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Mathews Amadeu Verlangieri

Excelentíssimo Sr.(a) Dr.(a) juiz da _ Vara civil de Gurupi, Estado do Tocantins

Processo nº XXXXX

CLINICA XXXXXXXXXXX, já qualificado nos autos, por seu advogado Mathews


Amadeu Verlangieri, XXXX, OAB/MG XXXX, procuração anexa, com escritório
estabelecido na Rua 19 entre Amazonas e Mato Grosso, n 1070, Centro,
Gurupi/Tocantins(local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente
apresentar

CONTESTAÇÃO
Ao pedido inicial ajuizado por XXXXXXXXXXXX, também já qualificado nos autos,
nos seguintes termos:

1. Síntese dos fatos:


Em fevereiro de 2017, a primeira Requerente sentindo desconforto no baixo
ventre e irregularidade na menstruação, imediatamente, procurou o Posto de
Saúde. O médico que a atendeu, ao realizar a anamnese e o exame clínico, lhe
indicou que se submetesse à Ultrassonografia.

O exame realizado, em 15/02/2017, pelo Dr. XXXXXXX, CRM-TO XXXX,


constatou um Leiomioma Uterino. Sendo assim o facultativo lhe encaminhou a
Policlínica de Gurupi, para o médico especialista.

Por sua vez, o médico especialista, ora Dr. XXXXXXXXXXX, CRM-TO XXXX,
tendo em vista os exames e a anamnese lhe indicou um contraceptivo, e
solicitou o retorno com 6 (seis) meses.

Em que pese o tratamento com contraceptivo, o desconforto no baixo ventre e


irregularidade na menstruação retornou. Em razão dos sintomas o facultativo
indicou que a primeira Requerente se submetesse novamente à
Ultrassonografia, para uma melhor compreensão do ocorrido, bem como,
verificação de gestação.

No dia 06/11/2017, a primeira Requerente fora a Clínica XXXXXXXXXX, ora


parte Requerida, sendo atendida pelo médico Dr. XXXXXXXXXXX, CRM-TO
XXX, e assim realizou o exame solicitado, constatando do laudo a presença de
“volumoso nódulo miomatoso na parede posterior/região fúndica”, conforme
laudo anexo.

Ao findar os exames pré-operatórios e já com a cirurgia marcada, para retirada


do útero, em 28/11/2017, a paciente, ora primeira Requerente, procurou o
facultativo, devido ao fato de que na noite antecedente o seu “ventre mexera”,
e assim suspeitava que estivesse grávida.

Em novo exame de Ultrassonografia, este realizado pela Clínica XXXXXXXX,


em 20/12/2017, constatou a existência da Gravidez, já no estágio avançado,
gestação de 24 (vinte e quatro) semanas e 5 (cinco) dias, sendo: “feto único em
apresentação pélvica, dorso à direita. Os batimentos cardíacos são ritmados.
Movimento do feto presentes. A anatomia intracerebral e da coluna vertebral
são normais”, conforme Laudo emitido pelo Dr. XXXXXXXXXXXXX, CRM-TO
XXXX, carreado aos autos.

1. Do Direito

No tempo em que foi realizado o exame no dia 06/11/2017 a requerida possuía


14 semanas de gestação do feto. Um exame de ultrassonografia é
extremamente preciso, e como foi solicitado um ultrassom que identificasse um
Leiomioma Uterino, em parte diferente do útero onde o feto se encontraria, não
seria possível identificar realmente se havia ou não um feto.

Outro ponto a salientar é que, analisando extensa literatura médica, a


possibilidade de a autora estar gestante, a época, era próximo da nula, pois a
Leiomioma dificulta o processo de concepção, e os medicamentos que a
mesma tomou durante os períodos de 15/02/2017 e 06/11/2017 eram
contraceptivos.

Como a mesma retornou ao médico reclamando dos mesmos sintomas que o


diagnostico dado anteriormente, o médico solicitou a ultrassom para que
identificássemos se a Leiomioma ainda estava presente.

Tudo isso afasta a figura do Art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, pois


não há defeito relativo à prestação do serviço, e sim nos pedidos feitos pelo
médico. Cabe ainda salientar que um dos exames pré-operatórios é um exame
de sangue, e o médico que recebe esses exames poderia facilmente identificar
a gravidez.
2. Da preliminar de ilegitimidade passiva
Cumpre-nos suscitar, preliminarmente, a incapacidade da CLINICA
XXXXXXXXXXX para figurar no polo passivo da ação. Isso porque, conforme
se extrai, o ato ilícito sob o qual se funda a demanda é o dano moral, e o direito
deve ser exercido contra o médico que solicitou os exames, e não a clínica por
fornecer o que foi pedido, decorrendo do Art. 927 do Código Civil:

“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.”

3. Da impugnação ao pedido do dano moral


Percebe-se que, para configuração do dano moral, há a necessidade de lesão
á um dos direitos da personalidade, tais como a honra, a dignidade, a
intimidade ou a imagem, o que não há no presente caso, pois não é culpa da
clinica que a mesma sofreu ofensas de amigos e familiares.

4. Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:

a. Preliminarmente, o reconhecimento da ausência de legitimidade passiva,


e a declaração da extinção do processo quanto ao réu: Clinica XXXXX.
b. No mérito, o julgamento improcedente do pedido, quanto ao pagamento
de dano moral.

Neste termo, pede deferimento

Gurupi, 28 de maio de 2020

Mathews Amadeu Verlangieri


OAB/TO

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