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FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

DANIEL RODRIGO DA SILVA

Análise comparativa das propriedades da blenda copolímero acrilonitrila butadieno


estireno (ABS) com policarbonato (PC) e compósito ABS com fibra de vidro.

São Paulo

2012
FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

DANIEL RODRIGO DA SILVA

Análise comparativa das propriedades da blenda copolímero acrilonitrila butadieno


estireno (ABS) com policarbonato (PC) e compósito ABS com fibra de vidro.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado no curso de Tecnologia de
Polímeros na FATEC ZL como requisito
parcial para obter o Título de Tecnólogo de
Polímeros. Orientador: Prof. Dr. Manuel
Venceslau Canté.

São Paulo
2012
RODRIGO, Daniel da Silva.
Análise comparativa das propriedades da blenda copolímero acrilonitrila butadieno estireno
(ABS) com policarbonato (PC) e compósito ABS com fibra de vidro. /
Daniel Rodrigo da Silva – Faculdade de Tecnologia da Zona Leste,
São Paulo, 2012.

59 p.

Orientador: Prof. Dr. Manuel Venceslau Canté


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de Tecnologia da Zona Leste

1. Propriedades. 2. ABS. 3. Policarbonato


FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

RODRIGO, DANIEL DA SILVA.

Análise comparativa das propriedades da blenda copolímero acrilonitrila butadieno


estireno (ABS) com policarbonato (PC) e compósito ABS com fibra de vidro.

Monografia apresentada no curso de


Tecnologia em Polímeros na Faculdade de
Tecnologia da Zona Leste como requerido
parcial para obter o Título de Tecnólogo
em Polímeros.

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof. Dr. Manuel Venceslau Canté Instituição: FATEC-ZL

Julgamento: ________________Assinatura: ______________

Prof. Dr. Walker Soares Drumond Instituição: FATEC-ZL

Julgamento: _________________Assinatura: ______________

Prof. Laerte Luiz Instituição: OBRA D. BOSCO

Julgamento: ________________Assinatura: ______________

São Paulo, 11 de dezembro de 2012.


AGRADECIMENTOS

Sou grato a todos que verdadeiramente torceram por mim e sempre me apoiaram
nos momentos mais difíceis durante todo o curso.

Agradeço aos meus pais Jorge Pereira e Izilda Cavalcanti por me ajudarem desde o
início. Agradeço a minha irmã Kelly, pelos conselhos que pode me dar e os
momentos de descontração durante todos esses anos de curso.

Agradeço aos companheiros de classe e ao enorme apoio que me forneceram.

Agradeço ao Professor Dr. Manuel Venceslau Canté por ter me concedido o


privilégio de ser meu orientador.
Agradeço a todos os profissionais da FATEC ZONA LESTE que contribuíram para o
meu desenvolvimento intelectual.
Agradeço a empresa PRODATA MOBILITY BRASIL por ter me concedido a
permissão de utilizar as imagens e amostras necessárias para a realização deste
trabalho.
"A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original"
Albert Einstein
RODRIGO, Daniel da Silva. Análise comparativa das propriedades da blenda
copolímero acrilonitrila butadieno estireno (ABS) com policarbonato (PC) e
compósito ABS com fibra de vidro. 59 pág. Trabalho de Conclusão de Curso
(Tecnólogo), Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo, 2012.

RESUMO

Com a introdução do plástico cada vez mais no desenvolvimento de produtos, onde


são exigidas dos materiais boas propriedades mecânicas, químicas além de muitas
vezes também devem apresentar boa aparência e baixo peso dependendo da
aplicação, o ABS/PC tem se mostrado um material com propriedades atraentes
principalmente para o setor automobilístico. Porém para uma ou outra aplicação
específica nem mesmo o ABS/PC pode atender a todos os requisitos. Em projetos
onde se necessita de uma boa processabilidade, estabilidade dimensional e
principalmente rigidez como é o caso deste trabalho, se torna necessário uma
otimização em materiais já existentes. O objetivo deste trabalho é estudar e
comparar as propriedades mecânicas dos materiais e peças injetadas em ABS+PC e
ABS com fibra de vidro.

A problemática é como diminuir a flexibilidade de uma peça plástica sem alterar sua
geometria e não afetar as características de utilização e os requisitos de um projeto?

Para a realização deste trabalho será utilizado o método de pesquisa bibliográfica


para revisão de literatura abrangendo o tema a respeito de materiais reforçados e
ABS/PC com base em livros, artigos científicos, sítios de internet entre outros.

A metodologia também é decorrente da análise comparativa dos gráficos tensão x


deformação do ABS PC e ABS com fibra de vidro. Neste trabalho será abordada a
utilização de cargas reforçantes utilizando como matriz o ABS e como reforço a fibra
de vidro, mostrando os processos de obtenção das resinas de ABS, do
Policarbonato e suas principais propriedades mecânicas. O material ABS com fibra
de vidro é comparado com o tradicional ABS/PC com a intenção de indicar o mais
apropriado para uma determinada aplicação que neste trabalho é mencionado.
Através de pesquisas realizadas em livros, artigos e testes com amostras dos dois
materiais, é possível chegar a uma conclusão e confirmar a hipóteses que neste
estudo é levantado.

Palavras-chave: 1. Propriedades, 2. ABS, 3. Policarbonato.


Rodrigo, Daniel da Silva. Comparative analyzes of the properties of the blend
acrylonitrile butadiene styrene copolymer (ABS) and polycarbonate (PC) and
ABS composite glass fiber. 59 pág. Completions of course work (Technologist),
Faculty of Technology East Zone, São Paulo, 2012.

ABSTRACT

With the introduction of more and more plastic in product development, where
materials are required of good mechanical properties, chemical and many times also
must have good looks and low weight depending on the application, the ABS / PC
has been a material with properties attractive mainly for the automotive sector. But
for one or another specific application or even the ABS / PC can meet all
requirements. In designs where one needs a good processability, dimensional
stability and rigidity mainly as is the case this work is necessary for an optimization of
already existing materials. The objective of this work is to study and compare the
mechanical properties of materials and molded parts in PC + ABS and ABS with
fiberglass.

The problem is how to reduce the flexibility of a plastic part without changing its
geometry and not affect the usability features and requirements of a project?

For this work we will use the method of literature for literature review covering the
topic about materials and reinforced ABS / PC-based books, journal articles, web
sites and more.

The methodology is also due to the comparative analysis of graphs tension-


deformation of PC ABS and ABS with fiberglass. This work is discussed the use of
reinforcing fillers using as the ABS matrix and reinforcement such as glass fiber,
showing the procedures for obtaining ABS resins, polycarbonate and main
mechanical properties. The ABS material with glass fiber is compared with the
traditional ABS / PC intended to indicate the most appropriate for a particular
application that is mentioned in this paper. Through research in books, articles and
tests with samples of the two materials, it is possible to reach a conclusion and
confirm the hypothesis that this study is lifted.

Keywords: 1. Properties, 2. ABS, 3. Polycarbonate.


SUMÁRIO
1. Introdução ........................................................................................................... 12

2. Capítulo .............................................................................................................. 15

2.1. Polímero ....................................................................................................... 15


2.2. Copolímero................................................................................................... 15
2.3. Compósitos .................................................................................................. 16
2.4. Aditivos......................................................................................................... 20
2.5. Cargas.......................................................................................................... 23
2.6. Blendas ........................................................................................................ 26
3. Capítulo .............................................................................................................. 28

3.1. ABS .............................................................................................................. 28


3.1.1. Características dos monômeros do ABS...................................................... 28
3.1.2. Processos de obtenção das resinas ............................................................ 29
3.1.3. Propriedades do ABS ................................................................................... 30
3.2. Policarbonato ............................................................................................... 32
3.2.1. Obtenção do Policarbonato .......................................................................... 33
3.2.2. Processo de fosgenização ........................................................................... 34
3.2.3. Processo por intercâmbio de ésteres ........................................................... 37
3.2.4. Propriedades do Policarbonato .................................................................... 37
3.3. Fibra de vidro ............................................................................................... 39
3.4. ABS/PC ........................................................................................................ 43
3.5. ABS/fibra de vidro ........................................................................................ 45
4. Capítulo .............................................................................................................. 46

4.1. Estudo de caso ............................................................................................ 46


4.1.1. Comparação dos gráficos tensão x deformação e as tabelas de dados ...... 48
4.2. Comparação das amostras injetadas ........................................................... 53
5. Considerações finais .................................................................................... 57
1. Referências bibliográficas ................................................................................... 59
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema da estrutura molecular de copolímeros ao acaso ou aleatório. . 15
Figura 2 - Esquema da estrutura molecular alternado. ............................................. 15
Figura 3 - Esquema da estrutura molecular em bloco. .............................................. 16
Figura 4 - Esquema da estrutura molecular grafitizado ou enxertado. ...................... 16
Figura 5 - Proposta para classificação dos compósitos naturais e sintéticos. ........... 18
Figura 6 - Disposição das fibras em materiais compósitos. ...................................... 18
Figura 7 - Importância relativa do baixo custo e desempenho estrutural em
diferentes ramos da industria. ................................................................................... 19
Figura 8 - Monômeros necessários para a obtenção do ABS. .................................. 29
Figura 9 - Obtenção do ABS através da polimerização por enxerto.......................... 30
Figura 10 - Obtenção do ABS através do processo de mistura mecânica. ............... 30
Figura 11 - Concentração e funcionalidade dos monômeros da resina de ABS. ...... 31
Figura 12 - Méro da macromolécula de policarbonato. ............................................. 33
Figura 13 - Obtenção do monômero fosgênio. .......................................................... 34
Figura 14 - Obtenção do monômero bisfenol A. ....................................................... 34
Figura 15 - Obtenção do policarbonato pelo processo de fosgenização. .................. 35
Figura 16 - Obtenção do policarbonato pelo método de solução. ............................. 36
Figura 17 - Obtenção do policarbonato pelo método interfacial. ............................... 36
Figura 18 - Obtenção do policarbonato por intercâmbio de ésteres. ......................... 37
Figura 19 - Mensagem gerada ao tentar tracionar o corpo de prova ABS com fibra de
vidro no laboratório da FATEC-ZL............................................................................. 46
Figura 20 - Projeto da peça MOLDURA PLÁSTICA DO VIDRO V7XXMG_SC ........ 47
Figura 21- Tradução dos dados da tabela de resultados .......................................... 49
Figura 22 - Amostras injetadas do projeto em ABS/PC e ABS com fibra de vidro. ... 54
Figura 23 - Comparação das amostras ..................................................................... 55
Figura 24 - Análise das deformações ........................................................................ 55
Figura 25 - Deformação da peça em ABS com fibra de vidro ................................... 55
Figura 26 - Deformação da peça em ABS/PC ........................................................... 56
Figura 27 - Comparação das peças suportando a carga .......................................... 57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição de consumo dos vários tipos de aditivos nos EUA. .............. 22
Tabela 2 - Principais polímeros comercias e os aditivos que a eles podem ser
adicionados. .............................................................................................................. 22
Tabela 3 - Consumo dos principais tipos de cargas em polímeros. .......................... 24
Tabela 4 - Características ideiais das cargas em função dos requisitos dos
compóstos. ................................................................................................................ 25
Tabela 5- Propriedades do ABS. ............................................................................... 32
Tabela 6 - Principais prorpriedades dos tipos diferentes de fibras de vidro. ............. 40
Tabela 7 - Tipos de fibra de vidro. ............................................................................. 42
Tabela 8 - Principais propriedades mecânicas de blendas ABS/PC com diferentes
teores dos componentes. .......................................................................................... 44
Tabela 9 - Propriedades do ABS/PC. ........................................................................ 44
Tabela 10- Resultados dos testes com ABS/PC ....................................................... 49
Tabela 11 - Resultados dos testes do ABS com fibra de vidro................................. 51
Tabela 12 - Resultados dos testes do ABS com fibra de vidro................................. 51
Tabela 13 - Principais propriedades mecânicas de blendas ABS/PC com diferentes
teores dos componentes. .......................................................................................... 52
Tabela 14 - Propriedades do ABS/PC. ...................................................................... 53
Tabela 15 - Tabel de propriedades ABS/PC e ABS com fibra de vidro ..................... 58
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Aplicação final dos materiais compósitos. ............................................... 20


Gráfico 2 - Curva tensão/deformação do PP e PP com fibra de vidro....................... 23
Gráfico 3- Tensão/deformação do ABS durante ensaio de tração. ........................... 31
Gráfico 4 - Tensão/deformação do policarbonato durante ensaio de tração. ............ 39
Gráfico 5 - Tensão/deformação da blenda ABS/PC durante ensaio de tração.......... 45
Gráfico 6 - Gráfico tensão x deformação para o ABS/PC. ........................................ 48
Gráfico 7- Gráfico tensão x deformação para ABS com fibra de vidro ...................... 50
12

1. Introdução

O tema deste trabalho é a análise comparativa das propriedades do ABS+PC e ABS


com fibra de vidro.

Com o avanço tecnológico atualmente, novos produtos surgem constantemente no


mercado com designs inovadores e que desafiam cada vez mais os processos de
fabricação. Desta forma, os processos de fabricação e os materiais também
acompanham obrigatoriamente esta rápida evolução, do contrário não existiriam
tantos produtos e peças com funções específicas e geometrias complexas. O
material polimérico tem grande participação nesta evolução dos produtos, suas
propriedades e a facilidade para conformá-los em moldes que os transformarão em
sua geometria final, tornam este tipo de material muito utilizado e um item
indispensável para o desenvolvimento de novos produtos.

Atuando em muitos ramos da indústria, as exigências que são submetidas aos


materiais poliméricos também são inúmeras, e muitas vezes o material em si não
pode atender a todas as necessidades devido a suas limitações naturais. A
tecnologia de materiais poliméricos tem como objetivo, solucionar estes requisitos de
diversos setores, configurando e desenvolvendo novos materiais e buscando
melhorias em outros já existentes, para isto são desenvolvido as blendas
poliméricas, materiais compósitos, aditivos que tem como objetivo melhorar as
propriedades dos polímeros, materiais biodegradáveis e etc.

Um dos requisitos mais comuns para os materiais poliméricos está relacionado às


propriedades mecânicas que o material necessita para desempenhar uma
determinada função. Neste caso é avaliado como o material se comporta quando
13

submetido a solicitações externas, podendo desenvolver deformações reversíveis ou


irreversíveis conhecida como deformação plástica.

Neste trabalho o estudo visa buscar informações que comparem as propriedades de


dois materiais a fim de descobrir qual o mais apropriado para uma determinada
aplicação onde é exigido pelo projeto que o material apresente rigidez. O objetivo
deste trabalho é estudar e comparar as propriedades mecânicas dos materiais e
peças injetadas em ABS+PC e ABS com fibra de vidro.

A problemática é como diminuir a flexibilidade de uma peça plástica sem alterar sua
geometria e não afetar as características de utilização e os requisitos de um projeto?

Para a realização deste trabalho será utilizado o método de pesquisa bibliográfica


para revisão de literatura abrangendo o tema a respeito de materiais reforçados e
ABS/PC com base em livros, artigos científicos, sítios de internet entre outros.

A metodologia também é decorrente da análise comparativa dos gráficos tensão x


deformação do ABS PC e ABS com fibra de vidro. Os parâmetros obtidos através da
análise dos gráficos quantificam a resistência mecânica dos polímeros conforme
(CANEVAROLO, 2006). Os parâmetros que podem ser obtidos são:

• Módulo de Young ou módulo de elasticidade;


• Tensão e deformação no escoamento;
• Tensão máxima;
• Tensão e deformação na ruptura;
• Tenacidade.

O ensaio de tração foi o método escolhido para obter estas informações devido ao
fácil acesso e por ser o mais popular entre todos os outros. Segundo
(CANEVAROLO JUNIOR, 2006) as curvas tensão x deformação apresentam
diferenças de acordo com o tipo de ensaio utilizado, ou seja, para um mesmo
polímero é possível obter curvas diferentes se realizado ensaios diferentes. Por este
motivo somente após a análise dos dados obtidos, será feita a escolha do material.
14

Com as amostras em mãos, as peças serão testadas visando a questão da


flexibilidade.

Partindo das exigências do estudo de caso é abordado no segundo capitulo


assuntos sobre copolímeros, materiais compósitos, aditivos, cargas e blendas.

No terceiro capitulo o foco são nos componentes que formam os materiais que aqui
serão comparados, ABS/PC e ABS com fibra de vidro, portanto é citado a respeito
do ABS, as características dos monômeros deste material, o processo de obtenção
das resinas de ABS e suas propriedades. Em seguida o estudo se refere ao
policarbonato, os processos para sua obtenção e suas propriedades. A carga
reforçante fibra de vidro também é abordada, citando sua obtenção, tipos de vidro e
as propriedades que elas proporcionam aos materiais no qual são incorporadas.
Ainda no terceiro capitulo é mencionado também a respeito da blenda ABS/PC e o
material reforçado ABS com fibra de vidro.

Para o quarto capítulo ficou o estudo de caso, onde foram injetados corpos de prova
e realizado ensaios de tração. Dos ensaios foram gerados gráficos de
tensão/deformação para então comparar o desempenho dos materiais quando
solicitado à esforços externos. Foram injetadas amostras das peças do projeto no
qual este trabalho tem como hipótese melhorar a rigidez somente com a escolha do
material mais adequado e assim realizar um teste final e obter resultados
qualitativos.
15

2. Capítulo

2.1. Polímero
Polímero é uma macromolécula composta por dezenas de milhares de unidades
repetitivas que são denominados meros e que são interligadas entre si por uma
ligação covalente. Os meros são formados a partir da polimerização dos
monômeros, ou seja, monômero é a matéria prima para a produção dos polímeros,
consiste em uma molécula simples que deve ser pelo menos bifuncional. Segundo
(CANEVAROLO JUNIOR, 2006) os polímeros podem ser classificados em três
grandes classes que são: Plásticos, Borrachas e Fibras, de acordo com o tipo do
monômero, o número médio de meros por cadeia e o tipo de ligação covalente.

2.2. Copolímero
A resina de ABS que neste trabalho será abordada se enquadra como um
copolímero, o critério para que um determinado material polimérico seja considerado
com tal, se deve ao fato de conter na mesma cadeia molecular dois ou mais meros
diferentes. Os copolímeros podem ser classificados em quatro tipos de acordo com
a disposição desses meros na cadeia principal conforme a seguir:

a) Ao acaso ou aleatório: a disposição dos meros na cadeia molecular


não apresenta ordem ou regularidade, onde A e B representam os
diferentes meros, temos:
Figura 1 - Esquema da estrutura molecular de copolímeros ao acaso ou aleatório.

FONTE: (CANEVAROLO JUNIOR, 2006, 45).

b) Alternado: os diferentes meros seguem uma ordem alternando entre


um e outro a disposição na cadeia:
Figura 2 - Esquema da estrutura molecular alternado.

FONTE: (CANEVAROLO JUNIOR, 2006, 45).


16

c) Em bloco: ocorre a formação de sequências de um mesmo mero


ligando à outra sequência de meros:

Figura 3 - Esquema da estrutura molecular em bloco.

FONTE: (CANEVAROLO JUNIOR, 2006, 45).

d) Grafitizado ou enxertado: quando a cadeia do polímero B se liga


covalentemente à cadeia do polímero A, os meros permanecem cada
um em sua cadeia, porém interligados:

Figura 4 - Esquema da estrutura molecular grafitizado ou enxertado.

FONTE: (CANEVAROLO JUNIOR, 2006, 45).

O ABS se enquadra na disposição dos grafitizados e pode apresentar mais de uma


fase:
(...) a estrutura química deste copolímero é formada principalmente
por uma cadeia de homopolibutadieno enxertada com um copolímero
aleatório de estireno-acrilonitrila. O ABS comercial também possui
outras duas fases: uma de cadeias não enxertadas de
homopolibutadieno e outra de cadeias de um copolímero aleatório de
estireno-acrilonitrila conhecido por SAN livre. (CANEVAROLO JUNIOR,
2006, 46).

2.3. Compósitos
Segundo (LEVY, CLAUDIO, 2006) os compósitos abrangem uma grande classe de
materiais como os polímeros reforçados com fibras e outros aditivos, os materiais
híbridos como as ligas metálicas, concretos estruturais e qualquer outro que em sua
composição exista duas fases distintas que podem ser classificadas como matriz e
reforço. Portanto, a principal característica de um compósito é a presença de dois ou
mais componentes formando um único material a nível macroscópico onde é
possível distinguir as duas fases matriz e reforço. Normalmente o reforço é disposto
na forma de filamentos, a matriz caracteriza uma forma aglutinante que possibilita a
interação entre eles quando esforços são solicitados, ou seja, quando submetidos a
17

esforços os componentes trabalham juntos distribuindo e dissipando a energia entre


si.

Os reforços constituídos por filamentos resistentes, rígidos e leves, isolados da


matriz que os aglutinam, protegem e os estabilizam geometricamente, apresentam
apenas resistência em esforços de tração. Os materiais cerâmicos, metálicos e
poliméricos que normalmente são utilizados como matrizes em compósitos,
isoladamente são incapazes de apresentar um bom desempenho estrutural em dois
ou mais aspectos distintos, ou seja, não apresentam simultaneamente, por exemplo,
rigidez e tenacidade.

Isto ajuda a explicar a notável diferença de resistência à flexão das peças que neste
trabalho foram analisadas. As peças em ABS+PC apresentam visivelmente mais
flexibilidade do que as injetadas em ABS com fibra de vidro, que por ser um material
aditivado com cargas reforçantes o que aumenta o módulo de elasticidade,
apresenta maior resistência à deformação e flexão, tornando a peça mais rígida.

"Os compósitos obtidos a partir de reforços contínuos apresentam um


excelente desempenho estrutural, considerando-se a resistência e a rigidez
específicas." (LEVY, CLAUDIO, 2006, 01).
De forma geral os compósitos podem ser divididos em naturais e sintéticos, e de
acordo com as diversas matrizes a quais podem se aglutinar. Os tipos e arranjos dos
reforços existentes pode se enumerar uma série de outras classificações. Os
reforços podem constituir-se de fibras ou partículas em um compósito. A disposição
destes reforços na matriz influência diretamente nas propriedades resultantes,
portanto existem disposições determinadas para se obter certas propriedades.

Se o reforço for composto por fibras, é possível que a disposição das mesmas na
matriz possa ser em feixes paralelos entre si, orientando o esforço em multidireções,
multicamadas, camadas isoladas ou lâminas.
(...) a orientação das fibras em relação aos esforços aplicados,
considerando-se o fato de serem contínuas ou não, influenciam
significativamente nas propriedades mecânicas dos compósitos.
Desta forma, arranjos distintos e combinações de fibras conferem aos
compósitos diferentes características e propriedades. (LEVY,
CLAUDIO, 2006, 05).

Segue abaixo a figura 5 ilustrando uma maneira para a classificação dos compósitos
naturais e sintéticos:
18

Figura 5 - Proposta para classificação dos compósitos naturais e sintéticos.

FONTE: (LEVY, CLAUDIO, 2006, 04).

As diferentes disposições das fibras em uma matriz são ilustradas na figura 6, o ABS
com fibra de vidro estudado neste trabalho se enquadra na figura c:
Figura 6 - Disposição das fibras em materiais compósitos.

FONTE: (LEVY, CLAUDIO, 2006, 05).

Se as diferentes configurações apresentadas na figura 6 fossem aplicadas em uma


mesma matriz polimérica com o mesmo tipo de fibra e nas mesmas proporções nos
quatro casos, é possível visualizar seus efeitos através do comportamento mecânico
que cada uma apresentaria conforme (LEVY, CLAUDIO, 2006).

Os compósitos fabricados com carga de fibras nas configurações unidirecionais e


tecidos bidirecionais que correspondem à figura 6a e 6b tendem a ser mais
eficientes estruturalmente do que as outras configurações c e d denominadas como
fibras picadas e manta contínua. Na primeira opção 6a, a resistência mecânica e
19

rigidez são melhores no sentido longitudinal, no caso 6b estes valores seriam


moderados. Para os outros dois casos 6c e 6d os valores tendem a ser menores que
os anteriores mas isto se a solicitação mecânica for no sentido longitudinal. Caso a
solicitação seja no sentido transversal, a ordem de resistência mecânica e rigidez se
altera, sendo o mais eficiente o caso 6b, seguido do 6a, 6c e 6d. Isto confirma que a
orientação das fibras sendo elas continuas ou não, em relação ao sentido de
aplicação do esforço influência diretamente nas propriedades mecânicas dos
compósitos.

No que diz respeito à aplicação de materiais compósitos na indústria, os principais


fatores que devem ser levados em conta são os requisitos de desempenho estrutural
e baixo custo, aliados a demanda de produção para cada setor industrial, que de
acordo com o segmento esses fatores se alteram entre si em questão do que
realmente é majoritário.

Nas aplicações aeronáuticas, aeroespaciais e biomédicas o


desempenho estrutural dos componentes manufaturados em
compósitos é de vital importância, ao passo que os fatores
econômicos envolvidos em sua utilização têm menor relevância. Na
indústria automobilística e na construção civil, por outro lado, esta
situação tende a se inverter, ou seja, o baixo custo passa a ser um
parâmetro preponderante (...) (LEVY, CLAUDIO, 2006, 07).

Conforme explanado acima, a figura 7 ilustra esta mudança do que se torna


relevante em função do segmento industrial:
Figura 7 - Importância relativa do baixo custo e desempenho estrutural em diferentes ramos da
industria.

FONTE: (LEVY, CLAUDIO, 2006, 07).

O gráfico 1 mostra a aplicação final dos materiais compósitos em 2003. A


construção cívil é o maior consumidor deste tipo de material.
20

Gráfico 1 - Aplicação final dos materiais compósitos.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 202)

2.4. Aditivos
A busca por novos materiais objetivando a redução nos custos de fabricação
e a substituição dos tradicionais como o vidro, os metais e a madeira, possibilitaram
a utilização e a expansão dos materiais poliméricos nos diferentes ramos da
industria. Esta evolução ocorreu graças a utilização dos aditivos que proporcionou o
desenvolvimento de novos polímeros e a melhoria continua de outros já existentes
no mercado. Os aditivos tem exercido uma grande função no desenvolviemnto de
novos materiais contribuindo desde a polimerização até a otimização das
propriedades finais dos polímeros, atráves da escolha e dosagem ideal é possível
desenvolver materiais para aplicações especifícas. Sem dúvida, a utilização dos
aditivos proporcionou um amplo campo de aplicação para os materiais poliméricos e
se tornou um item indispensável.
Aditivo - todo e qualquer material adicionado a um polímero visando
a uma aplicação específica. A característica dos polímeros de
aceitarem uma grande variedade de aditivos é fundamentalmente
importante, não só para melhorar suas propriedades físico-químicas,
mas também para seu apelo visual, permitindo uma vasta gama de
aplicações, tanto novas quanto substituindo materiais tradicionais.
(CANEVAROLO JUNIOR, 2006, 25).

Disponíveis no estado liquido, sólido ou borrachoso, orgânicos ou inorgânicos, os


aditivos são adicionados às cadeias poliméricas em pequenas quantidades
buscando diversas finalidades a fim de atender aos seguintes requisitos conforme
(RABELLO, 2000):
21

• Eficiência na sua função: Quanto menor for a quantidade exigida


para se alcançar as propriedades desejadas melhor, desta forma não
haverá interferências significativas em outras propriedades do material
ou em outros aditivos;
• Estáveis durante o processamento: Devido as grandes temperaturas
que alguns materiais poliméricos necessitam para serem processados,
a utilização de aditivos que não suportam altas temperaturas corre o
risco de se degradarem;
• Facilidade de disperção: O desempenho tende a cair muito caso o
meio onde será adicionado não é favorável para que o aditivo possa
intergarir em todo o matarial, prejudicando a disperção e o resultado
esperado;
• Estáveis quando em uso: Com o passar do tempo e as condições a
qual estará sujeito, o aditivo pode se decompor sofrendo alterações
físicas ou químicas.
• Não migrar: Por apresentarem baixo peso molecular, os aditivos tem
mobilidade entre as cadeias poliméricas e podem migrar do interior da
peça para a superfície provocando muitas vezes aparências
indesejadas como esbranquiçamento, descoloração e pegajosidade;
• Ser atóxico, inodor e incolor: Estas condições são de extrema
importância para produtos que terão contato com alimentos,
medicamentos ou binquedos;
• Não prejudicar outras propriedades: Se utilizado em grandes
quantidade é quase que inevitável que outras propriedades sejam
afetadas negativamente.
• Baixo custo: Geralmente o custo está diretamente relacionado com a
eficiência do aditivo.
Os aditivos mais comumente utilizados são:

• plastificantes
• estabilizantes
• cargas
• antiestáticos
• nucleantes
• lubrificantes
• pigmentos
• espumantes
• retardantes de chama
• modificadores de impacto
Neste trabalho será abordado sobre as cargas, um tipo de aditivo que é muito
utilizado em blendas como no caso do ABS com fibra de vidro. O objetivo de
adicionar a fibra de vidro no ABS é conferir ao material maior rigidez, uma vez que a
peça aqui estudada era composta de ABS com Policarbonato e apresentava muita
flexibilidade. Este tipo de aditivo é classificado como aditivo modificador.
No que diz respeito ao consumo, segundo (RABELLO, 2000) os aditivos
representam aproximadamente 20% em peso de todos os plásticos disponíveis no
22

mercado e as cargas representam a maior parte no consumo atuando diretamente


como redutores de custo.

Tabela 1 - Distribuição de consumo dos vários tipos de aditivos nos EUA.

FONTE: (RABELLO, 2000, 23).

Alguns aditivos tem restrição a determinados polímeros como no caso dos


plastificantes e reticulantes, não sendo possível a sua aplicação em qualquer
material, já os outros como os pigmentos e agentes de expansão não tem este tipo
de problema (RABELLO, 2000). A tabela 2 mostra alguns polímeros com os aditivos
que comumente a eles são adicionados, dentre eles se encontra o ABS, com grande
aceitação para os aditivos mais utilizados.
Tabela 2 - Principais polímeros comercias e os aditivos que a eles podem ser adicionados.

FONTE: (RABELLO, 2000, 24).

Conforme as informações do quadro acima, o ABS é um material que possibilita a


utilização de grande parte dos aditivos disponíveis no mercado, ou seja, é possível
23

configurá-lo de diversas maneiras uma vez que cada aditivo busca uma função
específica.

2.5. Cargas
Após a crise do petróleo nas décadas de 60 e 70, os materiais poliméricos
que já haviam conquistado algum desenvolvimento tecnológico, tornaram-se
supervalorizados. As empresas transformadoras ao tentar reduzir o impacto que
este aumento provocou nos custos adotaram um antigo procedimento adicionando
cargas em materiais poliméricos, porém sem a intenção de reforçá-los. Com o
passar do tempo, a visão de utilizar cargas apenas para o enchimento foi se
tornando ultrapassada, vendo que era possível agregar valores muito maiores do
que o de simplesmente fazer volume no material.
"Cargas (fillers) podem ser definidas como materiais sólidos, não solúveis,
que são adicionados aos polímeros em quantidades suficientes para diminuir os
custos e/ou alterar suas propriedades físicas" (RABELLO, 2000, 173).
As cargas podem aumentar a viscosidade do material fundido e prejudicar o
processamento, diminuem a resistência ao impacto e aumentam a propagação de
trincas. Por outro lado, segundo (RABELLO, 2000) as cargas quando adicionada ao
material, proporciona melhoria na estabilidade dimensional e diminui a retração do
mesmo durante o resfriamento. Porém, a peça que neste trabalho é examinada, ao
ser injetado em ABS com fibra de vidro apresentou contração do material que,
resultaram em variações no dimensional de até 1,5mm.
Através da curva tensão/deformação é possível visualizar os efeitos das cargas em
um material polimérico. No caso de um material dúctil como o PP, a carga reduz a
tenacidade mas aumenta o módulo de elasticidade conforme o gráfico 2, ou seja, o
material se torna mais rígido e mais suscetível a quebrar:
Gráfico 2 - Curva tensão/deformação do PP e PP com fibra de vidro.

FONTE: (RABELLO, 2000, 174).

Seguindo as considerações de (RABELLO, 2000), as propriedades de materiais


poliméricos aditivados com cargas reforçantes fibrosas, dependem
fundamentalmente dos seguintes fatores:
24

• Razão de aspecto da fibra;


• fração volumétrica presente;
• orientação;
• resistência da interface (adesão com a matriz).
No que diz respeito a utilização das cargas orgânicas e inorgânicas, são poucos os
tipos que são realmente empregados comercialmente. Os carbonatos contribuem
com a maior parte do consumo devido ao baixo custo, não abrasividade, são
atóxicos e não interferem na pigmentação por apresentarem uma coloração clara.
Segue abaixo a tabela 3 mostrando o consumo das principais cargas em polimeros,
estas informações datam da decada de 80.
Tabela 3 - Consumo dos principais tipos de cargas em polímeros.

FONTE: (RABELLO, 2000, 194).

Com a grande variedade de cargas disponíveis mais os diferentes requisitos de um


compósito, não existe uma característica ideal para uma única carga que atenda a
todas necessidades para fabricação de um compósito. Desta forma é preciso
selecionar a carga avaliando suas propriedades em função dos requisitos para o
compósito. Na tabela 4 é destacado as características principais das cargas as
correlacionando com os requisitos comuns para fabricação de compósitos.
25

Tabela 4 - Características ideiais das cargas em função dos requisitos dos compóstos.

FONTE: (RABELLO, 2000, 196).

Seguindo a tabela 4 como um critério de seleção, para o estudo de caso deste


trabalho que objetiva melhorar a rigidez de uma determinada peça, a carga
selecionada deverá conter as seguintes propriedades: resistência e rigidez
superiores ao da matriz, elevada L/D, boa adesão à matriz e uniformidade de
disperção.
26

2.6. Blendas
Diferentes do conceito de copolímero onde um determinado polímero é
composto por meros diferentes, às blendas são constituídas pela mistura mecânica
de dois polímeros. A mistura de polímeros diferentes possibilita a criação de novos
materiais com propriedades superiores aos de cada componente separadamente. As
principais razões pelas quais as blendas poliméricas são desenvolvidas estão
relacionadas ao desempenho do material em aplicações comunmente específicas,
onde se exige do polímero alta resistência mecânica, boa tenacidade e estabilidade
dimensional. Outra vantagem está relacionada à viabilização comercial, que devido
ao baixo custo e a facilidade para a obtenção das blendas comparada com todo o
processo e custo envolvido durante a síntese de um novo polímero, a
comercialização se torna muito atrativa, ou seja, as blendas favorecem ao
desenvolvimento de novos materiais com ótimas propriedades e custo reduzido. Do
ponto de vista ambiental as blendas poliméricas também contribuem para a
reciclagem.
A blenda de dois ou mais polímeros descartáveis pode resultar num
material de baixíssimo custo e com propriedades bem interessantes,
sendo também uma alternativa inteligente para o aproveitamento do
lixo. (WIEBECK, HARADA, 2005, 164).

Segundo a IUPAC, blenda é uma mistura macroscopicamente homogênea de duas


ou mais espécies de polímeros. A seguir, a definição de diferentes autores sobre
blendas ou mistura mecânica como também é chamado.
Mistura mecânica ou blenda polimérica - mistura física de dois ou
mais polímeros, sem reação química intencional entre os
componentes. A interação molecular entre as cadeias poliméricas é
predominantemente do tipo secundária (intermolecular).Assim, a
separação dos polímeros integrantes da blenda polimérica pode ser
feita através de processos físicos, como, por exemplo, através da
solubilização e precipitação fracionadas. Uma blenda pode ser
miscível ou imiscível, dependendo das características termodinâmicas
de seus componentes, compatibilizada ou não, dependendo do
interesse tecnológico. (CANEVAROLO JUNIOR, 2006, 26).

Blendas poliméricas representam as misturas físicas ou misturas


mecânicas de dois ou mais polímeros, de forma que entre as cadeias
moleculares dos diferentes polímeros só exista interação
intermolecular secundária, ou que não haja qualquer reação química
tradicional entre as cadeias moleculares dos polímeros diferentes;
muitas blendas poliméricas são utilizadas como plástico de
engenharia, com aplicações industriais importantes. (WIEBECK,
HARADA, 2005, 165).

A obtenção das blendas podem ser realizadas de duas formas:

• Utilizando um misturador em altas temperaturas para que seja possível


fundir os materiais poliméricos, mas sem degradá-los;
• Dissolvendo os dois componentes poliméricos em um solvente que
tenha um parâmetro de solubilidade aproximado para os dois
componentes poliméricos.
27

Na forma de mistura mecânica sob fusão utilizando o misturador, o polímero é


misturado no estado fundido ou amolecido apresentando alta viscosidade, em
seguida é processado usualmente através de uma extrusora. Já no caso onde os
componentes poliméricos são dissolucionados em solventes adequados, a
separação é realizada através da evaporação do solvente, restando apenas os
componentes poliméricos já misturados, ou seja, a blenda em si. Há ainda uma outra
técnica onde um sistema de reação química independente, promove o surgimento
de reticulação nas cadeias de ambas as fases, sendo que os reticulados se
interpenetram formando o chamado IPN (reticulado polimérico interpenetrante).
Quando ocorre a reticulação em apenas uma das fases obtêm-se o semi IPN.
Quando o assunto se trata de blendas poliméricas, miscibilidade é um fator que deve
ser levado em consideração, ela representa o estado de mistura dos polímeros
utilizados para a formação da blenda de tal forma que os componentes se misturem
totalmente, não havendo qualquer segregação entre eles, resultando em um sistema
de fase única, ou seja, uma blenda é dita como miscível quando não há existência
de duas fases distintas. No caso de haver duas fases distintas no material, é dito
que a blenda resultante é imiscível, pois a tensão superficial entre os componentes
poliméricos é muito alta e isto dificulta a mistura entre eles e resulta em uma blenda
de difícil processamento e quebradiça. A solução para este caso é introdução de um
terceiro componente, conhecido como agente compatibilizante.
Um dos agentes mais frequentemente usados para melhorar a
interação entre dois polímeros imiscíveis é a adição de um terceiro
componente à mistura, chamado de agente compatibilizante, o qual
aumenta a adesão entre os polímeros e melhora as propriedades
mecânicas do material resultante. O compatibilizante pode ser um
copolímero em bloco, enxertado ou estatístico, sendo os dois
primeiros os mais utilizados. (WIEBECK, HARADA, 2005, 164).

Existem métodos experimentais regidos por normas como a ABNT, ASTM e ISO
para se avaliar a miscibilidade e compatibilização das blendas. As mais utilizadas
são os ensaios mecânicos, a microscopia eletrônica e análises térmicas, porém
neste trabalho não será aprofundado a respeito destes métodos.

A produção de blendas poliméricas comerciais hoje, corresponde aproximadamente


a 10% da produção total de polimeros. É estimado que o aumento na produção
possa atingir de 10% a 15% ao ano conforme (WIEBECK, HARADA, 2005). O
consumo deste tipo de material é muito utilizado no ramo automobilístico por
apresentar ótimas propriedades e baixo custo, reduzindo o peso e consumo de
combustível dos veículos. As blendas geralmente utilizados por este setor industrial
são: PPO/PS, PPO/PBT, PC/ABS entre outros.
28

3. Capítulo

3.1. ABS
Obtido através da copolimerização entre os monômeros acrilonitrila,
butadieno e o estireno, o ABS apresenta uma característica de equilíbrio entre as
propriedades mais almejadas para alguns setores da indústria, sendo elas a fácil
moldabilidade, alta resistência mecânica e média resistência à temperatura, segundo
(WIEBECK, HARADA, 2005). O componente que apresenta uma função similar aos
elastômeros, o butadieno, é responsável pela flexibilidade e resistência ao impacto.
O estireno proporciona boa fluidez, brilho e dureza, e a, acrilonitrila é a responsável
pela resistência térmica, química e rigidez. Através do balanceamento destes três
componentes, obtêm-se excelentes relações de custo/desempenho. Este material
pode ser comercializado colorido, com carga reforçante como a fibra de vidro que
aqui é estudada, e na forma de blendas com polímeros como PC, PBT, PA e muitos
outros. Outros setores onde é comum o uso do ABS são os da eletroeletrônica,
eletrodomésticas, brinquedos, etc.
Seu amplo campo de aplicação esta relacionado geralmente a peças sujeitas a
grandes esforços mecânicos, transporte de fluídos sob altas pressões como tubos
de ABS que podem suportar até 100ºC. Segundo (WIEBECK, HARADA, 2005)
devido a suas propriedades antirressonantes, este material é muito requisitado na
fabricação gabinetes para rádios, televisores, gravadores e aparelhos similares.
As propriedades visuais como não manchar, boa aparência, alto brilho e estabilidade
dimensional aumentam o valor da resina e equilibrando estas características o
campo de aplicação se torna ainda maior, atendendo finalidades gerais como:
gabinetes para telefones, componentes automotivos, equipamentos esportivos e
uma grande variedade de componentes para utensílios domésticos, máquinas de
escritório e equipamentos industriais. O ABS é aplicado onde a tenacidade é
importante e é dispensado altas temperaturas de distorção que seria suportado por
outro material como o PC segundo (WIEBECK, HARADA, 2005).

3.1.1. Características dos monômeros do


ABS
Acrilonitrila- desenvolvida através da reação entre o acetileno e o ácido
cianídrico, segue abaixo as características deste monômero:
A acrilonitrila é um líquido com ponto de ebulição de 77,3°C. Quando
polimerizada forma um polímero com ponto de fusão não definido,
que se decompõe antes de atingir este estado. Este polímero
(poliacrilonitrila) tem uma grande resistência aos agentes químicos,
sendo solubilizado por apenas alguns solventes como, por exemplo, o
dimetil formamida. (WIEBECK, HARADA, 2005, 52).
29

Butadieno- podendo ser obtido por até três métodos diferentes, segue abaixo as
características do butadieno:
o butadieno 1,3 é um produto químico muito reativo, empregado em
várias sínteses, como na copolimerização com o estireno (proporção
3: 1) em emulsão, que conduz à formação de um copolímero com
excelentes propriedades elásticas, conhecidas como borrachas de
SBR(...). À temperatura ambiente, o butadieno é um gás com ponto
de ebulição de -4,4 °C Polimeriza-se sob a ação de sabões ativados e
modificados, sob temperaturas de 5 a 35°C e pressão relativamente
baixa. Contém ligações insaturadas, podendo sofrer reações de
adição (vulcanização). (WIEBECK, HARADA, 2005, 53).

Estireno- este monômero pode ser obtido por diversas maneiras, a comunmente
mais utilizada consiste na desidrogenação do etil benzeno. A seguir, características
do estireno:
O estireno possui ponto de ebulição de 145,2°C e ponto de
congelamento igual a -30,6°C Na presença de catalisadores como
peróxido de benzoíla e com aquecimento, polimeriza-se formando um
produto sólido, duro, amorfo, vítreo e de baixa resistência ao impacto,
com temperatura de deformação próxima de 95°C. (WIEBECK,
HARADA, 2005, 52).

Segue abaixo imagem da estrutura dos monômeros:


Figura 8 - Monômeros necessários para a obtenção do ABS.

FONTE: (CANEVAROLO JUNIOR, 2006, 272).

3.1.2. Processos de obtenção das resinas


O processo químico para a obtenção do ABS é conhecido como
polimerização por enxerto, onde o butadieno depois de polimerizado se transforma
em polibutadieno; em seguida, é adicionado no reator o estireno e a acrilonitrila que
após a polimerização é obtido o estireno-acrilonitrila. A fusão entre o polibutadieno e
o estireno-acrilonitrila resulta na acrilonitrila-butadieno-estireno, ou ABS.
A seguir, o esquema do processo de polimerização por enxerto:
30

Figura 9 - Obtenção do ABS através da polimerização por enxerto.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 57).

O processo mecânico para a obtenção das resinas é realizado de forma mais


simples, pois consiste em apenas fundir dois monômeros que já foram polimerizados
conforme a figura 10.
Figura 10 - Obtenção do ABS através do processo de mistura mecânica.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 57).

3.1.3. Propriedades do ABS


As propriedades do ABS estão relacionadas diretamente as proporções dos
monômeros, portanto a concentração de cada um deles consequentemente
influenciará nas propriedades finais da resina. Geralmente as concentrações dos
monômeros variam conforme a figura 11.
31

Figura 11 - Concentração e funcionalidade dos monômeros da resina de ABS.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 57).

Na faixa de -40°C até +150ºC o ABS apresenta boa dureza e módulo de


elásticidade, além de obter também boa resistência ao impacto e à tração. Sua
dureza está relacionada com a concentração de butadieno enxertado e o teor de
acrilonitrila conforme explanado abaixo:
Sua dureza é indiretamente proporcional ao teor de butadieno
enxertado e diretamente ao teor de acrilonitrila, ou seja, ao aumentar-
se a quantidade de butadieno, a dureza da resina é diminuída, assim
como quando amplia-se a quantidade de acrilonitrila, a dureza é
aumentada. (WIEBECK, HARADA, 2005, 58).

O gráfico 3 ilustra a tensão/deformação do ABS durante o ensaio de tração.


Gráfico 3- Tensão/deformação do ABS durante ensaio de tração.

FONTE: (Autor, Laboratório de ensaio da Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, 2012).

Segundo (WIEBECK, HARADA, 2005) a resistência à tração no escoamento pode


variar de 4500 a 8000 psi, por outro lado sua resistência à tensão é menor do que os
polímeros cristalinos. Comunmente as concentrações dos monômeros para um ABS
considerado típico, apresenta 20% de elastômero, 25% de acrilonitrila e
32

aproximadamente 55% de estireno. O ABS é um material que através de técnicas


apropriadas de composição se torna compatível com uma grande variedade de
outros polímeros, possibilitando o desenvolvimento de blendas com ótimas
propriedades de ambos os componentes, como no caso do ABS+PC que será
mencionado mais adiante. No que diz respeito à capacidade térmica deste material
sem sofrer deformação, levando em consideração as condições de processo que
podem interferir em tal fator devido às tensões internas que podem ser geradas e
consequentemente afetar a resistência do material, o ABS normalmente suporta no
máximo em torno de 80ºC segundo (WIEBECK, HARADA, 2005).
Tabela 5- Propriedades do ABS.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 65 ).

3.2. Policarbonato
O policarbonato (PC) caracteriza-se por ser um dos materiais mais tenazes e
versáteis dos plásticos de engenharia e por apresentar boa transparência e uma
resistência como a do aço conforme (WIEBECK, HARADA, 2005). Por combinar
propriedades similares aos dos vidros e dos metais além de apresentar fácil
processamento como os termoplásticos e às propriedades de longo prazo dos
termofixos, suas aplicações vão desde lentes para óculos e lanternas de automóveis
até equipamentos hospitalares podendo ser esterelizado já que resistência a altas
temperaturas é um dos seus pontos fortes. A estrutura amorfa do PC faz com que
ele apresente uma baixa e precisa contração na moldagem, gerando peças com
excelente estabilidade dimensional. Quando moldada, reproduz com perfeição a
superfície do molde, produzindo peças com excelente acabamento, do brilhante ao
texturizado. Em termos de processamento é bastante versátil, podendo ser injetado,
extrudado e soprado. Este material tem ganhado mercado substituindo a utilização
de vidros e metais em determinadas aplicações para iluminação, embalagens,
eletrodomésticos, meios de transporte e componentes eletrônicos.
O histórico do policarbonato revela que sua primeira aparição foi em 1930 por W. H.
Carothers e F.J. Natta, porém por hidrolisarem rapidamente e apresentarem baixa
temperatura de fusão não teve de início um grande reconhecimento comercial. Em
1941 Whinfield e Dickson trabalhavam na Calico Printer Association - Inglaterra,
descobriram uma fibra derivada do Poli(tereftalato de etileno) - PET, cujo êxito fez
33

com que pesquisas fossem realizadas a fim de obter polímeros com núcleos
aromáticos na cadeia principal.
Enquanto isto, independente das pesquisas desenvolvidas na Europa, nos Estados
Unidos haviam tentativas para se obter uma resina termorrígida que possuísse boa
estabilidade ao calor e a hidrólise. A empresa General Electric e sua equipe de
desenvolvimento obtiveram durante estas tentativas um subproduto que era o
policarbonato de bisfenol A. Dessa forma, em 1958 o policarbonato de bisfenol A era
fabricado, ao mesmo tempo, na Alemanha pela Bayer e nos Estados Unidos pela
General Electric sobre os nomes comercias de Macrolon e Lexan, respectivamente.
Hoje em dia existem diferentes tipos de policarbonatos, onde são alterados a massa
molar, presença de um segundo componente poli-hidroxílico, incorporação de
aditivos o que é muito comum, e a presença de ramificações na cadeia molecular.
Abaixo na figura 12 a estrutura do mero da macromolécula de policarbonato.
Figura 12 - Méro da macromolécula de policarbonato.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 109).

3.2.1. Obtenção do Policarbonato


As formas mais conhecidas para se obter o policarbonato são a fosgenação
direta e intercambio de esteres (processo de fusão) que serão detalhadas mais
adiante. Para as duas formas de se obter o policarbonato, é indispensavel a
presença do monômero bisfenol A, sendo que para o processo de fosgenação é
utilizado o bisfenol A mais o monômero fosgênio enquanto que para o outro
processo é utilizado o bisfenol A mais um outro composto que não é considerado
monômero, ou seja, para a produção do policarbonato dependo do processo
escolhido, um ou os dois monômeros podem ser utilizados.
Fosgênio- A obtenção do monômero fosgênio é realizada através da ação do cloro
gasoso no monóxido de carbono a aproximadamente a 200ºC conforme (WIEBECK,
HARADA, 2005).
34

Figura 13 - Obtenção do monômero fosgênio.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 110).

Segundo (WIEBECK, HARADA, 2005) à temperatura ambiente, o fosgênio é um


gás tóxico com odor desagradável e ponto de ebulição aproximadamente de 8ºC.

Bisfenol A ou BPA- a obtenção do monômero bisfenol A ou BPA, ocorre durante a


condensação do fenol com acetona sob condições ácidas conforme a figura 14 a
seguir:
Figura 14 - Obtenção do monômero bisfenol A.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 111).

Informações sobre a importância da pureza do bisfenol A e a forma de como o


mesmo é separado do meio reacional é descrita a seguir:

Para a produção do policarbonato, o bisfenol A deve possuir grau de


pureza elevado (ponto de amolecimento entre 154-157ºC). Material
com menor grau de pureza, como o utilizado na produção de resina
epóxi, resulta em um policarbonato com propriedades físicas pobres e
coloração extremamente amarelada. Após a reação o bisfenol A é
separado do sistema por cristalização com solventes apropriados ou
por destilação do fenol. (WIEBECK, HARADA, 2005, 111).

3.2.2. Processo de fosgenização


Consiste na reação do sal dissódico do bisfenol A com o fosgênio na
presença de hidróxido de sódio aquoso e durante esta reação ocorre a
condensação.
35

Figura 15 - Obtenção do policarbonato pelo processo de fosgenização.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 112).

Segundo (WIEBECK, HARADA, 2005), pelo fato de polímeros geralmente não


serem solúveis em meio alcalino, este processo é insatisfatório porque o material
obtido apresenta baixa massa molar, e por este motivo foram desenvolvidos outros
dois métódos: o método de solução e o interfacial.

Método de solução- a forma desenvolvida é detalhada a seguir:

Neste método o bisfenol A é suspenso ou dissolvido em hidróxido de


sódio e a reação ocorre na presença de um solvente, (...) que é capaz
de dissolver tanto o fosgênio como o policarbonato que se forma e
atua também como catalisador da reação.(...). O fosgênio é
borbulhado numa solução de bisfenol A (...). A solução é então lavada
com ácido clorídrico diluído, e depois com água até a eliminação dos
contaminantes iônicos livres. Considerando-se que uma lavagem
eficiente da solução polimérica é muito difícil, geralmente o polímero é
isolado por precipitação com um não solvente como o metanol ou por
evaporação. Finalmente, o polímero é extrudado e peletizado.(...).
(WIEBECK, HARADA, 2005, 112).

A figura 16 mostra as principais reações que ocorrem neste processo.


36

Figura 16 - Obtenção do policarbonato pelo método de solução.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 113).

Método de interfacial- segue a explicação do método por (WIEBECK, HARADA, 2005).:


Neste método uma solução de bisfenol A em hidróxido de sódio
aquoso é dispersa em um solvente orgânico, como por exemplo,
cloreto de metileno. Uma pequena quantidade de amina terciária
(NR3), por exemplo, trietilamina, é adicionada ao sistema como
catalisador e então o fosgênio é passado a aproximadamente 25ºC.
Quando a reação é completada, a fase orgânica que contém o
polímero é separada e o polímero é isolado como no método de
solução descrito anteriormente. (WIEBECK, HARADA, 2005, 113).

A figura 17 mostra as principais reações que ocorrem no método interfacial.


Figura 17 - Obtenção do policarbonato pelo método interfacial.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 114).


37

3.2.3. Processo por intercâmbio de ésteres


Neste caso o processo se inicia com o aquecimento do bisfenol A e um
composto metacarbonato, como o difenilcarbonato. A temperatura deve estar entre
200ºC a 300ºC com pressão de 20mmHg a 30mmHg e mais a presença de um
catalisador alcalino, como o hidróxido de sódio. Nestas condições é possível realizar
um simples intercâmbio estérico. A reação pode ser interrompida quando o polímero
estiver suficientemente líquido para facilitar a extração do reator. A figura 18 mostra
as principais reações ocorridas neste processo.
Figura 18 - Obtenção do policarbonato por intercâmbio de ésteres.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 112).

3.2.4. Propriedades do Policarbonato


Segundo (WIEBECK, HARADA, 2005), o policarbonato bisfenol A é um
polímero inodoro, insípido e atóxico. Não contém componentes ou outros materiais
que possam ser voláteis ou se dissolverem durante o uso do material. O
policarbonato apresenta densidade de 1,2g/cm3 e é completamente transparente,
mesmo com grandes espessuras.
O policarbonato apresenta também grande resistência ao calor, à chamas sem a
necessidade de adição de aditivos e excelente propriedades elétricas. Estas
propriedades se mantem presentes no material por um longo tempo sob uma ampla
faixa de temperatura, frequência e umidade.

Um detalhe interessante sobre o efeito do que a alta massa molar do policarbonato


pode causar durante o processamento é descrito a seguir:
(...) Na prática, policarbonatos com massas molares muito superiores
a 30 000 g/mol não são convenientes para os processos que
envolvem moldagem por injeção, uma vez que viscosidades elevadas
podem aumentar o tempo de ciclo e gerar peças defeituosas,
principalmente quando estas apresentam muitos detalhes, uma vez
38

que, quanto maior a viscosidade maior dificuldade de preenchimento


dos moldes. (WIEBECK, HARADA, 2005, 116).

Visualmente, as peças de policarbonato apresentam superfícies lisas e vítreas


além de um aspecto agradável dependendo do processo de moldagem.
O material é capaz de suportar com um índice satisfatório as intempéries, mesmo
em locais onde o clima é tropical ou situações com variação na temperatura. Sua
estrutura resiste a descargas altamente energéticas, como, por exemplo, descargas
dos raios X.

Como o policarbonato apresenta uma elevada temperatura de transição vítrea, suas


propriedades mecânicas não sofrem avariações consideráveis em uma ampla faixa
de temperatura. A temperaturas inferiores a 0ºC não é recomendado sua utilização
sem blendagem com outros materiais.
Como consequência da elevada temperatura de transição vítrea, as
propriedades mecânicas do policarbonato não variam
significativamente em um amplo intervalo de temperatura (-10°C a
130°C). O PC amolece acima de 135°C e sua degradação térmica
inicia-se a 320°C -340°C. Próximo ou abaixo de O°C não se
recomenda o uso do PC sem blendagem com outros polímeros, como
por exemplo, ABS, pois a sua resistência ao impacto nessas
condições é muito comprometida. (WIEBECK, HARADA, 2005, 118).

Módulo de flexão e resitência ao impacto para o policarbonato são muito altas e são
suas principais características. Embora apresente grande resistência ao impacto e
grande flexibilidade, o policarbonato é um material duro e rígido e caso seja
submetido a um impacto muito forte o mesmo sofre uma deformação plástica antes
de quebrar. Possui resistência a tração e compressão próximas uma da outra e seu
alongamento é cinco vezes maior que o permitido por ABS e outros materiais. O
gráfico 4 mostra a tensão/deformação do policarbonato.
39

Gráfico 4 - Tensão/deformação do policarbonato durante ensaio de tração.

FONTE: (Autor, Laboratório de ensaio da Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, 2012 ).

O material pode ser reforaçado com cargas de reforço, e assim configurar suas
propriedades de acordo com a necessidade desejada. Isso contribui para que o
campo de aplicação do policarbonato se torne maior.
As resinas de PC podem ser melhoradas ou reforçadas mediante a
adição de outros componentes. Uma formulação com fibra de vidro,
por exemplo, aumenta consideravelmente sua resistência e amplia
suas aplicações, especialmente na indústria da construção civil.
Comparados aos termoplásticos comuns, os policarbonatos
reforçados com aproximadamente 30% de fibra de vidro, apresentam
maior módulo de elasticidade, resistência à tração e compressão,
dureza e estabilidade à ação do calor, melhores propriedades de
isolamento térmico, menor contração na moldagem e menor
coeficiente de dilatação térmica. A resistência ao choque é menor que
aquela da resina pura, sem aditivos. Como a resistência à abrasão é
maior, isso permite seu uso na fabricação de engrenagens.
(WIEBECK, HARADA, 2005, 118).

3.3. Fibra de vidro


As fibras de vidro passaram a ser utilizadas para reforçar plásticos a partir da
década de 40 e a inspiração foi baseada na estrutura do bambu.
As empresas fornecedoras de matérias primas e equipamentos disponibilizam cerca
de 430 itens para o setor, como por exemplo: fibra de vidro, resinas poliéster,
aceleradores catalisadores e muitos outros.
40

Os plásticos tem suas propriedades mecânicas avançadas graças aos reforços. As


fibras de reforço mais conhecidas e utilizadas segundo (WIEBECK, HARADA, 2005),
são:

• Fibra de vidro E e S;
• Fibra de carbono de alta resistência;
• Fibra de carbono de alto módulo;
• Fibras aramidas;
• Fibras de polietileno (UHMWPE);
• Fibras de boro;
• Fibras cerâmicas;
• Fibras naturais: rami, juta, sisal, coco e etc.

Cada uma destas fibras possibilita que os materiais tenham suas propriedades
melhoradas e específicas, oferecendo aos projetistas a opção de configurarem os
materiais de acordo com as necessidades do projeto. A tabela 6 mostra as
propriedades de algumas fibras:
Tabela 6 - Principais prorpriedades dos tipos diferentes de fibras de vidro.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 202).

Segundo (WIEBECK, HARADA, 2005), os vidros são obtidos através da fusão de


óxidos ou seus derivados (principalmente a sílica-SiO2) com outros ingredientes a
uma temperatura aproximadamente de 1260ºC e pode variar de acordo com a
composição.

As fibras podem ser contínuas ou descontínuas, em ambos os casos o processo é o


mesmo até a passagem do vidro fundido através de uma matriz de platina que
contem furos com um diâmetro muito pequeno. Apartir deste momento os processos
se tornam difeferentes dependendo se a fibra for contínua ou descontínua. No caso
de fibras contínuas, as mesmas são resfriadas, pulverizadas com um agente
aglutinante e protetor, juntadas em grupos para formar um fio e então são secadas.
No processo de fibras descontínuas, as fibras são resfriadas, colocadas em um
41

tambor rotativa sobre vácuo, também são pulverizadas com um agente que aglutina
e protege, juntadas para formar o fio e finalmente são secadas.

As fibras de vidro são os reforços mais utilizados para a fabricação de materiais


poliméricos compósitos, e os motivos vão desde o baixo custo às propriedades
adquiridas com a sua utilização conforme são descritas a seguir:

Na constituição de materiais compósitos de matriz polimérica


(termorrígida ou termoplástica) as fibras de vidro são, atualmente, os
reforços mais utilizados. O baixo custo em comparação com outros
reforços não é certamente o único motivo deste sucesso, uma vez
que suas propriedades atendem uma grande variedade de
aplicações. Os materiais compósitos constituídos por fibras de vidro
possuem baixo coeficiente de dilatação térmica, boa resistência ao
impacto, alta resistência à tração e uma notável flexibilidade de
conformação e, em determinados casos, de manutenção. (WIEBECK,
HARADA, 2005, 203).

Os tipos de vidros utilizados para a fabricação das fibras, determinam as


propriedades que se deseja alcançar. Embora a resistência mecânica final seja a
mais desejada para a maioria dos reforços, outros fatores também podem ser
melhorados como por exemplo, aumentar resistência ao ataque por ácidos e
químicos. Alguns casos são citados a seguir com alguns tipos de vidros:
Quando submetidos a ensaios de laboratório, a fibra tipo "A"
apresenta uma perda de massa de cerca de 11 % depois de imersa
por 1 hora em água no estado de ebulição. Já as fibras "E" e "C"
perdem cerca de 1,5 % e .0,15%, nas mesmas condições. Embora a
fibra "E" apresente maior perda do que a “C’, verifica-se que ela
apresenta melhor retenção da resistência mecânica do que os outros
dois tipos”. Por outro lado, os tipos "E" e "A" não resistem aos ácidos
e álcalis como o tipo "C". (WIEBECK, HARADA, 2005, 203).

A tabela 7 exemplifica o entendimento mostrando os tipos de vidros disponíveis


para a fabricação das fibras e suas designações, aplicação e precauções.
42

Tabela 7 - Tipos de fibra de vidro.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 204).

A fibra do tipo "E" é a mais utilizada como reforço nos materiais compósitos de
matriz polimérica, devido ao aumento na resistência mecânica e outras propriedades
que ela proporciona. Sua indicação é para uso geral, e com o passar dos anos a
fibra do tipo "E" sofreu algumas modificações para que sua resitência ao ataque de
ácidos e álcalis fosse melhorada. Destas melhorias surgiu a fibra de vidro tipo "E-
CR". Para melhorar o módulo de elasticidade ou Young, foi adicionado berílio em
sua composição dando origem a fibra tipo "M", porém o uso de berílio inviabiliza a
aplicação comercial, desenvolveu-se então o tipo "S", disponível de alta e média
perfomance. O tipo "S" pode ter resitência superior à "E" de até 40% e é utilizada na
industria aeronáutica e aeroespacial segundo (WIEBECK, HARADA, 2005).

Os agentes mencionados anteriormente que são pulverizados e servem para


aglutinar e proteger as fibras, tem um grande papel para que as fibras possam atuar
na matriz desejada.

Se as fibras fossem utilizadas no estado em que se encontram após a


fiação, além do problema de coesão entre elas para a formação do fio
ocorreriam alguns problemas. A fibra não resistiria à abrasão, não se
uniria quimicamente com a matriz, surgiriam cargas eletrostáticas e,
além de tudo, ela degradaria com facilidade diante do calor e da
umidade. (WIEBECK, HARADA, 2005, 205).
43

A composição destes agentes que são pulverizados é constituida de uma emulsão


aquosa que contém agentes filmógenos. Os agentes filmóginos são compostos
basicamente de polímeros e copolímeros que visam dar integridade, rigidez e
proteção mecânica às fibras.

A escolha dos componentes da emulsão e a quantidade de cada um


deve ser compatível tanto com o tipo de resina da matriz à qual a fibra
de vidro será incorporada, quanto possuir estabilidade térmica
suficiente para que as propriedades desejadas não se alterem
durante a conformação. Portanto, o sucesso do desempenho do
reforço, tanto na moldagem quando durante a vida útil, não depende
só do tipo de vidro utilizado. mas também da adequação das
formulações das emulsões utilizadas como aglutinantes e protetoras
dos fios, tanto em relação ao balanceamento e aos tipos de
componentes, quanto à quantidade de extrato seco depositado sobre
as fibras. (WIEBECK, HARADA, 2005, 205).

As fibras são incorporadas aos materiais com os seguintes diâmetros (unidades em


mícrons): 3,8; 4,5; 5; 6; 7; 9: 10 e 13.

3.4. ABS/PC
Com o objetivo de melhorar algumas propriedades do ABS, diversos trabalhos
foram realizados na criação de blendas, onde outros termoplásticos foram
misturados com o ABS. As misturas mais bem sucedidas são: ABS/PVC rígido,
ABS/PC, ABS/PA e outros segundo (WIEBECK, HARADA, 2005).
A combinação das propriedades do PC com as do ABS resultam em um material
com as melhores propriedades dos dois componentes. Facilidade no
processamento, alta resistência ao calor e impacto, são exemplos das propriedades
que podem ser obtidas através da mistura.
A blenda de ABS/PC foi desenvolvida para suprir o vazio de mercado em termo de
custo/desempenho existente entre esses dois polimeros. Possui assim, propriedades
intermediárias a ambos e por ser um material amorfo, apresenta boa estabilidade
dimensional e baixa contração na moldagem.
As principais características deste material são: alta resistência ao impacto e a
temperatura, baixa absorção de umidade, brilho superficial, boa processabilidade e
estabilidade ao UV superior ao ABS comum.
As propriedades dos diferentes tipos de blenda ABS/PC são determinadas
principalmente por:

• Teor e tipo do PC;


• Proporção dos monômeros acrilonitrila butadieno e estireno no ABS.
A proporção dos polímeros ABS e policarbonato na composição da blenda utilizada
no estudo de caso para este trabalho é respectivamente 60% e 40%.
44

Na tabela 8 é mostrado as principais propriedades mecânicas de duas blendas de


ABS/PC com teor diferente dos componentes ABS e PC.
Tabela 8 - Principais propriedades mecânicas de blendas ABS/PC com diferentes teores dos
componentes.

FONTE: (INFORMATIVO TECNICO CYCOLOY, 2001, 26).

A tabela 9 mostra em limites mínimo e máximo outras propriedades segundo


(WIEBECK, HARADA, 2005) de uma blenda ABS/PC:
Tabela 9 - Propriedades do ABS/PC.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 65).

O gráfico 5 mostra a tensão/deformação de uma blenda ABS/PC. O ensaio foi


realizado em um equipamento denominado dinamômetro Instron.
45

Gráfico 5 - Tensão/deformação da blenda ABS/PC durante ensaio de tração

FONTE: (CRUZ, 2010, 68).

A preparação exigida da blenda de ABS/PC antes da injeção, é de 6 horas na estufa


a aproximadamente 95ºC para eliminar a umidade do material.

3.5. ABS/fibra de vidro


Segundo (WIEBECK, HARADA, 2005), o ABS reforçado com fibra de vidro
confere ao material as seguintes propriedades:

• Aumento na resistência à tração;


• Aumento no módulo de flexão;
• Diminuição na absorção de umidade (0,10% de absorção de água em
24 horas com 40% de fibra de vidro);
• Aumento na temperatura de deflexão (com 40% de fibra de vidro, a
deflexão do material sob pressão de 18,56 kgf./cm2 é de 115ºC).
Essas propriedades associadas à elevada resistência ao impacto, fazem do ABS
reforçado um material muito utilizado no ramo automobilístico.
46

4. Capítulo

4.1. Estudo de caso


Para o estudo de caso deste trabalho, foram comparados os gráficos
tensão/deformação do ABS/PC e ABS com fibra de vidro e outros dados
encontrados em livros e artigos. Desta maneira é possível avaliar se o ABS com fibra
de vidro é o mais apropriado para desempenhar uma função onde não é permitido
que o material seja flexionado como no caso do ABS/PC.
O ensaio de tração com os corpos de prova do ABS com fibra de vidro não foram
realizados no laboratório da Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, pois a
capacidade da célula de carga da máquina de tração é de 20 KN e não comporta
tracionar materiais com um índice de rigidez alto como no caso do ABS com fibra de
vidro. Ao tentar tracionar o material no laboratório a máquina gera um aviso
alertando que não é possível tracioná-lo conforme é ilustrado na figura 19.

Figura 19 - Mensagem gerada ao tentar tracionar o corpo de prova ABS com fibra de vidro no
laboratório da FATEC-ZL.

FONTE: (Autor, imagem obtida no laboratório da FATEC-ZL).


47

O ensaio de tração para o ABS com fibra de vidro foi realizado no laboratório da
UNICAMP com a ajuda do Prof. Dr. Manuel Canté Venceslau.

A peça que gerou o estudo de caso faz parte de um produto fornecido pela empresa
PRODATA MOBILITY BRASIL. O produto consiste em um validador que é composto
de um pequeno gabinete de aço inox e possui um painel frontal de vidro.

A peça que é ilustrada na figura 20 tem como objetivo alojar o painel de vidro, e foi a
respeito do material desta peça que é desenvolvido este trabalho. O vidro contém
uma arte serigrafada na superfície que fica em contato com a peça de plástico. A
fixação do painel nesta peça é através de uma resina, quando a cura da resina está
totalmente completa, a peça de plástico que suporta o vidro não pode ser flexionada,
pois o vidro não acompanha a flexibilidade do plástico e o silkscreen é danificado
pela resina . As primeiras amostras da peça de plástico eram em ABS/PC, porém o
material apresentou muita flexibilidade ocasionando no problema citado a cima.
Figura 20 - Projeto da peça MOLDURA PLÁSTICA DO VIDRO V7XXMG_SC

FONTE: (Autor, imagem gerada no departamento de desenvolvimento de produto da empresa


PRODATA MOBILITY BRASIL).
48

4.1.1. Comparação dos gráficos tensão x


deformação e as tabelas de dados
Os gráficos foram obtidos através de ensaios de tração na Faculdade de
Tecnologia da Zona Leste segundo (CRUZ, 2010) e na UNICAMP com a ajuda do
Prof. Dr. Manuel Canté Venceslau conforme a norma ASTM-D-638, onde são
estabelecidos os parâmetros necessários para o corpo de prova, velocidade do
ensaio e os pontos a serem analisados. A velocidade de deformação segundo a
norma é de 50 mm/min. a uma temperatura de 21ºC.
Os gráficos permitem visualizar o comportamento mecânico do material, as tensões
geradas e as deformações na região elástica e plástica até a ruptura.

Gráfico 6 - Gráfico tensão x deformação para o ABS/PC.

FONTE: (CRUZ, 2010, 68).

De acordo com o gráfico que foi obtido no equipamento denominado dinamômetro


Instron, o material ABS/PC apresenta nítidamente características de um material
dúctil, sendo possível destinguir fácilmente suas fases elástica, plástica e de
escoamento até a ruptura do corpo de prova. As tensões de máxima e de ruptura
para este material além de outras informações como, alongamento, deformação e
etc., são descritas na tabela 10.
49

Tabela 10- Resultados dos testes com ABS/PC

FONTE: (CRUZ, 2010, 67).

Figura 21- Tradução dos dados da tabela de resultados

FONTE: (CRUZ, 2010, 67).


50

Gráfico 7- Gráfico tensão x deformação para ABS com fibra de vidro

Stress (MPa)
80

70

60

50
1
2
40 3
4
30 [5]

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Strain (%)

FONTE: (Autor, gráfico gerado no laboratório da UNICAMP, 27/11/2012).

O gráfico obtido no ensaio de tração realizado na UNICAMP com os corpos de prova


em ABS com fibra de vidro, foram feitos com a máquina de ensaio modelo DL-2000
da EMIC – Equipamentos e Sistemas de Ensaio Ltda., com velocidade de
deslocamento de até 500 mm/min e célula de carga com capacidade máxima de até
200 kgf. O gráfico ilustra os 5 melhores resultados mais aproximados entre si. O
comportamento do material indica que se trata de um material frágil, pois não existe
praticamente a fase de deformação plástica. É possível visualizar o limite de
porporcionalidade, a fase elástica e então, logo após a tensão máxima ocorre a
ruptura. Outras informações são ilustradas na tabela 11.
51

Tabela 11 - Resultados dos testes do ABS com fibra de vidro

Specimen Measured Thickness Width Area Modulus Load At Stress At


# Elongation Offset Offset
mm mm mm^2 GPa Yield Yield
mm
N MPa

1 50.30000 3.55000 13.30000 47.21500 6.32087 3160.7563 66.94390


6

2 50.30000 3.55000 13.30000 47.21500 6.37297 3060.3362 64.81703


7

3 50.30000 3.55000 13.30000 47.21500 6.68071 2893.9348 61.29270


9

4 50.30000 3.55000 13.30000 47.21500 6.75405 2985.0606 63.22272


1

5 50.30000 3.55000 13.30000 47.21500 6.37169 2935.3987 62.17089


4

Mean 50.30000 3.55000 13.30000 47.21500 6.50006 3007.0973 63.68945


8

Std. Dev. 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 0.20117 105.92158 2.24339

FONTE: (Autor, tabela gerado no laboratório da UNICAMP, 27/11/2012).

Tabela 12 - Resultados dos testes do ABS com fibra de vidro

Specimen Peak Load Peak Stress Break Load Break Stress Calculated
# Percent
N MPa N MPa Elongation

3721.50741 78.82045 3718.23950 78.75123 0.60000


1

2 3704.42438 78.45863 **** **** 0.60000

3 3638.12375 77.05441 3636.56244 77.02134 0.60000

4 3659.91788 77.51600 3657.60779 77.46707 0.60000

5 3581.54464 75.85608 3581.12898 75.84727 0.60000

Mean 3661.10361 77.54111 3648.38468 77.27173 0.60000

Std. Dev. 55.64265 1.17850 56.65055 1.19984 0.00000


52

FONTE: (Autor, tabela gerado no laboratório da UNICAMP, 27/11/2012).

Measured Elongation mm - Medida do alongamento em mm.


Thickness mm - Espessura em mm.
Width mm - Largura em mm.
Area mm^2 - Área em mm^2.
Modulus GPa - Módulo Gpa.
Load At Offset Yield - (sem tradução)
Stress At Offset Yield MPa - (sem tradução)

Peak Load N - Pico de carga em N.


Peak Stress MPa - Pico de tensão em MPa.
Break Load N - Carga de quebra em N.
Break Stress MPa - Tensão de quebra em MPa.
Calculated Percent Elongation % - Alongamento percentual calculado.

Tabela 13 - Principais propriedades mecânicas de blendas ABS/PC com diferentes teores dos
componentes.

FONTE: (INFORMATIVO TECNICO CYCOLOY, 2001, 26).

Muito diferente dos resultados obtidos no primeiro gráfico para o ABS/PC, as


tabelas 8 e 9 também sobre este material, apresentam dados como resistência à
tração e tensão de ruptura bem diferentes. Neste trabalho não é mencionado a
proporção de ABS e PC para os resultados do primeiro gráfico, e para os dados da
53

tabela 9 foi realizado um intervalo entre mínimo e máximo conforme (WIEBECK,


HARADA, 2005,). As informações que contradizem os dados do gráfico 6 estão
destacadas nas tabelas 8 e 9.
Tabela 14 - Propriedades do ABS/PC.

FONTE: (WIEBECK, HARADA, 2005, 65).

4.2. Comparação das amostras injetadas


As peças foram injetadas com os dois materiais aqui estudados o ABS/PC e o
ABS com fibra de vidro. Pelo fato de o ferramental ter sido fabricado para ABS/PC
ao injetar ABS com fibra de vidro o material apresentou contração, resultando em
variações no dimensional em até 1,5mm, mas para os testes a seguir isto não
causará impacto.
Uma vez com a peça do projeto em mãos e com os dois tipos de materiais ABS/PC
e ABS com fibra de vidro conforme a figura 20, as amostras foram submetidas a
testes que visão avaliar se a rigidez desejada foi obtida conforme o que todo o
estudo desenvolvido apontou que existiria, portanto, o teste que se segue não tem
valor científico, devendo ser considerado apenas como ilustrativo, mas ilustra
facilmente a rigidez obtida na peça em ABS com fibra de vidro. Os resultados são
apenas qualitativos.
54

Figura 22 - Amostras injetadas do projeto em ABS/PC e ABS com fibra de vidro.

ABS/PC ABS com fibra


de vidro

FONTE: (Autor, imagem fornecida pela empresa PRODATA MOBILITY BRASIL).

O teste realizado visa demonstrar a rigidez das peças quando submetidas a uma
carga. O teste foi realizado da seguinte forma:
1. As peças foram apoiadas apenas pelas extremidades, ficando sem apoio na
região central.

2. A carga aplicada corresponde a 3kg, utilizando uma sacola com o peso


dentro. A sacola é apoiada em um eixo que ficará em contato com as peças
na região central onde não há sustentação.
As deformações são comparadas conforme as figuras a seguir:
55

Figura 23 - Comparação das amostras

FONTE: (Autor, 02/12/2012).

As deformações podem ser observadas com o auxílio de uma escala em


centímetros disposta atrás das amostras. Uma linha de referência é posicionada em
cima do ponto inicial (0cm) conforme a figura - 24.

Figura 24 - Análise das deformações

FONTE: (Autor, 02/12/2012).

A peça em ABS com fibra vidro apresentou menos deformação que a peça em ABS
com policarbonato, a deformação foi de 1,5cm conforme a figura - 25.

Figura 25 - Deformação da peça em ABS com fibra de vidro


56

FONTE: (Autor, 02/12/2012).

No caso do ABS/PC por apresentar mais flexibilidade a deformação foi de


aproximadamente 2cm conforme ilustra a figura - 26.
Figura 26 - Deformação da peça em ABS/PC

FONTE: (Autor, 02/12/2012).

A figura - 27 ilustra bem as deformações entre as peças.


57

Figura 27 - Comparação das peças suportando a carga

FONTE: (Autor, 02/12/2012).

5. Considerações finais

O objetivo deste trabalho consiste no estudo e comparação das propriedades


mecânicas tanto das peças injetadas em ABS/PC e ABS com fibra de vidro quanto
dos corpos de prova que foram testados no ensaio de tração. A problemática é
como diminuir a flexibilidade de uma peça como, por exemplo, a peça do estudo de
caso, sem alterar sua geometria e não afetar as características de sua utilização e
os requisitos do projeto?
Com base no estudo realizado foi possível confirmar a hipótese levantada de que a
rigidez da peça do estudo de caso pode ser melhorada apenas com a substituição
do material ABS/PC para o material reforçado ABS com fibra de vidro.
Os motivos que levaram a escolha do ABS com fibra de vidro são:

• O material é classificado como um compósito - quando submetidos a


esforços os componentes (matriz e reforço) trabalham juntos
distribuindo e dissipando a energia entre si;
• Contém aditivo modificador - aditivos modificadores como as cargas
reforçantes proporcionam uma melhoria em uma determinada
58

propriedade do polímero, tornando possível a sua utilização em


aplicações específicas;
• As cargas aumentam o módulo de elasticidade - alto módulo de
elasticidade resulta em um material que resiste a deformação, ou seja,
se torna rígido;
• A carga mais utilizada para reforço é a fibra de vidro - baixo custo em
comparação com outros reforços e fornecem propriedades que
atendem uma grande variedade de aplicações conforme (WIEBECK,
HARADA, 2005);
• A peça do projeto em ABS com fibra vidro - ao testar as duas peças do
projeto com os dois tipos de materiais, o ABS com fibra de vidro
desempenha melhor a função e atende com mais eficiência a
necessidade do projeto.

Além dos motivos citados acima, a comparação dos resultados obtidos nos ensaios
de tração, confirma que o ABS com fibra de vidro é o mais apropriado para
aplicações onde é exigida alta rigidez. Foram selecionados os principais dados dos
ensaios e realizado a média dos resultados para comparar uma com a outra:

Tabela 15 - Tabela de propriedades ABS/PC e ABS com fibra de vidro

FONTE: (RODRIGO, Daniel da silva, 09/12/2012).

O ABS com fibra de vidro apresentou características de um material frágil e rígido.


Por este motivo que os valores de carga máxima, tensão máxima e tensão de
ruptura são maiores aos que do ABS/PC. Por apresentar mais resistência à tração,
seu alongamento é inferior e consequentemente seu módulo de elasticidade é maior.

Estas características comprovam que o ABS com fibra de vidro se torna mais rígido,
passando a se comportar como um material frágil devido ao seu alto módulo de
elasticidade e reduzido o alongamento.
59

1. Referências bibliográficas
CANEVAROLO JUNIOR, Sebastião. Ciência dos polímeros. 2ª. ed. São Paulo:
Artliber Editora, 2006.

CRUZ, Israel Novaes, TCC - Estudo das propriedades físico-mecânica da blenda


ABS/PC. São Paulo: Faculdade de tecnologia da zona leste, 2010.

INFORMATIVO TECNICO, CYCOLOY, SABIC, 2001 Catálogo da GE.

LEVY, Flamínio, CLAUDIO, Luiz. Compósitos estruturados. São Paulo: Edgard


Blucher, 2006.

RABELLO, Marcelo S. Aditivação de polímeros. São Paulo: Artliber Editora, 2000

WIEBECK, Hélio, HARADA, Júlio. Plásticos de engenharia tecnologia e aplicações.


São Paulo: Artliber Editora, 2005.

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