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Mitologia
Grega vOLUME Ii
Martha Solange Perrusi
anna
Sb/EO
OzES
Petrópolis
1987
CAPITULO VI
O Mito de Narciso
p. 4.
Spring. New York, 293, 1976,
EIN, Murtay. Narcissus. Rev.
173
Pois bem, Liriope to1
vitima da
De outro lado, nirke, como tonte de narcose (sono produzido
Cefiso, em cuas m insaciável energia
s raneua inta alguma poderiasexual
de
por meio de narcóico), ajuda a compteender a telaçao da tlor nar Um d passear
a gravidez p e n o s a e
divindades ctónias e com as cetimonas de iniciaço,
as eiável, mas umn parto jubiloso e, ao
sobretudo as atinentes ao culto de Demeter ePersetone Narcisos mesmo de
tao tempo, aprcen
plantados sobre os tumulos, 0 que cra uni nabito, Simibolizavam o
arti i ntotaocomum belo!
rtic lar 2a
Na cultura grega, de
o o sctpre a5sustava.E que
sorvedouro da morte, mas de uma norte quc cra
dos
a p n a s um sono.
a
facilmente arrastava o mortal
pata a
by bris, oC descomedimento,
edimento,
As Erinias,
considetadas como entorpeceaoras teprobos, ofere sar o
Compet métron
ron.
primavera, emdaslugares úmidos, elc prende a smbolica das águas mito de Eros Psiau e
inexoraveimente punida.
p a r a testermunhá-lo! E Narciso Bastaria
do tmais
titmo estaçoes C, por conseguinte, teeundidade, o que do que os Imortais, que a n o peso da eternidade, em
caracteriza sua ambivalencia morte (sono) -renascimento. Na Asia é
briagados de néctare tartos de ambrosia..
simbolo da telicadadec expressa os cumprimentos do Ano Novo,
sto c, de um aro que sucede ao sono do ano velno. Os ritos anti- E que
gOs, com que se acordava o Cansaço do ano veibo, tazendo-o novo,
tambem a beleza era uma outorga do divino: constituía,
sio
portanto, uma demesurea uapas5agem do melron, ut anando-sec
bodiernamente substituidos, entre outros uidos,
tOSOS é
por estrepi- alguem de um
dom que nao ne
pettencia. eme5, a justiça
dis-
togetorios, cuja inalidade, posive imente,
Perar as torgas do laborioso e exausto ano velho.
despertar retem
No tundo, não
e tmbutiva c, pOr 1550 mesno, a Vingadoraos da injustiça praticada,
estava scmprc atenta e pronta para punir culpados.
cxiste e ao mais
ao eiho norO, sim
um arniuersarius (de Não importa: Narciso seria descjado pelas deusas, pelas nintas e
atnente quer dizer, um
retorno anual
retorno anual, um aniversarto co tempo cicau0.
pelas jovens da Grécia inteira!
espírito
Mas
de
uma belezaas
realmente conturbava o
Liríope. Quantos anos viveria o
vox macia
iirio, 1sto é, rigov (leirion), lirio" e by (óns) de como um
P conseiiéncia de um castigo e de uma
Ops),
Como vë,
compensação. Ao atingir a época de sua dokimasia, a saber, das
se voltamos à simbölica das águas. E,
oenentou no ol P.
segundo se
provas de caráter iniciático por que passava todo Jovem,a0 in
aguas, e
4666, um dos simbolos
do rio, do
escoa Bressar
na efebia e, em seguida, participar da vida da pols, 1iresias
a tertilidade. Acrescentemos, de
passagem, qu escalou o monte
determinados
talvez
es
primoraials, como rios e montes, entre ouros,
e
Citerão viu duas
serpentes
num ato de amor. O jovem Tirésias as scparou, ou, cnso
que e aop
or não
Pomortizado, eram detentores de uma aTOu a serpente temea. Oresultado dessa ntervegao
Brande energia serual
edemonstrou no Vol. I, p. 260-261, subiu
tarde,
ue no Aqueloo lutou 0 jovem se
mulher. Sete anos mais
tornou
174 175
ieas otiosus, liscutia acalorilulatmenie c n sta csosa tleta. O obic
byeto s ompanheira, mcdiante
uma erva miraculosa, de cujo se
da polémica eta deveras sério e omplcau, ava em torno do
gredo se apossa Polido para tessuscitat a Colauco,
amor: "quem teria maor, prarer homem ou
Apolodoro, 3, 19. intotmao mesmo
mulhet? Parl tirimir duvas, o cnamao quiele qe tinha
Existem adivinhos, como
criencia de amtxos
se um ato de amor
03 sexos.
ldesSC
esi
sCt
pnucu,
tfacionacdo em
sem
dez
hesitar,
iats
(ógphis), cujo home posst Ojonen, grego em
estreita relação serpente
se
di
parcelas, INCnte", observou P'ausänias, 4, 10, etimológica com
mulher teria nove e o homem apenas uma. tiera, furiosa, o cegou, 5.
pryue havi Fevela
no
tudo por. Acrescente e, o que a
cegueita atribulda a n
que, tundo, it homem,
da prazer feminino. vilentesdeteslas a toneu, passando por Polimnestor (Euri
Causa
om "
rides, Hécuba, 1z6.veo
ndeu perfeitamente a resposta patriarcal do adivinho tebano
sånias, . a . s e
ietodoto, 9, 93sq ). Fórmio (Pa-
Acoplada a estera da mantica ctoa, trevosa.
dar-lhe a "vitória". nore décimos de prazer, estava, na realicdade, tra de
è-se, adivinna-se de ent
uentto
para tora, das trevas
çando um pertil da superioridade masculina, da potência de Zeus para a luz
simbolizando todos os homens, unicos capazes de proporcionar tanto Voltemos, porém, a Narciso.
prazer a mulher.
E as grandes paixões pelo tilho do rio
efiso começaram
Para Jovens da
Grécia inteira e ninfas, como
damcompensar-lhe a
da mantéis, da cegueirae 8ratidao
por Leus concedeu- .nara LITiOpe, estavam
profecia irremediavelmente presas à beleza de Narciso,
e o
privilégio de viver sete ge
raçoes humanas. manecia insensivel. Entre as grandes apaixonadas do iowemd
estavn a
Foi in co, apos um grave acontecimento, acabara de
que, que
ao grande proteta grego, ao mais
celebre antis,
que Li Tegressaro p, a deusa c r a , descontiada, como sem-
s u Narsovveria
eta, t 0
muitoseri,
anoss eAcicresposta do adivi.
nao se vir Cco" a , s
consranesviagens do esposo ao mundo
76 77
representa um mero discurso tacional, para se compreendet
he grita,
ninguém: Vem , , mas como imagein ue uma dissoctagao real eitre o pai e
E,não vendo e
e dos homens.
nvite gual aove:separte mãc dos deuses
volta-se, nada
Por
que e 1oges Eco são taiz
Clama; Por que ne oges, ne te Narciso e dois caminhos provenicntes de
sotrimento cultural, t que buscatm, através de suas peripé-
uma
co
Da mútua voz
deluso, Acontece que,
as, se encontrar e se
tesolver. como se encontram
nos clucida
sobte feandauc nanem e da mulher, tcalidade do a
Ele toge; ug e amor nos una. atndo pouco aaanaise psIcOOgica,ucScjariamos letniora
unn
ctoni0
abutos do RTande deus
aos
apenas de repetir os derradeiros sons do que se diz. As demais eco" sonoro da existencia.
nintas, irritadas com a insenstbilidade c trieza do tilho de Luriope,
De ese no
mito
um Caso de tmobilizaçio: como
pediram vingança a NeMes, que, prontamente, condenou Narciso a uoutro aa rmada heroi
0 po1tIPe.
.
mulher
em
pedra, como o
olhado para tras, 0 10 mcstátua de sal.
de Lot, por ter
de Lot deva
frisar e seacompreender o
mito, é preciso duplo um
movimento
de subida
o aletica de opostos co u pedra bomem
exptimem e o
a
de 1eusea ele
retora.
peu u
plementares, não só de masculino e ucscda. O homem nasce eie
eto dpeto, de g o que permanece em si mesmo e de algo que escedo ceu e, transmutada, a teE
emaneceno outro em do mals, a história de Eco está ligada a hora de se voltar à desdita do filho de Liriope. Estava-e
dissociação conjugal de Leus e
Hera, porque Eco NarcISo, Seucnto,
prou
Por dar CObertur e_castigada exa e
no verao. O jovem
entanto ewe a05 Bcuiterios de Leus. 1al
casugo,no
S O D uma
relação de causa e efeito, Maris do Carms Pandefo Rin de enriro. Tem ralit eterpeltioer
eAaeio Felieio de Che ie d eri
agio 1
Sinin", 199.
yLenon, Cambrider, 1 , P, 11 lemda judaico cabalt le hnits
de Adao par Ds, uo *
, cm concorincia com CIis
178
179
0 otto fixo, Narcto parece uma eitatna de mirmore de Paros
sede.
Cono as
tlores que Deitado, ontempa 0t 1Cut bOi
impida tonte de
Téspias pata mitigar a
uma cham a
que sf proprisiletilo
alimenta.
Sem limos, toda esplndida, manava,
Quantos nadoras!
Fonte argéntca, onde nunca os pegurc
Nunca do monte as Cabras repastadas,
o lago contra os sot5, petenc cscu Nada e em si mesnna: congo reto e conigo permJNere.
pariir.
a di5stpdriu, se pudesses
. .
chegava, T ua
parthaa
sono, ndo esgueceu.
Da calma, do caçar opresso, nin ustento,
c o
jovem Estirado na
relva ofMcd,
ao te
cunsa
de oDar sen faiso enieto,
onos orTe de amo.
Debriçot-se sobre o
spelho imaculado
das
aguas e
v-se. V1 E por seuS proprtoj
Persétone.
pela própria imagem. cumprira a
For Narcis0 se perdcu Eco c por narciso se arruinou
e
nos reiata a tior
granae a
tiimo
O e feamuo atar Sede, seus efeitos sobre Core:
Outra mats forte aebou. Enguanto bebis,
prorocad EIT0 maravilbosamente,
e
brilhara intensa e
81
180
do Dr. Carlos Byington, nos tres semináriOs que juntos fizemon
E das muiliplas corolas exalata um perfure fte frzu sorri sobte Narciso
Todo o tusto Ceu, a tera e a äsperd untetaçao das onaas do mar
Maravilhada, a jovem estendeu, de uma só vez, ambas as mãos,
Claro esta que, tratando se de
terreno albeio,
varnos ser su
sob tantos nommes, e o mito de Narciso deve ser enquacdracdo nas lendas de Eros,
to basic0 que separa o nitologema do filho
Acerca dla "paixão e morte de Narciso, o historiador e mitó-
laquelas, como a lindissima estórin de Er0s e Psiqué, é a "natureza
grafo grego Il
Pausinias (séc. p) nos dexou uma
versão dife do amor
de rciso que e xOn, cn o satber, pela pripria
na de tatal do
imagem retlctida tonte 1espias. u seja o
cnganoTratar-se-ia,
naaua do oojeto do amor.
"
leva
uma
ce Suas
torças, c e
prectsamente esta
quail
Pprechcde
por retiexao: atitude. A retlexio
que tetiexocs a
utro
psicologicas mais
protundas, que, de como
sumples ato
uP ' 1dade humana, face às nccessu
o , nao seriam uma atatude de prudencin
proväves bem o indica a palavra tetex
Amos tentar taer gumas retlexöes sobre o mitologema de de sentie
de mover se em
obyeto, sotreno
direçao ao psiquização eé interpretaçaa de
James ueorge Ftazet relaciona
desviada para uma atividade endO p s g u i c a . |
com o refiex0, drerente, scguindo a primitiva
o
ção de que as C O s esconde-sc o espirito dar i z u a ,
ung csse instinto possibilidade da riqueza e da
preparako para rouD a a u d elt, que neles, por
complexidade psicológica. Tratase de um instinto cstritamente hu.
retietisse.
mano e, sem ele, a cultura e a interioridade psiguica seriam incon ventura
se
F'araOautor de 1e Goden BoH2h não se
à
eu itinerario leva a0 ctonio, à desilusão e
que Ftazer entatiza em sua interpretação do mito. Sob a influéncia As
protundidades.
anina, amase que o se aute-retlete e
retlete se o que se ama.
Nocaso de Nareis0, cie ama o proprio tetlexo C, por Ss0, nao
Nesse caso, o águas de que fala rarer poue
espírito das
pode jamais abandonar as aguas paradas da tonte, vida sua
e possivel"
onde esta açao cstar AssOciadio
a ue
Narciso, 0 qualdeter1a
perdido
vetsos
solipcIstno, no incesto
intrapsiquico, mas tarmbem no 5uiciao. elação também com
moao caplcito, o Fecusar coier, Narcis50 se suicido, Esse Suiciao (eidolon) e, em
atl ornava-sc eidolon, um
reliexo
uessao
que surge no reflexo, imagem noquerida e amada,
real
O e r a Latino Horácio, já citado, escteveu u
SSU cquivalencta mundo e camente numa Ode (4, 7, 16): puluts et umbra suus, So
objetivo,
ainda
OTUTd,
Isto , morte. E, como sc
viu, aresplo rno.
Oento
nom
* cim que se encontrou, Se vu peraAtnente no Hades ver-se nas dguas e s r a
Aspecto, 0 mito do mais belo dos homens de Narciso e como sc e0a un
1ec
assemeina ao de Edin c s t e entoque,
g a s ptimevas.
a morte
Thid,
2. idem. p. 35%at
184 89
icularidade. Para o neoatonicos este movimento simboliza igual
Igualmente os neoplatónicos, sobretudo iotino, deram sua con uma
queaa da unidade na multiplicidade, do Uno no muito,
aa nerneneutica do mito do pleuroma na criatura,
tribuiçao para um do angulo5 POSSivCs
logema em pauta.
A umbra, tem
Deixando de lado o jovem trio, inditerente ao amor e auto
lidades comuns a
a
sombra, fungao arnbivalente, já que possui qua
luze as trevas. Na vetdade, não pode existir som-
ufi cier sentam-no como vitima de uma
ilusa0 de que a
ago, de mocdo cair da
a imagem, a umbra, a sombra, são a unica realidade.
Mais precisa
bra sem
luz, e estas estuo
noite, ambas sao u e v o r s
tal v a
relacionadas,
na
que, ao
mente: o esquema neoplatonico *e o ooge c out u
luz
valente à queda da alma na matéria. E, precisamente, nessa visão
éncia da sombra pode manitestar-sc attaves de tunçoes ambiva-
neoplatonica que o simbolo do eipelho ctao importante.
a
procura
para
da Juz.
enamora-se
puro,
de
vislumbra um retiezo deia mesma
na matériac prospetidade, a telicidade
força ferititdade da sombra, e a de
s mesma. eeo,pa
ulha d rorno Plotino ssoCiada luz gerdora da vida, estad patchtesa n a miet
a
En 4 212) fazendo um paralelo do mito de Narciso com o ndo lhe disse Anjo D 35 o
O Espirito
et uirtus l o Aleissimo te cobrirá com a sua
epelbo de Dhoniso, de que ji se tez mençao, mais atras, a P. 0 , do cOD
de ao passar P'edro,
cobtisse ao methos sua 3ONa
algurnn deles, " ssar-se
da pessoa.
que,
Em cultutas
ambeém a
uto c comun, o1s i r
umbra e
o tellexo
temm ptnvas nao
e poarn e agumas ainda não
em
gna c se
oxdetm totogratias: a
alrna tica presa na imagem imoe,
gea ambos como Teproduçoes eOporcas aifnaa
A estreita g0)
am mbuldos de
misterio
de s0Dtchatutalidade e
er.se ler-se nas águas e
ode ticar
prisio
relação entre sombra e retlexo é ilustrada por unm cpisodo ocorrido e
na veina estamos conscicntes, imagine-se o
quande un espelbo, quando ma
iancla fronteiriça. De
imediato, tomano sem açao, Mbandohnda ao desconhecido, está à metce dos i
Assim, nao se deve acordar tepentinarnente uma pessoa adormecida
um
espello, captou lhe a imagen e beijou- ternamente. Denunctado,
o rapaz alma, ap e eraaie para petegrinar
Tundo, pode nao tet,
4par da fotça terapeutica
e
da tettnaate, pOfem, a umbra tempo de
teRICSsar e despertacdo morte
tem lado quando e o lado Não se
deve dormir comm seue: a
alna ia tatalrmente bebet aga
seu
negativo: assim
efeitos benéticos
voita,ela.pata
Surgem,
das e podeta agatE po
trevas, seus desaparecem com cntão, a a a e
aeve pintar nem
Outta 10a
no ceu,
no mar.
o diabo pocde levar alma
cacinar a
Pucria a
a
lua
a
do
Go
ceu,
mat.*
CAPITULO VII
Queria
Hermes Trismegisto
puares se dava ou
da cabc$a do
Chcimada deus.
A essas colunatas
o nome de "guta (hérmata) . plural de "oa (herma), apo0, cipo,
" que parece prendet-se o nome i e r e s .
das Hermes
uho de
Zeus e de Maia, a maIs
jovem Piciades
C u num aln quatro (numero que necra consgad na
onte
cne, ao su aa. psa a a
o da fe
colocado no vão de um salgueiro, arvore
cundidade e da imortal1dade,
rito
o que traduz, inicla
menino
idade extraordinária. o
tico, o
revelou-se desligou se das taixas, demonstra
SDo aa em que
a nae
esligar, viajou
ate ICssaa,
c
arte do rebanho de Admeto, guardado por
se talou mais Aras, a P.Si. Fc
umpr puniçao, de que