Você está na página 1de 2

Felizmente, nunca passei por um trauma… Ou será que sim?

Existem muitas situações capazes de traumatizar o organismo humano. Talvez a


melhor forma de pensar sobre isso seja recorrendo a uma situação física que todos
conhecemos: você vai distraidamente a andar e bate com força com a perna numa
cadeira. Ai! Certo? Um pequeno trauma físico – nos próximos dias, pode contar com
uma senhora nódoa negra e com uma ligeira dor. Gradualmente, esta resposta do
organismo vai passando, à medida em que as suas defesas naturais assimilam o sangue
pisado e reequilibram a zona traumatizada. Agora, imagine que a zona onde bateu,
estava ferida. Ai, ai! Dói mais, talvez sangre e demora mais tempo a normalizar,
obrigando-o, eventualmente, a um leve coxear nos primeiros dias. Mas vamos insistir
um pouco mais nesta nossa conversa um bocadinho sádica: imagine o nosso caro leitor
que ia a correr desenfreadamente quando tem o seu encontro imediato com a cadeira
de madeira maciça… *#**&@*!!!!!!! E, desculpe, mas partiu a perna… Agora, além de
doer muito mais, vai ter de contar com muito mais tempo de recuperação, durante o
qual a sua qualidade de vida ficará afetada pelas limitações impostas pelo processo de
recuperação e, infelizmente, acontece a alguns permanecerem com mazelas na perna
que lhes recordam dolorosamente o momento em que embateu na cadeira, sobretudo
se não tiverem sido cuidadosos no processo de recuperação e tratamento. Para se
proteger da dor que alguns movimentos possam causar, vai ter tendência a proteger-
se instintivamente caminhando de uma forma um pouco diferente, sendo mais
cauteloso, evitando situações que o coloquem em risco de magoar a perna, etc.

O trauma psicológico é algo de muito semelhante: existe uma situação com a qual não
estamos preparados para lidar e/ou superior à capacidade de reação natural do dia-a-
dia, e o organismo reage com dor, com uma tentativa de reequilíbrio e com
mecanismos auto protetores que visam impedir níveis de desconforto maior. E, tal
como nosso exemplo da perna, pode ser uma reação que se regularize após uns dias
ou pode acontecer que se tenha tratado de uma situação que acumulou a outras
anteriores parecidas (ou não), dificultando o processo de assimilação, ou que tenha
tido um tal impacto que as suas consequências vão permanecer se não existir uma
intervenção que ajude o organismo a recuperar totalmente.

Os motivos pelos quais algumas pessoas reagem com sintomatologia traumática a uma
dada situação que pouco ou nada afeta outras pessoas permanecem ainda largamente
desconhecidos, bem como as razões para que uma situação chocante possa ter pouco
impacto na vida de uma determinada pessoa que, no entanto, vai reagir de uma forma
inesperadamente emocional a uma outra situação aparentemente pouco importante.
Além disso, torna-se difícil que a maioria das pessoas consiga identificar que a forma
como tem vindo a reagir emocionalmente se relaciona com um determinado
acontecimento, porque, por vezes, as reações emocionais (e mesmo físicas) são
graduais e subtis, podendo ter início muito após a ocorrência da situação que esteve
na sua origem – nalguns casos, anos.
1. Explique por palavras suas a individualidade da resposta que cada ser humano dá

perante uma vivência de trauma e a diversidade de respostas face a uma mesma

situação.

Bom trabalho! 😊

Resposta:

Cada ser humano demonstra a sua individualidade de forma única, as nossas ideias e
emoções são muito particulares e estão relacionadas com a nossa personalidade e
caraterísticas pessoais. Nas relações de vida com os outros, sejam familiares, interpessoais,
amorosas, amizade, ou mesmo profissionais, e a sua proximidade (ou afastamento) promove o
nosso crescimento como indivíduos, estamos sempre em constante evolução e
autoconhecimento, agregando mais valor à nossa vida. Aprendemos a distinguir e priorizar as
nossas vontades pessoais em muitos aspetos da vida, saber distanciar os sentimentos e
emoções daquilo que somos, e reagimos de formas muito diversificadas face a situações
idênticas. Os estados emocionais variam de pessoa para pessoa e podem (ou não)
desencadear transtornos psicológicos perante uma situação traumática, o acompanhamento
profissional psicológico/psiquiátrico é fundamental para uma avaliação rigorosa e
acompanhamento individual do impacto na saúde mental das pessoas, procurando o bem-
estar psicológico. Aquilo que é traumático para uma pessoa, pode não o ser para outro,
mesmo vivenciado a mesma situação. A minha resiliência emocional perante um determinado
acontecimento “potencialmente” traumático é muito variável e depende de inúmeros fatores,
e da importância e do seu significado atribuído por mim.

Diogo Alvim
15/09/2022

Você também pode gostar