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ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS

Importante se atentarem às novas atualizações ocorridas esse ano (2022) que podem ser cobradas no
XXXVI EXAME DA ORDEM.

Lei nº 14.344/2022 (Direito Penal, Processo Penal e ECA) – Alterou o Código Penal, o Código de
Processo Penal, a Lei de Execução Penal e o ECA, para tratar da violência contra criança e
adolescente.

A Lei versa sobre violência contra criança ou adolescente, em parâmetros similares à lei Maria da
Penha, e promove mudanças importantes no Código Penal, Código de Processo Penal, Lei de
Execução Penal e no ECA.

CÓDIGO PENAL

Houve alteração de três artigos no código penal.

1) A nova lei alterou o inciso V do art. 111 do CP, passando a dispor que, havendo crime que
envolva violência contra criança e adolescente, o termo inicial da prescrição também será a partir do
momento que a pessoa completar 18 anos (antes havia a previsão apenas de crimes contra a dignidade
sexual).

2) Acrescentou o inciso IX ao § 1º do art. 121 do CP, passando a dispor que o homicídio contra menor
de 14 anos é considerado homicídio qualificado (reclusão de 12 a 30 anos) e, portanto, crime
hediondo. Além disso, acrescentou o § 2º-B, passando a prever que a pena será aumentada de um
terço à metade se a vítima for pessoa com deficiência ou tiver doença que implique o aumento de
sua vulnerabilidade, bem como haverá aumento da pena em 2/3 se o crime for cometido por
ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou
empregador da vítima ou por qualquer outra pessoa que tiver autoridade sobre ela.

3) Alterou o inciso IV do art. 141 do CP, passando a dispor que, para penas de detenção relacionadas
a crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria, por exemplo), entre os casos de aumento de um
terço da pena são incluídos também os crimes cometidos contra criança e adolescente, exceto injúria
difamatória, para a qual o código prevê reclusão.
LEI DE EXECUÇÃO DE PENAL (LEI N. 7.210/84)

Houve alteração do parágrafo único do art. 152 da LEP, para incluir também os crimes de violência
doméstica contra criança e adolescente como hipótese em que o juiz poderá determinar
o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e redução (antes havia
previsão apenas da violência contra mulher).

ECA

Acrescentou os parágrafos 1º e 2º ao art. 226 do ECA, passando a prever expressamente que:

a) aos crimes cometidos contra criança ou adolescente, independentemente da pena prevista, não se
aplica a Lei nº 9.099/95,

b) nos casos de violência doméstica e familiar contra criança ou adolescente, é vedada a aplicação de
penas de cesta básica ou de outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que
implique o pagamento isolado de multa.

ATENÇÃO!
Embora o § 1º tenha se referido a crime, se for seguir o mesmo posicionamento do STJ em relação à
Lei Maria da Penha, a Lei n. 9.099/95 também não será aplicada às contravenções penais contra
criança e adolescente.

Outro detalhe importante é que o § 2º se refere exclusivamente à violência doméstica contra a


criança e adolescente, diminuindo o alcance da norma. Desse modo, se um adulto pratica lesão corporal
contra uma criança na rua (sem relação doméstica), aplica-se o § 1º, mas não se aplica o § 2º.

Lei nº 14.311/2022 (Direito do Trabalho) – Prevê a possibilidade de retorno às atividades


presenciais da empregada gestante.

Em decorrência dos riscos da pandemia da Covid-19, a Lei n. 14.151/2021 havia determinado


o afastamento das empregadas gestantes das atividades presenciais.

Acontece que, não havia qualquer previsão sobre a possibilidade de retorno das mulheres grávidas que
já estivessem vacinadas. Por esse motivo, foi publicada a Lei n. 14.311/2022, que permite o retorno
das empregadas gestantes em 3 situações:
1) Se houver o encerramento do estado de emergência de saúde pública referente à Pandemia da
COVID-19,

2) Conclusão do esquema vacinal contra a COVID-19, conforme diretrizes do Ministério da Saúde,

3) Quando houver recusa da gestante a tomar a vacina, desde que assine termo de responsabilidade
nesse sentido, já que a vacinação é considerada obrigatória, mas não pode ser forçada. Nesse caso, a
lei considerou que a recusa à vacinação é uma expressão do direito fundamental da liberdade de
autodeterminação individual, e não poderá ser imposta à gestante qualquer restrição de direitos em
razão dela.

IMPORTANTE!
Se não for caso de retorno às atividades, a gestante ficará à disposição do empregador para exercer
as atividades em seu domicílio, por meio de teletrabalho, trabalho remoto ou outra forma de
trabalho a distância, sem prejuízo de sua remuneração.

Além disso, o empregador poderá, respeitadas as competências para o desempenho do trabalho e as


condições pessoais da gestante para o seu exercício, alterar as funções por ela exercidas, sem prejuízo
de sua remuneração integral e assegurada a retomada da função anteriormente exercida, quando
retornar ao trabalho presencial.

Emenda Constitucional nº 115/2022 (Direito Constitucional) – Inclui a proteção de dados como


direito fundamental e trata da competência da União sobre o tema.

A Emenda Constitucional 115/2022 acrescentou três incisos ao texto da Constituição Federal para
tratar especificamente a respeito do tema da proteção de dados.

Vejamos:

1) Acrescentou o inciso LXXIX ao art. 5º da CF/88, passando a dispor que a proteção dos dados
pessoais, inclusive nos meios digitais é considerada direito fundamental e, portanto, cláusula
pétrea, sendo que, no âmbito infraconstitucional, o principal diploma que trata da proteção de dados é
a Lei nº 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD).

2) Adicionou o inciso XXVI ao art. 21 da CF/88, passando a dispor que é competência material
exclusiva da União organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados pessoais, sendo que, de
acordo com a LGPD, a fiscalização da proteção de dados cabe atualmente à Autoridade Nacional de
Proteção de Dados (ANPD).

3) Acrescentou o inciso XXX ao art. 22 da CF/88, passando a dispor que é competência privativa da
União legislar sobre proteção e tratamento de dados, o que atualmente é feito pela Lei nº
13.709/2018. (Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD).

IMPORTANTE!
O tema proteção de dados pessoais foi expressamente citado nos últimos editais da prova da OAB e,
por isso, pode ser alvo de questionamento nos próximos exames.

LEI 14.365/22 QUE ATUALIZA O ESTATUTO DA ADVOCACIA (LEI 8.906/94). A LEI ALTERA
TAMBÉM O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.

Vejamos as principais novidades trazidas pelo dispositivo:


- Ampliação da pena do crime de violação das prerrogativas do advogado;
- Garantia do pagamento de honorários de acordo com o previsto pelo Código de Processo Civil;
- Regulamentação da figura do advogado associado; e
- Ampliação do direito à sustentação oral de advogadas e advogados.

O que pode cair na prova?


Se atente às novidades:
1) São atividades de advogadas e advogados a atuação em processo administrativo e em processo
legislativo e na produção de normas;
2) O trabalho da advocacia pode ser prestado de forma verbal ou por escrito, independente de
mandato ou formalização de contrato;
3) A nova lei veda a colaboração premiada de advogada e advogado contra seus clientes;
4) A nova lei assegura a competência exclusiva da OAB para fiscalizar o efetivo exercício profissional
e o recebimento de honorários;
5) O texto amplia a pena do crime de violação das prerrogativas do advogado para de 2 a 4 anos
de detenção;
6) Regulamenta a figura do advogado associado, assegurando a autonomia contratual interna dos
escritórios de advocacia;
7) Assegura o pagamento de honorários de acordo com o previsto pelo Código de Processo Civil, nos
termos da decisão recente da Corte Especial do STJ;
8) Amplia o direito à sustentação oral de advogadas e advogados;
9) Garantia de destaque de honorários dos advogados;
10) Prevê as férias dos advogados na área penal, suspendendo os prazos processuais penais entre
20 de dezembro e 20 de janeiro.

ESTATUTO DA ADVOCACIA:

Com relação à atuação profissional do Advogado, a norma dispõe que são atividades de advogados
a atuação em processo administrativo e em processo legislativo, e na produção de normas, portanto, o
texto passa a vigorar com a seguinte redação:

§ 2º-A. No processo administrativo, o advogado contribui com a postulação de decisão favorável ao seu
constituinte, e os seus atos constituem múnus público.” (Nova Redação)

Como era antes:

§ 2º - No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte,


ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público.

Foi incluído também um novo parágrafo no art. 2º, a norma dispõe que são atividades de advogados
a atuação em processo administrativo e em processo legislativo, e na produção de normas:

“Art. 2º-A. O advogado pode contribuir com o processo legislativo e com a elaboração de normas
jurídicas, no âmbito dos Poderes da República.”

Outro avanço importante feito no Estatuto, é que agora consta expressamente no art. 5º, parágrafo 4º,
que o trabalho do advogado pode ser feito sem a formalização de um contrato, podendo ser prestado
de forma verbal ou por escrito, conforme podemos observar abaixo transcrito:

§ 4º As atividades de consultoria e assessoria jurídicas podem ser exercidas de modo verbal ou por
escrito, a critério do advogado e do cliente, e independem de outorga de mandato ou de formalização
por contrato de honorários.” (Nova Redação)

No tópico dos Direitos do Advogado, agora segue com as seguintes atualizações:

Art. 6º ...

Parágrafo único. As autoridades e os servidores públicos dos Poderes da República, os serventuários


da Justiça e os membros do Ministério Público devem dispensar ao advogado, no exercício da
profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu
desempenho, preservando e resguardando, de ofício, a imagem, a reputação e a integridade do
advogado nos termos desta Lei. (última parte acrescentada pela lei 14.365/22)
Art. 7º São direitos do advogado:

IX-A - (VETADO);

X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer tribunal judicial ou administrativo, órgão de deliberação
coletiva da administração pública ou comissão parlamentar de inquérito, mediante intervenção pontual
e sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, a documentos ou a
afirmações que influam na decisão; (Nova redação)

Como era antes:

X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para
esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no
julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas;

A lei revogou os seguintes dispositivos do artigo 7º:

§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:

1) aos processos sob regime de segredo de justiça;

2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância
relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela
autoridade em despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da
parte interessada;

3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos
no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.

§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis
qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo
das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.

E incluiu o seguinte em seu corpo:

§ 2º-B. Poderá o advogado realizar a sustentação oral no recurso interposto contra a decisão
monocrática de relator que julgar o mérito ou não conhecer dos seguintes recursos ou ações:

I - recurso de apelação;

II - recurso ordinário;

III - recurso especial;

IV - recurso extraordinário;
V - embargos de divergência;

VI - ação rescisória, mandado de segurança, reclamação, habeas corpus e outras ações de


competência originária.

§ 6º-D. No caso de inviabilidade técnica quanto à segregação da documentação, da mídia ou dos


objetos não relacionados à investigação, em razão da sua natureza ou volume, no momento da
execução da decisão judicial de apreensão ou de retirada do material, a cadeia de custódia preservará
o sigilo do seu conteúdo, assegurada a presença do representante da OAB, nos termos dos §§ 6º-F e
6º-G deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)

§ 6º-E. Na hipótese de inobservância do § 6º-D deste artigo pelo agente público responsável pelo
cumprimento do mandado de busca e apreensão, o representante da OAB fará o relatório do fato
ocorrido, com a inclusão dos nomes dos servidores, dará conhecimento à autoridade judiciária e o
encaminhará à OAB para a elaboração de notícia-crime. (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)

Ainda nas alterações do artigo 7º, temos a inclusão dos seguintes parágrafos:

§ 14. Cabe, privativamente, ao Conselho Federal da OAB, em processo disciplinar próprio, dispor,
analisar e decidir sobre a prestação efetiva do serviço jurídico realizado pelo advogado.

§ 15. Cabe ao Conselho Federal da OAB dispor, analisar e decidir sobre os honorários advocatícios
dos serviços jurídicos realizados pelo advogado, resguardado o sigilo, nos termos do Capítulo VI desta
Lei, e observado o disposto no inciso XXXV do caput do art. 5º da Constituição Federal.

§ 16. É nulo, em qualquer esfera de responsabilização, o ato praticado com violação da competência
privativa do Conselho Federal da OAB prevista no § 14 deste artigo.

Com relação às prerrogativas dos Advogados, tivemos a inclusão do artigo 7-B, com uma ampliação
na pena do crime de violação das prerrogativas do advogado para 2 a 4 anos de detenção;

Como era antes:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Aos que exercem estágio, tivemos a inclusão de dois parágrafos no artigo 9º do Estatuto:

§ 5º Em caso de pandemia ou em outras situações excepcionais que impossibilitem as atividades


presenciais, declaradas pelo poder público, o estágio profissional poderá ser realizado no regime de
teletrabalho ou de trabalho a distância em sistema remoto ou não, por qualquer meio telemático, sem
configurar vínculo de emprego a adoção de qualquer uma dessas modalidades.
§ 6º Se houver concessão, pela parte contratante ou conveniada, de equipamentos, sistemas e
materiais ou reembolso de despesas de infraestrutura ou instalação, todos destinados a viabilizar a
realização da atividade de estágio prevista no § 5º deste artigo, essa informação deverá constar,
expressamente, do convênio de estágio e do termo de estágio.

Sobre a sociedade de advogados, destaca-se uma novidade: resta assegurada a competência


exclusiva da OAB para fiscalizar o efetivo exercício profissional e o recebimento de honorários:

§ 10. Cabem ao Conselho Federal da OAB a fiscalização, o acompanhamento e a definição de


parâmetros e de diretrizes da relação jurídica mantida entre advogados e sociedades de advogados ou
entre escritório de advogados sócios e advogado associado, inclusive no que se refere ao cumprimento
dos requisitos norteadores da associação sem vínculo empregatício autorizada expressamente neste
artigo.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Com relação aos honorários pelo CPC, fica assegurado o pagamento de honorários de acordo com o
previsto pelo CPC, nos termos da decisão recente da Corte Especial do STJ;

§ 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por arbitramento judicial, em


remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, observado obrigatoriamente
o disposto nos §§ 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 6º-A, 8º, 8º-A, 9º e 10 do art. 85 da Lei nº 13.105, de 16 de março
de 2015 (Código de Processo Civil).

E assegurado o direito aos destaques de honorários:

Art. 22-A. Fica permitida a dedução de honorários advocatícios contratuais dos valores acrescidos, a
título de juros de mora, ao montante repassado aos Estados e aos Municípios na forma de precatórios,
como complementação de fundos constitucionais.

Ainda com relação aos honorários, a lei traz a possibilidade de recebimento de honorários por indicação
de clientes a colegas advogados e escritórios de advocacia;

§ 8º Consideram-se também honorários convencionados aqueles decorrentes da indicação de cliente


entre advogados ou sociedade de advogados, aplicada a regra prevista no § 9º do art. 15 desta Lei.

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL


Houve acréscimo importante de um dispositivo no artigo 798 do CPP que garante as férias dos
advogados na área Penal, suspendendo os prazos processuais penais entre 20 de dezembro e
20 de janeiro.

“Art. 798-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro
e 20 de janeiro, inclusive, salvo nos seguintes casos:

I - que envolvam réus presos, nos processos vinculados a essas prisões;

II - nos procedimentos regidos pela Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha);

III - nas medidas consideradas urgentes, mediante despacho fundamentado do juízo competente.

Parágrafo único. Durante o período a que se refere o caput deste artigo, fica vedada a realização de
audiências e de sessões de julgamento, salvo nas hipóteses dos incisos I, II e III do caput deste artigo.”

CÓDIGO PENAL:

A lei proíbe a delação premiada do advogado contra quem seja ou tenha sido seu cliente:

§ 6º-I. É vedado ao advogado efetuar colaboração premiada contra quem seja ou tenha sido seu cliente,
e a inobservância disso importará em processo disciplinar, que poderá culminar com a aplicação do
disposto no inciso III do caput do art. 35 desta Lei (sanções de censura, suspensão, exclusão e multa),
sem prejuízo das penas previstas no art. 154 do Código Penal (Pena - detenção, de três meses a um
ano, ou multa).

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