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TERRITÓRIOS SUSTENTÁVEIS E SAUDÁVEIS

Desafios teórico-práticos para o Bem Viver

Edmundo Gallo – Pós-Doutor em Ecologia,


Pesquisador Titular da Fiocruz, Pesquisador Sênior
da Universidade de Coimbra e Professor
Colaborador do Programa de Desenvolvimento
Territorial na América Latina e Caribe - Unesp.

Um futuro em disputa

Os impactos sociais, econômicos e ambientais do modo de produção e


consumo atual vêm ameaçando a vida no planeta e destacando a importância de se
incorporar a sustentabilidade como conceito-chave em distintos campos de
conhecimento e ação. Por outro lado, a expansão do modelo de Estado neoliberal
reduziu sistemas de proteção social, o que redundou em uma deterioração da
qualidade de vida e no aprofundamento das iniquidades (ONU, 2012b; BELINKY,
2012; PIETRICOVSKY, 2012; THE LANCET 2012; GALLO et al., 2012).

Neste contexto de injustiça socioambiental há uma disputa entre modos


antagônicos de produção e consumo. Por um lado, especialmente no campo da
economia verde, advoga-se que as tecnologias de ponta são o principal elemento
que garantirá o desenvolvimento sustentável, mesmo sem mudanças estruturais na
sociedade e nas formas de produção. E, por outro, há aqueles que afirmam que
sociedades sustentáveis necessitam de agendas que alterem estruturalmente o atual
modo de produção e consumo, priorizando a transição tecnológica voltada para a
promoção de sustentabilidade ambiental, da inclusão social e do desenvolvimento
humano sustentável, com base na tecnologia social ou tecnociência solidária (GALLO
et al, 2012; DAGNINO, 2019; VILA-VIÑAS & BARANDIARAN, 2015).

Essas agendas e experiências buscam responder ao desafio teórico-prático de


dar respostas concretas à constituição de territórios sustentáveis e saudáveis (TSS), e
têm como objetivos promover o acesso à cidadania, a preservação do meio
ambiente, o desenvolvimento econômico solidário e a qualidade de vida, tendo a
governança intersetorial e participativa como modo de gestão e o território como
elemento contextualizador de sua implantação.
Adicionalmente, as estratégias desses atores e redes afirmam a necessidade
de que sejam estabelecidos diálogos e convergências entre temas como
agroecologia, saúde, justiça socioambiental, economia solidária, segurança e
soberania alimentar e igualdade de gênero e racial, entre outros, adotando a
intercomunicabilidade entre distintos saberes com base na participação social como
pedagogia de produção de hierarquias de prioridades e ações emancipatórias. Destas
estratégias emergem experiências locais territorializadas de desenvolvimento
sustentável e promoção da saúde (GALLO et al., 2012; ONU, 2012a; GALLO & SETTI,
2014ª; GALLO & NASCIMENTO, 2019).
Parte significativa destas experiências vêm dos povos e comunidades
tradicionais, cujas organizações sociais e arranjos produtivos tendem a ser mais
solidários e sustentáveis, pois estão baseados em uma lógica de compartilhamento
de recursos comuns que não permite seu esgotamento irreversível. No fundamento
dessa práxis, as cosmologias indígenas, entre elas a dos guarani mbya, trazem
conceitos como o Nhanderekó1 e o Bem Viver (GALLO et al. 2020; ACOSTA, 2016).
Estas categorias estão baseadas em outros marcos epistemológicos,
representam um enfrentamento à hegemonia da racionalidade ocidental capitalista e
vêm sendo fortalecidas em diversos campos da filosofia, da educação e da ciência,
em diálogo com abordagens como a teoria crítica, as epistemologias do sul, a teoria
dos comuns, a ecologia política, a geografia crítica e humanista, a economia solidária
e a pedagogia da autonomia, entre outras.
Governança Viva
Estas abordagens advogam a coabitação equilibrada e harmônica entre o
indivíduo, a sociedade e o planeta, fundamentadas em práticas emancipatórias
produtoras de autonomia e na ideia de que a natureza não é um recurso à disposição
do ser humano, mas um ente com o qual se estabelecem relações sociais e usos

1
Nosso modo de ser ou nosso modo de viver.
controlados, resultando em relações de produção autônomas, renováveis e
autossuficientes (GALLO et al. 2020; ACOSTA, 2016). Por outro lado, a abordagem dos
comuns pressupõe um recurso (compartilhado), uma comunidade (que os mantém)
e claros princípios de governança autônoma (para regulá-los) (BAUWENS, 2019),
assim como de novas formas cognitivas e organizacionais para sua efetividade
(VILA-VIÑAS & BARANDIARAN, 2015).
A composição destas epistemologias e práxis críticas demandam, para sua
territorialização, um modo de governança vivo e em rede, capaz de produzir
autonomia e inovação social a partir e para o território (GALLO, 2009; GALLO &
NASCIMENTO 2019).
Estas redes exercitam a governança viva, abordagem desenvolvida pelo OTSS
que utiliza o referencial da geografia crítica e humanista (SANTOS, 1996; CASTELLS,
2000; TUAN, 1979, 2013), associado à teoria da produção social (MATUS, 2005), à
teoria da ação comunicativa (ADORNO e HORKHEIMER, 1986; HABERMAS, 1987a,
1987b) e à pedagogia da autonomia (FREIRE, 1996), para - a partir do território e das
necessidades expressas por suas comunidades - identificar a hierarquia de
prioridades, realizar análises situacionais, identificar desafios, desenvolver soluções,
desenhar cenários e estratégias, monitorar sua execução, adaptar os planos às
mudanças situacionais e avaliar sua efetividade.
Todo este processo tem microterritórios (Mapas 01 e 02) - unidades de gestão
territorial de menor dimensão espacial, definidos principalmente a partir das
relações histórico-sociais de troca e solidariedade entre as comunidades tradicionais
- como escala integradora de governança e gestão para, em movimentos flexíveis e a
partir de pactos de autonomia e responsabilização (GALLO, 2009; GALLO et al, 2006),
promover a transição do modelo hegemônico para arranjos que fortaleçam e
atualizem os modos solidários de produção e consumo tradicionais e a apropriação
crítica do espaço; desenvolvendo tecnologias sociais para articular, fortalecer e
contribuir com os empreendimentos e a governança comunitários, propiciando a
produção consciente e emancipatória do território (GALLO & NASCIMENTO, 2019).
O Otss trabalha com 11 microterritórios, com destaque para o MT do
Carapitanga, polo inicial de concentração das ações e primeiro Território de
Aprendizagem, espaço de implementação em escala de tecnologias sociais e de
articulação intersetorial e em redes para a territorialização da Agenda 2030 e para a
constituição de um território sustentável e saudável.
Mapa 01 - Microterritórios da Bocaina

Fonte: Otss, 2019

Mapa 02 - Cartografia do Microterritório do Carapitanga

Fonte: Otss, 2020


A governança viva valoriza a diversidade, o pluralismo e promove a
autonomia individual e coletiva, estruturando espaços coletivos de tomada de
decisão livres de constrangimentos e em condições de respeito e equidade. Nesse
sentido, assume a prática deliberativa, na perspectiva do que é justo, e o
desenvolvimento humano como processo de ampliação das liberdades e das
capacidades individuais e coletivas, ou seja: é estruturada e opera para promover
autonomia, equidade e sustentabilidade, na perspectiva da justiça socioambiental
(GALLO & SETTI, 2012; SETTI & GALLO in GALLO & NASCIMENTO, 2019).
A governança viva demanda gestão estratégica: planejamento,
monitoramento e avaliação de efetividade são ferramentas estruturantes para a
implementação de estratégias de promoção de territórios sustentáveis e saudáveis,
desde a tomada de decisão até sua avaliação e adequação às mudanças situacionais.
A complexidade desta agenda demanda o desenvolvimento de capacidades
cognitivas, organizacionais, políticas, financeiras e comunicacionais, assim como de
abordagens e tecnologias de planejamento e avaliação de sua efetividade,
viabilidade, factibilidade e replicabilidade, necessárias para retroalimentar processos
políticos e de gestão voltados para a consecução de territórios sustentáveis e
saudáveis e da Agenda 2030 (ONU, 2012a; BELINKY, 2012; PIETRICOVSKY, 2012; THE
LANCET, 2012; GALLO & SETTI, 2014a; VILA-VIÑAS, BARANDIARAN, 2015).
Utilizadas com este objetivo, as abordagens ecossistêmica e comunicativa do
planejamento estratégico-situacional, aplicadas a um território concreto, têm-se
mostrado potentes para direcionar de modo teórico e prático a implantação de
territórios sustentáveis e saudáveis, permitindo a pactuação e o desenho de projetos
emancipatórios e ampliando a governabilidade local e a efetividade das ações (FEOLA
& BAZZANI, 2002; MINAYO, 2002; LABEL, 2003; TOEWNS, 2004; GALLO, 2009a;
GALLO & SETTI, 2012; GALLO & NASCIMENTO, 2019).
Isso implica em integrar a racionalidade estratégica ao agir comunicativo, com
base na relação interativa entre os sujeitos em ação para o desenvolvimento de
estratégias de consenso entre pares, fonte de integração social (HABERMAS, 1988),
e, portanto, capazes de contribuir para:
"(...) que a humanidade caminhe em direção ao seu interesse maior: sua
emancipação enquanto espécie tanto das limitações que a natureza lhe
coloca - ao desenvolver sua racionalidade instrumental - quanto das
formas de repressão social - através da racionalidade
comunicativa" (GALLO, 1992, 1995; SETTI & GALLO in GALLO &
NASCIMENTO, 2019).

A avaliação de estratégias de implementação de TSS demanda instrumentos e


mecanismos de governança e gestão que utilizem a intersetorialidade, a
interescalaridade e a participação social como elementos de ação territorial, assim
como ferramentas de avaliação capazes de produzir evidências de sua efetividade em
relação ao desenvolvimento sustentável e saudável (GALLO & SETTI, 2014).

Com efeito, a complexidade dos fenômenos sociais e ambientais não é


captada por simples parâmetros e relações de causalidade, mas demanda uma
interpretação qualitativa, histórica e institucional e especialmente, a participação
social efetiva. Esta tem sido apontada como fator de conscientização e de mudança
no contexto social, ao colocar em discussão conceitos e saberes e ao promover um
processo democrático de planejamento e monitoramento (GUIMARÃES, 2001; SETTI
& GALLO in GALLO & NASCIMENTO, 2019).

Para avaliar a efetividade das ações desenvolvidas nos territórios,


correlacionando-as aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o OTSS
desenvolveu uma Matriz de Análise de Efetividade (Quadro 1), uma ferramenta que
tem como objetivo analisar o impacto e a contribuição das estratégias desenvolvidas
para a constituição de TSS e para a implementação territorializada da Agenda 2030.

Quadro 1: Matriz de Análise de Efetividade de Estratégias Territorializadas de Desenvolvimento


sustentável e Saúde
Dimensões Parâmetros
Índices/Variáveis
Analíticas Avaliativos
Representatividade das Etnias
Representatividade Geracional
Equidade de Gênero
Diversidade
Representatividade de Sexo
Equidade Valorização da Culturas das diversas etnias
Conservação da Biodiversidade
Melhoria e distribuição de renda
Vulnerabilidade Exposição geracional ao risco
Direito à terra
Preservação ambiental
Mitigação e adaptação ao risco ambiental
Promoção e adesão aos programas sobre doenças
negligenciadas
Mobilidade comunitária
Acesso aos serviços
Racismo
Autoestima
Integralidade geracional
Garantia de acolhimento nos diversos serviços
Integralidade Garantia dos direitos humanos

Estabelecimento de vínculo com o território e entre atores/


pertencimento
Espaços coletivos de gestão
Bem-estar
Ecologia de saberes
Mecanismos de produção de conhecimento
Valorização do conhecimento popular/tradicional/nativo
Necessidades do território
Territorialização Hierarquia de prioridades
Gestão compartilhada, cogestão
Convergencia de agendas
Integração de stakeholders
Intersetorialidade
Integração interescalar
Concepção/Perspectiva holística
Força de trabalho local
Implantação de políticas públicas
Materiais locais
Tecnologia Social
Mapeamento de recursos marinhos
Inclusão Produtiva
Reservas naturais de água ou outros recursos
Sustentabilidade
Capital natural
Biodiversidade

Alterações Climáticas (poluição, água, saneamento, etc)


Cooperação tecnocientífica

Redes de Gestão horizontal


Solidariedade Articulação em Redes
Capital Social e Redes
Capacidade de intervenção
Autonomia Participação Social Poder de decisão
Intensidade de representatividade/Adesão
Intensidade de participação
Capacidade de formulação
Coordenação de Redes
Capacidade de gestão
Capacidade de articulação em rede
Transparência, ética e comunicação
Empoderamento Resiliência
Capacidade de identificar e articular parceiros
Capacidade de inovação
Protagonismo do movimento social
Suporte de capital social/Estruturas de participação
Educação emancipatória/Problematizadora

Fonte: Setti & Gallo in Gallo & Nascimento, 2019

No que se refere à autonomia, a Matriz destaca a importância do


desenvolvimento de capacidades a partir da participação social efetiva e do
envolvimento dos diversos atores nos processos de tomada de decisão, bem como a
importância do empoderamento social (étnico, de gênero, de grupos excluídos, entre
outros) a partir de modos de governança participativos (SETTI & GALLO in GALLO &
NASCIMENTO, 2019).

No que se refere à equidade, considera a necessidade de promover a inclusão


de populações vulnerabilizadas, especialmente de crianças, jovens, mulheres e
grupos excluídos. Também avalia estratégias de redução de vulnerabilidades,
especialmente a erradicação da pobreza, analisando suas várias manifestações,
incluindo a baixa renda, os recursos produtivos necessários para garantir um nível de
vida sustentável, a fome e a má nutrição, o acesso limitado ou inexistente à
educação, saúde e a outros serviços básicos, a alta morbidade e mortalidade, a
habitação inadequada, a relação com a natureza e o direito à terra, a discriminação
racial e de gênero e a exclusão social (SETTI & GALLO, 2014; GALLO & NASCIMENTO,
2019).

Em relação à dimensão da sustentabilidade, há preocupação com modos de


governança participativos e eficazes baseados na territorialização, na ecologia de
saberes, na intersetorialidade e em redes de solidariedade. A governança é
entendida como fator crítico para a plena realização das ações do OTSS, e se busca
avaliar sua adaptabilidade às diferentes esferas políticas e mudanças situacionais, a
efetiva participação social e responsabilização dos diversos atores e a coordenação e
coerência entre as diversas estratégias. Nesta dimensão também se avalia a inclusão
produtiva sustentável a partir de parâmetros como o uso de tecnologias sociais,
insumos, materiais e força de trabalho locais, assim como seus impactos ambientais,
especialmente na biodiversidade, água e florestas e no câmbio climático.

A Matriz tem-se mostrado eficaz na avaliação de efetividade da promoção de


territórios sustentáveis e saudáveis, assim como da implementação territorializada
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

Finalmente, a articulação em redes, desde as horizontais e locais até as


verticais multiescalares e globais, tem-se mostrado condição fundamental para a
governança viva, ampliando a sustentabilidade e a governabilidade das experiências,
assim como permitindo a qualificação, a replicação e a ampliação do alcance das
soluções encontradas, pela troca de experiência entre territórios e pela sua
incorporação às políticas públicas.
A constituição de TSS é uma disputa entre interesses conflituosos, e desta
pode resultar tanto o aggiornamento do capitalismo e a manutenção do modo de
produção e consumo atual quanto a disseminação de racionalidades alternativas
(Ebi, 2009; Gallo et al., 2012). Portanto, a articulação de diferentes atores e redes
sociais que compartilham da mesma visão de mundo é crucial para um projeto
contra-hegemônico de construção de uma agenda de territórios sustentáveis e
saudáveis e de um novo modo de produção e organização social, mais cooperativo e
solidário, capaz de promover a justiça socioambiental2 (GALLO & NASCIMENTO,
2019).
Esse macrocontexto torna ainda mais relevantes as experiências locais e os
coletivos produtores de vida que operam territorialmente abordagens cooperativas e
solidárias de implementação dessa agenda, implantando estratégias estruturantes e
desenvolvendo mecanismos de governança viva e gestão estratégica.

2
Adota-se aqui o conceito da Rede Brasileira de Justiça Ambiental: o “tratamento justo e (o)
envolvimento pleno de todos os grupos sociais, independente de sua origem ou renda nas decisões
sobre o acesso, ocupação e uso dos recursos naturais em seus territórios” (RBJA, 2011).
Desenvolvimento Sustentável e Promoção da Saúde
O grau de inserção ou de exclusão social pode ser entendido como
determinante tanto do processo saúde-doença quanto da sustentabilidade ambiental
e tem impacto significativo sobre a equidade social. Portanto, as estratégias de
construção de territórios sustentáveis e saudáveis pressupõem conexões entre meio
ambiente e saúde, consequentemente entre desenvolvimento sustentável e
promoção da saúde (SETTI & GALLO, 2009).
Além disso, quando o território no qual essas políticas são implementadas é
caracterizado por sua vulnerabilização (econômica, ambiental, cultural ou social),
suas especificidades agregam complexidade às abordagens de gestão local e tornam
ainda mais relevante o vínculo entre desenvolvimento sustentável e promoção da
saúde (GALLO & NASCIMENTO, 2019).
Para que tais estratégias tenham efetividade prática, para que não sejam
apenas representações do real, esse vínculo necessita ser trabalhado a partir do real
mesmo, dos territórios e das territorialidades que o constituem e transformam
permanentemente (SANTOS, 2003; GALLO, FREITAS & REIAS, 2006; GALLO, 2009;
FREIRE, 1996; GALLO & NASCIMENTO, 2019). É o território e as territorialidades que
permitirão, a partir do diálogo entre saberes e práticas exercidas sobre eles, a
significação das categorias sustentável e saudável.
Algumas agendas territorializadas têm buscado trabalhar essas questões. A
Agenda 21 pretendeu ser instrumento de planejamento e governança local
promotora do desenvolvimento sustentável a partir do envolvimento dos atores e,
especialmente, das comunidades locais. A Agenda Cidades-Comunidades-Municípios
Saudáveis concebeu a saúde como qualidade de vida e para sua operacionalização
também advogou mecanismos de governança intersetoriais e participação popular,
com a perspectiva de promover a equidade.
Entretanto, do ponto de vista concreto, essas experiências apresentaram
limitações em sua capacidade holística, predominando o olhar setorial,
especialmente na saúde (GALLO, E. & SETTI, A., 2009).

Território, Sustentabilidade e Saúde


Tanto as propostas de políticas, programas e projetos quanto a literatura
especializada destacam o território como categoria central para sua implementação.
Com efeito, toda investigação ou formulação parte de um território vivo, de uma
territorialidade, entendida como o conjunto de valores e de práticas referidos a
determinado espaço e em determinado tempo e que caracterizam a sua produção
social, que se dá a partir de e sobre uma realidade particular em que os vetores da
racionalidade dominante entram em embate com a emergência de outras formas de
produção da vida, o que exige projetos e ações que sejam capazes de compreender e
– consequentemente – transformar as práticas sociais referidas a territórios,
produzindo autonomia individual e coletiva (SANTOS, 2003; GALLO, FREITAS & REIS,
2006; GALLO, 2009; FREIRE, 1996; GALLO & NASCIMENTO, 2019).
Várias abordagens procuram atender a essa perspectiva, de conceber o
conhecimento e sua produção como intervenção no real. Santos (2003: 57) destaca
que “a credibilidade da construção cognitiva mede-se pelo tipo de intervenção no
mundo que proporciona, ajuda ou impede”. Freire (1996: 98) afirma que “como
experiência especificamente humana, a educação é uma forma de intervenção no
mundo (que) implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto
seu desmascaramento”.
Ora, não existe “intervenção no mundo” isolada de um determinado
contexto, determinado espaço e tempo, determinados sujeitos. Portanto, a
possibilidade teórico-prática do sustentável e do saudável só existe referida aos
territórios e territorialidades específicas.
Porém, além disso, a definição mesmo do que é sustentável e saudável
também só é possível em situação e a partir do diálogo horizontal entre sujeitos,
suas experiências e interesses. Esta abordagem valoriza a potencialidade que tal
encontro de afetos, práticas e conhecimentos tem para o compartilhamento de
sentidos e significados e para a produção de soluções efetivas.
Na experiência do OTSS, utiliza-se a perspectiva da determinação social da
vida e da saúde, os princípios da ecologia de saberes, da pedagogia da autonomia e
da governança viva para indicar questões epistêmicas e praxísticas fundamentais
para a implantação de agendas territorializadas que procurem apoiar “a
incorporação de territórios excluídos à cidadania, porém buscando evitar sua captura
pela racionalidade dominante, estimulando a transformação do modo de produção
para uma economia e uma sociedade mais solidária e equânime” (GALLO & SETTI,
2012: 1434).
Os pressupostos e objetivos desta abordagem são promover a equidade, a
autonomia e a sustentabilidade visando à justiça socioambiental, tendo como modo
de governança e gestão um processo local comunicativo-estratégico territorializado e
articulado em redes de solidariedade interescalares (Figura 1).

Figura 1 – Marco lógico para a promoção Territórios Sustentáveis e Saudáveis

Fonte: Elaborado pelo autor

Territórios Sustentáveis

É possível afirmar que a incorporação da ideia de sustentabilidade – ou do


adjetivo sustentável – ao desenvolvimento representou efetivamente a afirmação de
um novo paradigma e princípio estruturante. Porém, isso não permite dizer que haja
consenso teórico sobre o desenvolvimento sustentável, menos ainda sobre sua
efetividade prática (FEOLA & BAZZANI, 2002; SETTI & GALLO, 2009; OPAS, 2009;
FRANCO NETTO, 2009; DREXHAGE & MURPHY, 2010).
Ainda que a literatura aponte para a inviabilidade da vida no planeta, se
houver a continuidade do modelo hegemônico de produção, este continua a
reproduzir-se e a exponenciar suas consequências. Por outro lado, experiências de
organização econômica e social mais solidárias e eficientes se ampliam, gerando
aprendizados e alternativas. Isto não significa que as estratégias propostas para um
modo de produção e consumo sustentável, em especial as oriundas das instituições
tradicionais, escapem da lógica hegemônica do conhecimento científico ocidental,
conformando-se muitas vezes como conservadoras, ou “abissais” (FRANCO NETTO,
2009; DREXHAGE & MURPHY, 2010; DAGNINO, 2004; SANTOS, 2007; UNEP, 2011;
UNCTAD, 2011; GALLO et al., 2012).

No Otss compreende-se o desenvolvimento sustentável como um conceito


em disputa. Parte-se de uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado
hegemonicamente, ressaltando a incompatibilidade entre os padrões de produção e
consumo vigentes, o uso racional dos recursos naturais, a capacidade de suporte dos
ecossistemas e o futuro do planeta.
Neste sentido, abordagens críticas como o Bem Viver, a teoria dos comuns e a
economia solidária e inclusive formulações de organismos multilaterais tais como
“the development which meets the needs of the present without compromising the
ability of future generations to meet their own needs”3 são constitutivas do projeto
territorializado de desenvolvimento solidário da Bocaina.
O conceito de territórios sustentáveis, portanto, mais que apontar para uma
situação-objetivo pré-determinada, é um processo de conscientização e
empoderamento constitutivo de territorialidades portadoras de vida e produtoras de
autonomia, equidade e sustentabilidade, capazes de construir cartografias
epistemológicas contra-hegemônicas derivadas do cotidiano reinventado
criticamente (GALLO, 2009b; GALLO & NASCIMENTO, 2019).
Neste sentido, territórios sustentáveis significam a apropriação crítica e a
produção do espaço pelos sujeitos a partir da ecologia de saberes e por meio da
pedagogia da autonomia, resultando em governança viva, gestão
estratégico-comunicativa, produção e consumo sustentável e solidário e políticas

3
Desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das
futuras gerações de atender às suas próprias (CMMAD, 1987; tradução do autor).
efetivas de cidadania (Santos, 2006; Freire, 1996; Gallo, 2009b; Gallo & Nascimento,
2019).

Territórios Saudáveis
Similarmente ao desenvolvimento sustentável, o conceito de promoção da
saúde também se consolidou e buscou materializar-se em agendas locais. Definida
como o processo que possibilita às pessoas e coletivos aumentar seu controle sobre
os determinantes sociais da saúde e por meio disto melhorá-la, a promoção da saúde
é concebida como um processo social e político, que inclui ações direcionadas ao
fortalecimento das capacidades e habilidades dos indivíduos, mas também às
mudanças das condições sociais, ambientais e econômicas para minimizar seu
impacto na saúde individual e pública (WHO, 1996).
A Agenda Cidades/Comunidades Saudáveis buscou dar materialidade ao
conceito e significou um avanço em relação ao paradigma médico-hospitalar e da
saúde pública, na medida em que incorporou a determinação social da saúde,
abrindo possibilidades para a intersetorialidade, a transdisciplinaridade e o exercício
da ecologia de saberes e da pedagogia da autonomia (OPAS/OMS, 2005; CNDSS,
2008; GALLO & NASCIMENTO, 2019).
Entretanto, as mesmas questões apontadas anteriormente em relação ao
desenvolvimento sustentável também são válidas para a promoção da saúde: a
captura teórico-prática pela racionalidade científico-institucional hegemônica, que
aqui se expressa nas soluções neoconservadoras representadas pelas abordagens
epidemiológicas clínicas, proposições comportamentalistas e mecanismos de gestão
instrumentais que continuam a estruturar uma cartografia abissal. Tal como
anteriormente, é chave a produção de autonomia, buscando conhecer, denunciar e
subverter as práticas alienantes do cotidiano (FREIRE, 1996; GALLO, 2009b; SANTOS,
2007; GALLO & NASCIMENTO, 2019).
Portanto, assim como territórios sustentáveis, territórios saudáveis são
processos de apropriação crítica, neste caso não do espaço, mas dos “modos de
andar a vida” (CANGUILHEM, 2009), que se constroem na relação com o outro,
promovendo a capacidade dos indivíduos e coletividades de tomar decisões sobre a
saúde, as relações sociais e sobre sua vida em três dimensões: clínica, sanitária e
ético-moral.

Territórios Sustentáveis e Saudáveis


Os modos emancipatórios de andar a vida são condicionados e dependentes
da constituição de territorialidades emancipatórias e do uso e produção do espaço.
As territorialidades se constituem a partir dos processos de apropriação crítica das
dimensões mais amplas de determinação da vida: economia, sociedade, natureza e
cultura; e o uso e produção do espaço a partir do modo organização tecnológica e
social e dos fluxos e estruturas que viabilizam sua reprodução.
Estes dois movimentos se articulam pela governança viva, que garante sua
direcionalidade estratégica e sua efetividade a partir das acumulações cognitivas,
organizacionais, políticas, financeiras, comunicacionais, culturais e afetivas
produzidas. Portanto, ainda que sejam dois processos indissociáveis, a constituição
de territórios sustentáveis ordena a constituição de territórios saudáveis, assim como
os determinantes distais da saúde a determinam.
Assim, territórios sustentáveis e saudáveis podem ser compreendidos como
espaços constituídos a partir de relações sociais e de pertencimento simbólico e
afetivo, apropriados criticamente e intencionalmente reconfigurados pela ação
territorializada de coletivos portadores de vida nos quais o Bem Viver é o foco da
governança viva. Esta integrando ações comunitárias, da sociedade civil e do Estado
para a gestão dos bens comuns e de políticas públicas em redes nas dimensões
socioeconômicas, ambientais e culturais, possibilitando modificações do modo de
produção e consumo hegemônico e a emergência de racionalidades emancipatórias
instituintes de modos de vida solidários, afetivos e autônomos que permitem novos
modos de andar a vida.
Aplicada a uma situação concreta, a um território vivo e referido às
territorialidades nele construídas, procurando compreender as práticas que o
reconstroem permanentemente e interferir sobre elas, esta abordagem produz e
implementa agendas locais, territorializadas. Estas, entretanto, por serem também
produto da interação social que desenvolvem, podem tanto ser capturadas pela
racionalidade dominante quanto expressar “uma capacidade nova de inquirição e
indignação capaz de fundamentar teorias e práticas novas, umas e outras
inconformistas, desestabilizadoras e mesmo rebeldes” (SANTOS, 2007: 63).
Para evitar sua captura e permitirem possibilidades emancipatórias, estas
agendas necessitam construir um pacto territorial em torno de três dimensões: a
inserção da economia local em um modo de desenvolvimento solidário e sustentável;
a garantia dos direitos à cidadania, que assegurem um padrão mínimo de equidade e
qualidade de vida; e a instituição de mecanismos de governança e gestão
participativa e estratégica do território.
Portanto, para promover a transição tecnológica para um modo de produção
cooperativo e solidário na perspectiva dos bens comuns e do Bem Viver, a agenda
TSS tem necessariamente que problematizar as distintas dimensões da determinação
social da vida e da saúde e intervir sobre elas, articulando diferentes escalas e
integrando-se às agendas de economia solidária, gestão e uso do território,
agroecologia, segurança alimentar, equidade de gênero, diversidade sexual,
igualdade racial, educação emancipatória, resgate e atualização cultural, entre
outras, tornando-se assim potencialmente promotora de autonomia, equidade e
sustentabilidade.
Isto resulta em focos de ação de intersetoriais, cujas estratégias devem dar
“preferência às formas de conhecimento que garantam a maior participação dos
grupos sociais envolvidos na concepção, na execução, no controle e na fruição da
intervenção” (SANTOS, 2007: 60).

Para isso a governança precisa colocar o território como centro da definição


da hierarquia de necessidades e da implementação de soluções, o que é um fator
crítico para sua efetividade. A governança viva tem a potência de estabelecer
vínculos entre teoria e a prática, entre projeto e território pelo seu caráter
instrumental-comunicativo. Permite o desenvolvimento das condições de
possibilidade de atualização de um projeto de emancipação por meio da inovação,
embasada no estímulo ao desenvolvimento de sujeitos autônomos, críticos e
afetivos. Projetos emancipatórios, inovação e autonomia são, portanto, decorrentes
do exercício da governança viva, da ecologia de saberes, da pedagogia da autonomia,
da valorização dos encontros de afetos e dos pactos e soluções produzidos por ações
comunicativo-estratégicas-afetivas (GALLO, 2009a, 2009b; GALLO & NASCIMENTO,
2019).

Um dos fatores primordiais para o exercício desta governança é a referência


multiescalar, que parte de microterritórios de atuação e se articula a escalas
regionais, nacionais e globais, em redes de cooperação. Assim, as ações e atores
estratégicos são definidos a partir da compreensão da dinâmica territorial,
permitindo a integração entre diferentes setores. No Otss, a cartografia social é
utilizada como a principal ferramenta de mobilização, significação de identidade e
pertencimento, análise situacional e construção da hierarquia de prioridades. Um
exemplo disto pode ser observado nos Mapas 04 e 05, resultado da espacialização
dos mapas falados elaborados no início dos processos (Mapa 03). Esta cartografia
permite o desenho de estratégias de ação territorializadas para TSS.

Mapa 03 - Mapas Falados - Joatinga e Campinho

Fonte: Otss, 2020

Mapa 04 - Cartografia do Quilombo do Campinho


Fonte: Otss, 2020

Mapa 05 - Cartografia da Área de Pesca do Microterritório do Carapitanga

Fonte: Otss, 2020

Manter a coerência e efetividade da agenda TSS em relação aos pressupostos


e objetivos esperados é outro desafio para essa abordagem, o que requer sua
avaliação permanente em três dimensões: formulação, processo e resultado. A
avaliação aqui é parte do processo de empoderamento comunitário, do
desenvolvimento de competências e de redirecionamento do projeto (AKERMAN et
al., 2002; BODSTEIN, 2009; SETTI & GALLO, 2019).
Finalmente, cabe destacar que, para sua governabilidade, a agenda precisa
atender à demanda concreta e imediata do território, expressa pelos sujeitos. É
comum o descrédito da população em relação a projetos, decorrentes de inúmeras
interrupções de iniciativas anteriores. Tais insucessos, em geral, estão vinculados a
conceitos e práticas que, mesmo pretendendo-se transformadoras, acabam por
adotar a postura colonizadora do pensamento moderno convencional e o
extrativismo acadêmico, propondo e produzindo hierarquias universalistas que não
dialogam, não compreendem e não transformam o território e suas práticas.
Isto não implica em desconsiderar objetivos de maior alcance e de mais longo
prazo. Ao contrário, para ser capaz de produzir autonomia, equidade e
sustentabilidade, a agenda TSS precisa trabalhar com diferentes escalas e diferentes
temporalidades, desenhando intervenções desde proximais até distais nos
determinantes sociais, articulando atores sociais de distintos espaços situacionais e
vinculando a reconfiguração cartográfica local a uma epistemologia crítica, diversa e
inquieta, em que justiça cognitiva e socioambiental caminhem lado a lado.

Neste sentido, por um lado a agenda TSS investe em relações de produção


autônomas, renováveis e autossuficientes e, por outro lado, apoia processos de
governança das políticas, das comunidades e dos empreendimentos onde os
recursos comuns são compartilhados pelas comunidades tradicionais em um
processo que busca a ampliação da sua autonomia, equidade e sustentabilidade.
Nos povos e comunidades tradicionais, esta agenda é potencializada por suas
cosmologias e modos de vida particulares, que expressam outra racionalidade na
relação que estabelecem com seu meio ambiente físico e entre si.
Esta racionalidade esteve constantemente ameaçada de colonização pela
racionalidade do capital: a monetarização e a mercantilização de produtos e serviços,
a alimentação industrializada em detrimento dos alimentos naturais, o trabalho
assalariado subalterno substituindo as práticas produtivas tradicionais, a propriedade
privada e as cercas ameaçando a apropriação coletiva do território, o individualismo
possessivo impedindo os encontros afetivos.
Apesar disso, pela consciência crítica advinda tanto de suas visões de mundo
e modos de vida quanto de suas histórias de resistência, essas comunidades
mantiveram sua tradição de solidariedade, cooperação e amorosidade e,
especialmente em momentos de crise, encontram nela as respostas à incapacidade
do modelo hegemônico de garantir a segurança social, ambiental, sanitária e
alimentar, entre outras.
Por exemplo, no contexto da pandemia da Covid-19, articuladas às suas
redes, que extrapolam seus lugares e territorialidades, mas que compõem seu
território em diferentes tempos, espaços e escalas, as comunidades tradicionais
adotaram estratégias de gestão territorial solidárias para lidar com os impactos da
pandemia, garantir e ampliar sua autonomia.
Essas estratégias incluem o fortalecimento de suas redes de solidariedade,
pois a partir das mesmas se constroem estratégias de sustentabilidade política,
cognitiva, financeira, organizacional, ambiental, comunicacional, cultural e afetiva em
diversas escalas, conectando as comunidades à parceiros históricos de trabalho,
incluindo pessoas, coletivos, ONGs e instituições de estado que buscam fortalecer
seus modos de vida. Esse conjunto de parceiros, articulados por e a partir das
comunidades tradicionais tem sido um dos alicerces para a garantia de seus direitos,
frequentemente ameaçados pelo poder hegemônico do capital e dos condomínios
globais.
Estas redes foram, no momento no qual o coronavírus escancarou a
insustentabilidade da sociedade capitalista, a tessitura a partir da qual os modos de
vida sustentáveis e saudáveis das comunidades tradicionais puderam demonstrar sua
universalidade e potência para a construção de outros futuros. Futuros
cooperativos, solidários e amorosos.

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