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ALTERIDADE E IDENTIDADE

NA AMÉRICA
IATINA

19. como expressão artística distinta, nem como expressão


nosso continente". Esta afirmação até hoje se artística,fora
Alteridade e identidade limites de mantém
dos
em vista a indiferença, por exemplo, de um válida,
na América Latina ver, tendo Jean Clair,
Bienal de Veneza, pela arte da América curador
da penúltima Latina, ao nem
[1998) —- ou quem sabe sem nem sequer ter visitado
algum país de
continente para 0 preparo de seu tema sobre a figurana arte nos-
continuamos presentes em todas as
nea. No entanto, mostras que visam
povos distantes, ou exÓticos, no desejo apre-
"Falta-nos construir modelos conceituais que sentar a arte de de explicitara
compreen- ausên-
dam e nos façam compreender o que somos e ao mesmo tempo cia de centros na contemporaneidade, como foi o caso citado
de "Magiciens
organizada há alguns anos por Jean-Hubert
o fato de que queremos ser outros. Tudo isso dentro de nossa de Ia Terre' , Martin.
pluralidade cultural, artística, humana e social. Construir mode- Pode-se argumentar que, nas duas últimas décadas que nos
separam
10sque compreendam e nos façam compreender a coexistênciado do Simpósio de Austin —, vários artistas da América Latinatêmcirculado
latino-americanoem Tamayo e em Soto, por exemplo. Construir pelosEstados Unidos e Europa, expondo em museus, centrosculturais
e
modelos conceituais que compreendam e nos façam compreen- Documentas, como as de Kassel, sobretudo artistas brasileiros,o que
lhesga-
der a origem e o conteúdo de uma obra de arte e, ao mesmotern- rantiria um reconhecimento em meios artísticos a que antes não tinhamaces-
po, seus efeitos latino-amerlcanos.
so. Mas isso é em termos, porque sobretudo eles serão sempre artistasda
Juan Achal AméricaLatina" e não artistas em pé de igualdadecomartistasdochamado
PrimeiroMundo. Não é por acaso que um AlfredoJaar,do Chile,nãode-
seja ser identificado como artista latino-americano, assim como o grande
O debate sobre identidade e alteridade na arte da América Latina nãoé Roberto Matta, ou um Vik Muniz. No entanto, os maissofisticados e con-
uma discussão nova. Ao contrário. Ela nasce nos anos 20 e 30 do século XX, ceituais artistas da América Latina, como Luís Camnitzer,do Uruguai,vi-
junto com a preocupação social dos artistas de nosso continente. Enquanto vendo em Nova York, movem-se num meio marcado pela presençalatino-
reflexão teórica foi amplamente debatida nos anos 70, em particular no anto- americana nessa capital. Não se pode fugir à sua condição, ou à sua proce-
lógico Simpósio de Austin, Texas, em 1975, ironicamente nos Estados Uni- dência, mesmo em países como os Estados Unidos. Ou mesmo a Alemanha.
dos, à época estimulador dos regimes militares que imperavam em pratica- Em particular na Alemanha, existe uma abertura para exposiçõessobrearte
mente todos os países.Nesse encontro memorável, de que tive o privilégio brasileira,por exemplo, ou fotografia na América Latina. O qpesignificaisto?
de participar, foram apresentadas comunicações reunidas depois em livro por E que a individualidade
da produção do artista não emerge, mas sim sua
Damián Bayón2 com as discussões ocorridas na ocasião. procedência. Exceçóes honrosas foram, sem dúvida, as retrospectivasde Oi-
A crítica Marta Tra-
ba, por exemplo, é bem enfática em ticica e Lygia Clark, comoa de
afirmar em resposta à pergunta "Existe veiculadas na Europa por vários países, assim
na atualidade uma expressão Cildo Meireles, a Paume,em
artística diferenciada?" , que "NÃOEXISTIMOS partir de entidades prestigiosas como o leu de
Paris, Fundação Tápies, ou IVAM,
de Barcelona, no caso de Lygia Clark,
Museu de sabe,a exce-
Valência, no caso de Cildo Meireles. Mas, como se
I Apud Damián Bayón çãoconfirma
(org.), El artista latinoamericanoy
su identidad, Caracas, Monte
ÁVI- a regra.
1975que
Ia Editores, 1977, p. 27.
Damián Bayón pode ter afirmado no Simpósio de Austinem
2 Idem. Já somos altosdesteséculo,
"criadores de modelos", ao mencionar os pontos

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arquitetura brasileira dos anos 40


"Torres-García,a a Ashton, uma grande crítica norte-americana,
sendo que
dos cinéticos venezuelanos e argentinos obrad própria Dore diria a propósito,
Obra é
e Mata, a perfei- Shakespeare teria ficado assombrado se tivessem pretendido
parte do mundo". E acrescentou; que
em qualquer 'GN-ao exis- Racine também voltou remotamente aos limitá-lo a
tamente original ternas ingleses. gregos, e também
o tivessem enclausurado em temas
tiu antes .
medida este
fenómeno dos pontos altos da criatividade não gostaria que franceses.E menciona
Mas em que Ia. Borges mesmo disse que, no Alcorão, Maomé não
considerada no mundo? que precisoumencionar
tino-americanaé realmente camelospara mostrar que era árabe. Isso apenas para mencionaraspressões
quando assumamos nossa realidade, nosso compor.
Creio que somente locaisem busca
de uma arte nacional".5 Pois, se nas artes visuais
de nossas culturas, enfim, em relação ao resto do mun_ essapreo-
tamento, as diferenças cupaçáo aparece sempre de
forma cíclica, ela inexiste na
dança, na música, e
— baseados nessa mesma especificidade singular nos.
do, é que poderemos principalmente na literatura. Emerge naturalmente, seja num Guimarães
das culturas abertas, dos povos novos , de acor_
sa, que é a da mestiçagem, Rosa,como num García Márquez, como num Jorge Amado,num Vargas
Ribeiro — ser aquilo que Marta Traba,ain_
do coma nomenclaturade Darcy Llosa,num Cortázar.
na ocasião, que 'o dia em quediga-
da emAustin,menciona.Declarouela,
mos, tranqüilamentee sem medo, somos latinoamericanos', afirmando
sim uma categoriahumana e cultural que não exclui o matiz desafiantedo SOMOS PARECIDOS, SOMOS DIFERENTES
famoso 'black is beautiful', teremos alguma chance de projetar nossa existên-
cia fora do continente . Se somos parecidos entre nós culturalmente, apesardasdiferenças
vi-
A mesmaposturaseria assumida, com outras palavras, pelo pensador • — sobretudo de idioma, que nos separa, e isto é um fato que constata-
síve1S
peruano Juan Acha, um intelectual nunca suficientemente valorizado. Disse mos ao longo de décadas —, as dissemelhançassurgemnuns,pelaporcen-
ele, na ocasião,algo que talvez nos sirva neste encontro preliminar de "Arte tagem maior da presença indígena, noutros pela porcentagem maior do san-
sem Fronteiras":"Não é que estejamos na busca de gue africano que torna mais doces os indivíduos, noutros pelanítidaporcen-
nossa identidade, masna
buscada autoconscientizaçãode nossa tagemmaior da presença européia ou oriental, ou árabe.Masé, semdóida,
identidade, ou seja, a busca de con-
ceitos para compreender nossa essapluralidade de raízes e a mestiçagem que nos assemelha,nos singulariza,
identidade, que não é a européia e de tipo
ocidental,ou seja, unitária, nos torna abertos, e, quem sabe, mais confusos enquanto personalidade.
senão plural". E acrescenta: "0 ser latino-ameri- Éo
cano nascee crescenum
meio de grandes diferenças de todo tipo, e de talfor- que quis dizer Jorge Alberto Manrique, este grande intelectual mexicanoque
ma que suasmanifestações
artísticas são plurais e muito bem pode 'impor- não podemos ter hoje aqui entre nós: "De qualquer maneira é a estrutu-
tar' dos dois grandes
ra mesma do ser
realidadeexterna e
centros artísticos,
sempre e quando os condicione a nossa latino-americano que é confusa. Historicamente,sim, so-
mos ocidentais, a mim
Essecaráterde
interna, mundial e
local". 4 isso me parece indubitável, mas cadavezque quere-
mos provar o quão nos
molestapor nos
importação de modelos
externos das artes visuais que
nos ocidentais somos, exatamente iguais ao modelo que
sentirmos sempre é proposto, descobrimos [...]
ocidentais. É,
acreditemosem caudatários de outros centros, embora ao mesmo tempo que não somos
culturaspuras, pois, esta situação fato está em
emoutras
formasde que não existem, curiosamente não sucede de ambigüidade o que nos constitui, mas o
que para mim é nosso
expressãoartística,
na música, ou na literatura.
Aliás, a isto não é um defeito (nem defeito nem qualidade),
ser constitutivo, Cir-
a nossa
e a expressão deste ser constitutivo e a resposta
Idem, ibidem
p. 42.
4
Idem ibidem,
p. 43.
Idem, ibidem,
p. 28.

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termos económicos, sociais e políticos e d convencionou-se, através do Comitê dirigente,que


mesmo em dos, e
cunstância precisa, dos dois partidos possíveis. A deveriaocorrer
culturais, é tomar qualquer d
e que
de logo é uma constante, tão constante como a anuidade por parte de cada museu etc.
vamos ser iguais aos ocidentais idéia pagamento de Chegou-sea estabele-
própria e diferente de Ocidente".6
personalidade cronograma de exposições a serem circuladaspelosdiversos
de insistirem nossa cer um
a primeira seria "A Emergência da Paisagem países.
Lembro-me que na Pinturada
focalizando os paisagistas dos últimos trinta anos
América Latina", século do
resumo: como em todas as ocasiõesem que os
XIX Mas, em
UNEM
OS VÍNCULOS QUE NOS latino-ame-
o encontro é uma festa de congraçamento,
ricanos se reúnem, todos estãode
vínculos regulares ou eventuais, no âmbito artístico entusiasmo é estimulante. Porém, quando cada qual
Qual o sistema de acordo, o regressaà sua
culturas da América Latina de hoje, fim dos anos base,as dificuldades
são enormes no cotidiano: as anuidadesnão
que nos unem, as diversas chegavam
articulação está apoiada na inexistência de uma escrevia não recebia resposta — e em pouco tempo
90? Na verdade,a falta de a Bogotá, quem reconhe-
belo projeto.
política cultural que, de fato,
tenha estabelecido um intercâmbio regular en_
ceu-seter malogrado o
tre nossos países.Sempre faltou a
chamada "vontade política". Uma "vonta- Uma articulação efetiva ocorre, pelo contrário, apesardasdificuldades,
de política", empurrada pela necessidade
económica, por certo emergiu nos quandose organizam e se publicam antologias sobre arte ou literaturana
últimosanos atravésdo PactoAndino, ou entre os países vinculados pelo América Latina. Fundamental, nesse sentido, foi a contribuiçãoda Unesco,
Mercosul. Ou seja, as iniciativas culturais vêm a reboque do fato económi- quereuniu em Quito, no final dos anos 60, intelectuaisde diversas
áreasda
co. É um fato realista, pois partindo apenas da iniciativa cultural, pouca den- culturalatino-americana. Foi uma iniciativa pioneira parao mútuo conhe-
sidadetivemosenquanto diálogo permanente. Por vezes, na minha área, cimentodas questões relativas à nossa identidade e informaçãosobrenossas
museológicae cultural, observa-sea presença de artistas de nossos paísesem realizaçõesculturais. No início dos anos 70, começarama sairos volumes
eventos como as Bienais de Gravura em Porto Rico, Salões em Costa Ricae AméricaLatina en su literatura, América Latina en sus artes,AméricaLatina
Santo Domingo, Bienaisde São Paulo, de Havana, Cuenca, Lima, com con- ensu arquitectura, com a colaboração de especialistas. Na verdade,foicomo
tatos ligeiros, esporádicosentre os artistas e instituições. No mais, existem so- um toque de reunir que desencadearia a reunião de Austin de 1975.
mente iniciativas individuais. Há também o exemplo de inúmeras antologiasorganizadas
peloincan-
Houve, ao final dos anos 70, e fomos participantes, pessoalmente, des- sávelDamián Bayón, por Ramón Gutierrez, da Argentina, e mesmoa mim
se esforço,a criação da UMLAC — coube a organização da antologia O Neocolonial na arquitetura na América
Unión de Museos de Latinoamérica y
Caribe — a partir da Colômbia, Latina e Caribe, propiciada
através do empenho meritório de Glória Zea, pelo Memorial da América Latina de São Paulo.
diretora do Museu de Arte
Moderna de Bogotá. Enquanto diretora, à épo- Mas, acima de todos esses esforços, bem acima, está o exemplartraba-
ca, da Pinacoteca do Estado, lho de Angel Rama, da Biblioteca Ayacucho, e que, a partir de Caracas,des-
fomos co-fundadores dessa entidade. O objeti-
vo era, como agora
com "Arte sem Fronteiras", deos últimos anos da dalite-
regular de eventosartísticosa
viabilizar um intercâmbi0 década de 70, se propôs a reeditaros clássicos
partir de exposições a serem montadas pelos ratura e dos momentos países da América
diversos museus, de fundamentais da arte dos vários
todos os países da Latina. Esse esforço nasmãos
pelo continente. América Latina e Caribe, para circular foi maravilhoso, sobretudo por poder colocar
Foram redigidos do público obrasdos
estatutos, exaustivamente debatidos e aproe leitor da América Hispânica, devidamente traduzidas,as
brasileiros Lima títulos já haviam
Barreto e Machado de Assis. Até 1978, 47
sido publicados, Garcilaso de Ia Vega,
6 Idem,
ibidem, pp. incluindo textos de Simón Bolívar, Inca Roa
73-4. Sarmiento, e chegando Augusto
à ficção de nossos dias com Juan Rulfo,

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livros de poesias, e
além do resgate de
Bastos, Ciro Alegria, ensaios
ou, ainda, podemos indagar: será possível reverter,
Pedro Henriquez Ureña.7 atravésdo
aqueles de autoria de num continente como 0 latino-americano, intercâm-
planejar, como lembra a historiadora CacildaT • bio cultural 0 perverso
No entanto, ao se como enfatiza 0 professor Milton santos, na poder que
concertos anuais por entidades como 0 hoje se apóia, tiraniado
ra da costa, a série de tirania da informação, através de iniciativas
efetivasno âmbito dinheiro
Artística de São Paulo, por exemplo, entidades e na
pela Sociedade de Cultura condições para uma "cidadania" cultural,
raramente comparecem em suas que para tentar criar inexistentena maior
desenvolvemintensa atividade, programas sempre segundo Milton Santos? parte
sinfónicas de países da América Latina. de nossospaíses,
çóes grupos de câmara ou Será mais
Trata-se apenas de um critério
fácil o contato com outros países? de paísco_
Ionizadoque opta exclusivamentepor conjuntos do Primeiro Mundo? COMO SOMOS?
Um dado para nós é pacífico, em nossa área de artes visuais: a legisla-
çâo aduaneira brasileira, talvez até ainda dos anos 30, dificulta ao máximo um Se perguntarmos a jovens artistas paraguaios quais os principais
intercâmbiode exposições,nisto implícito o envio e a chegada de obrasde nomes
da arte brasileira, mesmo sendo nossos vizinhos mais próximos, mesmo po-
arte para eventosde natureza cultural. Como abrir esses canais, como modifi- (lendo com uma hora e meia de avião estar em São Paulo, poucos terãoa pos-
car rapidamente,atravésdo Congresso em Brasília, essa legislação que deve- sibilidadede declinar nomes e conhecer tendências.No Brasil,issotambém
ria ser vigiadapelos cuidados que os patrimónios históricos e artísticosdos ocorreem relação a artistas da Venezuela, Méxicoou Uruguai.Somentera-
diversospaísesdemandam,porém ágil e aberta para eventos devidamente ros historiadores, colecionadores, e marchands (como no BrasilThomas Cohn
preparadospara difundir e intercambiar a informação? e Marcantonio Vilaça) acompanham com atenção o que se passanos países
E na área de livros? Qual a facilidade de se importar e de se exportar pu- vizinhos. Mesmo assim, por vezes durante um certo período de tempo, esca-
blicaçõesnum continente que se deseja, na área de artes, sem fronteiras"? pando-nos, em seguida, o acompanhamento do desenvolvimento do meio
Acreditamosque este encontro possa ser uma retomada das tentativas artísticode um país limítrofe, pois essa tarefa resulta quaseimpossível,
no
da segunda metade dos anos 70. Agora, baseadas
no pragmatismo com que espaçoe no tempo. Cabe em seguida a uma outra geraçãoter seuinteresse
o momento económiconos pressiona. despertadopara a apreciação e a empatia com os paísesdaAméricaLatina.
Assim poderá surgir uma verdadeira
políticaculturalnão episódica,porém A partir dos anos 80 assistimos, por exemplo, no Brasil,à emergência
que se firme para dar início a umsé- depro-
culo XXI em que nos
conheceremos melhor. Ao mesmo tempo, é propício0 fissionais docentes interessados na América Latina, já que issose tornou, por
momento para o levantamento varias circunstancias, inclusive de ordem económica, "politicamentecorreto .
e a reformulação de questões, segundo recente
relatório da Unesco: uais Isto foi visível sobretudo
são os fatores culturais e socioculturais que e- nas Universidades do Sudeste e Sul do Brasil,pres-
tam o desenvolvimento?
Qual o impacto cultural do desenvolvimento eco- sionadas por alguns
profissionais pelo desejo de participar de um contato
real
nómico e social? Como comos demais
se relacionam,
delos de desenvolvimento? reciprocamente, as culturas e os mo- países da América do Sul, em posturaconstruída,elaborada,
Como podem os valiosos elementos da cultura comvínculos
tradicional combinar-se cuja duração ignoramos.
com a modernização?" 8 AO abordar estes problemas, premência do tem-
a vôO de pássaro, pela
po, porém deixar
com 0 objetivo de levantar questões nesteencontro,desejo
7 Angel
Rama,
responsávelpela enl
Madri, em 1980, assim coleçâo, desapareceu
como sua em trágico acidente de aviação SP,
mulher, a crítica de cultura e Brasília/Campinas,
Javier Pérez de e historiadora Marta Traba. Desenvolvimento. Tradução de Alessandro warley Candeas,
Cuéllar (org.), nesco/Papirus,
Nossa 1997,p. II.
diversidade criadora: relatório da Comissão

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me interessa particularmente, ou seja


refiro ao ponto que como Antorchas, de Buenos Aires;
claro que me possibilidades de intercâmbio d fundações Andes,
de Santiago;
discussões à análise das a Athéris Paulo. Entidades irmãs,
que, por certo,
se interessarão e Vitae,
sistir nestas
América Latina. Considero que é da força desse de
como o que objetiva "Arte sem em participar
da projeto Fronteiras".
ca Litina dentro autoconsciente, como desejava Juan Acha. de urn
um continente Esta breve comunicação visa apenas estimular um início
bio que nascerá de São Paulo em 1980, insisti de debatenes-
quando curadorada Bienal na
te grupo,
trazendo a cada um de nós um pouco destas
por que, latino-americana — a primeira Bienal impressões,
memórias
que fosse para uma discussão neste momento que
manência de uma Bienal La e preocupações todossabemos
1978,sob a curadoria de Juan Acha e projetada mundo — mas fundamental di-
tino-Americanafora em em simpósio por mim coordenado, fícil para o
para a união dos paísese das
cultu-
demiti-me quando Latina.
para o mundo (e convocados entenderam
os rasna América
da América Latina por vota_
demais críticos de arte deveria seguir
Bienal de São Paulo com sua vocação
çáo vencedora que a
internacionalista).
me refiro, claro está, ao fenômeno "lati_
Nesta brevecomunicação, não
por se tratar de um fenômeno local, domés_
no" dentro dos Estados Unidos,
à imigração mexicana, frente ao fenóme-
tico, o dos norte-americanosfrente
cubano, a todo o universo que hoje constitui
no "chicano",porto-riquenho,
a presença"latina"nos Estados Unidos, hoje creio que constituindo cercade
17% de sua população votante. Assim, considero que os espaços abertos para
a culturalatino-americanadentro dos Estados Unidos, em particularna
Califórnia,em NovaYork,no Texas — em Austin —, ou mesmo agoraem
Washington,se constituem em uma correta resposta política por partedo
governonorte-americano,o de abrir espaços específicos, diferenciadosdos
espaços"normais" (como em San Diego, ou como através do Museodel
Barrio, em Nova York). Essa política, embora semelhante, se diferencia da-
quelada "boa vizinhança"do tempo da Segunda Grande Guerra, pelaine-
xisténcia da Guerra Fria.
O objetivoque "Arte sem Fronteiras" se propõe importante na medi-
é
da em que acena para uma atuação
que situe no passado a preocupação co-
Ionizadado latino-americano
de somente desejar vínculos de projeção desua
obra nos EstadosUnidos ou
Europa. O que este encontro parece quererdis-
cutir é a possibilidadede
uma articulação efetiva, através de instrumentos le-
gais por parte de todos
os países, para um
contemple um programa intercâmbio regular, constante, que
de açâo possível nos de
nós. E, para alcançar anos que se abrem diante
este objetivo, é
des atuantes em fundamental que se lembre de entida-
alguns de nossos
possam ser preciosos países, com atuação exemplar, e que talvez
instrumentos para
viabilizar o que se deseja. Refiro-me

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