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CONDIÇÕES ORTOPÉDICAS

DO ADOLESCENTE

Dra Patricia Moreno Grangeiro


REUNIÃO CLÍNICA
ICr

Agosto 2023
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO DURANTE A ADOLESCÊNCIA

Hormônios sexuais
Hormônios crescimento (GH) Cartilagem de crescimento
Crescimento rápido (estirão) Cartilagem articular
Atividades esportivas (trauma) Apófise (inserção tendínea)
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO DURANTE A ADOLESCÊNCIA

Hormônios sexuais
Hormônios crescimento (GH) Cartilagem de crescimento
Crescimento rápido (estirão) Cartilagem articular
Atividades esportivas (trauma) Apófise (inserção tendínea)
CONDIÇÕES COMUNS DE SOBRECARGA
Doença de Sever

● História:

Início da adolescência, atletas

Dor no calcanhar pela manhã, aumenta com a atividade

● Exame Físico:

Sensibilidade palpação do calcâneo

Isquiotibiais e tríceps sural encurtados

● Exames de imagem:

RX: Fragmentação ou esclerose da apófise do calcâneo

RM não necessária normalmente, diagnóstico diferencial


APOFISITE DO CALCÂNEO

● Tratamento

Condição auto-limitada. Repouso e modificação das atividades, alongamento


CONDIÇÕES COMUNS POR SOBRECARGA

Doença de Osgood-
Schlatter's
Características:

● História: Paciente jovem atleta com


queixa de aumento de volume doloroso
na tuberosidade anterior da tíbia; dor
piora com a atividade

● Exame Físico: TAT dolorosa;


mecanismo extensor encurtado

● Imagem: Pode ter fragmentação da TAT

● Tratamento: Condição auto-limitada.


Repouso e modificação das atividades,
alongamento
APOFISITE DA TUBEROSIDADE ANTERIOR TIBIAL
CONDIÇÕES COMUNS POR SOBRECARGA

Síndrome de Sinding-Larsen-Johansson
Lesão da junção osteotendínea imatura do polo distal da patela por
tração repetitiva do tendão patelar

EPIDEMIOLOGIA:

Afeta crianças entre 10-12 anos

QUADRO CLÍNICO

Dor na topografia do polo inferior da patela

Agravada por atividade física, subir escadas, pular e ajoelhar-se


CONDIÇÕES COMUNS DE SOBRECARGA

Osteocondrite Dissecante do joelho


● Descolamento de um segmento
focal de osso subcondral e
cartilagem como resultado de
necrose asséptica focal.
● Mais comum em adolescentes
que praticam esportes de
competição (provavelmente
secundária a trauma repetitivo).
● Envolve o aspecto lateral do
côndilo femoral medial
● Meninos mais comum
CONDIÇÕES COMUNS POR SOBRECARGA

Osteocondrite Dissecante do Joelho

Quadro clinico:
Podem ser assintomáticos, com um diagnóstico
acidental de OCD por imagem

Clinica dos que apresentam sintomas:


• Dor crônica na articulação afetada:
○ Exacerbada com a atividade
○ Aliviada com o repouso

● Sintomas que vão progredindo no tempo, tais como:


○ Rigidez articular
○ Tumefação intermitente
○ Bloqueio articular
Teste de Wilson:
○ Instabilidade articular
● Dor com a extensão e
Tratamento conservador. O tratamento cirúrgico pode ser
indicado em pacientes mais velhos (fise fechada), lesões rotação interna do joelho
instáveis ​e falha no tratamento conservador.
CONDIÇÕES COMUNS SOBRECARGA

Osteocondrite Capitelar Dissecante

• HISTORIA:

Beisebol, ginástica.

• ETIOLOGIA:

E traumático e provavelmente devido à variação na ossificação.

É autolimitada e resolve espontaneamente, envolvimento incompleto do capitulo

• EXAME DE IMAGEM

Presença de corpo livre na radiografia.


RM se necessário

TRATAMENTO: Conservador ou Cirúrgico se


fragmentos livres ou não houve melhora dos sintomas
CONDIÇÕES COMUNS POR SOBRECARGA

Cotovelo da Little League


Espectro: Fraturas por estresse do epicôndilo
medial, lesões do ligamento colateral ulnar (UCL)
e distensões da massa flexor-pronadora
● História:

Apofisite do epicôndilo medial do cotovelo por


excesso de utilização, associada a lançamentos
repetitivos, geralmente em pré-adolescentes e
adolescentes jogadores de basebol.

● Quadro clinico:

● Dor no epicôndilo medial. O diagnóstico é clínico e


o tratamento inclui medidas conservadoras e
fisioterapia, cirurgia quando necessário
CONDIÇÕES COMUNS SOBRECARGA

Fraturas por avulsão da pelve


● Não são lesões incomuns observadas em
adolescentes
● As fraturas por avulsão ocorrem principalmente
entre os 14 e 25 anos

Etiologia:
O mecanismo usual é uma súbita e forte contração
muscular concêntrica ou excêntrica (esportes de
corrida e salto, futebol, ginastas)

Radiografia para diagnóstico

Tratamento:
Maioria conservador (analgesia e gelo) associado a
fisioterapia, poucos com indicação cirúrgica
CONDIÇÕES IDIOPÁTICAS
EPIFISIOLISTESE

Escorregamento fisário da epífise proximal do fêmur em relação ao colo do fêmur (na prática a cabeça
femoral fica congruente ao acetábulo e a porção que escorrega é o colo femoral)

● EPIDEMIOLOGIA:
- Incidência varia conforme população (EUA 2-7/100000)
- Mais comum em meninos, negros e polinésios.
- Mais comum à esquerda
- Bilateralidade 20-40
- Obesidade e endocrinopatia apresentam maior incidência associada
Cartilagem de Crescimento
Camadas
Zona Hipertrófica
EPIFISIOLISTESE

● ETIOLOGIA:
- Não definida

- Possíveis causas:

1. Mecânicas
2. Endocrinológicas: Hipotireoidismo, Hipertireodismo,
Deficiência de hormônio de crescimento, T21
3. Genéticas – Síndrome de Klinefelter e Síndrome de
Rubinstein-Taybi
QUADRO CLÍNICO

• Tipo somático adiposo-genital


• Tipo somático longilíneo
• Adolescentes normais
• Dor - claudicação –
Dor irradiada
• Dor no joelho:
Cuidado! - RX de Bacia!
• Encurtamento –
rotação externa
• Limitação abdução
e rotação interna
QUADRO CLÍNICO

Encurtamento
Aumento rotação externa
Diminuição rotação interna
CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao ângulo de
escorregamento(Southwick)
EPIFISIÓLISE
Linha de Klein
EPIFISIÓLISE
Sinais radiográficos

Alargamento da fise
Linha de Klein
EPIFISIÓLISE
• Sinal do crescente
• Bloomberg
• Steel
TRATAMENTO
• Tto conservador : NÃO
• Fixação “in situ”
• Parafuso canulado
• Cuidados no posicionamento
Fixação in situ + Osteotomia?
Redução?
Dunn 2 a PO
CONDIÇÕES IDIOPÁTICAS

ESCOLIOSE
Do grego Skoliosis = tortuoso
Definição

● Desvio no plano frontal inclinação lateral + rotação das


vértebras e seus componentes
● > 10°
● Deformidade 3D
CLASSIFICAÇÃO

● Idiopática
● Neuromuscular
● Congênita
● Secundária
● Degenerativa
Sub-Classificação

Escoliose Idiopática

• Infantil (0-3 anos)


• Juvenil (3-10 anos)
• Adolescente (10-17 anos)
• Adulto (a partir dos 18 anos)
Etiologia

● Parentes de 1° grau > risco 10%


prevalência
● Base genética – quais genes?
● Causa exata ainda desconhecida
Epidemiologia
● 4% tem alterações na inspeção visual
● Incidência de 3% para curvas entre 10 e 20o
● Incidência de 0,3% para curvas >30o
● 0,4% necessidade de tratamento

● Curvas >30 meninas 10:1 meninos


● Curvas pequenas 1:1

● Curva Torácica Direita mais comum (curvas esquerdas são menos


comuns e devem ser afastadas outras causas)
História Natural

● Dor leve eventual


● Dor grave que atrapalhe função ou sono
História Natural

● Dor clinicamente importante


● Neurofibromatose
● Distúrbios do tecido conectivo
● Curvas esquerdas
● Anormalidades neurológicas
● Deformidade dos pés
● Hipercifose ou Hiperlordose
História Natural

● EIA não progride na maioria


● Progressão > em:
- Sexo feminino
- Curvas graves
- Pacientes esqueleticamente imaturos
● Paciente imaturo esqueleticamente e curva 25 - 30°
tem risco de progressão
História Natural

● Deformidade < 30° ao final do crescimento


raramente piora

● Deformidade > 50° ao final do crescimento


tendência de piora de 1°/ano da vida adulta
História natural
● 10 anos maturidade esquelética

Volume pulmonar dobra

● Adolescente com escoliose torácica > 50° aumento do risco


de “falta de fôlego”
● Volume pulmonar ↓ com curva > 70°
● Doença pulmonar restritiva
sintomática com curva > 100°
Exame Físico

● Inspeção
- Cintura
escapular
-altura dos ombros
-ponta das escápulas
Exame Físico

● Inspeção
- Triângulo
de talhe


Exame Físico

● Inspeção
- Cintura
pélvica
Exame Físico

● Inspeção
- Teste de Adams
Exame Físico

● Inspeção
- Cintura escoliômetro

7o no escoliômetro corresponde a 20º no plano coronal


Exame Físico

● Inspeção
- Alinhamento coronal / Linha de prumo
Exame Físico

● Inspeção
- Comprimento
MMII
Exame Físico

● Exame neurológico
- Força / sensibilidade
- Reflexos
Diagnóstico
Radiológico
● Maturidade esquelética
- RX da mão/punho (Greulich-Pyle)
Diagnóstico Radiológico

● Maturidade esquelética
- RX da bacia - Risser
Diagnóstico Radiológico
● RX
panorâmico
da coluna ou
RX de coluna
total
Diagnóstico Radiológico

● RX panorâmico com inclinações


Diagnóstico Radiológico

● Obliquidade pélvica
● Medida do Cobb
- Definição das curvas (principal, 2ª, compensatória)
- Magnitude das curvas
- Curvas estruturadas (rígidas) ou não
- Vértebras apical, neutra e estável
- Definir tratamento
DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO

● Radiografias com e sem tração


● Escanograma dos MMII
● TC (reconstrução 3D)
● RM
Tratamento
● Até 20° observação (6/6m)
● 20 – 25° observação cuidadosa (3/3m) documentação radiográfica
● 25 – 45° potencial de crescimento: colete
O COLETE FUNCIONA!

Interromper ou retardar a progressão da curva - com o objetivo final de evitar


uma cirurgia de fusão espinhal (e a recuperação e as limitações que a
acompanham).

Ao longo dos anos, o design dos aparelhos para escoliose evoluiu, resultando
em maior eficácia com um perfil mais baixo.

Weinstein SL, Dolan LA, Wright JG, Dobbs MB. Effects of bracing adolescents with idiopathic scoliosis. N Engl
J Med. 2013; 369:1512-1521. http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa1307337. Accessed July 24,
2015.
Weinstein SL, Dolan LA, Wright JG, Dobbs MB. Effects of bracing adolescents with idiopathic scoliosis. N Engl
J Med. 2013; 369:1512-1521. http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa1307337. Accessed July 24,
2015.

Dos pacientes aleatoriamente designados para usar uma órtese, 75% tinham curvas que
não evoluíram para o limiar de 50° para cirurgia na maturidade esquelética. Apenas 42%
dos pacientes que não usavam colete não eram candidatos à cirurgia. Os resultados do
estudo Bracing in Adolescents with Idiopathic Scoliosis Trial (BrAIST) foram publicados no
The New England Journal of Medicine (17 de outubro de 2013) e constituem um "caso
convincente para o colete".
Weinstein SL, Dolan LA, Wright JG, Dobbs MB. Effects of bracing adolescents with idiopathic scoliosis. N Engl
J Med. 2013; 369:1512-1521. http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa1307337. Accessed July 24,
2015.

Usuários frequentes, melhores resultados…

Estudo do BraIST
• sensores de temperatura nos aparelhos
• quantidade de tempo que a órtese é usada está relacionada à sua eficácia
• aqueles que usaram o colete por mais de 13 horas por dia tiveram uma taxa de
sucesso de 90% ou mais.
Tratamento

Cirurgia:

- > 45°
- Progressão > 5° ano
- Dor associada
1AL

CORTESIA: DR OLAVO LETAIF


CORTESIA: DR OLAVO LETAIF
CORTESIA: DR OLAVO LETAIF
CORTESIA: DR OLAVO LETAIF
Cifose de Scheuermann

• Definição: Cifose rígida juvenil.

• Epidemiologia: 0,4 a 8,3% da população. Discretamente mais comum


em homens. Normalmente ocorre durante o estirão de crescimento
entre 10 e 12 anos. Mais comum na torácica

• Etiologia: provavelmente multi fatorial. Fatores mecânicos, também é


possível que haja uma carga genética. Pode ser herdada de forma
autossômica dominante. Também parece haver concordância entre
gêmeos idênticos. Nenhuma teoria foi provada.
Cifose de Scheuermann
• Quadro clínico: queixa inicial é
dor no meio ou parte baixa das
costas e queixas posturais. Dor
piora com atividade física e
normalmente resolve com a
parada do crescimento.

• Normalmente é de ângulo
agudo e não corrige com
extensão prona.
Cifose de Scheuermann

• Diagnóstico: Critérios para Scheuermann típica: 5 graus ou mais de


encunhamento anterior de pelo menos 3 vértebras consecutivas no
ápice da curva e irregularidades do endplate com cifose torácica
maior que 50 graus.

• História natural: Na maioria dos casos tem mínima deformidade e


pouco sintomas. A deformidade pode progredir rapidamente durante
o estirão de crescimento. Fatores de risco para progressão da
deformidade: número de anos remanescente e número de vértebras
encunhadas.
Cifose de Scheuermann
• Tratamento:
Conservador, Ortetização: brace de Milwaukee

Indicações: pelo menos 1 ano de crescimento remanescente na


coluna, alguma flexibilidade na curva (40 a 50%), cifose de mais de
50 graus.
Cifose de Scheuermann
• Tratamento:

Cirúrgico: indicações: cifose progressiva


com mais de 75 graus e cifose
significativa associada com dor não
aliviada pelo tratamento conservador.

Osteotomia de Ponte: resseca parte dos


processos espinhosos, facetectomias
amplas, laminectomias parciais, devem
ser obtidos 4 a 6 mm de espaço.
ESPONDILOLISE

Lesão anatômica mais comum diagnosticada no adolescente atleta com dor


lombar
GENU VALGO
HEMIEPIFISIO
DESE FEMUR
DISTAL
BILATERAL
15/09/2022

24/05/2022
24/01/2023
HEMIEPIFISIO
DESE FEMUR
DISTAL
BILATERAL
15/09/2022

24/05/2022
24/01/2023
24/05/2022 24/01/2023
ESPORTE PARA
CRIANÇAS E
ADOLESCENTES COM
DEFICIÊNCIA FÍSICA
ESPORTE PARA
CRIANÇAS E
ADOLESCENTES COM
DEFICIÊNCIA FÍSICA

INSTITUTO
REMOMEURUMO
…2013

O Instituto Remo Meu Rumo é uma organização sem fins lucrativos que tem por
objetivo promover o desenvolvimento físico, emocional e social de crianças e
adolescentes com deficiencias por meio da prática de remo e canoagem adaptados.
A atividade física e o esporte adaptado representam a oportunidade para que
crianças e adolescentes com deficiencias tenham ganhos na saúde e na qualidade
de vida com inclusão social.
A participação em atividades esportivas organizadas traz, além dos ganhos físicos,
melhora da auto-estima, habilidades sociais e disciplina, contribuindo para o
desenvolvimento individual, com a melhora das perpectivas educacionais, profissionais
e dos relacionamentos inter-pessoais.
EQUIPE INTERDISCIPLINAR DE SAÚDE

PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FISICA PSICÓLOGA

FISIOTERAPEUTAS ASSISTENTE SOCIAL


EQUIPAMENTOS
INFRA-ESTRUTURA
POPULAÇÃO ATENDIDA (ATIVOS)
Faixa etária
6 a 10 46 28,93%
11 a 15 44 27,67%
16 a 19 30 18,87%
20 a 22 22 13,84%
acima de 23 16 10,06%
Total de alunos 159

35.00%
30.00%
25.00%
20.00%
15.00% Paralisia Cerebral
10.00% TEA
5.00% Espinha Bífida/Mielo
0.00% Sd de Down
DI
Doenças Crônicas (Chron, Lúpus, AIJ, etc)
Legg Calvé Perthes
Outras afecções ortopédicas (luxação
congênita, pé torto congênito, etc)
Outras Síndromes (Prader Willi, Coréia
de Synder, X Frágil)
Deficiência Visual
Ataxias
Sem deficiência
APRENDIZADO DE HABILIDADES

REMO
APRENDIZADO DE HABILIDADES

REMO
VALORES DO ESPORTE
CAPACITAÇÃO E EMPREGABILIDADE
remomeurumo.org.br
OBRIGADA!

patricia.moreno@hc.fm.usp.br

drapatriciamoreno

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