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Resumo: Trata-se de um trabalho que tem por fim disponibilizar aos estudantes e
professores do curso de psicologia um material didático e de apoio, na área de psicologia
organizacional.. O ambiente das organizações apresenta-se cada vez mais desafiador. A
liderança neste contexto globalizado vem a ser um fenômeno organizacional presente em
todos os momentos. É apresentado, portanto o tema referente à liderança e poder, incluindo
a transição nos enfoques para o estudo da liderança, os tipos de poder organizacional,
questões atuais sobre liderança e a importância do líder nos rumos da organização.
Abstract:
This work has the purpose to provide the students and teachers attending the
psychology course a didatic and support material in the area of organizational psychology.
The organization environment appears to be more and more challenging. Leardership in
this globalized context has become na organizational phenomenon present in all the stages.
This, the main themes of this work, are those related that is leardship and power, the
changed focus in studyng, the types of organizational power, the present cencerns about
leardship , and the importance of a leard in the organization development
INTRODUÇÃO
As mudanças ocorridas no mundo dos negócios e das organizações trazem a tona várias
questões, dentre elas o papel da liderança.
de como liderar e obter sucesso, diferenças entre ser líder e ser gerente, enfim, busca-se
uma definição que consistiria em uma “fórmula de sucesso” que garantiria à empresa sua
vantagem competitiva.
Quando falamos em liderança as pessoas conseguem identificar líderes tais como: Gandhi,
Nelson Mandela, Adolf Hitler, Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas, Papa Paulo II, dentre
outros. No entanto, o que torna essas pessoas com características tão diferentes, líderes? O
que elas possuem em comum? Os líderes nascem prontos ou podem se desenvolver? Qual o
estilo de liderança mais apropriado?
Arthur Jago apud Hersey (1986) definiu liderança como o “uso de influência simbólica e
não coercitiva para dirigir e coordenar as atividades dos membros de um grupo
organizado para a realização de objetivos do grupo”.
Assim, em algum momento em nossas vidas estaremos exercendo a liderança. Sempre que
uma pessoa procurar influenciar o comportamento de outra, a primeira é o líder potencial e
a segunda o liderado potencial.
Tendo em vista um ambiente competitivo global, a liderança deverá criar uma arquitetura
social capaz de gerar capital intelectual dentro de um contexto em que se obtenha um
desempenho em seu máximo de eficiência, respondendo de forma adequada e rápida às
mudanças.
Na escola de Administração Científica Taylor considerava as pessoas como instrumentos,
apêndices da máquina e, portanto manipuladas pelos seus líderes. Os trabalhadores
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Na escola das Relações Humanas com Elton Mayo a organização deveria se desenvolver
em torno dos trabalhadores considerando sentimentos e atitudes. A função do líder passa a
ser a de facilitar a consecução dos objetivos, dando oportunidade aos liderados de se
desenvolverem.
Diante de tudo isso vale a pena discutir como os líderes desempenham esse papel, a
natureza da liderança, habilidades, teorias, estilos de lideranças e o poder nas organizações.
Para entendermos o processo de liderança nas organizações precisamos verificar como os
gerentes utilizam o seu “poder” para influenciar o comportamento das pessoas.
O PODER E A LIDERANÇA
Etzioni apud Hersey (1986) faz a diferença entre poder pessoal e poder de posição.
Ele sustenta que o poder deriva de uma função organizacional, de influência pessoal ou de
ambos. Os gerentes que conseguem a realização de um trabalho em virtude de sua posição
na organização, induzem o comportamento, possuem o “poder sobre”, portanto possuem o
poder de posição; e os que derivam seu poder dos seus subordinados, influenciam o
comportamento, possuem o “poder junto a”, portanto o poder pessoal. Para Etzioni apud
Hersey (1986) a melhor situação para os líderes é quando eles possuem os dois tipos de
poder: pessoal e de posição.
French e Raven apud Aguiar (1997) desenvolveram estudos das fontes de poder social, ou
seja, a capacidade de exercer influência interpessoal. Eles consideram como base do poder:
1) PODER LEGÍTIMO – Está relacionado à hierarquia organizacional. Deriva do local
específico ocupado por uma pessoa dentro da organização. As bases do poder
legítimo são os valores culturais, aceitação da estrutura social, especialmente da
hierarquia de autoridade, e a nomeação por uma autoridade legítima. Quando o
individuo deixa o cargo, o poder continua a existir na posição e não pode seguir
com o individuo.
2) PODER DE RECOMPENSA – Esse tipo de poder também está relacionado à
estrutura organizacional. Os gerentes influenciam o comportamento através do uso
de recompensas, utilizando-se de uma variedade de recompensas para motivar o
funcionário.
3) PODER COERCITIVO – Está relacionado à capacidade do gerente de punir como
meio de influenciar o comportamento de outras pessoas. A punição se manifesta de
várias maneiras, desde a advertência até a demissão. É uma poderosa ferramenta de
intimidação.
4) PODER DE ESPECIALIZAÇÃO – Está relacionado às habilidades do gerente. A
capacidade de influenciar pelo conhecimento, habilidade e experiência. Não basta o
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Os três primeiros tipos de poder têm como base o poder de posição, enquanto os outros dois
as bases de poder são pessoais.
Segundo Kelman apud Hollenbeck (1999) é provável que existam três tipos distintos de
respostas ao tipo de poder: obediência, identificação e internalização.
Recompensa
Obediência
Coercitivo
Referência Identificação
Legítimo
Internalização
Especialização
Segundo Bernard Bass apud Hersey (1999) quando o líder tenta influenciar o
comportamento de alguém no sentido de realizar alguma tarefa, essa liderança será
considerada bem-sucedida ao se atingir os resultados desejados em função do poder de
posição do líder e mal-sucedida quando os objetivos não forem alcançados.
Eficaz
Liderança Bem
tentada -sucedido
A B
Ineficaz
Mal-
sucedido
Fig 1 – Hersey, Paul, Blanchard, Kenneth H., Psicologia para Administradores, São Paulo: EPU, 1986. p.137.
Os gerentes podem ser bem-sucedidos e ineficazes quando exercem uma influência de curta
duração sobre o comportamento dos outros. Essa é uma forma de avaliar a resposta a um
evento comportamental específico e não o desempenho ao longo do tempo.
ESTILOS DE LIDERANÇA
Os autores mais antigos achavam que o interesse por tarefas tendia a ser representado por
um comportamento de líder autoritário, enquanto que a preocupação com as relações
humanas era representada por um comportamento de líder democrático. As diferenças entre
estes dois estilos baseiam-se nas suposições que os líderes têm a respeito da fonte do seu
poder e da natureza humana. No estilo autocrático o poder do líder decorrente do cargo que
ocupa e as pessoas se enquadram na Teoria Taylorista, e no estilo democrático o poder é
conferido pelo grupo e as pessoas podem se autodirigir.
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Muitos fatores devem ser considerados para que cada um compreenda seu próprio estilo de
liderança, bem como o impacto desse sobre os outros e sobre o desempenho. Os líderes
simbolizam a situação organizada que lideram e, portanto, devem influenciar de maneira
construtiva; tentar lidar com a ambigüidade que permeia muitas das situações de interação,
tentar interpretar os esquemas dos que estão envolvidos; personificar através do uso da
linguagem apropriada, os rituais e as outras formas de discurso simbólico e valores que
conduzem a formas desejáveis de ação organizada.
Com a evolução dos estudos sobre liderança surgiram outras abordagens, novos nomes para
designar os estilos. Cada estilo engloba diferentes comportamentos, como veremos a seguir.
O processo de liderança vem sendo estudado durante mais de um século e ainda hoje este é
um assunto que gera discussões, pesquisas, e muitas vezes o tema torna-se confuso e
contraditório.
Robbins (1998) utiliza-se de quatro enfoques para explicar como é um líder eficaz.
Por volta dos anos 30 surge a teoria dos traços que buscou por atributos de personalidade,
sociais, físicos e intelectuais que descrevessem líderes e os diferenciassem dos não-líderes
(liderança inata).
De acordo com essa teoria, todos os líderes, em qualquer situação e cultura, revelariam os
mesmos traços psicológicos. Foram feitas inúmeras pesquisas onde se pretendia isolar
traços de liderança, tais como: energia, ambição, inteligência, integridade, autoconfiança,
que estivessem consistentemente ligados à liderança. Na verdade estas pesquisas
fracassaram, pois, foram encontrados cerca de 80 traços, mas só 5 deles eram comuns a
quatro ou mais investigações. Segundo Cartwright e Zander apud Ferreira (1997), ao
analisarem os resultados da pesquisas de traços de liderança, os pesquisadores desta área
indicaram que, embora algumas capacidades mínimas sejam comuns a todos os líderes ,
elas estão amplamente presentes nos não- líderes e, em dada situação, os traços de um líder
são totalmente diversos de outro líder em situação diferente.
As descobertas de mais de meio século nos levam a acreditar que existem alguns traços que
aumentam a probabilidade de sucesso como líder, mas nenhum garante o sucesso.
A teoria dos traços não considera as necessidades dos seguidores e ignora fatores
situacionais.
No final dos anos 40 até meados dos anos 60 pesquisas deram ênfase aos estilos de
comportamento que os líderes demonstravam. Eles imaginavam que muitas características
associadas à liderança podiam ser adquiridas. Veremos algumas teorias comportamentais:
Esta teoria comportamental teve início na Ohio State University no final dos anos 40. Os
pesquisadores procuraram identificar dimensões independentes do comportamento do líder,
chegando a duas categorias que respondiam pela maioria dos comportamentos de liderança
descritos pelos subordinados, conforme quadro 1.
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Blake e Mouton1 propuseram uma grade gerencial baseados nos estilos de “preocupação
com pessoas” e “preocupação com produção”, que representa as dimensões da Ohio State
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R.R. Blake and J.S.Mouton, The Managerial Grid (Houston: Gulf,1964).
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A grade, apresentada na fig. 3, tem nove posições possíveis e não mostra resultados
produzidos, mas sim, os fatores dominantes do pensamento de um líder com relação a
obtenção de resultados.
Preocupação com as pessoas
alto 9
1.9 9.9
8 Gerência de Clube de Gerência em equipe
Campo
7
6
5
4 5.5
Gerência moderada
3
2 1.1 9.1
Gerência empobrecida Obediência-Autoridade
Baixo 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Baixo Preocupação com a produção Alto
Fig. 3 Fonte: WAGNER III, John, HOLLENBECK, John. Comportamento Organizacional. São Paulo:
Saraiva, 1999.
Posição 1.1 – Gerência empobrecida – preocupação mínima tanto com a produção quanto
com as pessoas. Este estilo algumas vezes é chamado de lassez-faire ou liberal porque o
líder abdica de seu papel de liderança.
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Posição 9.9 – Gerência de equipe – muita preocupação tanto com a produção quanto com
as pessoas.
Vários estudos foram feitos no sentido de se isolar fatores situacionais que afetam a eficácia
da liderança tais como: a) grau de estruturação da tarefa que está sendo desempenhada; b) a
qualidade das relações líder-membro; c) o poder de posição do líder; d) a clareza dos papéis
dos subordinados; e) as normas do grupo; f) a disponibilidade de informações; g) a
aceitação dos subordinados das decisões do líder e h) a maturidade dos subordinados.
Estas abordagens procuram enfatizar que o estilo de liderança deve ajustar-se à situação,
tendo como premissa que assim como a situação varia, também variam os requisitos de
liderança. Existem várias abordagens sobre liderança situacional. A seguir iremos
considerar duas dessas abordagens: o modelo de caminho-objetivo ou trajetória-meta e a
teoria situacional de Hersey e Blanchard.
Atualmente uma das abordagens mais respeitadas de liderança. Desenvolvida por Robert
House, a teoria extrai elementos-chave da pesquisa de liderança da Ohio State University e
da teoria motivacional da expectativa.
Esta teoria afirma que é trabalho do líder ajudar os seguidores a atingirem suas metas e
fornecer a direção necessária e/ou apoio para assegurar que suas metas sejam compatíveis
com os objetivos gerais do grupo ou organização. O líder eficaz esclarece o caminho para
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ajudar seus seguidores a ir de onde estão até a realização dos objetivos de trabalho, pelo
caminho mais fácil, reduzindo barreiras e dificuldades, (isso justifica o uso do termo
caminho-objetivo).
O líder diretivo – o subordinado sabe o que se espera dele, o líder programa o trabalho a
ser feito e dá a direção. Paralelo com a dimensão de estrutura inicial dos estudos de Ohio
State University.
Fig 4 – Hersey, Paul, Blanchard, Kenneth H., Psicologia para Administradores, São Paulo: EPU, 1986.
M1 E1
Maturidade baixa Determinar
Pessoas que não possuem capacidade O líder dá a direção.
nem disposição ou inseguras. Tarefa alta/ relacionamento baixo
M2 E2
Maturidade entre baixa e moderada Persuadir
Pessoas que não possuem capacidade, mas O líder ainda dá a direção
disposição ou confiança em si. em função da falta de capacidade,.
mas ao mesmo tempo apóia, para
reforçar à disposição.
Tarefa alta /relacionamento alto
M3 E3
Maturidade entre moderada e alta Compartilhar
Pessoas que tem capacidade, mas não O líder deve apoiar o liderado no
tem disposição ou são inseguras sentido de utilizarem a
capacidade que possuem.
Relacionamento alto/tarefa baixa
M4 E4
Maturidade alta Delegar
Pessoas capazes (competentes) e Pouca direção e pouco apoio.
Dispostas (seguras) Maduros não necessitam de muito
apoio.
Relacionamento baixo/tarefa baixa
O estilo apropriado a cada um dos quatro níveis de maturidade inclui a dosagem certa de
comportamento de tarefa (direção) e comportamento do relacionamento (apoio). Considera
que a chave da utilização consiste em avaliar o nível de maturidade dos liderados e
comportar-se de acordo com o modelo. O líder deve ajudar os liderados a amadurecerem
até o ponto em que sejam capazes (maturidade para o trabalho) e que tenham disposição
para realizar um trabalho (maturidade psicológica).
como a visão da maturidade como algo dinâmico. Por outro lado, torna-se difícil medir de
forma confiável a maturidade das pessoas.
Segundo Robbins (1998) essas teorias têm três temas comuns: enfatizam os
comportamentos simbólicos e apelativos dos líderes, tentam explicar como certos líderes
são capazes de conseguir níveis extraordinários de comprometimento por parte dos
liderados e esvaziam a complexidade teórica procurando ver a liderança de maneira
próxima àquela de uma pessoa comum.
Hoje, estuda-se a liderança na perspectiva estratégica na medida em que o líder crie uma
arquitetura social capaz de gerar capital intelectual dentro de um contexto em que se
obtenha um desempenho em seu máximo de eficácia, respondendo de forma adequada e
rápida às mudanças. Vale ressaltar aqui a importância dos valores e convicções dos líderes
uma vez que eles modelam os valores culturais da organização.
Segundo Soto (2002, p. 233) “as organizações deverão estar comprometidas com a sua
missão transcendente, criando e mantendo uma cultura, valores que sejam a base de sua
rentabilidade e compromisso social”. O líder aparece assim como figura central, como um
construtor da cultura organizacional.
Outra tendência atual é a autogestão. Manz e Sims apud Stoner (1995) sugerem um novo
estilo de liderança para grupos autogerenciados, o que eles chamam de autoliderança.
Autoliderança seria a capacidade dos trabalhadores se motivarem tanto para realizar tarefas
recompensadoras quanto tarefas necessárias, porém pouco atraentes.
Todas essas abordagens nos levam a refletir sobre a complexidade a respeito do tema
liderança, bem como sobre a sua importância, uma vez que são os líderes guiam as
organizações e implementam ações. Vale a pena ressaltar a importância da questão ética da
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Torna-se importante evidenciar que não existe um “modelo” único de liderança e que diante
da realidade da globalização, os líderes devem saber enfrentar os desafios que se
apresentam em um cenário cada vez mais competitivo e instável.
As organizações que possuem uma filosofia clara e explícita, sintonia entre valores e o
ambiente de negócio e valores conhecidos e compartilhados por todos, essa possui uma
cultura forte. Uma cultura forte de apoio à estratégia promove a identificação dos
funcionários com a empresa, motivando-os a darem o melhor de si. O fundador ou líder tem
um papel fundamental na criação de uma cultura forte, pois o mesmo deverá estar
comprometido em operar o negócio de acordo com o estabelecido, criar um ambiente
propício à implementação das estratégias e gerar o bem estar de todas as partes
interessadas.
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Segundo Hitt, op. cit., por meio desses controles os líderes focalizam a atenção em questões
estratégicas, apóiam uma cultura competitiva, fornecem direção para a utilização de suas
competências essenciais na busca de oportunidades de mercado e constroem compromisso
para o propósito estratégico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GARDNER, Howard. Mentes que Lideram: uma anatomia da liderança. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1996.
MAXIMIANO, Antonio C.A. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 2000.