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Universidade do Minho
Liderança
INTRODUÇÃO
Clássica, referindo-se que toda a criança ou jovem com habilidades superiores deveria
ser identificada para ser preparada para cargos de elite como os da liderança
(Waddington, 1980). No início do século XX, o interesse por individuos que apresentam
caracteristicas que estão presentes nos individuos que se destacam pela sua inteligência
superior e nos possiveis fatores que possam explicar as diferenças entre estes e todos os
ou, até mesmo, na área da educação e do desenvolvimento humano. Foi com o advento
com a vida e o desempenho no trabalho (Bono & Judge, 2003; Rice, McFarlin, Hunt, &
de determinada maneira nas empresas, têm sido levado a cabo diversos estudos sobre a
tempo, que se assume como um processo interno que oscila dentro do próprio sujeito e
difere de indivíduo para indivíduo, apesar de ter sido estudada sob diferentes pontos de
vista, tem sido sempre identificada como uma força que liga a pessoa à realização de um
o sujeito fica motivado na medida em que acredita que o esforço colocado permitirá
é altamente positivo (valor). Segundo este modelo, os trabalhadores não agem apenas
recompensas, mas porque sendo seres racionais com crenças e perceções próprias,
Locke e Lathan (1990) baseia-se no pressuposto que as pessoas têm necessidades, que
impacto dos objetivos que o sujeito pretende atingir no seu desempenho poderão ser
limitados ou incrementados por um conjunto de fatores, que assumem o papel de
mais forte quanto maior for o compromisso assumido pelo sujeito), a importância
atribuida aos objetivos (sempre que se consideram os objetivos importantes para serem
realizar a tarefa com sucesso contribui para que o compromisso com o objetivo
atingir das metas) (Locke & Latham, 1990; Mitchell & Daniels, 2003).
olhá-la como um processo dirigido a pequenos grupos, esta passa a ser vista como uma
Burns, 1978, 2003; House, 1977). Perante a grande quantidade dos estudos realizados,
encontrados confirmam o impacto das características dos líderes nos trabalhadores e nas
2014) realizou inúmeros estudos sobre líderes eminentes. Em relação aos presidentes
dos Estados Unidos, o autor analisa em pormenor a história de vida de cada líder,
empresas de alta rentabilidade, mas os estudos mostram que para que tal aconteça, há
variáveis que têm que estar associadas, designadamente um elevado grau de inteligência
economia têm sido temas de grande reflexão por parte dos investigadores, pois sabe-se
que ao longo dos tempos a transformação e o progresso das sociedades têm sido
promovidas pelos sujeitos mais talentosos (Florida, 2002, 2005; Pratt, 2008).
Perante um século que tem como pedra angular do seu modelo estratégico de
mundial, teremos que promover mudanças a nível cultural, moral e intelectual. Contudo,
para atingirmos essas mudanças, o primeiro passo passa pela intervenção na educação.
MÉTODO
Participantes
amostra deveria ser constituída por três grupos de participantes: gestores em início de
carreira (até 10 anos de função exercida na área de gestão), gestores em exercício pleno
nas suas funções de gestor(a) (entre 11 a 24 anos de função exercida na área de gestão)
gestão), obtendo assim uma panorâmica de percursos profissionais desde o seu início
qualitativos com dados quantitativos, optámos por utilizar os mesmos participantes para
superior, reconhecidos pelos seus pares; (ii) idade dos participantes compreendida entre
respetivamente em 50% para cada grupo definido; (iv) participantes gestores de grandes
empresas e empresários gestores, respetivamente em 50% para cada grupo definido; (v)
recolha de informação sobre atividades com impacto na sociedade torna-se mais difícil.
deles ter como formação de base a gestão, embora tenham referido que essa falta fora
Instrumentos
modelo inicial desenvolvido e publicado por Araújo, Cruz, e Almeida (2010), o qual
depois de adaptado à realidade empresarial foi avaliado por um grupo de psicólogos que
se pronunciaram sobre a clareza das questões. Na sua versão final, o guião integrou oito
grandes tópicos: (i) Percurso formativo; (ii) Desempenho atual; (iii) Envolvimento na
tarefa; (iv) Características pessoais; (v) Figuras de referência ao longo do percurso; (vi)
participantes acerca de outros temas que não tivessem sido abordados e que
instrumentos: Passion Toward Work Scale (PTWS – Escala da Paixão pelo Trabalho;
Competências de Gestão Interpessoal; Ferris et al., 2005), Satisfation With Life Scale
(SWLS – Escala de Satisfação com a Vida; Diener, Emmons, Larsen, & Griffin, 1985) e
Erez, Bono, & Thoresen, 2003). Estes instrumentos avaliam diferentes características e
Procedimentos
Iniciámos a análise dos dados qualitativos, tendo como primeiro objetivo
ao nosso estudo. Então, numa primeira fase preparámos os dados obtidos nas
Ltd, 2014). Por último, numa terceira fase, procedemos à análise e interpretação dos
referenciados pelos modelos teóricos e/ou eventuais fatores ainda não contemplados na
teoria e que possam ajudar a uma melhor compreensão da temática; (ii) a transcrição
integral das entrevistas; (iii) primeiro contacto com os documentos através da leitura
entrevistas realizadas, isto é, ao total das páginas transcritas, sendo que as duas
texto selecionado para ser codificado, poderia corresponder a uma única palavra, partes
podendo as respostas a cada tópico seguiram direções diferentes; (vi) Relativamente aos
nenhum dado pode ser codificado em duas categorias diferentes (Bardin, 2014;
Krippendorff, 1980; Stemler, 2001) e dado que, no presente estudo, um dos nossos
dividida em dois momentos: Percurso anterior (PA) e Desempenho atual (DA) para as
categorias em que esta divisão faz sentido, de forma a facilitar o futuro processo de
RESULTADOS
análise dos fatores contextuais será relevante referir que o contexto escolar, variável
apresenta-se com uma forte intensidade sendo referida como algo que ao surgir no
como agem no seu dia-a-dia laboral, foram referidos quatro fatores fundamentais: o
tipo de gestão verificamos que são os gestores/empresários que mais falam da sua
importância. Também as convicções, como opiniões fortes que sustentam todo o seu
de adaptação e gosto pela exigência e desafios que são o suporte do sucesso destes
parecem fazer a diferença nestes participantes, face ao modo como encaram os vários
tipos de obstáculos. Para eles existe sempre uma atitude generalizadamente positiva e de
económicas ainda tão presentes no nosso país, ou até mesmo as barreiras às mudanças,
e evoluir positivamente face às situações, não perdendo o rumo das suas metas, isto é, a
para vencer a competitividade dos mercados e que ao longo da carreira vai mostrando a
necessidade de ser humilde para que o sucesso se consolide nos pilares morais da
tornem cada vez maiores e mais competitivas, abrindo novas oportunidades nesse
mundo empresarial tão competitivo, parecem funcionar, num último nível, como a
grande motivação destes gestores para serem excelentes naquilo que fazem.
motivação (Erez & Judge, 2001), o desempenho no trabalho (Bono & Judge, 2003) e o
bem-estar subjetivo e satisfação com a vida (Judge et al., 2003; Stumpp et al., 2010).
recursos pessoais para que os gestores possam fazer face às exigências do seu trabalho,
2014; Vallerand & Houlfort, 2003). A paixão por aquilo que fazem parece ser um dos
elementos diferenciadores destes sujeitos em relação aos seus pares. Com efeito, alguns
autores (Amabile, 2001; Bloom, 1985; Vallerand & Houlfort, 2003; Vallerand et al,
2003) referem que a paixão associada à atividade profissional é uma fonte de motivação
que contribui para um maior investimento na realização das tarefas, por parte dos
que evidencia a paixão pelo trabalho e mesmo, nalguns casos, até “obsessão”. Este
discurso está bem visível nos resultados obtidos, os quais apresentam valores bastante
possuírem uma boa rede de relações profissionais, na qual têm uma boa reputação, e
através da qual acedem a informação fulcral para a tomada de decisão (Ferris et al.,
2005; Liu et al., 2007). Tais indivíduos parecem apresentar um sentido de controlo
realizados no âmbito da personalidade (Amabile, 1988; House, 1977; Judge & Bono,
âmbito do seu desempenho, verificamos que emerge uma dimensão emocional com
sabe fazer uma boa gestão dos seus recursos emocionais, designadamente a regulação
dificuldades, assim como a gestão de situações de ansiedade e stress, quer nas relações
com os pares, quer noutras situações, o que segundo estudos realizados é fundamental
para o desenvolvimento de estados psicológicos com estabilidade emocional (Aldwin,
DISCUSSÂO
Beier, 2003; Amabile, 1988; Lubinski et al., 2006; Simonton, 2006). Em termos gerais,
objetivo, referido por alguns autores por PI (Personal initiative) (Frese & Fay, 2001;
Frese, Fay, Hilburger, Leng, & Tag de 1997), o qual revela a entrega destes gestores na
sua função, aliada a uma atitude otimista e de uma positiva abertura à experiência.
que todas elas se afirmam como variáveis de grande importância, enquanto emoções
estratégias de coping utilizadas pelos sujeitos (Aldwin, 2007; Araújo, 2010; Cruz, 1994;
Lazarus, 1999)
apresentado por Gagné (1985, 2000, 2004), mas também identificados por Mönks e
Mason (2000) e Renzulli (1986, 2002). Também nas abordagens que evidenciam a
expertise ou a sabedoria dos sujeitos, quer num período de iniciação das atividades ou
como uma referência (Baltes & Staudinger, 2000; Ericsson & Lehmann, 1996;
Sternberg, 2001). Face aos ambientes e experiências de aprendizagem, nos quais foram
uma forte referência a experiências anteriores à função de gestão que permitiram aos
colaboradores (Ericsson & Lehmann, 1996; Ericsson et al., 2009), segundo a qual as
desempenho, podendo mesmo não ser atividades agradáveis. Sendo o trabalho uma das
atividades mais salientes na vida, tendo expressão ao longo de todo o ciclo vital, e sendo
(Super, 1990; Super, Savickas, & Super, 1996), verificámos que os desempenhos deste
perante uma vida profissional com a qual se identificam e que se deve, em parte, à
fora do contexto profissional. De acordo com a teoria de Super (1990, 1996) estamos
resultado da avaliação que cada sujeito faz de si próprio, das mudanças sociais e
económicas que foi vivendo, bem como da estrutura empresarial onde desempenha as
suas funções. Por último, encontramos, de modo interligado aos fatores contextuais, o
papel da sorte, a qual é referida pelos participantes enquanto oportunidades que lhes
surgiram ao longo do seu percurso profissional mas que, em certa medida, foram
controladas pelos próprios através de atitudes proactivas com vista à promoção do seu
sucesso profissional.
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