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ESCOLIOSE

Prof. Dr. Fernando Vilhena


Histórico

◼ Conhecida desde a pré-história: pinturas


◼ Hipócrates: “Skoliosis”
◼ 1575: Ambroise Paré: Coraças de ferro para ajustar em
indivíduos com escoliose;
◼ Em 1911, Russell Hibs realizou a 1° fusão vertebral de
uma escoliose
◼ En 1954 Bount y Schmidt desenvolveram o colete de
Milwaukee
Histórico

◼ Importância social;

◼ ↑ adolescentes do sexo feminino;

◼ Problemas psicológicos e cardiorrespiratórios;

◼ Idade adulta: pode ser sintomática, degeneração;

◼ Etiologia desconhecida.
Escoliose

▪ É o desvio da linha vertical normal da coluna vertebral,


consistindo em uma curvatura lateral com rotação das
vértebras dentro da curva.
▪ Escoliose deve haver pelo menos 10 ° de angulação
espinhal na radiografia posterior-anterior associada à
rotação vertebral.

Morrissy, et al.2006
Definição
Epidemiologia
Descrição da curvatura

◼ Curvatura identificada pela convexidade

◼ Curvatura simples em forma de “C”


◼ Abrange as colunas torácica e lombar

◼ Pode ocorrer desnível de ombro ou pelve

◼ Causas: vicio postural e fraqueza muscular

◼ Dupla curvatura em forma de “S”


◼ Mais comum afetar a coluna torácica D e lombar E
Classificação

◼ Escoliose idiopática
◼ Escoliose não idiopática.
Classificação

Escoliose não idiopática


◼ Escoliose congênita: É causada por
malformação de vértebras como
hemivertebra ou vértebra em bloco.
Os genes estão associados à
malformação vertebral (hipoxia ou
agentes tóxicos).
◼ Escoliose neuromuscular: É
causada por insuficiência de músculos
estabilizadores ativos da coluna
vertebral. Ex: paralisia cerebral,
atrofia muscular espinhal, espinha
bífida, distrofias musculares ou lesões
da medula espinhal.
Classificação

Escoliose não idiopática

◼ Escoliose mesenquimal: é causada por insuficiência


de estabilizadores passivos da coluna vertebral, como
na síndrome de Marfan, mucopolissacaridose,
osteogênese imperfeita, doenças inflamatórias ou pós-
operatório após cirurgia torácica .
Classificação

Escoliose idiopática :
◼ Escoliose infantil: Desenvolve-se aos 0 a 3 anos e
mostra uma prevalência de 1%. Há uma regressão da
escoliose em mais de metade dos casos.

◼ Escoliose juvenil: Desenvolve-se na idade de 4-10 anos


e compreende 10-15% das escoliose em crianças, curvas
não tratadas podem causar complicações
cardiopulmonares graves e curvas de 30° e mais tendem
a progredir, 95% delas os pacientes precisam de um
procedimento cirúrgico.
Classificação

Escoliose idiopática :

Escoliose do adolescente: Desenvolve aos 11-18 anos e representa


cerca de 90% dos casos de escoliose idiopática em crianças .
Classificação

Escoliose idiopática

◼ Escoliose do adulto: Prevalência de mais de 8% em adultos com


mais de 25 anos e aumenta em 68% na idade de mais de 60 anos,
causada por alterações degenerativas no envelhecimento da coluna
vertebral.
Classificação

Topográfica

▪ Cervical: C1-C6
▪ Cervicotoracica: C7-T1
▪ Toracica:T2-T11
▪ Toracolombar: T12 L1
▪ Lombar: L2-L4
▪ Lombossacral: L5 S1
Classificação

Postural Estrutural
▪ Reversível ▪ Irreversível
▪ Corrige desequilíbrio ▪ Rotação das
muscular vertebras
▪ Corrige assimetria ▪ Teste de Adams +
dos MMII
Escoliose estrutural
▪ Os corpos vertebrais rodam para o lado convexo e o
processo espinhoso para o lado côncavo.
Classificação qto ao tipo de curva

◼ Curva primária
◼ > angulação da escoliose;
◼ Padrão em “C”.

◼ Curvas secundárias ou compensatórias


◼ Aparecem secundariamente as curvas primárias;

◼ Curvas compensatórias (manter o CG);

◼ Desenvolvem-se acima ou abaixo da curva principal;

◼ Padrão em “S”.
Classificação qto ao tipo de curva
Avaliação

Ângulo de Cobb Sinal de Risser


Tratamento não cirúrgico

◼ EEUU: adolescentes ainda em crescimento,


acompanhamento da curva + colete (>25°);

◼ Europa: fisioterapia nas curvas leves e de baixo risco


para progressão;

◼ Ambos: sem evidências de diminuição do risco de


progressão, correção de deformidade , eximir
necessidade de cirurgia.
Tratamento não cirúrgico

◼ Justificativa da fisioterapia: prevenir agravamento da


curva (curva < 25°), ajudar o colete (nas curvas entre
25° e 45°): em atividades controladas (exercícios e
esportes), cinesioterapia para melhorar propriocepção e
controle do movimento.
Tratamento não cirúrgico

◼ Coletes: prevenir piora da curva até atingir maturidade


óssea, quando cai o risco de agravamento da curva;
◼ Milwaukee (1958), Cheneau, TrIAC (2002), SpineCor
(2003) – três pontos + forças dinâmicas;
◼ Não é claro o tempo de uso necessário, meta-análise:
23 horas/ dia;
◼ Se progredir mais que 5° ou ir para a cirurgia: falha no
tratamento.
Tratamento não cirúrgico

▪ Dever do profissional de informar paciente e família


sobre falta de evidências em fazer fisioterapia e no uso
de colete.
Tratamento cirúrgico

Objetivos
◼ Impedir progressão da curva;
◼ Alcançar melhor correção nos 3 planos;
◼ Melhorar aparência;
◼ Diminuição da complicações
Indicação:
◼ Adolescentes: curva de ângulo de Cobb > 45°
◼ Adultos: dor não responde ao trat. conservador, piora de
outros sintomas, piora funcional;
◼ Intervenção no adulto é mais difícil.
Tratamento cirúrgico

◼ Avanços técnicos;
◼ Haste de Harrington (anos 60);
◼ Parafusos pediculados;
◼ Cotrel-Dubousset (anos 80): correção nos 3 planos;
◼ Uso de outros materiais: enxerto ósseo autógeno,
transplante de osso, matriz óssea desmineralizada,
substitutos do osso.
Tratamento cirúrgico
Tratamento cirúrgico
Tratamento cirúrgico
Tratamento cirúrgico

◼ Instrumentação posterior, lateral, anterior ou


combinada;
◼ Avaliar riscos e benefícios;
◼ Ex.: artrodese posterior mantém crescimento anterior
da coluna, levando a deformidades;
◼ Essencial: avaliar se a pessoa realmente terá
aumento da curva, para não operar
desnecessariamente.
Resultados do tratamento

◼ Acompanhamento: radiográfico, clínico e auto-relato;


◼ Qualidade de vida: tamanho da curva ou sua correção
não estão relacionados a qualidade de vida;
◼ Aspectos psicológicos: alteração de imagem corporal.
◼ Adolescentes sofrem mais que adultos.
Resultados do tratamento

◼ Dor: comparação com grupos controle não mostra


diferenças significantes, nem entre tratados
cirurgicamente e tratados conservadoramente;
◼ Cirurgia pode melhorar alguns aspectos, mas não
todos.
Conclusão

◼ Etiopatogenia não esclarecida;


◼ Todos tratamentos: prevenção de piora da curva ou
sua correção;
◼ Coletes: não comprovados;
◼ Exercícios: não comprovados;
◼ Cirurgia: corrige; sobre os benefícios secundários,
são semelhantes às pessoas com escoliose não
tratada e população sem escoliose; diminui somente
futuros comprometimentos cardiopulmonares.
Reflexões

◼ O que se trata? Deformidade X Queixa?


◼ Queixa de quem? Família ou adolescente?
◼ E a história natural da alteração?
◼ Trata-se o que não se conhece?
Diagnóstico
Exame físico ▪ Diagnóstico por imagem.
◼ Inspeção; Palpação.
◼ Testes específicos.
Exame físico

◼ HDA
◼ Como foi percebida a deformidade;

◼ Se houve progressão da deformidade;

◼ Historia familiar;

◼ Idade do paciente;

◼ Tratamentos já realizados;

◼ Presença de dor;

◼ AVD´S.
Exame físico
Testes de Adams
Escanometria de MMII
Diagnóstico por imagem Ângulo de Cobb
Ângulo de Cobb

◼ 0° à 10° – não há necessidade de tratamento


fisioterápico.
◼ 10° à 20° – há necessidade de tratamento
fisioterápico.
◼ 20° à 30° – tratamento fisioterápico e uso de colete
ortopédico ou Milwakee.
◼ 30° à 40° – uso de colete ortopédico ou Milwakee.
◼ 50° à 60° – somente tratamento cirúrgico.
Métodos indiretos

◼ Fotogrametria;

◼ Topografia Moiré.
Fotogrametria Computadorizada
Topografia Moiré
Tratamento conservador

▪ Exercícios terapêuticos;
▪ Coletes – Miwaukee e Risser;
▪ Trações;
▪ Estimulação elétrica (FES);
▪ Orientações posturais + Programas preventivos.
Colete Miwaukee
Tratamento cirúrgico

◼ Artrodese

◼ Haste de Harrigton
Tratamento conservador
Objetivos do tratamento

▪ Alivio da dor e tensão muscular;


▪ Restaurar o equilíbrio muscular;
▪ Recuperar o controle do alinhamento postural;
▪ Orientações posturais.
Exercícios específicos

▪ Técnicas de relaxamento;
▪ Exercícios de alongamentos das estruturas retraídas do
lado côncavo + tronco + Membros;
▪ Exercícios de fortalecimento dos músculos posturais
(abdominais, extensores torácicos, lombares e quadril);
▪ Exercícios para fortalecer a musculatura do tronco do
lado convexo;
▪ Exercícios respiratórios.
Exercícios de alongamento

◼ Músculos Eretores da Espinha


Exercícios de alongamento

◼ Musculatura anterior da coluna lombar


Exercícios de alongamento
◼ Flexibilidade lateral da coluna
Exercícios de alongamento

◼ Decúbito lateral sobre o lado convexo da curvatura


Exercícios de alongamento
Exercícios de báscula
Exercícios de báscula
Exercícios de báscula
Exercícios de báscula
Treinamento de força e resistência

◼ Abdominais como estabilizadores de tronco e pelve;


◼ Aumentar a resistência muscular à fadiga para controle.
Treinamento de força e resistência

◼ Fortalecer músculos abdominais através da amplitude de


movimento.
Treinamento de força e resistência

◼ Extensores lombares como estabilizadores de tronco e pelve;


◼ Aumentar a resistência muscular à fadiga para controle.
Treinamento de força e resistência

◼ Fortalecer extensores lombares através da amplitude de


movimento.
Treinamento de força e resistência

◼ Ponte modificada
Treinamento de força e resistência

◼ Flexões de braço com estabilização do ombro.


Treinamento de força e resistência

◼ Exercícios de fortalecimento no plano frontal.


Atividades funcionais

◼ Contrações isométricas alternantes;


◼ Equipamentos: (Bastões, Bolas e Teraband);
◼ Posicionamento: (Dec. Dorsal, Sentado , Ajoelhado e
bípede ).
Tratamentos especializados

◼ RPG;
◼ Pilates;
◼ Neumann-Neurode: crianças menores de 1 ano;
◼ Vojta;
◼ Klapp: treinamento e fortalecimento da posição
quadrúpede.
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