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Sobre os Juizados Especiais

São orientados pelos critérios da simplicidade, informalidade, rapidez e ECONOMIA


PROCESSUAL, buscando sempre a conciliação entre as partes.
Essa é a principal razão da eficácia dos Juizados, permitindo que a maioria dos casos
sejam resolvidos já na primeira audiência.
Dividem-se em Juizados Cíveis, para julgar pedidos de reparação por danos que não
ultrapassem 40 salários mínimos, e Juizados Criminais, para resolver delitos de pouca
gravidade.
Juizados Especiais Cíveis
Para que foram criados?
Para resolver com rapidez causas consideradas simples, buscando sempre o acordo
entre os envolvidos no conflito.
Mas atenção: as causas não podem ultrapassar o valor de 40 SALÁRIOS MÍNIMOS,
sendo que a partir de 20 SALÁRIOS É PRECISO CONTRATAR UM ADVOGADO.
Que tipos de casos são considerados simples?
Aqueles que podem acontecer com as pessoas em seu dia-a-dia, com geração de algum
dano*, como por exemplo:
Compra de uma mercadoria com defeito
Cobrança de dívida
Pagamento por serviço mal feito
Desentendimentos entre vizinhos
Acidentes de trânsito sem lesões corporais
Quem pode propor ação*?
Somente as pessoas físicas* e as microempresas podem ajuizar* reclamações junto ao
Juizado Especial Cível.
As pessoas jurídicas* (empresas e estabelecimentos comerciais) podem ser réus ante o
Juizado Especial Cível (como no caso de compra de uma mercadoria com defeito, por
exemplo).
Quem não pode ser parte*?
As pessoas declaradas incapazes* por lei, o preso, o governo (municipal, estadual ou
federal), a massa falida* e o insolvente civil*.
Que causas não podem ser julgadas no Juizado Especial Cível?
Algumas questões não podem ser resolvidas pelos Juizados Especiais, como ações de
alimentos (pagamento de pensão alimentícia), separação e divórcio, infância e
juventude, falências e concordatas, inventário, ações contra os Governos Federal,
Estadual ou Municipal.
É possível contratar advogado de defesa, mesmo que a causa* seja inferior a 20
salários mínimos?
Sim, mas quando isso acontece, se a outra parte não estiver acompanhada de um
advogado, o Juiz designa um Defensor Público*.
Como reclamar no Juizado?
Basta dirigir-se ao Foro ou ao Conselho de Conciliação de sua cidade (os endereços e
horários de funcionamento estão no final da Cartilha), e procurar um funcionário para
que ele registre a reclamação.
É preciso informar, obrigatoriamente: o nome e o endereço das partes (de quem fez a
reclamação e de quem é apontado como causador do dano), o fato ocorrido e o valor da
indenização* pretendida.
A lei estabelece que dentro de 15 dias será marcada Audiência de Conciliação.
O que acontece na Audiência de Conciliação?
Como o nome diz, as partes envolvidas vão conversar e tentar fechar acordo, sob
orientação do Conciliador*.
Se os envolvidos chegarem a um consenso*, o Juiz dá a sentença* e o caso é resolvido
da forma mais rápida e amigável possível.
E se não se chegar a um acordo*?
Então o Conciliador explica as conseqüências do prosseguimento da ação e marca nova
audiência, de Instrução e Julgamento, em um prazo de 15 dias. Esta audiência será
presidida por um Juiz Leigo*.
O que é Instrução e Julgamento* ?
É quando o Juiz Leigo ouve a versão de cada uma das partes e das testemunhas e
analisa as provas apresentadas. Em seguida, dá sua sentença ou marca uma data para
proferir sua decisão*.
É possível recorrer da decisão?
Sim, em um prazo de 10 dias.
O recurso* será julgado por três Juízes de Direito.
Mas nessa fase há despesas: é obrigatório que as partes sejam representadas por
advogados e, quem perder a causa, paga as custas processuais*.
Pessoas CARENTES têm direito a advogado pago pelo Estado e ISENÇÃO das custas
para recurso.
Juizados Especiais Criminais
Que tipos de crimes são julgados pelos Juizados Criminais?
Aqueles de menor potencial ofensivo (delitos de baixa gravidade), em que a lei
estabeleça pena máxima de um ano, privilegiando sempre o acordo entre os envolvidos
para resolver as questões da forma mais simples e rápida possível.
Vítimas que querem reparação pelo dano sofrido podem procurar o Juizado Especial
Criminal GRATUITAMENTE E SEM NECESSIDADE DE CONTRATAR ADVOGADO.
Quais são os delitos e contravenções mais comuns?
Os delitos cometidos, de menor potencial ofensivo e contravenções penais*, podem ser,
entre outros:
Agredir ou provocar ferimentos leves em alguém
Maus tratos
Crimes de trânsito (previstos no novo Código de Trânsito, conforme estabelecido no art.
291, à exceção do homicídio culposo)
Fugir de local de acidente sem prestar socorro à vítima
Fazer ameaças com a intenção de amedrontar a pessoa,
Praticar atos obscenos,
Perturbar a tranqüilidade de alguém
Praticar charlatanismo, anunciando curas ou resultados impossíveis
Violar ou destruir correspondência alheia
Qualquer pessoa pode registrar ocorrência?
Sim, com exceção dos menores de 18 anos - que devem ter um representante legal -,
de indivíduos presos e de pessoas jurídicas.
O que é preciso fazer?
Basta registrar a ocorrência em uma delegacia de polícia, apresentando carteira de
identidade e dados pessoais como estado civil, profissão e endereço, ou se dirigir
diretamente ao Juizado Criminal (confira endereços e horários de funcionamento em
todo o Rio Grande do Sul no final da cartilha).
Se preferir, a vítima pode levar um advogado para auxiliar na conciliação ou solicitar a
designação de um defensor público.
A pessoa acusada precisa de advogado?
Sim. O réu* será intimado* a comparecer à Audiência Preliminar acompanhado de
advogado. Na falta deste, a Justiça designará um defensor público.
O que acontece na primeira audiência?
O primeiro encontro entre as partes, chamado de Audiência Preliminar, é efetuado pelo
Juiz de Direito*, que procura estabelecer qual tipo de prejuízo a vítima teve para, se
assim entender, estipular o pagamento de uma indenização. Ele conversa com os
envolvidos e propõe um acordo.
E se não houver acordo?
Então o Promotor de Justiça pode propor o que se chama de Transação Penal*, que
pode ser o pagamento de uma multa pelo acusado ou o cumprimento de algum tipo de
medida, como a doação de cestas básicas ou prestação de serviço junto a instituições
públicas ou privadas, permanência em albergues aos finais de semana ou freqüência
obrigatória a algum curso.
Se a transação for aceita, o processo criminal não se inicia e não há registro de
antecedentes criminais.
E se mesmo assim não se chegar a um entendimento?
Se nem a Conciliação nem a Transação Penal forem aceitas, o Juiz marca a Audiência de
Instrução e Julgamento, quando a tentativa de realizar acordo ou transação penal é
renovada. Se novamente recusado, o promotor propõe a suspensão do processo* de
dois a quatro anos, desde que o acusado aceite as condições impostas pelo Juiz.
Durante esse prazo, se não houver reincidência* e as obrigações impostas ao réu forem
cumpridas, extingue-se o processo*.
Se, ainda assim, o réu rejeitar a suspensão do processo, o Juiz ouve a vítima, as
testemunhas e o acusado e dá a sentença ou marca uma data para fazê-lo.
Que tipos de penas o Juiz pode aplicar?
O objetivo do Juizado Especial é promover a reparação reclamada e a aplicação de
penas não restritivas de liberdade, em que o réu, se condenado, cumpra penas
educativas em liberdade, recebendo uma nova chance.
No entanto, dependendo da infração cometida, o Juiz pode determinar prisão de até um
ano.
NÃO EXISTE POSSIBILIDADE DE ACORDO DEPOIS DE PROFERIDA* A SENTENÇA.
Existe possibilidade de recurso?
Se algum dos envolvidos não se conformar com a sentença pode recorrer, em um prazo
de 10 dias, às Turmas Recursais, compostas por três Juízes de Direito.
NESSA FASE É NECESSÁRIO CONTAR COM O INTERMÉDIO DE UM ADVOGADO OU
DEFENSOR PÚBLICO E HÁ CUSTAS PARA QUEM PERDER A CAUSA. Exceto para pessoas
carentes, que terão direito a um defensor nomeado pelo Estado e isenção do
pagamento de custas processuais.
Glossário
Ação – Processo movido em juízo para defesa de um direito ameaçado ou violado.
Acordo – Ato pelo qual duas ou mais pessoas harmonizam seus interesses. Composição
amigável.
Ajuizar – Ingressar com uma ação na Justiça para buscar a solução de um conflito de
interesses.
Causa – O mesmo que Ação.
Conciliador – Profissional, preferentemente bacharel em Direito que, junto ao Juizado
Especial Cível, busca promover a conciliação entre as partes.
Consenso – Acordo, concordância, aprovação.
Contravenção penal – Infração à qual a lei estabelece pena de prisão simples ou de
multa, ou ambas.
Custas processuais – Despesas, encargos, gastos, acarretados por um processo.
Dano – Mal que se faz a alguém; prejuízo ou deterioração de coisa alheia; perda.
Decisão – É o ato pelo qual o juiz soluciona os desentendimentos que lhe chegam por
via judicial.
Defensor Público – Advogado que exerce a Defensoria Pública, nomeado pelo Estado
para orientar e defender judicialmente pessoas comprovadamente sem condições de
contratar advogado.
Extinção do processo - Fim da ação, interrupção da tramitação judicial do processo,
conforme decisão do Juiz.
Incapaz – Pessoa que, por sua condição física e mental, não tem capacidade de exercer
por si mesma certos direitos e obrigações.
Indenização – Retribuição, compensação, reparação. Ato de cessar o prejuízo causado a
alguém e que deve ser efetuado pelo causador.
Insolvente civil – Pessoa física que tem dívidas superiores ao total de seus bens.
Instrução – Atos necessários ao esclarecimento de um processo, antes do julgamento.
Abrange depoimentos das partes e de testemunhas, apresentação de documentos e de
provas e anexação de pareceres e laudos técnicos.
Intimação – Notificação às partes, seus advogados ou pessoas ligadas ao processo,
expedida pelo Juiz, sobre algum procedimento referente à ação judicial. Exemplo:
comunicação de data e hora para comparecer ao foro ou ao tribunal com o fim de
prestar depoimento.
Juiz de Direito – Magistrado de carreira, também chamado juiz togado, que ingressa no
cargo mediante concurso público.
Juiz Leigo – Os Juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados entre advogados com
mais de cinco anos de experiência, que ficarão impedidos de exercer a advocacia
perante os Juizados Especiais, enquanto estiverem no desempenho de suas funções.
Julgamento – Ato pelo qual o juiz ou o tribunal decide sobre a causa.
Massa falida – Conjunto de bens e obrigações da empresa falida.
Parte – Pessoa que ajuíza uma ação ou contra quem a ação é ajuizada.
Pessoa física – Ser humano, pessoa propriamente dita.
Pessoa jurídica – Entidade à qual a lei reconhece personalidade jurídica. Pode ser
pública (União, Estado e Município) ou privada (empresas e fundações)
Proferir – Quando o juiz torna conhecida sua decisão.
Propor ação – O mesmo que ajuizar.
Prova – Demonstração de algo, utilizada para convencer o juiz sobre o que se quer
comprovar.
Recurso – Contestação da decisão. Meio que pode utilizar a parte vencida, ou quem se
julgar prejudicado pela decisão, para anulá-la ou reforma-la, total ou parcialmente.
Reincidência – Prática de novo crime.
Réu – Pessoa contra quem é ajuizada ação.
Sentença – Decisão final do Juiz, colocando fim à controvérsia.
Suspensão do processo – Paralisação do processo, até que aconteça outro fato que
determine o prosseguimento da ação.
Transação Penal – Finalização do processo mediante concessão mútua entre as partes.

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