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LESÕES ORTOPÉDICAS DA REGIÃO ANATÓMICA DO

JOELHO
OSTEOARTROSE

Conceitos essenciais

Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra


Texto de apoio para os alunos do 5º ano do Mestrado Integrado
em Medicina
Disciplina de Ortopedia
Unidade Curricular de Patologia Musculoesquelética

Texto de apoio.
Deve estimular a presença nas aulas, para visualização de casos
clínicos e de iconografia referente às patologias descritas.

José Casanova
Fernando Fonseca
OSTEOARTROSE DO JOELHO

A artrose é uma doença degenerativa das cartilagens, atingindo mais frequentemente


o compartimento femurotibial, podendo ser completa e destruir o osso subcondral,
originando, um desvio do joelho no plano frontal, com uma distensão progressiva dos
ligamentos, e uma luxação da articulação.
A gonartrose, tem uma prevalência de cerca de 30% em indivíduos com mais de 75
anos, sendo o resultado de fenómenos biológicos e mecânicos que destabilizam o
equilíbrio entre a síntese e a degradação da cartilagem e do osso subcondral.

Osteoartrose: Patogenia
• Agressão/reparação repetitiva da cartilagem
• Distúrbios do metabolismo do condrócito
• Alteração da composição da matriz cartilagínea
• Degradação funcional e estrutural da cartilagem
• Remodelação do osso subcondral

Osteoartrose: Etiologia
• Fatores genéticos (50-60%)
• Obesidade
• Fatores hormonais
• Displasia articular
• Doença articular prévia
• Fatores laborais

Osteoartrose: Clínica

SINTOMAS
• Dor articular mecânica
• Rigidez articular após inatividade
• Limitação da mobilidade articular
• Limitação funcional e incapacidade

SINAIS
• Dor à palpação da entrelinha articular
• Tumefação articular dura (óssea)
• Crepitação à mobilização articular
• Derrame articular não inflamatório (Líquido amarelo citrino na artrocentese)
• Mobilização articular dolorosa e limitada
• Instabilidade articular
• Deformidade angular
RADIOLOGIA

• Radiografia simples – Incidência AP em carga; perfil; incidência axial da rótula a


30º - visualização de diminuição e/ou angulação em varo ou valgo, da interlinha
articular; alterações ósseas subcondrais e osteófitos
• Pangonograma

Pangonograma
avaliação de eixos
macânico e
anatómico dos
MInf.
Do ponto de vista radiológico existem 4 graus, cuja evolução é lenta e progressiva,
podendo a sua evolução ser determinada pelas etiologias anteriormente referidas.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Hérnia discal L3-L4
• Rotura meniscal
• Osteonecrose
• Coxartrose
• Artrite séptica
• Tendinopatia

CRITÉRIOS de REFERÊNCIAÇÃO
MGF
Efetua o diagnóstico e orientação da grande maioria dos doentes
MFR
O doente sintomático com osteoartrose em qualquer fase
ORTOPEDIA
O doente com osteoartrose grave, com sintomas intensos e/ou limitação funcional
importante que não foram controlados com terapêutica médica adequada deve ser
referenciado para decisão cirúrgica
REUMA
Dificuldades diagnósticas e osteoartrose sintomática grave com contraindicação para
cirurgia

TRATAMENTO
• Educação do doente
Explicação da natureza das lesões e suas perspetivas terapêuticas
Dieta (obesos)
Atividade e exercícios
• Terapêutica física
Medidas estimuladoras da autonomia
Hidroterapia
Agentes físicos
Fisioterapia
Ortóteses e auxiliares da marcha
• Terapêutica farmacológica
Sistémica – Analgésicos, AINES, corticoides, condroprotetores (sulfato de
glucosamina)
• Injectáveis
Corticóides intraarticulares associados ou não a viscossuplementação –
necessita uma seleção criteriosa dos doentes pois é pouco eficaz em
osteoartroses avançadas
• CIRÚRGICO
Dirigido à cartilagem
Correção das deformidades (osteotomias)
Substituição articular (próteses)
OSTEOTOMIAS
• Indivíduos com idade <55 anos
• Pouco obesos
• Varo ou valgo constitucional, com integridade do compartimento contralateral
• Ausência de laxidez cápsulo-ligamentar
• Rótula centrada e indolor

Osteotomia supratuberositária de
Osteotomia – evolução 13 anos Maquet

ARTROPLASTIAS
• A mais usada – artroplastia total do joelho
• Indicações PTJ (Artrose tricompertimental; AR; Artrose pós-traumática; Falência
de osteotomia; Falência de artroplastia parcial – unicompartimental)
• Contra-indicações: Absolutas – infeção articular ativa e artropatia neuropática/
Relativas – Indivíduos jovens; Indivíduos com atividade física pesada; mau
estado geral
SÍNDROME ROTULIANO DOLOROSO

CLÍNICA
• Manifesta-se pelo aparecimento insidioso de dores anteriores do joelho, ou em
ligação com um esforço
• Resiste habitualmente aos analgésicos
• As dores são mais frequentemente desencadeadas pela marcha em subidas ou
na descida de escadas
• Mais frequente em adultos jovens
• A avaliação radiológica não deteta uma lesão particular

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Artrose femoropatelar
• Instabilidade rotuliana (luxação)
1. Luxação traumática
2. Luxação não traumática – (trauma minor; e a presença dos seguintes
fatores predisponentes. Anamnese familiar com antecedentes de
luxação patela; idade <17 anos; trauma minor; hiperlaxidez; fatores
anatómicos: displasia tróclea, patela alta
3. Luxação congénita – luxação permanente numa rotula hipoplásica
4. Luxação habitual – a patela luxa a cada flexão do joelho
• Bursite rotuliana: que é uma reação inflamatória da bolsa serosa em
seguimento a microtraumatismos (trabalhador em posição de joelhos), uma
infeção ou um traumatismo agudo.
• Osteocondrite dissecante: surge em indivíduos jovens, do sexo masculino em
75% dos casos, sendo quase sempre localizado ao bordo axial do côndilo
femoral interno.
As suas características clínicas são: dores de esforço acompanhada de
claudicação de defesa. Síndrome de bloqueio, em qualquer posição do arco de
movimento, a que se segue habitualmente um derrame (esta fase surge
quando o fragmento se desprende do côndilo)
A RM é elemento essencial do seu estudo, particularmente na deteção da lesão
e do seu estado evolutivo.
O tratamento é variável e depende da fase em que se encontra o fragmento
osteocartilagíneo. Nas primeiras fases – descarga; quando fragmento se
encontra numa fase de desprendimento a sua fixação in situ está indicada (fig.
da esquerda); se o fragmento já se encontra livre dentro da articulação deve
ser removido e no seu local realizada uma mosaicoplastia (fig. da direita).

• Condromalácia patela
Significa um amolecimento da cartilagem da patela.
A cartilagem da patela amolece e vai perdendo sua capacidade de absorver as
forças às quais é submetida, levando a sobrecarga do osso abaixo, também
chamado de subcondral, causando dor.
Causas: envelhecimento; alterações anatómicas (patela alta); corrida em pisos
abrasivos; alterações biomecânicas (valgo dinâmico – aumento do valgo, mais
frequente em mulheres); portadores de hiperlaxidez; excesso de peso; pé
plano; lesões anteriores; alto nível de atividade física.
Tratamento: perda de peso nos casos justificados; diminuição das cargas;
aumento da tonificação do vasto medial.

OUTRAS PATOLOGIAS

Síndrome de Sinding Larsen Johansson

É uma osteocondrose juvenil e epifisite de tração afetando o mecanismo


extensor do joelho, envolvendo a inserção do tendão patelar no polo inferior
da patela. Apresenta dor nesse local e algum edema, e o RX revela um
afastamento da físe de crescimento da pétala.
Trata-se de uma situação auto-limitada, que se trata com repouso e restrição
das atividades mais intensas e as desportivas. AINES podem ser necessárias.

Doença de Osgood-Schlatter

É uma osteocondrose, uma apofisite de inserção do tendão patelar na


tuberosidade anterior da tíbia.
Os sintomas incluem dor, edema e dor anterior joelho. Dor à palpação da TAT.
Surge em jovens e está associada a um exagero da atividade.
RX monstra no perfil nas fases iniciais edema dos tecidos moles; alguns meses
depois surge fragmentação óssea na tuberosidade anterior da tíbia.
O tratamento consiste na restrição da atividade desportiva, e AINES.
Evolução benigna.

Jumper knee

Tendinose patelar, que é uma situação caraterizada pela inflamação do tendão


patelar.
Causado pelo uso excessivo, normalmente associada a atividades desportivas.
Surge em idades entre os 18 e os 25 anos.
Sintomas: dor e dor palpação tendão patelar; edema; dor no salto, corrida ou
caminhar.
Tratamento: AINES; Repouso; gelo e fisioterapia.

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