4.320/1964

PPA LDO LOA

PPA - define as políticas públicas consubstanciadas nos


programas, com metas e indicadores, pelo período de quatro
anos.

LDO – estabelece as metas e prioridades da administração


pública para cada ano e orienta a elaboração do orçamento.

LOA - disciplina todos os programas e ações no exercício,


provendo recursos para a execução das ações necessárias ao
alcance das metas.

4.1. PPA e LDO


Em relação ao PPA, embora o artigo 3º que tratava exclusivamente do PPA tenha sido ve-
tado, o que deve ser ressaltado pela atuação da LRF é a confirmação, em outros dispositivos,
da condição do PPA como documento de mais alta hierarquia no sistema de planejamento de
qualquer ente público, razão pela qual todos os demais planos e programas devem subordinar-
-se às Diretrizes, Objetivos e Metas (DOM) nele estabelecidos.
Amigo (a), neste ponto, chamo a sua atenção para o fato de que a LRF procura aperfeiçoar
a sistemática traçada pela norma constitucional, atribuindo novas e importantes funções ao
Orçamento e à LDO.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 27 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Nos termos da LRF, a LDO recebe novas e importantes funções, dentre elas:
• 1) dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas;
• 2) estabelecer critérios e formas de limitação de empenho, na ocorrência de arrecada-
ção da receita inferior ao esperado, de modo a NÃO comprometer as metas de resultado
primário e nominal previstas para o exercício;
• 3) dispor sobre o controle de custos e avaliação dos resultados dos programas financia-
dos pelo orçamento;
• 4) disciplinar as transferências de recursos para entidades públicas e privadas.

004. (CESPE/TCE-SC/AUDITOR/2016) De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal e


com a Lei de Acesso à Informação, julgue o seguinte item.
Cabe à lei de diretrizes orçamentárias definir limites e condições para a expansão das despe-
sas obrigatórias de caráter continuado.

Importante informar que, em sua versão original, no inciso III do artigo 4º da LRF, a LDO, aten-
dendo ao disposto no § 2º do art. 165 da Constituição, a LDO definiria os limites e condições
para expansão das despesas de caráter obrigatório de caráter continuado, entretanto esse in-
ciso foi vetado pelo Presidente da República: “Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá
o disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e: III - (VETADO)”
Errado.

Nesse contexto, é importante destacar que a LRF criou 3 anexos que deverão integrar a
LDO: Anexo de Metas Fiscais (AMF), Anexo de Riscos Fiscais (ARF) e o anexo dos objetivos
das políticas monetária, creditícia e cambial, sendo esse último apenas para a União.
Os 2 primeiros anexos são os mais cobrados em prova e serão abordados em tópicos es-
pecíficos adiante. Já o anexo com os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial,
engloba parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e também as
metas de inflação para o exercício subsequente, sendo elaborado apenas pela União.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 28 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Esquematizando, temos:

4.2. Anexo de Metas Fiscais da LDO


A LRF veio fortalecer a LDO, especialmente a partir da exigência do Anexo de Metas Fis-
cais, onde serão estabelecidas metas anuais em valores correntes e constantes (expurgados
os efeitos da inflação) para um período de três anos. De acordo com o artigo 4º, § 2º, da LRF,
o anexo de metas fiscais deve conter:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 29 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon
I – avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;
II – demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifi-
quem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e
evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional;
III – evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a
aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos;
IV – avaliação da situação financeira e atuarial:
a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo
ao Trabalhador;
b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial;
V – demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão
das despesas obrigatórias de caráter continuado.

Essas metas correspondem às previsões para receitas e despesas, resultado nominal e


resultado primário, além do montante da dívida pública para o exercício a que se referir a LDO
e os dois seguintes.

005. (CESPE/STJ/ANALISTA/2018) Julgue a assertiva:


O anexo de metas fiscais, exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, deverá integrar o projeto
de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), estabelecendo em valores correntes e constantes
a meta para o montante da dívida pública para o exercício a que se referir e apara os dois
seguintes.

Sem dúvida o anexo de metas fiscais, exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, deverá inte-
grar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), estabelecendo em valores correntes e
constantes as metas para o montante da dívida pública para o exercício a que se referir e para
os dois seguintes (art. 4º, § 1º da LRF).
Certo.

006. (CESPE/MPU/TÉCNICO/2018) Acerca da receita e da despesa públicas, bem como de


dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue o item que se segue.
A Lei de Responsabilidade Fiscal só trata de metas de resultados para as despesas públicas,
uma vez que as receitas públicas estão fora do controle dos órgãos públicos.

Na verdade, no anexo de metas fiscais devem ser estabelecidas metas anuais para receitas e
despesas. Confira:

Art. 4º, § 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que
serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despe-
sas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem
e para os dois seguintes.
Errado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 30 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Nota-se que o legislador imputou ao administrador público um esforço maior para a con-
fecção do seu principal instrumento de planejamento. Além das metas a serem alcançadas, o
Anexo de Metas Fiscais deverá apresentar também uma avaliação do cumprimento das metas
de exercícios anteriores.
Esses resultados pretéritos deverão influenciar na elaboração das novas metas a serem
alcançadas, ainda segundo a Lei, “evidenciando a consistência delas com as premissas e os
objetivos da política econômica nacional”. Entenda-se neste caso como objetivos atuais da po-
lítica econômica nacional, o equilíbrio fiscal e o controle do endividamento em todos os níveis
de Governo.
Interessa também ao Anexo de Metas Fiscais apresentar a evolução do patrimônio líquido
dos entes públicos, com especial cuidado quanto à destinação dos recursos originários das
privatizações e alienações de ativos em geral.

Amigo(a), chamo a sua atenção ao fato de que as receitas de alienações de bens não devem
ser somadas ao cálculo da Receita Corrente Líquida, por tratar-se de receitas de capital, e,
igualmente, não serão elas computadas no cálculo do Resultado Primário, por constituírem
receitas de caráter eventual.

007. (CESPE/STJ/ANALISTA/2018) A respeito da Lei de Responsabilidade Fiscal e do novo


regime fiscal, julgue o item subsequente.
Se um órgão público alienar edifício de sua propriedade, os recursos obtidos com a alienação,
bem como a destinação desses recursos, devem ser demonstrados em anexo próprio da lei de
diretrizes orçamentárias.

Sim, guarde que os recursos gerados na alienação e a sua destinação desses recursos de-
vem constar no Anexo de Metas Fiscais que estará presente na LDO. Confira na LRF, com gri-
fos nossos:

Art. 4º, § 2º O Anexo conterá, ainda:


III – evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a
aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos;
Certo.

O Anexo de Metas Fiscais (AMF) incluirá, ainda, a avaliação da situação dos fundos de
caráter previdenciário, utilizados em geral na complementação de aposentadorias, ou sim-
plesmente usados no pagamento de pensões e serviços médicos utilizados pelos servidores e
seus dependentes. No passado, recursos desses fundos eram utilizados com frequência para
finalidades diversas daquelas previstas em seus estatutos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 31 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Busca a LRF, desta forma, proteger os regimes próprios de previdência, assegurando a


utilização dos seus recursos na finalidade específica e garantindo a sua viabilidade econômi-
co-financeira.
Guarde ainda que a LRF facultou os municípios com menos de 50 mil habitantes a
elaborar o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da Lei de Diretrizes Orça-
mentárias a partir do quinto exercício seguinte ao da publicação daquela Lei Comple-
mentar, ou seja, esses municípios não foram definitivamente dispensados de nenhum
dos dois anexos.
Por último, o Anexo de Metas Fiscais deverá apresentar as estimativas dos efeitos de in-
centivos fiscais ou qualquer tipo de renúncia que importe na perda de receitas próprias da
União, dos Estados ou dos Municípios.
Veja um exemplo hipotético de AMF:

A apresentação da margem de expansão das despesas de caráter continuado, definidas


nos artigos 16 e 17, torna transparente os objetivos de longo prazo do administrador público,
além da herança que uma administração poderá deixar para a sucessora.
Certamente que a renúncia fiscal e as despesas de caráter continuado trarão impacto so-
bre a Receita Corrente Líquida e sobre o Resultado Primário, e o administrador deverá observar
a coerência entre as ações planejadas e os resultados pretendidos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 32 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Esquematizando o AMF, guarde:

4.3. Anexo de Riscos Fiscais da LDO


O Anexo de Riscos Fiscais, outra inovação da LRF a constar da LDO, destaca aqueles fatos
que poderão impactar nos resultados fiscais (contas públicas) estabelecidos para o exercí-
cio e informando as providências a serem tomadas, caso ocorram. Veja um exemplo hipoté-
tico abaixo:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 33 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Exemplo

Exemplo: sentenças judiciais, que podem a qualquer momento gerar uma despesa inesperada,
se não houver uma reserva para este tipo de contingência. O reconhecimento de uma despesa
potencial corresponderá a um novo elemento a ser avaliado nas metas propostas no Anexo de
Metas Fiscais.

Os riscos fiscais englobam os riscos orçamentários e os riscos da dívida.


Os Riscos Fiscais Orçamentários estão relacionados à possibilidade de que as receitas e
despesas projetadas na elaboração do projeto de lei orçamentária anual não venham a se con-
firmar durante o exercício financeiro, enquanto os Riscos Fiscais da Dívida estão diretamente
relacionados às flutuações de variáveis macroeconômicas que impactem o endividamento
público, tais como taxa básica de juros, variação cambial e inflação.
Para a LDO da União, a LRF determina a definição dos objetivos macroeconômicos a se-
rem alcançados, deixando clara a metodologia a ser utilizada. Para tanto, em anexo específico
(além dos demais anexos propostos), serão apresentados os parâmetros e as projeções refe-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 34 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

rentes à arrecadação de tributos, aos gastos com investimentos, às transferências etc. Além
disso, a União deverá apresentar na sua LDO a previsão de inflação para o exercício seguinte.

008. (CESPE/DPU/CONTADOR/2016) Com relação às disposições constantes na LRF a res-


peito da lei orçamentária anual (LOA), à lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e ao plano pluria-
nual (PPA), julgue o item subsecutivo.
Passivos contingentes são despesas que envolvem certo grau de incerteza quanto a sua efe-
tiva ocorrência. Nesse sentido, a LDO contém o anexo de riscos fiscais, no qual são avaliados
os passivos contingentes e outros riscos fiscais.

Veja o que nos diz o § 3º do artigo 5º da LRF:

§ 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os
passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as provi-
dências a serem tomadas, caso se concretizem.

Bem, tendo em mente a letra da lei, bastava saber que realmente um passivo contingente en-
volve incerteza, já que, em tese, a discussão a seu respeito ainda não acabou.
Certo.

Esquematizando o ARF, temos:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 35 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Guarde a ideia de que a LRF elegeu a LDO como instrumento mais importante para a obtenção
do equilíbrio nas contas públicas, a partir de um conjunto de metas que, após aprovadas, pas-
sam a ser compromisso de governo.

4.4. Lei Orçamentária Anual (LOA)


Da mesma forma que na LDO, várias alterações também foram introduzidas, pela LRF, na
sistemática de elaboração do orçamento – Lei Orçamentária Anual - LOA. Dentre as principais,
destacam-se:
• O demonstrativo da compatibilidade da programação do orçamento com as metas da
LDO previstas no respectivo Anexo de Metas Fiscais;
• A previsão da reserva de contingência, em percentual da receita corrente líquida, desti-
nada ao pagamento de restos a pagar e passivos contingentes, além de outros impre-
vistos fiscais;
• A LOA deverá apresentar as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual
e respectivas receitas, sendo o refinanciamento da dívida (e suas receitas) demonstrado
de forma separada, tanto na LOA como nas leis de créditos adicionais.

De acordo com o artigo 5º da LRF, a LOA demonstrará que está compatível e adequada ao
Anexo de Metas Fiscais, tendo ainda, por acompanhamento, o demonstrativo de efeitos sobre
as receitas e as despesas decorrentes anistias, isenções, subsídios etc.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 36 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Neste caso, a LOA, sendo orientada pela LDO, deve manter os objetivos definidos nesta. É o
que se observa, ainda, na reserva de contingência, que a LDO deverá prever para o atendimento
às despesas previstas no Anexo de Riscos Fiscais.

009. (CESPE/EBSERH/ANALISTA/2018) Em relação às disposições da Lei de Responsabili-


dade Fiscal, julgue o item subsecutivo.
O projeto de lei orçamentária deve demonstrar, em anexo próprio, o cumprimento das metas
fiscais estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias.

Guarde que O projeto de lei orçamentária deve conter, em anexo próprio, demonstrativo do
cumprimento dos objetivos e metas constantes no Anexo de Metas Fiscais da LDO. Confira:

Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual,
com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:
I – conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os
objetivos e metas constantes do documento de que trata o § 1º do art. 4º; (Art. 4º A lei de diretrizes
orçamentárias atenderá o disposto no § 2º e:§ 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamen-
tárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e
constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida públi-
ca, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes).
Certo.

010. (CESPE/STM/ANALISTA/2018) Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue o


item a seguir.
Os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial devem ser apresentados no projeto
da lei orçamentária anual.

Na verdade, o artigo 4º da LRF determina que os objetivos das políticas monetária, creditícia
e cambial devem ser apresentados em anexo específico da LDO e não da LOA. Confira com
grifos nossos:

Art. 4ª A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e:


§ 4º A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo específico, os obje-
tivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para
seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício subsequente.
Errado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 37 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Ressalte-se ainda que a dívida pública tem um tratamento especial na LOA. Outro ponto
relevante na execução da LOA é que os pagamentos de sentenças judiciais (os famosos preca-
tórios) deverão identificar os respectivos beneficiados, de forma a evidenciar a ordem cronoló-
gica da sua ocorrência (visou inibir aquelas absurdas “furadas” de fila).

 Obs.: em relação à LOA e aos orçamentos fiscal, da seguridade social e de investimentos,


merece destaque aqui o fato de que, no caso de uma empresa estatal considera-
da dependente, ela participará do Orçamento Fiscal e do Orçamento da Seguridade
Social, mas não participa do Orçamento de Investimentos, diferentemente das cha-
madas empresas estatais não dependentes (independentes) que somente integram o
orçamento de investimentos.

5. Resultado Nominal e Resultado Primário


Como vimos, o equilíbrio das contas públicas é a espinha dorsal da LRF. Nesse sentido, já
sabemos que a LRF orienta acerca do equilíbrio entre receitas e despesas, a limitação de em-
penho e movimentação financeira, a não geração de despesas consideradas não autorizadas,
irregulares e lesivas ao patrimônio público e os critérios para criação, expansão ou aperfeiço-
amento de ação governamental que acarrete aumento de despesa.
Nessa toada, vamos conhecer os conceitos de resultados nominal e primário da LRF.

Resultado primário: é a diferença entre receitas e despesas primárias, delas excluídos os


juros, receitas financeiras (aplicações), receita de privatizações, encargos e o principal da dívi-
da pública (pagos e recebidos) etc.
As receitas primárias correspondem ao total das receitas orçamentárias deduzidas as
operações de crédito, as provenientes de rendimentos de aplicações financeiras e retorno de
operações de crédito (juros e amortizações), o recebimento de recursos oriundos de emprésti-
mos concedidos e as receitas de privatizações.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 38 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

As despesas primárias correspondem ao total das despesas orçamentárias deduzidas as


despesas com juros e amortização da dívida interna e externa, com a aquisição de títulos de
capital integralizado e as despesas com concessão de empréstimos com retorno garantido.
Veja um exemplo com números aleatórios:

Resultado nominal: é a diferença entre todas as receitas arrecadadas e todas as despe-


sas empenhadas, incluindo os juros e o principal da dívida e ainda acrescentando as receitas
financeiras.

Resultado Nominal Resultado Primário

Despesas Primárias
Despesa Total
Despesas Financeiras

Receitas Primárias
Receita Total
Receitas Financeiras

Resultado Nominal Resultado Primário

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 39 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

O Demonstrativo do Resultado Nominal apresenta a apuração do resultado nominal. Esse


demonstrativo integra o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) e deverá ser
publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre.

DICA!
O objetivo da apuração do Resultado Nominal é medir a evolu-
ção da Dívida Fiscal Líquida.

Bem, em relação ao cumprimento de metas de resultado primário ou nominal, a LRF orienta


a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucio-
nal do ente.
Visando sempre a responsabilização do titular do Poder ou órgão, no que se refere à gestão
dos recursos e do patrimônio públicos, a regra matriz do cumprimento de metas de resultado
é disciplinada nos artigos 14 e 17 da LRF.
O artigo 14, que trata da renúncia de receita, prevê que a concessão ou ampliação de in-
centivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar
acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva
iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias
e ainda a demonstração, pelo proponente, de que a renúncia foi considerada na estimativa de
receita da lei orçamentária e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no
anexo próprio da lei de diretrizes orçamentária.
O cumprimento de metas de resultado pode ser alcançado por meio do monitoramento
constante entre a arrecadação de receitas e o dispêndio de recursos. Assim, deve sempre
ser verificado, ao final de cada bimestre, se a realização da receita comporta a execução das
despesas fixadas, caso contrário, o cumprimento das metas de resultado primário e nominal
estaria comprometido.
Assim, caso seja verificado, ao final de cada bimestre, que a realização da receita poderá
não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no
Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos
montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação
financeira, segundo os critérios fixados pela LDO.

011. (CESPE/TCE-PA/AUDITOR/2016) Em relação a controle jurisdicional e atividade finan-


ceira do Estado, julgue o item que se segue.
Mecanismo de controle da atividade financeira do Estado, a verificação bimestral da capaci-
dade de cumprimento das metas de resultado contidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, em
face do comportamento da receita, pode levar os Poderes e o Ministério Público a promoverem
contingenciamento das dotações orçamentárias e retenção dos recursos financeiros.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 40 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

O artigo 9º da LRF determinou as ações a serem tomadas em caso de constatação de que a


receita não será suficiente para cumprir as metas estabelecidas no anexo de metas fiscais.
Vamos dar uma lida no artigo 9º da LRF:

Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais,
os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos
trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios
fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
§ 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dota-
ções cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.
§ 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e le-
gais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, as relativas à inova-
ção e ao desenvolvimento científico e tecnológico custeadas por fundo criado para tal finalidade e
as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias. (Redação dada pela Lei Complementar n. 177,
de 2021)
§ 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limita-
ção no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros
segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. (Vide ADIN 2.238-5)

Nessa pegada, vemos que a assertiva está plenamente de acordo com a letra da lei.
Certo.

Amigo (a), chamo a sua atenção para o fato de que o cumprimento das metas de resultado
primário e nominal é demonstrado no Anexo de Metas Fiscais.
Conforme estabelecido na LRF, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato
próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e
movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Pode-se observar que a essência da LRF (em termos de resultado) são as metas de resultado
primário e nominal.

6. Execução Orçamentária e Cumprimento de Metas


De acordo com o artigo 8º da LRF, até trinta dias após a publicação dos orçamentos (da
LOA), nos termos em que dispuser a LDO, o Poder Executivo estabelecerá a programação fi-
nanceira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

012. (CESPE/STJ/ANALISTA/2018) Com relação às técnicas de execução financeira e orça-


mentária, julgue o item seguinte.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 41 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

A verificação do cumprimento das metas fiscais durante o exercício financeiro depende da


programação financeira.

Guarde que de acordo com a LRF a programação financeira serve para verificar o cumprimento
das metas fiscais, podendo inclusive gerar limitação de empenho. Confira, com grifos nossos:

Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de di-
retrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4º, o Poder Executivo
estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.
Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fis-
cais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários,
nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira.
Certo.

 Obs.: importante destacar que, em atendimento ao artigo 8º parágrafo único da LRF, aqueles
recursos legalmente vinculados à finalidade específica deverão ser utilizados exclu-
sivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso
daquele em que ocorrer o ingresso.

013. (CESPE/STJ/ANALISTA/2018) Julgue o item, relativo à receita e despesa públicas.


É vedada a utilização de recursos em finalidade distinta da especificada pelo código de fonte
de recursos.

Guarde que existindo um recurso vinculado a uma finalidade específica, não pode se dar outra
destinação. Confira LRF:

Art. 8 Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados
exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele
em que ocorrer o ingresso.
Certo.

No que diz respeito aos precatórios, a LRF em seu artigo 10 dispõe que:

[...] a execução orçamentária e financeira identificará os beneficiários de pagamento de sentenças


judiciais, por meio de sistema de contabilidade e administração financeira, para fins de observância
da ordem cronológica determinada no art. 100 da Constituição.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 42 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Por sua vez, o artigo 13º da LRF determina que o Poder Executivo deve, até trinta dias após
a publicação do orçamento anual, efetuar o desdobramento das receitas em metas bimestrais
de arrecadação, informando quais medidas serão adotadas para o combate à sonegação, na
cobrança da dívida ativa e referente aos créditos executáveis pela via administrativa.

Ressalte-se a importância dessa medida, uma vez que tais metas bimestrais de receita servi-
rão de parâmetro para a limitação de empenho e movimentação financeira.

Falando em limitação de empenho e movimentação financeira, o artigo 9º, caput, da LRF


dispõe que, se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não com-
portar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no anexo de
metas fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes
necessários, nos 30 dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira,
segundo os critérios fixados pela LDO.

Limitação de empenho

Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita


poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primá-
rio ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes
e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes
necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e
movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela Lei de
Diretrizes Orçamentárias.
LRF: art. 9º, caput.

Por seu turno, o artigo 31, § 1º, II, da LRF determina que limitação de empenho também
será promovida pelo ente que ultrapassar o limite para a dívida consolidada, para que obtenha
o resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite.
Seguindo essa linha de raciocínio, caso aconteça uma frustração da receita estimada no
orçamento, deverá ser estabelecida limitação de empenho e movimentação financeira, com o
objetivo de obter os resultados previstos na LDO e impedir assumir compromissos sem respal-
do financeiro.

Em função de decisão do STF, tomada em setembro de 2020, em sede da ADIN 2238,


atualmente o Poder Executivo não pode limitar os Poderes Legislativo e Judiciário e o
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 43 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Ministério Público caso estes não promovam a limitação no prazo estabelecido no caput
do artigo 9º, ou seja, existe a limitação de empenho aos Poderes Legislativo, Judiciário e
Ministério Público, mas ela deve ser efetuada por ato próprio e não pelo executivo.
Essa decisão do STF, que julgou como inconstitucional o § 3º do artigo 9º da LRF foi
baseada na ideia de que esse dispositivo feria o Princípio da Separação dos Poderes.

Importante destacar que a LRF, em seu artigo 9º, § 2º, apresenta despesas que não podem
sofrer a limitação de empenho, que é o caso das despesas que constituam obrigações cons-
titucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida,
além daquelas ressalvadas pela LDO. Lembre-se que a LC n. 177/2021, de 12/01/2021, tam-
bém incluiu nesse rol as relativas à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico
custeadas por fundo criado para tal finalidade.
Ainda sobre esse tema, a LRF, em seu artigo 9º, § 1º, dispõe que caso ocorra o restabele-
cimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos
foram limitados ocorrerá de forma proporcional às reduções efetivadas.
Destaque-se ainda que, de acordo com o artigo 65 da LRF, em situações extremas, como
estado de defesa e/ou de sítio, decretado na forma da Constituição, ou na ocorrência de ca-
lamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assem-
bleias Legislativas, na hipótese dos estados e municípios, enquanto perdurar a situação serão
dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no art. 9º
dessa norma.

7. Receita Pública
No âmbito da Receita Pública, a LRF nos diz ser requisito essencial da responsabilidade na
gestão fiscal, a instituição, a previsão e a efetiva arrecadação de todos os tributos da compe-
tência constitucional do Ente.

Fica proibida a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe tal deter-
minação no que se refere aos impostos, ou seja, a vedação quanto às transferências voluntá-
rias se refere apenas aos impostos e não aos tributos, não alcançando, entretanto, as transfe-
rências voluntárias destinadas às ações nas áreas de assistência social, saúde e educação.

014. (CESPE/EBSERH/ANALISTA/2018) Em relação às disposições da Lei de Responsabili-


dade Fiscal, julgue o item subsecutivo.
O município que deixar de arrecadar parcela do imposto sobre a propriedade predial e territorial
urbana ficará proibido de receber transferências voluntárias da União.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 44 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Vamos ler o artigo 11 da LRF, com grifos nossos:

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previ-
são e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o
disposto no caput, no que se refere aos impostos.

Perceba, portanto, que a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da


competência constitucional do ente são requisitos essenciais da responsabilidade na gestão
fiscal, mas a sanção de vedação de recebimento de transferências voluntárias aplica-se so-
mente ao ente que deixar de prever, instituir e arrecadar impostos.
Note que o CESPE não levou em consideração a exceção prevista no artigo 25, parágrafo 3º,
da LRF. Confira:

§ 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes


desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência
social.

Assim, a afirmativa ficaria mais adequada se tivesse escrito “poderá ficar suspenso”, já que
há possibilidade de receber, mesmo o município não arrecadando o Imposto mencionado na
assertiva.
Certo.

No que tange às previsões de receitas, a LRF em seu artigo 12 assim dispõe:

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das
alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qual-
quer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos
três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo
e premissas utilizadas.

Registre-se ainda que, de acordo com o artigo 13 da LRF, as receitas previstas serão des-
dobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação,
em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quanti-
dade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do
montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 45 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

7.1. Receita Corrente Líquida (RCL)


A Receita Corrente Líquida (RCL) representa o total das receitas correntes, diminuídas de
algumas receitas estabelecidas pela própria LRF. Veja um exemplo hipotético:

Exemplo:

A RCL constitui parâmetro para quase todos os cálculos relacionados à execução orça-
mentária, elaboração de relatórios e adequação dos poderes e órgãos aos limites estabe-
lecidos pela norma, como no cálculo do limite para as despesas de pessoal, dívida pública,
operações de crédito e concessão de garantia.
Aí eu sei que você deve estar doido(a) para me perguntar:

Professor, e como se apura a receita corrente líquida?

Amigo(a), a RCL será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência


e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades (art. 2º, § 3º, da LRF).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 46 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Em outras palavras, a RCL corresponde ao somatório das receitas tributárias, de contribui-


ções, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras
receitas também correntes, deduzidos:
• Na União: os valores transferidos aos estados e municípios por determinação constitu-
cional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea “a” do inciso I e no inciso II do
art. 195 (relacionadas à seguridade social) e no art. 239 da CF/1988 (PIS, PASEP);
• Nos estados: as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;
• Na União, nos estados e nos municípios: a contribuição dos servidores para o custeio
do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da com-
pensação financeira citada no § 9º do art. 201 da CF/1988 (compensação entre os di-
versos sistemas previdenciários);
• No DF, no Amapá e em Roraima: recursos transferidos pela União decorrentes da com-
petência da própria União para organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Públi-
co do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; organizar
e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do DF, bem como
prestar assistência financeira ao DF para a execução de serviços públicos, por meio de
fundo próprio; e, ainda, despesas da União com servidores de ex territórios, Amapá e de
Roraima.

Dessa forma, no DF, Amapá e Roraima existem deduções especiais, quais sejam:
• 1) Recursos transferidos pela União decorrentes da competência da própria União para
organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos
Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
• 2) Gastos da União para organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de
bombeiros militar do DF, bem como prestar assistência financeira ao DF para a execu-
ção de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
• 3) Despesas da União com servidores de ex territórios Amapá e de Roraima.

Importante destacar que devem ser computados no cálculo da RCL dos Estados e DF os valo-
res recebidos em decorrência da Lei Complementar n. 87/1996 - Lei Kandir.

A Lei Kandir, como é conhecida a Lei Complementar n. 87/1996, prevê a isenção do paga-
mento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre as exportações
de produtos primários, como itens agrícolas, semielaborados ou serviços. Dessa forma, a Lei
Kandir nada mais é do que uma medida de isenção fiscal com o objetivo de dar maior compe-
titividade ao produto brasileiro no mercado internacional.
Por conta da desoneração deste tributo de competência estadual, a lei sempre provocou
polêmica entre os governadores e exportadores, que alegam perda de arrecadação devido à

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 47 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

isenção do imposto nesses produtos. Para compensar as perdas, a Lei Kandir obrigou a União
a incluir na lei orçamentária anual, recursos específicos para ressarcir os cofres estaduais,
conhecido como seguro receita.
Mesmo com a “chiada” dos Governadores, a LRF entendeu que devem ser computados no
cálculo da RCL os valores recebidos PELOS ESTADOS em decorrência da Lei Complementar n.
87/1996 - Lei Kandir.

 Obs.: repito que a RCL será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em refe-
rência e nos 11 anteriores, excluídas as duplicidades. Assim, a apuração da RCL é feita
durante o período de um ano, não necessariamente coincidente com o ano civil e que
o mês de referência, ou atual, é o mês imediatamente anterior àquele em que a recei-
ta corrente líquida estiver sendo apurada (art. 6º, Parágrafo único, da Portaria STN
n. 589/01).
 Por exemplo, se a RCL estiver sendo apurada em dezembro, o mês de referência será
novembro do mesmo ano e assim por diante.

Lembre-se de que as receitas correntes são, via de regra, aquelas provenientes de arre-
cadações de tributos, contribuições, de aluguéis de prédios públicos, serviços, e de alguma
outra atividade estatal, ou seja, são as receitas operacionais arrecadadas de forma contínua e
“quase” permanentes.

015. (CESPE/CGM-JOÃO PESSOA/AUDITOR/2018) Acerca da Lei de Responsabilidade Fis-


cal, julgue o item a seguir.
As transferências recebidas de outros entes não integram a receita corrente líquida.

Na verdade, as transferências correntes recebidas de outros entes integram SIM a receita


corrente líquida. Confira a maneira correta de calcular a RCL no inciso IV do artigo 2º da LRF,
com grifos nossos:

IV – receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, in-
dustriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes,
deduzidos [...].
Errado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 48 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

 Obs.: dessa maneira, a LRF, por meio do conceito de RCL, separou as receitas disponíveis a
cada um dos entes daquelas que eles não têm autonomia para gerenciar, de modo a
evitar que o ente faça cálculos e determine percentuais em cima de receitas brutas,
que na verdade não estejam realmente disponíveis.

O MDF – MANUAL DE DEMONSTRATIVOS FISCAIS, em sua 11ª edição, aprovado pela portaria
da STN n. 375, de 08 de julho de 2020, e válido a partir do exercício financeiro de 2021, trouxe
algumas novidades em relação à sua 10ª edição. A seguir vamos apresentar as novidades em
relação ao Demonstrativo da Receita Corrente Líquida – RCL no que diz respeito às deduções
da Receitas para fins de cálculo da RCL.

Assim, de acordo com a nova forma de cálculo trazida pelo novo MDF, na UNIÃO as dedu-
ções passam a ser as seguintes:
• valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal;
• contribuições sociais para a seguridade social do trabalhador e dos demais segurados
da previdência social;
• contribuições sociais para a seguridade social do empregador, da empresa e da entida-
de a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre a folha de salários e demais rendi-
mentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste
serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
• a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência;
• arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e
para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP);
• as receitas provenientes da compensação financeira dos diversos regimes de previdên-
cia, na contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na
atividade privada, rural e urbana. É imprescindível, para tanto, que as referidas receitas
estejam adequadamente contabilizadas em contas próprias que as identifiquem. Quan-
do a compensação for entre o Regime Próprio de Previdência do Servidor e o Regime
Geral de Previdência Social, essa receita deverá ser computada como intraorçamentária.

DICA!
Para o cálculo da RCL da União, não se aplica a dedução das
Transferências obrigatórias relativas às emendas individuais
e de bancada, não havendo o conceito de RCL ajustada para o
cálculo dos limites de endividamento e da despesa com pes-
soal, por ser a própria União o ente transferidor dos recursos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 49 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Vamos agora ver como fica o cálculo da RCL para os Estados trazida pelo novo MDF.
Importante destacar que para os Estados, DF e Municípios não se aplicam as Contribuições
do Empregador e Trabalhadores para a Seguridade Social, pois se referem às contribuições
para o RGPS, exclusivo da União. Também não se aplicam às Contribuições para PIS/PASEP.
Para os Estados, nas parcelas entregues aos municípios por determinação constitucional
ou legal, serão consideradas as transferências constitucionais ou legais entre entes, de modo
a identificar a receita que efetivamente pertence a cada ente, ou seja, são consideradas apenas
as transferências que tratam de repartição de receita tributária. Nesse contexto, estão inse-
ridas as repartições da arrecadação do ICMS, do IPVA, bem como das receitas provenientes
da Lei Complementar n. 61/1989, que dispõe sobre o IPI, e da Lei Complementar n. 87/1996
(Lei Kandir). Serão computados, ainda, os valores pagos e recebidos em decorrência do Fun-
do de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissio-
nais da Educação (FUNDEB), estabelecido no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias.
De acordo com a nova forma de cálculo para os Estados, as deduções passam a ser as
seguintes:
• as parcelas entregues aos Municípios, por determinação constitucional ou legal;
• a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência;
• as receitas provenientes da compensação financeira dos diversos regimes de previdên-
cia, na contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na
atividade privada, rural e urbana. É imprescindível, para tanto, que as referidas receitas
estejam adequadamente contabilizadas em contas próprias que as identifiquem.

Registre-se que devem ser computados os valores pagos e recebidos em decorrência do


Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissio-
nais da Educação (FUNDEB), estabelecido no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias.
Na RCL dos Estados do Amapá e de Roraima, não serão considerados os recursos recebi-
dos para atendimento das despesas com pessoal a cargo da União prevista nos incisos XIII e
XIV do art. 21 da Constituição e no art. 31 da Emenda Constitucional n. 19.
Vamos agora ver como fica o cálculo da RCL para os Municípios trazido pelo novo MDF.
Note que as Transferências Constitucionais e Legais não se aplicam aos municípios, pois
estes não possuem transferências para União ou Estados, nem as Contribuições para o Cus-
teio de Pensões Militares, visto que não possuem força militar.
De acordo com a nova forma de cálculo para os Municípios, as deduções passam a ser as
seguintes:
• a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 50 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

• as receitas provenientes da compensação financeira dos diversos regimes de previdên-


cia, na contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na
atividade privada, rural e urbana. É imprescindível, para tanto, que as referidas receitas
estejam adequadamente contabilizadas em contas próprias que as identifiquem.

No caso do DF, temos particularidades inerente ao fato de que esse ente tem competências
tributárias de Estado e de Município e que na RCL do Distrito Federal, não serão considerados
os recursos recebidos para atendimento das despesas com pessoal a cargo da União prevista
nos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e no art. 31 da Emenda Constitucional n. 19.

7.2. Renúncia de Receita


A concessão indiscriminada dos chamados “incentivos fiscais” (principal arma usada na
chamada “guerra fiscal”) é prática danosa às finanças de qualquer Ente público, e deve estar
sujeita a regras disciplinadoras.
De acordo com o artigo 14, § 1º, da LRF, a renúncia de receitas compreende anistia, remis-
são, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de
alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou
contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
A partir da vigência da LRF, tais iniciativas deverão atender, não só ao que dispuser a LDO,
mas também aos seguintes requisitos:
• Estimar o impacto orçamentário financeiro no exercício inicial de sua vigência e nos dois
seguintes;
• Demonstrar que a renúncia delas decorrente foi considerada ao se estimar a receita do
orçamento e que não afetará as metas de resultados fiscais previstas na LDO;
• Prever medidas de compensação nos três exercícios já referidos, podendo ser por meio
de: elevação de alíquota, ampliação da base de cálculo ou novos tributos ou contribui-
ções, sendo que nos dois últimos casos o benefício só entrará em vigor após a ocorrên-
cia do aumento da receita.

016. (CESPE/IPHAN/AUXILIAR/2018) Em relação ao orçamento público e seus preceitos, jul-


gue o item.
Isenções e anistias financeiras podem ser concedidas pela União, desde que seus efeitos se-
jam apresentados em demonstrativos que acompanhem o projeto de lei orçamentária subme-
tido à apreciação legislativa.

De acordo com a LRF, isenções e anistias são tipos de renúncia de receita. Veja:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 51 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon
Art. 14, § 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de
isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique
redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a trata-
mento diferenciado.

Nessa toada, o inciso II do art. 5º da Lei de Responsabilidade Fiscal confirma o que nos diz a
assertiva. Confira com grifos nossos:

Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual,
com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:
I – conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os
objetivos e metas constantes do documento de que trata o § 1º do art. 4º;
II – será acompanhado do documento a que se refere o § 6º do art. 165 da Constituição, bem como
das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de
caráter continuado;
Certo.

Exemplo:

Essas medidas deverão observar ainda, o princípio da anterioridade, nos termos do Código
Tributário Nacional. Guarde que estão isentos das restrições anteriores apenas os cancela-
mentos de débitos em valor inferior aos seus custos de cobrança, assim como às alterações
das alíquotas dos tributos de natureza extrafiscal (II, IE, IPI, IOF).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 52 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

1 – Acompanha de estimativa de
impacto orçamentário-financeiro no
exercício em que deva iniciar sua
vigência e nos dois seguintes; e

Cumulativos 2 – Atender à LDO

1 – Demonstrar que a renúncia foi


considerada na estimativa de receita
da LOA (art. 12) e que não vai afetar
as metas fiscais; e/ou
Renúncia de Receita
na LRF- Requisitos Alternativos 2 – Estar acompanhada de medidas
de compensação, seja via aumento
de receita (elevação de alíquotas,
ampliação da base cálculo ou criação
ou majoração de tributo.

Alterações de alíquotas do II, IE, IPI e


IOF por ato do Poder Executivo.

Exceções Cancelamento de débitos pequenos,


cujo valor seja inferior ao seu custo de
cobrança.

Ainda a respeito da renúncia de receitas, lembre-se que, de acordo com artigo 5º, II, da LRF,
o projeto de LOA, elaborado de forma compatível com o PPA e com a LDO será acompanhado
do demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isen-
ções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia,
bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas
obrigatórias de caráter continuado.

O artigo 4º da EC n. 109/2021, de 15/03/2021, trata sobre plano de redução gradual de incenti-


vos e benefícios federais de natureza tributária. Embora não tenha alterado o texto da CF/1988,
trouxe comandos sobre a renúncia de receita.

Vamos ler juntos:

Art. 4º O Presidente da República deve encaminhar ao Congresso Nacional, em até 6 (seis) meses
após a promulgação desta Emenda Constitucional, plano de redução gradual de incentivos e bene-
fícios federais de natureza tributária, acompanhado das correspondentes proposições legislativas
e das estimativas dos respectivos impactos orçamentários e financeiros.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 53 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Note que esse plano de redução gradual de incentivos fiscais e benefícios federais de na-
tureza tributária certamente trará impacto sobre os artigos da LRF que tratam da renúncia
de receitas.

8. Despesa Pública – Parte I

8.1. Geração da Despesa


Podemos entender geração de despesa como aquele aumento de despesa por meio de
criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental.

Despesas com pessoal


DOCC
Despesas com seguridade social
DESPESAS
CORRENTES Destinação de recursos ao setor privado
Demais casos
Transferências voluntárias
DESPESAS
NA LRF

Destinação de recursos ao setor privado


DESPESAS DE Demais casos
CAPITAL Transferências
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, voluntárias
vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 54 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

A regra básica da LRF para todo e qualquer aumento de despesa pode ser assim traduzida:
toda e qualquer despesa que não esteja acompanhada de estimativa do impacto orçamentá-
rio-financeiro nos três primeiros exercícios de sua vigência, da sua adequação (declarada pelo
Ordenador da despesa) orçamentária e financeira com a LOA, e compatibilidade com o PPA e
a LDO e, no caso de despesa obrigatória de caráter continuado, de suas medidas compensató-
rias, é considerada não autorizada, irregular e lesiva ao patrimônio público.

017. (CESPE/EBSERH/ANALISTA/2018) Em relação às disposições da Lei de Responsabili-


dade Fiscal, julgue o item subsecutivo.
Caso decida expandir a ação governamental sob sua responsabilidade, o gestor poderá empe-
nhar as despesas relacionadas à expansão, mas a liquidação e o pagamento dessas despesas
somente poderão ser realizados depois da apresentação da estimativa de impacto orçamentá-
rio e financeiro e da declaração de compatibilidade das despesas.

Guarde que o empenho, a liquidação e o pagamento das despesas somente poderão ser re-
alizados depois da apresentação da estimativa de impacto orçamentário e financeiro e da
declaração de compatibilidade das despesas, e não somente a liquidação e pagamento, como
consta na assertiva. Confira o artigo 16, incisos I e II e seu § 4º da LRF:

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da
despesa será acompanhado de:
I – estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos
dois subsequentes;
II – declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e finan-
ceira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias.
§ 4º As normas do caput constituem condição prévia para:
I – empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;
II – desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da Constituição.
Errado.

Note que a despesa precisa estar adequada à LOA e compatível com o PPA e a LDO.
Cuidado com um eventual trocadilho de palavras.

Uma despesa é adequada à LOA quando dispõe de dotação específica e suficiente, ou que
esteja abrangida por crédito genérico, de forma que, somadas todas as despesas da mesma

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 55 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os


limites estabelecidos para o exercício.
Podemos dizer que uma despesa é compatível com PPA e LDO quando está de acordo com
as diretrizes, objetivos, prioridades e metas neles previstos e não contrarie suas disposições.
Essa norma é condição prévia, não só para a aquisição de bens, serviços e obras, como
também para a desapropriação de imóveis urbanos, que, de acordo com a Constituição, deverá
ser paga em dinheiro.

8.2. Despesa Obrigatória de Caráter Continuado (DOCC)


A Despesa Obrigatória de Caráter Continuado (DOCC) é a despesa corrente derivada de lei,
medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de
sua execução por um período superior a dois exercícios financeiros.

DICA!
A LRF considerou que as DOCCs são despesas com maior po-
tencial ofensivo ao equilíbrio das contas públicas. Logo, de-
vem ser objeto de maior rigor para serem contraídas.

A despesa obrigatória de caráter continuado é a despesa corrente:


• derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo; e
• geradora de obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.

Guarde esses 5 pontos relevantes para que seja possível a criação ou aumento das DOCCs:
• 1) Os atos que criarem ou aumentarem despesa deverão ser instruídos com a estimativa
prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio;
• 2) O ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada
não afetará as metas de resultados fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos perío-
dos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução
permanente de despesa;
• 3) Considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de alíquotas,
ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição;
• 4) A comprovação referida no item 3, apresentada pelo proponente, conterá as premis-
sas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da
despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias;
• 5) A DOCC não será executada antes da implementação das medidas referidas no item
2, as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 56 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Ao se criar uma despesa obrigatória de caráter continuado, o poder público deverá inserir
no ato de sua criação, comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as
metas de resultados fiscais previstas no Anexo de Metas Fiscais, devendo seus efeitos finan-
ceiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela
redução permanente de despesa.
Essa comprovação anteriormente mencionada será efetivada mediante demonstração das
premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo da compatibilidade da despesa
com as demais regras do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.
Por sua vez, o aumento permanente de receita é o proveniente da elevação de alíquotas,
ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
A despesa de caráter continuado não poderá ser executada antes da comprovação de que
esse gasto não afetará as metas de resultados fiscais previstas no Anexo de Metas Fiscais.

018. (CESPE/MPU/TÉCNICO/2018) Acerca da receita e da despesa públicas, bem como de


dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue o item que se segue.
Situação hipotética: Um órgão público executa regularmente determinada despesa corrente,
que foi fixada por obrigação legal por um período superior a dois exercícios.
Assertiva: Nessa situação, essa despesa só poderá ser aumentada se a estimativa do impacto
orçamentário e financeiro do aumento for calculada e demonstrada, além de ser comprovada
a origem dos recursos para o seu custeio.

Atente ao fato de que uma despesa corrente fixada por obrigação legal por um período supe-
rior a dois exercícios configura uma Despesa Obrigatória de Caráter Continuado (DOCC). As
DOCC devem cumprir alguns requisitos dispostos no artigo 17 da LRF. Confira:

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida
provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execu-
ção por um período superior a dois exercícios.
§ 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com
a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.
Certo.

Observe que já listamos uma série de vedações impostas pela LRF aos Gestores Públicos
no intuito de torná-los responsáveis. Essa é a ideia da LRF.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 57 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

DICA!
A geração de despesa de caráter continuado destinada ao ser-
viço da dívida e ao reajustamento de remuneração ou subsídio
dos servidores públicos dispensa a demonstração da estima-
tiva do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que
deva entrar em vigor e nos dois subsequentes.

Demonstrar origem dos recursos


Demonstrar que não afeta as metas fiscais

Medidas que devem Estimar o impacto financeiro e orçamentário


ser adotadas no exercício inicial e nos dois seguintes
Adotar medidas compensatória via aumento de
DOCC (DESPESAS receitas ou redução permanente da despesa
OBRIGATÓRIAS DE
CARÁTER
CONTINUADO)
Serviço da dívida
Exceções às
Reajuste da remuneração de pessoal
medidas
conforme inciso X do art. 37 da CF/1988

Importante destacar que, no que diz respeito ao reajustamento de remuneração ou sub-


sídio dos servidores público anteriormente excepcionada, estamos falando apenas daquela
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices da remuneração dos
servidores e do subsídio de membro de Poder, de detentor de mandato eletivo, de Ministros
de Estado e de Secretários Estaduais e Municipais, que é uma revisão para apenas manter o
poder de compra.
Dessa forma, guarde que os reajustes para aumentar o poder aquisitivo, como os que
ocorrem em percentuais acima da inflação do período, devem seguir as regras da LRF.

DICA!
Também considera-se aumento de despesa a prorrogação da-
quela despesa criada por prazo determinado.

Importante destacar que a LC n. 176/2020, publicada em 29/12/2020, que tratou princi-


palmente das transferências obrigatórias da União para os Estados, DF e Municípios, também
alterou os parágrafos do artigo 17 da LRF, que trata da Despesa Obrigatória de Caráter Conti-
nuado (DOCC), passando a ter a redação seguinte. Confira com grifos nossos, confira a nova
redação desse dispositivo:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 58 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida
provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução
por um período superior a dois exercícios. (Vide ADI 6357)
§ 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com
a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.
(Vide Lei Complementar n. 176, de 2020)
§ 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhado de comprovação de que a despe-
sa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no
§ 1º do art. 4º, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo
aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa. (Vide Lei Complementar
n. 176, de 2020)
§ 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação
de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. (Vide
Lei Complementar n. 176, de 2020)
§ 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e me-
todologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as
demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias. (Vide Lei Complementar
n. 176, de 2020)
§ 5º A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas
referidas no § 2º, as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar. (Vide Lei Complemen-
tar n. 176, de 2020)
§ 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajusta-
mento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.
§ 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado.

8.3. A Regra de Ouro

Receitas Despesas

Receitas
concorrentes
Despesas
Outras receitas concorrentes
de capital
Vedação da
regra de ouro*
Limite
Operação Despesas
de crédito de capital

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 59 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Segundo o artigo 167, III, da Constituição Federal:

É vedada a realização de operações de crédito que excedam as despesas de capital, ressalvadas as


autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Poder Legislativo por maioria absoluta.

Esse comando constitucional traz a chamada “regra de ouro”, que pretende dificultar a
contratação de empréstimos para financiar gastos correntes, evitando que o Ente tome dinhei-
ro emprestado de terceiros para pagar despesas de pessoal, juros ou outros gastos de custeio,
ou seja, o endividamento público deve ser vinculado à realização de investimentos e não à
manutenção da máquina administrativa e demais serviços.
Veja a literalidade do § 2º artigo 12 da LRF que reforça a regra de ouro, julgado consti-
tucional pelo STF na ADIN 2.238-5: “§ 2º O montante previsto para as receitas de operações
de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei
orçamentária”.

A “regra de ouro”, prevista na CF/1988, que visa coibir o financiamento, via operação de crédito,
de despesas correntes, era matéria orçamentária, ou seja, o limite das operações de crédito é o
montante das despesas de capital previsto na lei orçamentária anual, mas após a LRF passou
a ser também matéria financeira.

O cumprimento do limite a que se refere o inciso III, do artigo 167 da Constituição, deverá
ser comprovado mediante apuração das operações de crédito e das despesas de capital con-
forme os critérios definidos no artigo 32, § 3º, da LRF, que determina:

§ 3º Para fins do disposto no inciso V do § 1º, considerar-se-á, em cada exercício financeiro, o total
dos recursos de operações de crédito nele ingressados e o das despesas de capital executadas,
observado o seguinte:
I – não serão computadas nas despesas de capital as realizadas sob a forma de empréstimo ou
financiamento a contribuinte, com o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de
competência do ente da Federação, se resultar a diminuição, direta ou indireta, do ônus deste;
II – se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I for concedido por instituição finan-
ceira controlada pelo ente da Federação, o valor da operação será deduzido das despesas de capital;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 60 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Regra de ouro (CF/1988, art. 167, III, e LRF, art. 32, § 3º)

Evitar que sejam realizados empréstimos para


financiar despesas correntes como pagamento
Objetivo
de funcionários, despesas administrativas e,
principalmente, juros.

O descumprimento da regra só é verificado ao


Verificação
final do exercício financeiro.

Não proíbe que seja realizada operação de


crédito para financiar despesas correntes. a
Abrangência
vedação se refere a montantes totais em um
exercício e não a cada operação realizada.

Verificar-se-ão, separadamente, o exercício anterior e o exercício corrente, tomando-


-se por base:
• no exercício anterior, as receitas de operações de crédito nele realizadas e as despesas
de capital nele executadas; e
• no exercício corrente, as receitas de operações de crédito e as despesas de capital cons-
tantes da lei orçamentária.

Não serão computadas como despesas de capital para esta finalidade:


• 1) o montante referente às despesas realizadas, ou constantes da lei orçamentária, con-
forme o caso, em cumprimento da devolução a que se refere o art. 33 da Lei Comple-
mentar n 101/2000, transcrito a seguir:

Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de crédito com ente da Federação, exceto
quando relativa à dívida mobiliária ou à externa, deverá exigir comprovação de que a operação aten-
de às condições e limites estabelecidos.
§ 1º A operação realizada com infração do disposto nesta Lei Complementar será considerada nula,
procedendo-se ao seu cancelamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento de
juros e demais encargos financeiros.
§ 2º Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso dos recursos, será consignada reser-
va específica na lei orçamentária para o exercício seguinte.
§ 3º Enquanto não for efetuado o cancelamento ou a amortização ou constituída a reserva de que
trata o § 2º, aplicam-se ao ente as restrições previstas no § 3º do art. 23. (Redação dada pela Lei
Complementar n. 178, de 2021)
§ 4º Também se constituirá reserva, no montante equivalente ao excesso, se não atendido o dispos-
to no inciso III do art. 167 da Constituição, consideradas as disposições do § 3º do art. 32.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 61 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

• 2) as despesas realizadas e as previstas que representem empréstimo ou financiamen-


to a contribuinte, com o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de
competência do ente da Federação, se resultar na diminuição, direta ou indireta, do ônus
deste; e
• 3) as despesas realizadas e as previstas que representem inversões financeiras na for-
ma de participação acionária em empresas que não sejam controladas, direta ou in-
diretamente, pela União ou pelos demais entes da Federação, excetuando-se aquelas
decorrentes da participação em organismos financeiros internacionais.

As receitas das operações de crédito efetuadas no contexto da gestão da dívida pública


mobiliária federal somente serão consideradas no exercício financeiro em que for realizada a
respectiva despesa.
As operações de antecipação de receitas orçamentárias não serão computadas para os
fins de cumprimento da regra de ouro, desde que liquidadas no mesmo exercício em que forem
contratadas.
Aqui, além de as empresas controladas não dependentes (independentes) não integrarem
o orçamento, cabe o comentário de que a contabilidade empresarial, que é utilizada pelas
sociedades de economia mista, se sociedade anônima, obrigatoriamente, por força da Lei n.
6.404/1976 e empresas públicas, não apresenta a dicotomia, própria da administração pública,
entre despesas de capital e despesas correntes.
Aliás, admitir-se que a “regra de ouro” alcança as estatais não dependentes levaria a uma
situação no mínimo esdrúxula: a administração direta, pela exceção constante do art. 167, III,
pode, presente autorização orçamentária excepcional, realizar operações de crédito além do
montante das despesas de capital. Às estatais não dependentes, por não serem, de modo al-
gum, objeto de legislação orçamentária, o impedimento seria absoluto.
Por outro lado, como as receitas e despesas das controladas não dependentes (indepen-
dentes) não integram o orçamento do ente político, não há como onerar o limite de operações
de crédito deste com as operações daquelas.

A EC n. 106/2020 dispensou, durante a integralidade do exercício financeiro em que vigore


a calamidade pública nacional da pandemia (até 31/12/2020), a obrigatoriedade de atender
a chamada regra de ouro das finanças públicas. Em outros termos, o “orçamento de guerra”
autoriza que o governo realize operações de crédito para gastar mais com despesas correntes
como os salários dos profissionais de saúde e materiais de consumo como remédios e EPIs
(máscaras, por exemplo).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 62 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Agora quero pedir um favor: avalie nossa aula, é rápido e fácil, deixe sugestões de melhoria.
Ficarei extremamente feliz com o feedback e trabalharei ainda mais para torná-la
ainda melhor.
Tenho muito a aprender e você pode me ajudar nisso.
Pode ser? Muito obrigado.
Acredite. Esse é o segredo. Tenha fé que tudo vai dar certo!
Siga-me (profmanuelpinon) no Instagram e Facebook. Temos excelentes cards para revisão.

Professor Manuel Piñon


manuelpinon@hotmail.com

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 63 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

RESUMO

Lei de Responsabilidade Fiscal

Planejamento fiscal Dívida e endividamento


Metas, controle da execução Limites, controle, condições e
orçamentária restrições

Despesas com pessoal Despesas obrigatórias


Limites, controle e restrições Compensação, margem de expansão

Renúncia das receitas


Transparência
Processo orçamentário,
Relatórios, divulgação
compensação

Em relação à sua abrangência, guarde que a LRF obriga todos os órgãos, autarquias, funda-
ções, entidades de todos os entes federativos e empresas estatais dependentes (que recebem
recursos do ente para pagamento dos gastos com pessoal ou custeio), com exceção apenas
das empresas estatais independentes. Visualize:

Poder Legislativo,
incluindo
Tribunal de Contas

Poder
Judiciário
Alcance Administração
da LRF direta
Ministério
Público

Fundações
Poder
Executivo

Autarquias

Empresas estatais
dependentes

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 64 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Os principais Princípios inerentes à LRF são o Equilíbrio entre despesas e receitas, a Res-
ponsabilidade fiscal, a Limitação de empenho (sendo necessário avaliar bimestralmente a ar-
recadação e impedir a realização de despesas caso a arrecadação for menor que o previsto),
Antecipação, Transparência e a Exatidão (as previsões de receitas devem ser calculadas com
base em métodos científicos e próximas da realidade).

Princípios Descrição
Visa gerar um processo capaz de garantir, no tempo necessário, os recursos ade-
Planejamento quados para a execução das ações administrativas, exigindo que haja preventiva-
mente, em vez de corretivamente.
É o mecanismo que tenta fazer com que a sociedade tome conhecimento das
Transparência ações governamentais, passando pelo fornecimento de informações compreensi-
vas ao cidadão.
Que tem nas audiências públicas (art. 48, LRF) um meio de se tornarem centros de
Participação popular
decisão, em vez de meras participações em exaustivas reuniões.
Equilíbrio Pela prevenção de déficits imoderados e reiterados.
Preservação do patrimônio Impedindo a utilização de bens para financiamento de despesas correntes e inclu-
público são de novos projetos sem o atendimento aos em andamento.
Limitação de despesas Pelo cumprimento dos limites de gastos (LRF, art. 54);
Controle do endividamento
Na obediência a limite e condições definidas na LRF.
público

Fonte: Adaptado de CREPALDI & CREPALDI (2009)

O embasamento legal das finanças públicas no Brasil, após o advento da LRF, pode ser
assim visualizado:

Constituição Federal

Lei Complementar de
LRF
Finanças Públicas

PPA LDO LOA

A LRF atribuiu à LDO o papel de dispor sobre equilíbrio entre receita e despesa, critérios e
formas de limitação de empenho, condições para transferência de recursos. Os seus 2 Anexos
são o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 65 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Já à LOA deve conter o Demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamen-


tos com os objetivos e metas do Anexo de Metas Fiscais, o Demonstrativo regionalizado do
efeito das renúncias de receitas, bem como medidas de compensação e a Reserva de contin-
gência, obtida com base na receita corrente líquida, para o atendimento a passivos contingen-
tes e outros riscos fiscais imprevistos.

Receita na LRF
• RECEITA CORRENTE LÍQUIDA
Receitas verdadeiramente disponíveis, desordenadas de qualquer
vinculação. Somatório das receitas correntes deduzidas das transfe-
rências constitucionais obrigatórias e contribuições previdenciárias
(art. 2º da LRF).

• RECEITA CORRENTE LÍQUIDA


São mecanismos financeiros empregados
na vertente da receita pública que produzem
os mesmos resultados econômicos da des-
pesa pública (reduzem o patrimônio).

Art. 14. Anistia, remissão, subsídio, crédito presumido e concessão


de isenção em caráter não geral, alteração ou modificação da base
de cálculo.

Amigo(a), guarde que a receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas ar-
recadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades (portanto
pode exceder um exercício financeiro).
Importante ter em mente que após a publicação dos orçamentos, o Executivo tem 30 dias
para estabelecer a programação financeira e o cronograma de execução mensal.
Caso seja verificado ao final de um bimestre que a realização da receita não irá cumprir as
metas de resultado definidas no Anexo de Metas, os Poderes e o MP têm que fazer a limitação
de empenho nos 30 dias subsequentes. Entretanto se, por ventura, os Poderes e o MP não fize-
rem tal limitação no prazo, o próprio Executivo é autorizado a limitar tais valores.
A LRF também determinou que as renúncias de receitas devem ser acompanhadas de esti-
mativa do impacto financeiro no exercício e nos 2 seguintes. Além disso, deve atender a pelo
menos uma dessas condições:
• demonstração de que tal renúncia foi considerada na estimativa de receita da LOA;
• medidas de compensação, por meio do aumento de receita (elevação de alíquotas, am-
pliação da base de cálculo, majoração de tributos etc.).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 66 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Atenção aos Anexos citados na LRF:


• Anexo de Metas Fiscais: avaliação do cumprimento das metas do ano anterior, demons-
trativo das metas anuais, evolução do patrimônio líquido nos últimos 3 exercícios, ava-
liação da situação financeira e demonstrativo de estimativa e compensação de renúncia
de receita;
• Anexo de Riscos Fiscais: são avaliados os passivos contingentes e outros riscos capa-
zes de afetar as contas públicas.

Veja como se classificam as despesas na LRF:


Despesas com pessoal
DOCC
Despesas com Seguridade Social
DESPESAS
CORRENTES Destinação de recursos ao setor privado
Demais casos
Transferências voluntárias
DESPESAS
NA LRF

Destinação de recursos ao setor privado


DESPESAS DE Demais casos
CAPITAL Transferências voluntárias

Agora confira os principais pontos relativos às DOCCs:


Demonstrar origem dos recursos
Demonstrar que não afeta as metas fiscais

Medidas que devem Estimar o impacto financeiro e orçamentário


ser adotadas no exercício inicial e nos dois seguintes
Adotar medidas compensatória via aumento de
DOCC (DESPESAS receitas ou redução permanente da despesa
OBRIGATÓRIAS DE
CARÁTER
CONTINUADO)
Serviço da dívida
Exceções às
Reajuste da remuneração de pessoal
medidas
conforme inciso X do art. 37 da CF/1988

A LRF definiu e deu grande importância à gestão da chamada Despesa de caráter conti-
nuado, que é aquela que fixa despesas por um período superior a 2 exercícios, obrigando que
estejam acompanhadas da estimativa do impacto financeiro e do demonstrativo da origem
dos recursos para o seu custeio. Deve ser acompanhada de comprovação de que não afetará
o cumprimento das metas fiscais, devendo seus efeitos financeiros ser compensados pelo
aumento da receita nos períodos seguintes.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 67 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

A seguir o um fluxograma resumindo o processo orçamentário e de prestação de contas


trazido pela LRF:

Propostas dos
Poderes

Proposta
Poder PPA 1º ano do mandato, até 31/08
Poder
Executivo
anexo Legislativo
elabora, Anualmente, até 15/04 recebe,
consolida,
Proposta modifica,
sanciona, Anualmente, até 31/08
LDO aprova e
publica e
fiscaliza
controla anexo

Proposta PPA

até 17/07
LOA Aprovado

anexo LDO
Aprovada
LOA
Aprovada

PPA LDO LOA


EXECUÇÃO

Tribunal de
Contas
Programação Programação Entes da
Financeira Orçamentária Federação audita e
fiscaliza

RREO RGF
(Bimestral) (Quadrimestral) Poder
Legislativo
recebe e
Divulgação delibera

Prestação de Rel. Aval. PPA


Contas (anual) (anual)

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 68 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

MAPAS MENTAIS
Obriga todos os órgãos, autar-
quias, fundações, entidades de Total das receitas correntes
todos os entes federativos e excluídas algumas indica-
Abrangência
empresas estatais dependentes, das na LRF.
RCL
com exceção das empresas es-
Receita Parâmetro para quase todos
tatais independentes.
os cálculos.

Equilíbrio Renúncia
Deve atender requisitos da LRF.
da Receita
Responsabilidade Fiscal

Transparência Princípios
principais
Planejamento Toda despesa deve ser
Controle acompanhada de estima-
tiva do impacto orçamen-
Geração tário-financeiro nos três
Confirma o PPA como documento primeiros exercícios de sua
da Despesa
de mais alta hierarquia no sistema PPA vigência, da sua adequação
de Planejamento. orçamentária e financeira
A LRF atribuiu à LDO o papel de com a LOA, o PPA e a LDO.
dispor sobre equilíbrio entre re- A LRF estabelece os limites
ceita e despesa, critérios e for- máximos para a despesa
mas de limitação de empenho, com pessoal de cada Poder
condições para transferência de LDO
Despesa e órgão, sendo que a verifi-
recursos. Os seus dois anexos com pessoal cação do cumprimento dos
são o Anexo de Metas Fiscais e limites estabelecidos para
Despesa
o Anexo de Riscos Fiscais. as despesas com pessoal
será realizado ao final de
Deve conter o demonstrativo cada quadrimestre.
da compatibilidade da progra- LRF – PARTE I
mação dos orçamentos com os Deve ser acompanhada de
objetivos e metas do Anexo de medidas compensatórias:
Metas Fiscais, o demonstrativo aumento permanente de
regionalizado do efeito das re- Planejamento receita ou redução
núncias de receitas, bem como Despesa
permanente de despesa.
medidas de compensação e a Obrigatória
LOA de caráter Despesa corrente derivada
Reserva de contingência, obtida
continuado de lei, medida provisória ou
com base na receita corrente
ato administrativo normativo
líquida, para o atendimento a
e geradora de obrigação le-
passivos contingentes e outros
gal de sua execução por um
riscos fiscais imprevistos.
período a dos exercícios.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 69 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 70 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 71 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

LRF

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 72 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 73 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

QUESTÕES DE CONCURSO
019. (INÉDITA/2019) A Lei Complementar n. 101/2000, também conhecida como LRF - Lei de
Responsabilidade Fiscal estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabi-
lidade na gestão fiscal. Os dispositivos da referida lei aplicam-se a
a) União, Estados e Distrito Federal, apenas.
b) União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
c) Estados, DF e Municípios, apenas.
d) Municípios, Estados e Distrito Federal, apenas.
e) União, apenas.

A LRF estabelece normas de finanças públicas, a serem observados pelos três Poderes nas
três esferas de Governo: federal, estadual, distrital e municipal, voltadas para a responsabilida-
de na gestão fiscal.
Letra b.

020. (CESPE/EBSERH/ANALISTA/2018) Em relação às disposições da Lei de Responsabili-


dade Fiscal, julgue o item subsecutivo.
As regras de responsabilidade fiscal vigentes para estados e municípios são igualmente apli-
cáveis para as empresas estatais dependentes.

Realmente, as regras de responsabilidade fiscal vigentes para a União, Estados, Distrito Fede-
ral e Municípios são igualmente aplicáveis para as empresas estatais dependentes, as quais
são empresas controladas (maioria do capital social com direito a voto pertencente, direta ou
indiretamente, a ente da Federação) que recebem do ente controlador recursos financeiros
para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no
último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária.
Certo.

021. (CESPE/CGM-JOÃO PESSOA/AUDITOR/2018) Com relação às técnicas e aos instru-


mentos utilizados na elaboração e na aprovação do orçamento, julgue o item que se segue.
O anexo de metas fiscais deve ser obrigatoriamente incluído na lei de diretrizes orçamentárias,
mas a inclusão do anexo de riscos fiscais é facultativa.

Na verdade, os 2 anexos são obrigatórios. Confira com grifos nosso na literalidade do artigo
4º da LRF:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 74 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon
§ 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão
estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, re-
sultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para
os dois seguintes.
§ 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os
passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as provi-
dências a serem tomadas, caso se concretizem.
Errado.

022. (INÉDITA/2019) De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, o Relatório de


Gestão Fiscal – RGF deve conter
a) demonstrativo da execução das despesas e receitas por categoria econômica e fonte.
b) demonstrativo relativo aos resultados primário, operacional e nominal.
c) demonstrativo da execução das despesas, por função e sub função.
d) indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limi-
tes estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
e) justificativa da limitação de empenho sempre que o valor da dívida pública ultrapassar o
gasto anual com pessoal.

O Relatório de Gestão Fiscal (RGF) ocupa posição central no que diz respeito ao acompanha-
mento das atividades financeiras do Estado. Cada um dos Poderes, além do Ministério Público,
deve emitir o seu próprio Relatório de Gestão Fiscal, abrangendo todas as variáveis imprescin-
díveis à consecução das metas fiscais e à observância dos limites fixados para despesas e
dívida.
O RGF deve conter as informações necessárias à verificação da conformidade, com os limi-
tes de que trata a LRF, das despesas com pessoal, das dívidas consolidada e mobiliária, da
concessão de garantias, das operações de crédito e das despesas com juros e o elenco de
medidas adotadas com vistas à adequação das variáveis fiscais aos seus respectivos limites.
Letra d.

023. (INÉDITA/2019) De acordo com a LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal, a definição de


empresa controlada é descrita, considerando apenas as sociedades:
a) Em que a maioria do capital social, com direito a voto, pertença exclusivamente de forma
direta a ente da Federação
b) Em que a União possua parte do capital social, mesmo que minoritária, mas desde que com
direito a voto.
c) Cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da
Federação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 75 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

d) Em que a maioria do capital social, mesmo que sem direito a voto, pertença direta ou indire-
tamente a ente da Federação.
e) Que recebam do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com
pessoal ou de custeio em geral ou de capital.

a) Errada. Como dito, o controle pode ser direto ou indireto (via empresas subsidiárias).
b) Errada. Na verdade, como já dito, a maioria do capital social com direito a voto deve perten-
cer ao ente da Federação.
c) Certa. No artigo 2º, incisos I e II da LRF temos a definição perfeita do conceito de empresa
controlada. Observe que a maioria tem que ter direito a voto, ou seja, são as ações ordinárias
que importam e não as preferenciais. Confira:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:


I – ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município;
II – empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta
ou indiretamente, a ente da Federação;

d) Errada. Atente ao fato que as ações têm que ter direito a voto.
e) Errada. O examinador traz parte do conceito de estatal dependente e não o conceito de em-
presa controlada. Veja o conceito de empresa estatal dependente é apresentado no inciso III
do artigo 2º da LRF:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:


III – empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos
financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluí-
dos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária;
Letra c.

024. (CESPE/TCE-PE/ANALISTA/2017) Julgue o item seguinte, relativos à programação e à


execução orçamentária e financeira.
Nas situações em que houver frustração de receitas e ficar evidenciado o não cumprimento
das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas em instrumento de transparência
da gestão fiscal, os empenhos e a movimentação financeira deverão ser limitados.

Tenha em mente que, de acordo com o caput do artigo 9 da LRF, se ao final de um bimestre, for
verificado que a realização da receita poderá não ser suficiente para cumprir as metas de resul-
tado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério
Público deverão promover nos trinta dias subsequentes, a limitação de empenho e movimentação

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 76 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

financeira, segundo os critérios fixados pela LDO, que é, sem dúvida, um importante instrumen-
to de transparência da gestão fiscal.
Certo.

025. (CESPE/TCE-SC/AUDITOR/2016) A respeito da administração da execução orçamentá-


ria, julgue o item que se segue.
Se determinado órgão público assinar contrato que crie obrigação legal para o ente público por
período superior a dois exercícios financeiros, os efeitos financeiros da medida poderão ser
compensados pela redução permanente da despesa orçamentária.

A questão está correta e cobra o conhecimento do artigo 17 da LRF.


Precisamos ter em mente que as medidas de compensação previstas na LRF na parte que
trata das Despesas Obrigatórias de Caráter Continuado são:
• aumento permanente de receita; ou
• redução permanente de despesa.
Certo.

026. (CESPE/TCE-PA/AUDITOR/2016) De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, jul-


gue o seguinte item.
Após a aprovação da previsão de receitas para determinado exercício, somente se houver
comprovação de erro ou omissão de ordem técnica ou legal, será permitida a reestimativa
do montante.

A assertiva está de acordo com a LRF. Vamos ler o seu artigo 12º:

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das
alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qual-
quer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos
três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo
e premissas utilizadas.
§ 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro ou
omissão de ordem técnica ou legal.
Certo.

027. (CESPE/DPU/CONTADOR/2016) Com relação às disposições constantes na LRF a res-


peito da lei orçamentária anual (LOA), à lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e ao plano pluria-
nual (PPA), julgue o item subsecutivo.
O PPA deve dispor sobre a forma de utilização e do montante da reserva de contingência.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 77 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Vamos ver o que nos diz o artigo 5º da LRF:

Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual,
com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:
III – conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na
receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:
a) (VETADO)
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.

Repare que apesar da reserva de contingência estar contida na LOA, o seu montante e a sua
maneira de ser usada estão dispostos na LDO, já que a aprovação da LDO é anterior à da LOA.
Errado.

028. (CESPE/MPU/ANALISTA/2010) Com relação à responsabilidade na gestão fiscal, jul-


gue o item.
Nesse tipo de responsabilidade, pressupõe-se a ação planejada e transparente com o objetivo
de prevenir riscos e efetuar possíveis correções de desvios que possam afetar o equilíbrio das
contas públicas.

A LRF regulamenta, especificamente, as regras previstas nos artigos 163/169 da CF/1988, es-
tabelecendo normas de ‘finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal
bem como disciplina outras providências
Vamos ver o início da LRF com grifos nossos que confirma a assertiva:

Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabi-
lidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.
§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se
previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante
o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condi-
ções no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e
outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita,
concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.
Certo.

029. (CESPE/MPU/TÉCNICO/2010) Julgue o item que se segue relativo à Lei de Responsabi-


lidade Fiscal (LRF).
No que se refere à elaboração do PPA, o planejamento governamental não foi afetado pela
aprovação da LRF.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 78 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Apesar do artigo 3º da LRF, que trata do PPA, ter sido vetado, existem outros dispositivos dessa
norma que o afetam sim, sendo o planejamento amplamente fortalecido com a LRF.
Em relação ao PPA, o que deve ser ressaltado pela atuação da LRF, é a confirmação da condi-
ção do PPA como documento de mais alta hierarquia no sistema de planejamento de qualquer
ente público, razão pela qual todos os demais planos e programas devem subordinar-se às
diretrizes, objetivos e metas nele estabelecidos.
Errado.

030. (CESPE/MPU/TÉCNICO/2010) Acerca da elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias


(LDO) no âmbito da União, julgue o item a seguir.
Os valores correspondentes ao pagamento de precatórios judiciais não devem ser incluídos no
anexo de riscos fiscais, mesmo que se refiram ao exercício de que trata a LDO.

Tenha em mente que o pagamento de precatórios já é uma obrigação constituída do ente públi-
co, logo não é um passivo contingente ou um risco de afetar as contas pelo fato da obrigação
de pagar já ter sido registrada.
Nessa pegada, a LRF exige que o anexo de riscos fiscais contenha apenas passivos contingen-
tes e outros riscos que possam afetar as contas, o que não é o caso dos precatórios.
Certo.

031. (CESPE/MPU/ANALISTA/2010) Julgue o próximo item relativo ao Plano Plurianual


(PPA) e às diretrizes orçamentárias.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) instituiu novas regras e funções para a LDO que vão
além daquelas contidas na CF, como a exigência de equilíbrio entre receita e despesa e formas
de limitar empenho.

Nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal, a LDO recebe novas e importantes funções,
dentre elas:
• dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas;
• estabelecer critérios e formas de limitação de empenho, na ocorrência de arrecadação
da receita inferior ao esperado, de modo a comprometer as metas de resultado primário
e nominal previstas para o exercício;
• dispor sobre o controle de custos e avaliação dos resultados dos programas financia-
dos pelo orçamento;
• disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e privadas.
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 79 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

032. (CESPE/MPU/TÉCNICO/2010) Em 2010, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com-


pletou dez anos. Desde a sua edição, muitas exigências de seu cumprimento foram feitas pela
sociedade e pelos órgãos de controle. Acerca dessa lei, julgue o próximo item.
A receita corrente líquida deve sempre ser apurada no período referente a um ano, coincidente
com o ano civil.

Falsa, já que a receita corrente líquida deve ser apurada somando-se as receitas arrecadadas
no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades, ou seja, sua apuração
será coincidente com o ano civil (janeiro a dezembro) somente no final do ano (último bimes-
tre/quadrimestre).
Errado.

033. (CESPE/MPU/TÉCNICO/2010) Em 2010, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com-


pletou dez anos. Desde a sua edição, muitas exigências de seu cumprimento foram feitas pela
sociedade e pelos órgãos de controle. Acerca dessa lei, julgue o próximo item.
Segundo a LRF, integrarão o projeto da LDO um anexo de metas fiscais e outro de riscos fiscais.

Guarde que a LRF criou 3 anexos que deverão integrar a LDO: anexo de metas fiscais, anexo de
riscos fiscais e anexo dos objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, sendo esse
último apenas para a União.
Certo.

034. (CESPE/MPU/ANALISTA/2010) Com relação à responsabilidade na gestão fiscal, jul-


gue o item.
O projeto de lei orçamentária anual deve conter reserva de contingência, cuja forma de utiliza-
ção e montante, definido com base na receita corrente líquida, deve ser estabelecida na lei de
diretrizes orçamentárias, destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos
e eventos fiscais imprevistos.

Da mesma forma que na LDO, várias alterações também foram introduzidas, pela LRF, na siste-
mática de elaboração do orçamento anual. Dentre as principais, destacam-se:
• O demonstrativo da compatibilidade da programação do orçamento com as metas da
LDO previstas no respectivo Anexo de Metas Fiscais;
• A previsão da reserva de contingência, em percentual da receita corrente líquida, des-
tinada ao pagamento de restos a pagar e passivos contingentes, além de outros impre-
vistos fiscais;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 80 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

• A LOA deverá apresentar as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratu-


al e respectivas receitas, sendo o refinanciamento da dívida (e suas receitas) demons-
trado de forma separada, tanto na LOA como nas leis de créditos adicionais.
De acordo com o artigo 5º da LRF, a LOA demonstrará que está compatível e adequada ao Ane-
xo de Metas Fiscais, tendo ainda, por acompanhamento, o demonstrativo de efeitos sobre as
receitas e as despesas decorrentes de anistias, isenções, subsídios etc.
Neste caso, a LOA, sendo orientada pela LDO, deve manter os objetivos definidos nesta. É o que
se observa, ainda, na reserva de contingência, que a LDO deverá prever para o atendimento às
despesas previstas no Anexo de Riscos Fiscais.
Certo.

035. (CESPE/MPU/TÉCNICO/2010) Em 2010, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com-


pletou dez anos. Desde a sua edição, muitas exigências de seu cumprimento foram feitas pela
sociedade e pelos órgãos de controle. Acerca dessa lei, julgue o próximo item.
Conforme dispõe a LRF, o estado ou município que não promover a instituição, previsão e efe-
tiva arrecadação de todos os impostos de sua competência constitucional ficará impossibilita-
do de receber transferências voluntárias da União.

No artigo 11 da LRF, é dito que quem não instituir todos os impostos da sua competência fica
sem receber as transferências voluntárias que tem direito. Confira:

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previ-
são e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o
disposto no caput, no que se refere aos impostos.
Certo.

036. (CESPE/MPU/TÉCNICO/2010) Considerando as previsões constitucionais, as da LRF e


as da legislação específica que trata de orçamento público, julgue o item que se segue.
Para a previsão da receita que fará parte do orçamento federal, devem ser considerados os
efeitos das alterações na legislação, da inflação e do crescimento econômico do país.

Os aspectos a serem considerados na previsão da receita, embora não exaustivos, estão pre-
vistos no artigo 12 da LRF. Confira, com grifos nossos:

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das
alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qual-
quer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos
três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo
e premissas utilizadas.
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 81 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

037. (CESPE/MPU/TÉCNICO/2010) Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue o


seguinte item.
O Poder Executivo deve desdobrar as receitas previstas em metas bimestrais de arrecadação,
que servirão de parâmetro para a limitação do empenho e da movimentação financeira.

A LRF, em seus artigos 52 e 53, especificou e uniformizou em caráter nacional, os parâmetros


necessários à elaboração do chamado Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO),
de modo a permitir que a sociedade conheça, acompanhe e analise o desempenho da execu-
ção orçamentária de cada ente ainda durante o exercício financeiro comparando as receitas
previstas nas metas bimestrais de arrecadação, com as realizadas efetivamente.
Importante que você tenha em mente que as metas bimestrais de arrecadação servem de pa-
râmetro para a limitação do empenho e da movimentação financeira. No popular: quando para
de pingar dinheiro na conta, temos controle de gastos.
Certo.

038. (CESPE/MPU/ANALISTA/2010) Com relação à responsabilidade na gestão fiscal, jul-


gue o item.
A renúncia de receita compreende, entre outros benefícios, anistia, remissão, reconvenção a
posteriori, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter geral, alteração de
alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou
contribuições.

A concessão indiscriminada dos chamados “incentivos fiscais” (principal arma usada na cha-
mada “guerra fiscal”) é prática danosa às finanças de qualquer Ente público, e deve estar sujei-
ta a regras disciplinadoras.
De acordo com o artigo 14, § 1º, da LRF, a renúncia de receitas compreende anistia, remissão,
subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota
ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribui-
ções, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
Assim, essa tal “reconvenção a posteriori” não existe e a isenção em tela é a de caráter não geral.
Errado.

039. (CESPE/TCE-PA/AUDITOR/2016) Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue o


item a seguir.
A simples prorrogação de despesa criada por prazo determinado não configura aumento de
despesa pública.

A assertiva está em desacordo com os ditames da LRF. Vamos aproveitar essa questão para
ler o artigo 17 da LRF, marcando as partes que interessam para essa questão:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 82 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida
provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução
por um período superior a dois exercícios.
§ 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado.

Para a assertiva ficar correta é só retirar a palavra “não”.


Errado.

040. (CESPE/TCE-SC/AUDITOR/2016) De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, jul-


gue o seguinte item.
Integra a administração indireta municipal, como empresa controlada, a sociedade empresária
de cuja maioria das ações o município seja titular, ainda que não tenha direito a voto.

Em seu artigo 2º, inciso II, a LRF nos traz a definição de empresa controlada:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:


II – empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta
ou indiretamente, a ente da Federação.

Repare que a assertiva comete um erro no finalzinho, para pegar os mais afoitos, ao incluir a
frase “ainda que não tenha direito a voto”.
Observe que, de acordo como o inciso II, o direito a voto é uma condição necessária para ca-
racterizar o controle e, por tabela, a empresa controlada.
Errado.

041. (CESPE/TCE-SC/AUDITOR/2016) Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue o


item a seguir.
Para licitar serviços, é imperioso que o ordenador de despesas do órgão licitante declare que
os gastos atrelados ao futuro contrato estarão adequados à lei de orçamento e compatíveis
com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

A assertiva está correta e de acordo com os ditames da LRF. Vamos aproveitar essa questão
para ler o artigo 16 da LRF, marcando as partes que interessam para essa questão:

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da
despesa será acompanhado de:
I – estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos
dois subsequentes;
II – declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e finan-
ceira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretri-
zes orçamentárias.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 83 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon
§ 1 Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
º

I – adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou
que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma es-
pécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites
estabelecidos para o exercício;
II – compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se confor-
me com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja
qualquer de suas disposições.
§ 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia
de cálculo utilizadas.
§ 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que
dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4º As normas do caput constituem condição prévia para:
I – empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;
II – desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da Constituição.
Certo.

042. (CESPE/TCE-SC/AUDITOR/2016) De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, jul-


gue o seguinte item.
Ainda que haja autorização por lei específica e conformidade com a lei de diretrizes orçamen-
tárias, não é permitido ao município usar recursos previstos em créditos suplementares para
cobrir déficits de pessoas jurídicas.

É permitido sim. Veja o que diz o caput do artigo 26 da LRF:

Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas fí-
sicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos
adicionais.
Errado.

043. (INÉDITA/2020) Com relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue:


O anexo de metas fiscais, que integra o projeto de LDO, deve dispor sobre as normas relativas
ao controle de custos.

De acordo com o artigo 4º, §2˚, da LRF, o Anexo de Metas Fiscais deve tratar da avaliação da
situação financeira a atuarial dos Regimes Geral de Previdência Social (RGPS) e próprio de
servidores públicos - RPPA e do FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador, além de outros fundos
públicos e programas estatais de natureza atuarial, fora outros assuntos presentes nesse dis-
positivo, mas que não incluem o que nos diz a assertiva.
Errado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 84 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

044. (INÉDITA/2020) Com relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue:


As transferências recebidas de outros entes integram a receita corrente líquida.

Sim, as transferências correntes recebidas de outros entes integram a receita corrente líquida.
Confira a maneira correta de calcular a RCL no inciso IV do artigo 2º da LRF, com grifos nossos:

IV – receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, in-
dustriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes,
deduzidos [...].
Certo.

045. (CESPE/MPU/TÉCNICO/2018) A respeito dos instrumentos de planejamento da gestão


pública, julgue o item a seguir.
Se alguma das casas do Poder Legislativo ultrapassar o limite máximo de execução de des-
pesas fixado na programação financeira, o Poder Executivo ficará dispensado de apresentar o
cumprimento das metas fiscais do quadrimestre seguinte na comissão mista de orçamentos.

A apresentação do cumprimento das metas fiscais quadrimestralmente é uma determinação


da Lei de Responsabilidade Fiscal. Entretanto, não existe previsão de dispensa ao Executivo
caso alguma das casas do Poder Legislativo ultrapasse o limite máximo de execução de des-
pesas fixado na programação financeira.
Errado.

046. (CESPE/EBSERH/ANALISTA/2018) Acerca das técnicas empregadas na elaboração e


execução do orçamento público, julgue o item que se segue.
Os objetivos do decreto de limitação de empenho e movimentação financeira incluem cumprir
com a legislação orçamentária e assegurar o equilíbrio entre receitas e despesas.

A limitação dos gastos públicos é efetuada por meio de decreto do Poder Executivo e por ato
próprio dos demais Poderes e do Ministério Público, seguindo os regramentos estabelecidos
na LDO. No âmbito do Poder Executivo, esse decreto é conhecido como Decreto de Contingen-
ciamento. De acordo com o MTO, tal decreto possui os seguintes objetivos:

a) estabelecer normas específicas de execução orçamentária e financeira para o exercício;


b) estabelecer um cronograma de compromissos (empenhos) e de liberação (pagamento) dos re-
cursos financeiros para o Governo;
c) cumprir a legislação orçamentária (LRF, LDO etc.); e
d) assegurar o equilíbrio entre receitas e despesas ao longo do exercício financeiro e proporcionar o
cumprimento da meta de resultado primário.
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 85 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

047. (CESPE/STM/ANALISTA/2018) Julgue o item que se segue, relativo às receitas e des-


pesas públicas.
É vedado ao Poder Executivo, para efeito de projeção das receitas orçamentárias, aplicar índi-
ces de reajustes de preços sobre as séries históricas de arrecadação.

Na verdade, não existe a vedação, a LRF determina que deve ser considerado o efeito da varia-
ção do índice de preços na estimativa da receita, ou seja, essa estimativa é feita baseada na
série histórica de arrecadação, com a aplicação dos índices econômicos, conforme dispõe os
seus artigos 11 e 12.
Errado.

048. (CESPE/MPE-PI/TÉCNICO/2018) A tabela seguinte mostra alguns saldos relativos à re-


ceita arrecadada, em milhares de reais, no ano 20XX, de determinado estado da Federação.

receita corrente 25.000

receita tributária 13.000

receita de contribuição 2.000

receita patrimonial 1.000

receita agropecuária 300

receita industrial 200

receita de serviços 500

transferências 8.000
correntes

Com relação a essa situação hipotética, julgue o item que se segue, com fundamento nas dis-
posições da Lei n. 4.320/1964.
A receita corrente líquida a que se refere a Lei de Responsabilidade Fiscal equivale à receita
corrente, deduzidas as transferências correntes, o que, na situação considerada, resulta em R$
17.000.000.

Na verdade, todas as receitas listadas no enunciado integram a Receita Corrente Líquida, inclu-
sive as transferências correntes, somando a RCL o valor de R$ 25.000.000.
Errado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 86 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

049. (CESPE/CGM-JOÃO PESSOA/AUDITOR/2018) Acerca dos mecanismos de execução


do orçamento, julgue o item seguinte.
O recurso legalmente vinculado à finalidade específica que não for utilizado no objeto de sua
vinculação até o final do exercício financeiro reverte ao Tesouro público e pode ser utilizado no
exercício seguinte em outras finalidades.

De acordo com o artigo 8º da LRF, os recursos legalmente vinculados não podem ser utilizados
para atender outras finalidades, ainda que em exercício diverso. Confira com grifos nossos:

Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de di-
retrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4º, o Poder Executivo
estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.
Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclu-
sivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em
que ocorrer o ingresso.
Errado.

050. (CESPE/EBSERH/ANALISTA/2018) Julgue o item seguinte, relativo aos instrumentos e


ao processo de orçamentação.
No caso de frustração da receita orçamentária, os critérios e a forma de limitação de empenho
devem ser instituídos pelo titular de cada poder ou órgão.

Na verdade, nem toda frustração de receita orçamentária resulta em limitação de empenho e


movimentação financeira, mas somente as frustrações que não comportem o cumprimento
das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais. Além
disso, os critérios e formas de limitação de empenho são fixados pela Lei de Diretrizes Orça-
mentárias, e não pelos poderes.
Errado.

051. (CESPE/SEFAZ-DF/AUDITOR/2020) Julgue o item a seguir, à luz da Lei de Responsabi-


lidade Fiscal.
No conceito de receita corrente líquida dos estados, são deduzidos os valores das transferên-
cias que eles fizerem aos municípios por determinação constitucional.

De acordo com o artigo 2º da LRF, realmente os valores das transferências que os Estados fize-
rem aos municípios por determinação constitucional representam deduções da RCL. Confira:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:


IV – receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, in-
dustriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes,
deduzidos:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 87 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou
legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239
da Constituição;
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu
sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira
citada no § 9º do art. 201 da Constituição.
Certo.

052. (CESPE/SEFAZ-AL/AUDITOR/2020) Com relação a déficit público, reforma administra-


tiva, reforma previdenciária, responsabilidade fiscal, regra de ouro e ordenação de despesa,
julgue o item a seguir.
Para a criação de ação governamental que acarrete aumento de despesa, é necessária decla-
ração do ordenador de despesa quanto à adequação financeira.

Confira na LRF com grifos nossos:

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da
despesa será acompanhado de:
I – estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos
dois subsequentes;
II – declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e finan-
ceira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretri-
zes orçamentárias.
§ 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
I – adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou
que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma es-
pécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites
estabelecidos para o exercício;
II – compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se confor-
me com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja
qualquer de suas disposições.
Certo.

053. (CESPE/CODEVASF/ASSESSOR JURÍDICO/2021) Considerando as normas de direito


financeiro, julgue o item a seguir.
Para os efeitos da Lei de Responsabilidade Fiscal, empresa pública controlada pela União que
receba do ente controlador recursos financeiros para o pagamento de despesas de capital não
provenientes de aumento de participação acionária é considerada empresa estatal dependente.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 88 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

Confira diretamente na literalidade da LRF:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:


III – empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos
financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluí-
dos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária;
Certo.

054. (CESPE/TCE-RJ/ANALISTA/CEX/2021) Acerca das disposições da Lei Complementar


n. 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) e da Lei n. 4.320/1964, de transferências volun-
tárias e de infrações administrativas contra as leis de finanças públicas, julgue o seguinte item.
A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se
previnem riscos e se corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas.

Confira diretamente na literalidade da LRF:

Art. 1º, § 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em


que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas,
mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites
e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade
social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de
receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.
Certo.

055. (CESPE/TCE-RJ/ANALISTA/CEX/2021) A respeito dos mecanismos utilizados na ela-


boração, execução e controle do orçamento, julgue o item que se segue.
Se a receita arrecadada for insuficiente para o cumprimento das metas fiscais, a consequen-
te limitação de empenho deverá obedecer aos critérios estabelecidos na lei de diretrizes or-
çamentárias.

Confira no artigo 9º da LRF, com grifos nossos:

Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fis-
cais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários,
nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os crité-
rios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 89 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

056. (CESPE/CODEVASF/ANALISTA/2021) Com relação ao orçamento público no Brasil, jul-


gue o item subsequente.
A lei de diretrizes orçamentárias deve dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despe-
sas públicas.

Confira diretamente na literalidade da LRF:

Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e:


I – disporá também sobre:
a) equilíbrio entre receitas e despesas;
b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do
inciso II deste artigo, no art. 9º e no inciso II do § 1º do art. 31;
e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados
com recursos dos orçamentos;
f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas;
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 90 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

GABARITO

19. b 32. E 45. E


20. C 33. C 46. C
21. E 34. C 47. E
22. d 35. C 48. E
23. c 36. C 49. E
24. C 37. C 50. E
25. C 38. E 51. C
26. C 39. E 52. C
27. E 40. E 53. C
28. C 41. C 54. C
29. E 42. E 55. C
30. C 43. E 56. C
31. C 44. C

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 91 de 93
AFO
LRF – Parte I
Manuel Piñon

REFERÊNCIAS
GIACOMONI, J. Orçamento Público. São Paulo: Editora Atlas.

LEITE, H. Manual de Direito Financeiro. 9ª ed. São Paulo: Editora Juspodivm.

NASCIMENTO, S. Finanças Públicas. Rio de janeiro: Editora Campus.

PACELLI, G. Administração Financeira e Orçamentária. 2ª ed. São Paulo: Editora Juspodivm.

PALUDO, A. Orçamento Público (AFO e LRF). 10ª ed. São Paulo: Editora Juspodivm.

PASCOAL, V. Direito Financeiro e Controle Externo. 10ª ed. São Paulo: Editora Método.

PISCITELLI. T. Direito Financeiro. 6ª ed. São Paulo: Editora Método.

Sites para pesquisa:

Planalto. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acesso em:


abr. 2021.

Portal Transparência: Disponível em: http://www.portaltransparencia.gov.br/. Acesso em:


abr. 2021.

Tesouro: Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/. Acesso em: abr. 2021.

Siop. Disponível em: https://www1.siop.planejamento.gov.br/. Acesso em: abr. 2021.

Senado. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/orcamento/documentos/legislacao.


Acesso em: abr. 2021.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 92 de 93
Manuel Piñon
Atualmente, exerce o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e é Professor, voltado para a área
de concursos públicos.
Foi aprovado nos seguintes concursos públicos:
1 – Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil – AFRFB 2009/2010;
2 – Analista de Finanças e Controle – AFC (hoje, Auditor Federal de Finanças e Controle) da Controladoria-
Geral da União – CGU (hoje, Ministério da Transparência) em 2008; e
3 – Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional – AFTN (Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil) em 1998.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Naiana - 04535309400, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

Você também pode gostar