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Psicologia Sebenta -

Apontamentos de Aula
Psicologia
Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL)
92 pag.

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Psicologia
CLE 2019-2023

Joana Noronha
Escola Superior de Enfermagem de
Lisboa

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PSICOLOGIA | CLE 2019-2023

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ÍNDICE
1. A Psicologia como Ciência ............................................................................ 3
1.1. Objeto, conceitos e métodos de pesquisa ..................................................... 3
1.2. Diferentes domínios: Psicologia do desenvolvimento, da saúde, clínica,
educacional e social ............................................................................................... 7
2. Psicologia da Saúde ..................................................................................... 9
2.1. Introdução a alguns conceitos: crenças, comportamentos de saúde, fatores
de risco e de proteção, resiliência, stress e estratégias de Coping ....................... 9
3. Psicologia do Desenvolvimento .................................................................. 19
3.1. Teorias do Desenvolvimento Humano ......................................................... 19
Teorias Psicológicas – Breve Introdução .......................................................... 19
Desenvolvimento Cognitivo (Piaget) ................................................................ 22
Desenvolvimento Psicossexual (Freud) – Psicanalítica..................................... 23
Teoria psicossocial (Erikson) – Psicanalítica ..................................................... 26
Modelo do Desenvolvimento Cognitivo de Schaie & Willis ............................. 27
3.2. Etapas do Desenvolvimento cognitivo e psicossocial ao longo do ciclo de
vida....................................................................................................................... 28
3.2.0. O Período Pré-natal e neonatal .............................................................. 29
3.2.1 A infância. Os primeiros anos de vida ..................................................... 31
3.2.2. A idade pré-escolar e escolar. A estrutura psicológica e os estádios de
desenvolvimento cognitivo e psicossocial ........................................................ 42
3.3.3. A pré-adolescência e adolescência. A identidade e outras dimensões do
desenvolvimento. o contexto social e as relações interpessoais ..................... 56
3.3.4. A idade adulta. O desenvolvimento da Personalidade. o modelo dos
cinco fatores. O pensamento pós-formal e a resolução prática de problemas 67
3.3.5. A anciania. O envelhecimento. Os relacionamentos pessoaos na Terceira
Idade. A solidão e os Fatores situacionais, biofisiológicos, psicológicos, sociais
e económicos. A morte e o Luto ....................................................................... 79
Materiais que usei para a elaboração desta sebenta: ......................................... 91

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1 . A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

1.1. OBJETO, CONCEITOS E MÉTODOS DE PESQUI SA

Psicologia → Psyche + Logos (estudo da alma/mente) Estudo dos


comportamentos (observáveis), dos processos mentais e do desenvolvimento
humano e as suas interações com o ambiente físico e social →parte: de
pensamento (cognitivo), de comportamento e afetiva. (Atua a nível mental)

Filosofia → Ao contrário da psicologia, a filosofia não apresenta métodos


científicos, e estuda a validade da verdade.

Psiquiatria → Existe um processo terapêutico, que se dedica ao estudo de


perturbações e assenta no modelo médico, onde podem ser administrados
medicamentos ao paciente a fim de melhorar as suas condições de saúde. (Atua
a nível do corpo/organismo)

Psicanálise → Estuda o consciente, pré-consciente e inconsciente para


desvendar os motivos que justifiquem as atitudes do indivíduo. É uma
psicoterapia, portanto consiste em forma terapêuticas para promover o
autoconhecimento, o desenvolvimento pessoal e o relacionamento com os
outros – sendo a relação entre terapeuta e o doente o mais importante.

• Willhelm Wundt (1º laboratório de Psicologia com o intuito de a tornar


numa disciplina experimental)

“A mente executaria uma síntese química mental daquilo que o indivíduo


perceciona.”
Estudou:
o O comportamento para ver do que é que as pessoas tinham
consciência;
o A perceção;
o Estrutura da experiência consciente

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OBJETIVO: identificar a estrutura da experiência consciente, prestando


atenção ao que se passa no seu interior (a perceção não é objetiva, pois
varia de indivíduo para indivíduo e não representa a realidade em si, mas
o um ponto de vista)

Emoções

Sentimentos Mente

Método de pesquisa: Introspetivo – compreender fenómenos psíquicos


de difícil observação externa

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Métodos de pesquisa:

1. MÉTODO INTROSPETIVO
Objeto de estudo Método de pesquisa
Comportamentos e processos mentais INTROSPETIVO: Fenómenos psíquicos
(a pessoa é convidada a pensar e a dizer de difícil compreensão, uma vez que são
voluntariamente o que pensou) facilmente manipuláveis. (Por isso,
➢ “Como lhe vai a vida Sr.ª Rosa?”, quanto maior a confiança estabelecida
onde a Sr.ª Rosa pode responder com o indivíduo, mais facilmente vão ser
honestamente ou não à transmitidas as suas emoções, etc.)
pergunta, “Vai bem!” (quando na
realidade pode ser apenas uma
mentira, para não invadirem a
sua privacidade)
2. MÉTODO EXPERIMENTAL
Objeto de estudo Método de pesquisa
Forma-se um problema através de EXPERIMENTAL: analisa-se a hipótese
dados observáveis. com variáveis dependentes e
➢ “Será que as crianças que jogam independentes, que vão permitir
jogos violentos são mais concluir comportamentos gerais do
agressivas?” grupo. (Generalizações causa-efeito, isto
é, para uma determinada causa sucede-
se x efeito, p.e. se a resposta da
pergunta imposta no objeto de estudo
for sim (para a maioria), então para a
causa, jogar jogos violentos, sucede-se o
efeito de uma personalidade mais
agressiva nas crianças)
3. OBSERVAÇÃO NATURALISTA
Objeto de estudo Método de pesquisa
Comportamentos em contexto OBSERVAÇÃO NATURALISTA: de forma
natural/espontâneo. detalhada é feita uma análise de
➢ “Que bebidas alcoólicas preferem comportamento, permitindo
as raparigas e os rapazes?” compreender melhor os indivíduos de
modo geral no seu contexto e dia-a-dia.
(Antropólogos aplicam muito esta
técnica)

Curiosidade: (Resposta à pergunta) As


raparigas preferem destilados e os
rapazes cerveja.

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4. MÉTODO CLÍNICO
Objeto de estudo Método de pesquisa
Estudo de caso- Funcionamento CLÍNICO: Recolha de informação, através
psicológico de um indivíduo com ou sem de exames médicos, testes, etc. Desta
perturbação, tendo em consideração a forma, não só é possível diagnosticar e
sua vida. tratar determinadas perturbações, como
também compreender como se dá o
desenvolvimento normativo do
indivíduo, isto é, distinguir o que pode
ou não estar fora do normal.

Processos:
1) Entrevistas clínicas: transmissão
de forma espontânea, ou seja,
existe um incentivo da pessoa a
transmitir informação sobre si
próprio.

2) Anamnese (trazer de novo a


memória) e dados biográficos:
registos episódicos/significativos
do percurso de vida do indivíduo,
facultados pelo próprio ou por
outros que com ele convivem.

3) Observação clínica: observação de


comportamentos verbais e não
verbais em diversas circunstâncias
como a escola, família, trabalho,
na consulta, etc.

4) Testes psicológicos: avaliam


características psicológicas não
observáveis em contexto clínico.

Pensamento
Introspetivo

Experimental
Comportamento
Observação Piaget (cognitivo)
naturalista

Clínico Erikson (psicossocial)


Afetiva

Freud (psicossexual)
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1.2. DIFERENTES DOMÍNIOS: PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO, DA


SAÚDE, CLÍNICA, EDUCACIONAL E SOCIAL

Áreas da Psicologia
Afetiva

Cognitiva

Comportamental

O que fazem os psicólogos e em que campos exercem a sua atividade?

• Psicologia de Investigação
Descrever os comportamentos e os processos mentais.
Explicar por que razão ocorrem tais comportamentos e processos
mentais.
Predizer comportamentos e processos mentais com base em eventos
passados.
o Psicofisiologia
o Psicologia Cognitiva
o Psicologia do Desenvolvimento
o Psicologia da Personalidade
o Psicologia Social

• Psicologia Aplicada
Modificar comportamentos e processos mentais de modo a torná-los
mais apropriados a adaptativos.

o Psicologia clínica
Procura diagnosticar e tratar perturbações comportamentais e
emocionais em qualquer período do desenvolvimento do
indivíduo.

o Psicologia educacional
Interfere junto das crianças, dos pais, e dos educadores –
promoção do sucesso educativo (p.e. dificuldade na
aprendizagem)

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Adequação dos conteúdos ensinados e dos métodos adotados ao


nível do desenvolvimento das crianças.
Orientação escolar e profissional.
A intervenção em distúrbios emocionais (tristeza) e
comportamentais (agressividade), influenciando os
comportamentos dos educadores que têm estes efeitos negativos
no educando.

o Psicologia organizacional/social
Seleção de pessoal numa empresa.
Melhoria do ambiente de trabalho.
Estudo e promoção de fatores que motivam a produtividade.
Planeamento e supervisão de programas de formação contínua
(p.e. adaptação às novas tecnologias, novos cuidados perante o
ambiente, etc.).

o Psicologia da saúde
1
Visa a promoção da saúde, a prevenção e o tratamento da
doença, avaliando e intervindo a nível:
▪ Do comportamento (fumar, fazer dieta, exercício físico...)
▪ Das crenças (acreditar na eficácia do tratamento, perceção
de seguir um determinado tratamento...)
▪ Das emoções (medo do tratamento, stress, dor intensa...)

Mais recentes:
o Psicologia criminal
o Psicologia do desporto
o Psicologia ambiental

1 Ver também página 9

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2. PSICOLOGIA DA SAÚDE
2.1. INTRODUÇÃO A ALGUNS CONCEITOS: CRENÇAS,
COMPORTAMENTOS DE SAÚDE, FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO,
RESILIÊNCIA, STRESS E ESTRATÉGIAS DE COPING

Psicologia da saúde e da doença (1980) - por Matarazzo (como ciência e como


profissão)

• Psicologia da saúde e da doença (centros de saúde, hospitais…)


Visa a promoção da saúde, a prevenção e o tratamento da doença,
avaliando e intervindo ao nível:
o Do comportamento
➢ p.e. fumar, fazer exercício, fazer dieta, consumir álcool,
adesão à terapêutica, condução irresponsável, adesão a
exames de rastreio…
o Das crenças
➢ p.e. corresponder às expectativas de grupos de pares,
acreditar na eficácia do tratamento, perceção de ser capaz
de fazer seguir um determinado tratamento…
o Das emoções
➢ p.e. medo do tratamento, tristeza associada às perdas
provocadas pelos sintomas da doença (dor intensa), stress…

Alguns fatores que contribuíram para o aparecimento da psicologia na


saúde:
o Aumento da preocupação dos cidadãos e dos técnicos de saúde
com a qualidade de vida e a prevenção da doença;
o Estilo de vida e doenças crónicas como foco principal de atenção
no domínio da saúde em desfavor das doenças infeciosas;
o Maior desenvolvimento da investigação em psicologia;
o Acréscimo dos custos relacionados com a saúde;
o Procura alternativa ao sistema de cuidados de saúde tradicional.

DEFINIÇÃO: Domínio que recorre aos acontecimentos provenientes das


áreas educacionais, científicos e profissionais da psicologia com vista à:
o Promoção e manutenção da saúde
o À prevenção e tratamento da doença

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o À identificação da etiologia e diagnóstico relacionados com


a saúde, com as doenças e disfunções associadas (Como é
que as emoções contribuem para o aparecimento da
doença)
o À análise e melhoria do sistema de cuidados de saúde (p.e.
desenhos colocados nas paredes das alas pediátricas a fim
de melhorar o acolhimento dessa faixa etária)
o E ao aperfeiçoamento da política de saúde (p.e.
desinfetantes)

• STRESS :
Eustress (+)
Sentimento de uma certa impotência.
Stress
Pressão do tempo. Distress (-)
Sobrecarga das tarefas atribuídas.
Situação que afeta de tal modo a condição psicológica/fisiológica do
indivíduo que este é forçado a desviar-se do seu funcionamento normal.
Não é necessariamente mau se não for em exagero.

o Vem do latim: distringer = “esticar para além” do qual é originário


termo “distress”.

o Na Física: designa “tensão” e “desgaste” a que os materiais estão


sujeitos.
EU IDEALIZADO

Falhas, que causam frustrações,


causa mais pressão → Stress
EU REAL/COMO SOU

o Na Psicologia: Estado resultante da perceção do indivíduo como


não tendo capacidade de resposta para corresponder às
exigências de uma situação (Lazarus, 1999)2
▪ Entra o pensamento de “Eu não vou ser capaz!”, p.e. Tirar a
carta de condução. (É sempre a nossa primeira perceção de
insegurança, no entanto para evitar isso preciso de me
considerar suficiente bom)

2 Ver página 14

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• RESILIÊNCIA :
Tipo de flexibilidade ou plasticidade que varia de indivíduo para
indivíduo. (Poder tolerar o stress, aceitar as imperfeições)
o Capacidade que nós temos de suportar, superar e possivelmente,
sair “superior” de experiências de adversidade.

TRÍADE:
Individuais: p.e.
capacidade de reflexão,
competências cognitivas,
emocionais, sociais...

Fatores de proteção

Comunitárias: p.e.
Familiares: sistemas de suporte no bairro,
p.e.relações afetivas e de na escola, na comunidade,
suporte, coesão familiar envolve profissionais de saúde,
professores...

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FATORES DE STRESS:
• Acontecimentos:
o Traumáticos: Circunstâncias que põem em risco a vida do
indivíduo.
▪ p.e. ameaças de morte, espancamento, vítima de incêndio,
naufrágio ou tremor de terra…

o Alterações marcantes: Alterações marcantes na vida do


indivíduo.
▪ p.e. separação, divórcio, saída de um filho de casa, morte
de uma pessoa próxima...

o Crónicos: Problemas associados ao desempenho de papéis e das


atividades diárias.
▪ p.e. ter frequentemente tarefas a realizar com prazo
limitados, conflitos com o cônjuge ou colegas de trabalho,
excessivo número de solicitações para responder ao
mesmo tempo…

o Micro: Pequenos acontecimentos do dia-a-dia com efeito


acumulativo perturbador. (resistências aquilo que era o nosso
plano inicial, fora do controlo)
▪ p.e. trânsito lento, vizinhos incomodativos, tentar abrir a
porta e ter um bengaleiro a impedir, exposição a fumo
quando não se é fumador…

o Macro: Características da organização e do funcionamento social.


(Dependem de políticas)
▪ p.e. períodos económicos de recessão, impostos elevados,
crise ambiental, prevalência elevada de desemprego…

o Acontecimentos desejados que não ocorrem: Representam


um desejo que tarda em concretizar-se, no âmbito das normas
tacitamente aceites pelo grupo social a que o indivíduo pertence.
▪ p.e. promoção justa que não se efetua, mulher que não
consegue engravidar…

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o Traumas ocorridos num estádio de desenvolvimento:


Circunstâncias perturbadoras a que um sujeito está exposto,
durante uma fase vulnerável do sei ciclo de vida.
▪ p.e. acontecimentos traumáticos ocorridos na infância, que
originam dificuldade na fase adulta, tais como dificuldades
de afirmação pessoal…

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MODELOS EXPLICATIVOS DO STRESS (DE LAZAR US)

MODELO COGNITIVISTA DO STRESS (LAZARUS, 1999)


Depende não só da situação, mas também da perceção.

o Avaliação que a pessoa faz da situação: ameaçadora ou não


ameaçadora

Avaliação
Primária

Será que vamos ter algum problema?

• AMEAÇA: Quando o indivíduo considera que a situação lhe vai trazer


algo negativo.
➢ p.e. apresentação, chegar atrasado…

• PERDA: Quando o indivíduo considera que a situação lhe vai trazer a


perda de algo importante.
➢ p.e. divórcio, desemprego…

• DESAFIO: Quando o indivíduo considera que a situação é difícil,


exigente, mas que pode ser ultrapassada e trazer-lhe algo de bom.
➢ p.e. muito esforço no trabalho para obter promoção,
muitas horas de estudo para obter uma boa nota…

o Competências percecionadas pela pessoa para lidar com a


situação ameaçadora

Avaliação
Secundária

Posso fazer alguma coisa para resolver o problema?


➢ Estado físico
➢ Apoio Social

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O problema acontece quando não tenho recursos, nem consigo ter capacidade
de resposta para a sua resolução.
O stress ocorre apenas quando a pessoa percebe que uma exigência externa
excede a sua capacidade (p.e. os seus recursos pessoais e sociais) para lidar com
a mesma, constituindo por isso uma ameaça para o próprio, prejudicando o seu
bem-estar.

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ESTRAGÉGIAS PARA CONFRONTAR O STRESS (COPING)


Pensamentos, sentimentos e ações que a pessoa utiliza para dominar, reduzir
ou suportar as exigências da situação de stress.

Estratégias:
• Centradas na Situação de stress (Resolver
imediatamente/diretamente a situação)
A pessoa coloca em prática tentativas ativas para resolver o
problema (p.e. Ter um filho doente e deixá-lo com os avós para ir
trabalhar).

1.1. A pessoa age para reduzir o stress


Quando a fonte de stress são as relações interpessoais, é
importante expressar claramente opiniões, desejos, críticas e
emoções – Confronto.
➢ p.e. Expressa um colega que está desagradado.

1.2. Procura de Apoio Social (Instrumental)


Os outros prestam uma ajuda concreta, em termos materiais
ou de serviços, que resolvem o problema do indivíduo.
➢ p.e. Pedir dinheiro emprestado, pedir apontamentos
emprestados…

• Centradas na Emoção despoletada pela Situação de stress


A pessoa tem como objetivo reduzir a emoção negativa provocada pela
situação, sem enfrentá-la. (Gerir a minha emoção)

2.1. Autocontrolo (Emoção)


Tentativa de dominar a emoção de forma a manter o grau de
funcionamento ou de evitar transmitir essa emoção negativa
aos outros.
➢ p.e. Adotar uma expressão natural mesmo que se sinta
muito zangada.

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2.2. Escape (Comportamento → Emoção)


Fuga à preocupação e à emoção negativa, através dos seguintes
meios:

2.2.1. Estratégias distrativas


Círculo de interesses diversificado (sair da situação
que me está a causar uma emoção negativa indo
para outras que me causem emoções mais
positivas)
➢ p.e. quando estou a estudar há muito
tempo e o estudo não está a render,
muitas vezes a solução é fazer outra coisa
(escape ao que me estava a causar stress)

2.2.2. Fuga à preocupação e à emoção negativa,


reduzindo a atividade fisiológica:
➢ Ioga
➢ Meditação
➢ Treino de Relaxamento Muscular
➢ Técnicas Respiratórias

2.2.3. Consume de substâncias redutoras de ansiedade


ou geradoras de prazer (alimentação, álcool,
drogas, tabaco)
➢ p.e. Ansiolíticos

2.3. Reenquadramento da situação problemática (através


do pensamento)

2.3.1. Focar tanto os aspetos positivos como negativos


(tentarmos sempre ver o ganho na situação)
➢ p.e. Perdemos algumas pessoas do
acidente, mas sem a nossa vinda, nenhum
deles teria sobrevivido; “O que aprendi com
a situação?”

2.3.2. Relativizar a gravidade da situação


➢ p.e. Qual a pior coisa que me pode
acontecer nesta situação? p.e. mudar de

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curso, se calhar só perco um ano, não


tenho nada a perder

2.3.3. Dar um significado diferente à situação


➢ p.e. Outra pessoa que vivesse esta situação
o que pensaria? → relativizar o grau de
importância que se dá ao que os outros
“acham” (valorizar mais aquilo que temos
e nem tanto no que os outros valorizam)

2.3.4. Usar o humor


➢ p.e. Doutores palhaços

SITUAÇÕES VANTAJOSAS SITUAÇÕES DESVANTAJOSAS


• Pode permitir uma análise • Adiamento do confronto e da
mais objetiva do problema; resolução do problema;
• Quando a situação de stress é • Comportamentos prejudiciais
irresolúvel. à saúde.

Pessoa age
para reduzir
Centradas o stress
na situação
de stress
Procura de
apoio social Estratégias
distrativas

Redução da
Estratégias atividade fisiológica
para
confrontar o Consumo de
Autocontrolo substâncias
stress
Focar nos aspetos + e -
Escape
Relativizar a gravidade da
Centradas na situação
emoção
Reenquadramento Dar um significado
despolatada
da situação diferente
pela situação de
stress problemática
Humor

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3. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
3.1. TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

TEORIAS PSICOLÓGICAS – BREVE INTRODUÇÃO 3


Teoria Comportamentalista
Tese: O comportamento situa-se na interação do sujeito com o ambiente. É a
patologia da aprendizagem.
Origens:
• Reflexologia de Pavlov
• Condutismo de J. Watson (Estímulo: Resposta, isto é, manipulando o
estímulo e melhorando a resposta)
Aplicação clínica: Fobias, obsessões, disfunções sexuais

Teoria Psicanalítica
Tese: Os fenómenos psicológicos são determinados por conflitos internos
inconscientes.
Origens:
• Teoria psicanalítica de S. Freud
Aplicação clínica: Neuroses, psicoses, perturbações da personalidade (como a
dor psíquica não é compreensível, portanto o indivíduo tem tendência a ter dor
física, p.e. cortar os pulsos)

Teoria Cognitivista (cognitivo comportamental)


Tese: Entre o estímulo e a resposta existem processos psicológicos complexos
de natureza cognitiva e intencional, que determinam o comportamento.
Aplicação clínica: Estados de ansiedade, depressão (cognições catastróficas)

Teoria (posição) Fenomenológica Existencial


Tese: Os fenómenos psicológicos representam uma maneira de estar no mundo,
e dão conta da realização da experiência vivida ou do projeto existencial.
Importância da ideia de futuro como processo de desenvolvimento do potencial
humano

3 As teorias de cada autor começam na página 22.

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Origens:
• Filosofia fenomenológica de E. Husserl (consciência intencional e plástica)
• Filosofia existencial de Heidegger (existência vem antes da essência)
• Psicanálise existencial de Sartre (não pode existir consciência sem um
posicionamento)
Importância da Temporalidade e do Espaço
Projeto existencial

O que é a psicologia clínica?


→ Estudo subjetivo dos sentimentos, das emoções, dos estados interiores,
mas também o estudo objetivo do conjunto dos fenómenos mentais e
das leis que os regem.
→ Diferença do que foge à realidade (o que é normal/habitual ou não):
fenómenos normais ≠ fenómenos patológicos
→ Interessa-se pelo conjunto da personalidade (self, myself – eu próprio),
clarificadas à luz da história de vida.

O que é a psicodinâmica?
→ Observação e compreensão da especificidade de cada ser, de estar em
conflito (perante ele temos de tomar uma decisão) com o mundo, com os
outros e com ele próprio.

psicologia
psicologia
psicodinâmica clínica
clínica dinâmica

O que é a Psicologia Clínica Dinâmica?


→ Um estudo do homem preocupado em resolver os seus conflitos.
Privilegia o sentido íntimo em relação ao comportamento e mesmo à
cognição (inteligência).
→ Interessa-se pela “interioridade” dos sujeitos e pelos conflitos
conscientes e inconscientes.

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o A seta grande: direção espontânea,


automática, dos processos psíquicos, do
1 inconsciente ao consciente
o Cruz: a censura, barragem do
inconsciente e o pré-consciente.
o Setas mais pequenas: indicam a
operação que, ou mantém o recalcado no
inconsciente (1), ou o faz regressar para lá,
caso tenha conseguido (pela força ou astúcia), penetrar o pré-
consciente. = Repressão
Nota: o recalcamento tem sentido oposto ao dinamismo do inconsciente, cuja
tendência é sempre a de se manifetar (vem sempre à superfície) : sonhos, atos
falhados e sintomas neuróticos).

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DESENVOLVIMENTO COGNITIVO (PIAGET)


Método de pesquisa: Observação naturalista e Método clínico (entrevistas
flexíveis)

Desde o nascimento até à adolescência, o pensamento vai sofrer mudanças


qualitativas, aparecendo novas competências/estratégias que permitem
compreender cada vez melhor a realidade e resolver os problemas que ela nos
coloca.
O sujeito tem parte ativa no seu desenvolvimento. Interação entre fatores
inatos e experiência:

Genética (hardware – Desenvolvimento Ambiente (software)


disco rígido)
Padrões sequenciais de • Universal Experiência e estímulos
mudança • Limitado que impulsionam o
geneticamente • Períodos críticos desenvolvimento
programados
Esta interação explica a consistência e a mudança no desenvolvimento de um
individuo, é o que o torna um ser único.

Série de transformações progressivas (quantitativas e qualitativas) no âmbito:


Motor—cognitivo 4
Que se produzem segundo uma ordem específica e previsível, sob influencia da
maturação do organismo e da experiência obtida na interação com o meio,
vivida num determinado momento certo.
A criança participa ativamente no seu desenvolvimento, explorando,
manipulando e examinando os objetos e as pessoas do seu mundo, tentando
compreender o que o rodeia.

O desenvolvimento cognitivo origina estruturas de pensamento cada vez mais


complexar levando a uma maior capacidade para o individuo compreender os
fenómenos à sua volta (sociais e físicos), permitindo uma crescente melhoria na
adaptação ao meio, de um modo cada vez mais complexo e abrangente.

Segundo Piaget, o desenvolvimento ocorre segundo 4 estádios:


• Estádio Sensório-motor (dos 0 aos 2 anos)
• Estádio Pré-operatório (dos 2 aos 7 anos)
• Estádio Operatório (dos 7 aos 11/12 anos)
• Estádio Formal (dos 11/12 aos 15/16 anos)

4 Ver pormenorizadamente nas páginas 38, 42, 59 e 73.

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DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL (FREUD) – PSICANALÍTICA


Método de pesquisa: Observação clínica – Associações livres; Interpretações
dos sonhos; Análise da transferência e Análise dos atos falhados

• São impulsos (sobretudo de cariz sexual) que dinamizem e dão energia


(líbido) ao comportamento, na procura do prazer erótico ou sensação,
agradável;
• Ao longo do desenvolvimento a
satisfação do impulso sexual é obtida em
diferentes zonas do corpo, de modos
diferentes;
• Durante a infância, os impulsos,
conflitos, emoções e experiências
traumáticas, de natureza sexual, são
recalcadas pela censura para o
inconsciente, onde permanecem ativos e
reaparecem mais tarde de forma
disfarçada, causando perturbações
psíquicas.

1ºPILAR
1ª Tópica:
Consciente – noções, imagens, lembranças que conseguimos captar e controlar
voluntariamente.
Pré-consciente – sonhos e experiências recentes.
Inconsciente – desejos, pulsões, instintos que são irrealistas na nossa sociedade
e, portanto, são inaceitáveis.

2ª Tópica:
Id – onde reside princípio do prazer, ou seja, a busca de satisfação através de
desejos irrealistas (instinto biológico). Para além disso, é no Id que se encontra
o reservatório da Líbido.
Ego – princípio da realidade, decide e inibe os desejos que podem ser realizados
(forma-se no 1ºano de vida)
Superego – interiorização dos valores sociais, isto é, controla o Ego de forma a
inibir as exigências do Id

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2ºPILAR
A energia sexual provem da mesma fonte de energia (da Líbido), que nos leva a
todas as outras ações.
Assim, conforme a zona erógena mais desenvolvida, Freud definiu os 5 estágios
psicossexuais.

1) Estágio psicossexual oral (0 – 1 ano)


 Zona erógena: boca e aparelho digestivo superior
 Polos: incorporação/não incorporação
Há conservação do “eu” consciente – Ego
A criança procura satisfação levando os objetos à boca

2) Estágio psicossexual anal (1 – 3 anos)


 Zona erógena – ânus e aparelho digestivo inferior
 Polos – conservação/eliminação
Período sádico anal – autogressividade (impulsos masoquistas)
/heteroagressividade (impulsos sádicos)

3) Estágio psicossexual de fálico (3 – 5 anos)


 Zona erógena – órgãos genitais
 Polos – iniciativa/sentimento de culpa

Formação do superego.
A curiosidade sobre as diferenças sexuais é grande.
Processo de identificação:
▪ Complexo de Édipo (♂️) /Electra (♀) – desejo pelo
progenitor oposto (exibe e sente exclusão aquando a
aproximação dos pais)

▪ Complexo de castração – onde aprende a ouvir o 1º não,


caso esta rejeição seja constante, a autonomia da criança
fica comprometida.

4) Estágio psicossexual de latência (6 anos – puberdade)


 Dissipação da energia pelas 3 zonas erógenas

Diminuição da atividade sexual.


Amnésia infantil: reprime no inconsciente as experiências que a
perturbaram no estádio fálico.
Investe a sua energia em atividades escolares – relações que estabelece
entre os colegas e os professores.

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5) Estágio psicossexual genital (adolescência)


 Zona erógena – órgãos sexuais

Na adolescência, em virtude da maturação física e da produção de


hormonas sexuais, renascem impulsos sexuais.
Reativação do complexo de Édipo, mas fora da família.
Noção de masturbação.
Identidade sexual – o amor transforma-se num amor genuíno e voltado
para os outros.

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TEORIA PSICOSSOCIAL (ERIKSON) – PSICANALÍTICA

Método de pesquisa: Método clínico – estudo de biografias de personalidades


famosas para encontrar nestes percursores, evidências na sua teoria.

A construção de uma identidade


• É influenciada pela interação entre o indivíduo e o meio sociocultural – o
grupo que exerce sobre ele pressão e influência;
• Desenvolve-se ao longo de toda a vida, através de uma série de crises ao
longo de diversos estádios.
Pressupõe ainda que o desenvolvimento é contínuo até o fim da vida. Em cada
estágio existe uma crise em função de aspetos sociais, biológicos e individuais,
sendo um conflito ou um dilema que a pessoa terá de resolver existindo um
polo positivo e outro negativo. As soluções positivas resultam em equilíbrio e
saúde mental, as negativas resultam num sentimento de fracasso.

5
Erikson dividiu o desenvolvimento em oito estádios psicossociais a que chamou
idades da vida.” As 8 idades da vida são:
1º Confiança Vs. Desconfiança (esperança)6
Nascimento – 18 meses

2º Autonomia Vs. Vergonha e dúvida (força de vontade)


18 meses – 3 anos

3º Iniciativa Vs. Culpa (tenacidade/perseverança)


3 – 6 anos

4º Diligência Vs. Inferioridade (competência)


7 – 11 anos

5º Identidade Vs. Difusão da Identidade (lealdade e fidelidade)


12 – 19/20 anos

6º Intimidade Vs. Isolamento (amor)


20 – 30 anos

7º Generatividade Vs. Estagnação (cuidado)


30 – 60 anos

8º Integridade do Ego Vs. Desespero perante a vida (sabedoria)


Depois dos 80 anos

5 Ver pormenorizadamente nas páginas 40, 41, 48, 54, 63, 68, 75 e 85.
6 Entre parêntesis estão as virtudes de cada idade.

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MODELO DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE SCHAIE & WILLIS

Modelo que estipula 7 estádios sobre a forma como o pensamento é utilizado


ao longo das diferentes etapas de vida. 7
Estádio Aquisitivo
Infância e adolescência
Pensamento centrado no que é preciso saber e que competência adquirir
para o indivíduo se sentir com valor.

Estádio Realizador
Jovem adulto (20-30 anos)
Pensamento centrado em utilizar aquilo que sabe para o indivíduo alcançar os
seus objetivos profissionais e familiares.

Estádio Responsável
Adulto
Pensamento centrado na resolução de problemas, para o indivíduo ser
responsável por outros.

Estádio Executivo
Meia-idade
Pensamento centrado em relações complexas, com várias variáveis para o
indivíduo liderar uma organização ou empresa.

Estádio Reorganizacional
Adulto e idoso
Pensamento centrado na reorganização da vida e na identificação de
interesses significativos não profissionais para o indivíduo se poder reformar.

Estádio Reintegrativo
Idoso velho
Pensamento centrado em tarefas com mais significado para o indivíduo poder
selecionar aquelas que merecem o seu esforço.

Estádio Criação de Herança


Idoso mais velho
Pensamento centrado no registo de histórias de vida, na distribuição de
posses e nos preparativos fúnebres para o indivíduo se preparar para a morte.

7 Ver pormenorizadamente nas páginas 66, 76 e 83.

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3.2. ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E PSICOSSOCIAL A O


LONGO DO CICLO DE VIDA

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3.2.0. O PERÍODO PRÉ -NATAL E NEONATAL

PERSPETIVAS E CONCEÇÕES DO DESENVOLVIMENTO SOCIO AFETIVO (B OWBLY,


WINNICOTT)

A RELAÇÃO MÃE-BEBÉ – IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO PRECOCE NO


DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO

O contributo dos estudos etnológicos na compreensão do comportamento


humano.
Estudos de Harlow e Lorenz
• Os bebés humanos têm muito em comum com os de outras espécies:
ficam aflitos com a ausência da mãe, querem estar perto dela, ter uma
base de segurança para onde correr de volta se encontrarem perigos
incontroláveis, e poderem confortar-se quando não estão bem, só por
acederem à sua imagem, ao seu som e ao seu contacto. (Gleitman, 1995)

HARLOW (1905-1981)
• Até então, segundo Freud, o bebé pouco mais era do que uma boca que
se afeiçoava à pessoa que o amentava (estádio/fase oral) (O bebé e a
mama da mãe é como se fosse um ser todo)

Harlow vem demonstrar que o amor do bebé à mãe está para além da
satisfação das necessidades básicas (como alívio da fome, da sede e da
dor)
Harlow usou o método experimental

1ª experiência: mãe de arame e de pano


1. “mãe” – arame que alimenta e, felpuda que conforta
(cria relação com esta).

2. Existência de um mecanismo que ativa medo na cria.

3. Meio desconhecido que ativa o medo:


Na ausência de qualquer figura, percebemos que a cria
fica imobilizada.
Quando tem a “mães” felpuda socorro.se e acalma-se
explorando o meio

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Principais conclusões de Harlow


• Salienta a importância do conforto do contacto para a sensação de
segurança na cria:
o Passa muito mais tempo com a mãe de pano do que com a mãe de
arame:
o Aproxima-se da mãe felpuda, e nuca da sua mãe de arame, que
lhe dava alimento, quando em perigo;
o Utiliza a mãe felpuda como base para iniciar a exploração do
meio;

LORENZ (1903-1989)
• A cria tem a capacidade inata para se aproximar e seguir o 1º estímulo
percetivo (geralmente a mãe), ficando ligada a ele – impriting8 ou
cunhagem:
o Este processo ocorre durante um período crítico do início da vida
do animal, de modo que a proximidade da fig. ª de vinculação
fornece conforto e segurança, ao passo que o seu afastamento
causa angústia;
o Ao assegurar a proximidade com a mãe, a cria assegura a sua
alimentação e proteção, mas também aprende os
comportamentos dos elementos da sua espécie.

8É uma resposta de comportamento adquirida no início de vida, não reversível e normalmente


provocada por uma situação ou estímulo que a desencadeia.

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3.2.1 A INFÂNCIA. OS PRIMEIROS ANOS DE VIDA

VINCULAÇÃO
ESTUDOS DE BLOWBLY E AINSWORTH:
• Geralmente existe um cuidador principal (geralmente a mãe) que se
torna a figura de vinculação para um bebé, dependendo:
→ Do tempo despendido nos cuidados do mesmo
→ Da qualidade dos cuidados prestados
→ Do investimento emocional
→ Da sua presença repetida na vida do bebé

• Entre os 6-8 meses o bebé começa a diferenciar a mãe das outras


pessoas, chorando e inquietando-se quando a vê partir.
• À medida que a criança cresce, vai confiando que a criança cresce, vai
confiando que a mãe estará presente quando dela precisar, o que
permite aceitar separações cada vez mais longas.
• Este conhecimento emocional proporciona uma confiança básica que
constitui o 1º vínculo humano, que permitirá a criança tornar-se
independente da mãe e que servirá de apoio à construção de posteriores
relações com os outros.

BOWLBY (1907-1990)
• A causa básica da vinculação é o medo inato do desconhecido que
leva as crias a fazerem tudo o que podem para se manterem junto de
algum objeto (geralmente a mãe) que se lhes tornou familiar.
• O bebé tem competências inatas, que lhe permitem manter a
proximidade com mãe e estabelecer com ela uma relação de
vinculação (Respostas ou Comportamentos instintivos, que
posteriormente passam a ser intencionais):
o Sorrir
o Chorar
o Chuchar
o Agarrar
o Seguir
Os pais também têm um sistema de prestação de cuidados ativo que permite
igualmente esta relação.

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AINSWORTH (1913-1999)
• Método Experimental: Estudo da situação estranha:
o A criança é introduzida com a mãe numa sala desconhecida, onde
há muitos brinquedos para explorar e brincar, enquanto a mãe
está presente;
o Entra um estranho, interage com a mãe e aproxima-se da criança;
o A mãe sai, separando-se do bebé.
• Nesta situação geradora de insegurança, é possível observar os
comportamentos do bebé aquando a saída e, posteriormente, no
regresso da mãe e, tirar conclusões sobre o tipo de vinculação
estabelecida entre ambos.
• Permite medir objetivamente estratégias e as dificuldades relacionadas
da criança em função do contexto, isto é, da história da segurança do
bebé de que a sua mãe tem sido quem garante consistentemente as suas
necessidades básicas.

• Estilos de vinculação:

1. SEGURA
o Enquanto a mãe está presente estas crianças exploram,
brincam com os brinquedos e até se aproximam
cautelosamente do estranho;
o Mostram perturbação quando a mãe a sai;
o Saúdam com grande entusiamo o regresso da mãe,
passando a ficar mais calmos e pacíficos, confortando-se
nos braços da sua mãe.
o Organização interna constituída por conhecimentos e
expectativas positivas:
o Relativas à disponibilidade e responsividade da figura de
vinculação;
o Do self como merecedor de atenção e afeto, e como
componente para se confrontar com o mundo.

2. AMBIVALENTE
→ Enquanto a mãe está presente não exploram a sala;
→ Ficam extremamente angustiados e em pânico quando a
mãe sai;

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→ Reagem com ambivalência emocional no momento do


regresso da mãe, correndo para ela para serem pegadas ao
colo e lutando com raiva depois para voltarem ao chão.

3. EVITANTE
→ Enquanto a mãe está presente, esta criança mantém-se
distante e afastada;
→ Mostra pouca perturbação quando a mãe sai;
→ Ignoram a mãe no seu regresso.

BRAZELTON (1918)
Se por um lado a criança procura ser protegida, por outro, a mãe tenta
proporcionar proteção através de um sistema de prestação de cuidados.
Este sistema é ativo na(s) figura(s) parental(ais) sempre que percecionam as
situações como ameaçadoras (p.e. sinais verbais e não-verbais de desconforto,
como a expressão de dor), perigosas (p.e. queda) ou stressantes (p.e.
separação) para a criança.

Uma vez ativado o sistema de prestação de cuidados, a mãe manifesta um


conjunto de comportamentos direcionados para o bebé:
• Restabelecer ou manter a proximidade (p.e. olhar, chamar o bebé, segui-
lo, agarrá-lo)
• Paciência
• Sustento (suporte)
• Manipulação
• Interpretação dos sinais para poder dar-lhes uma resposta satisfatória
• Interação, nomeadamente através de objetos, que lhe permite o
desenvolvimento da perceção do mundo.
Os comportamentos do sistema de prestação de cuidados visam manter uma
relação de proximidade com o bebé, para responder às suas necessidades,
protegê-lo e estabelecer uma relação de segurança.
Uma vinculação segura pressupõe que a figura adulta seja capaz de
percecionar e avaliar adequadamente os sinais da criança (p.e. normalmente
as mães reconhecem o choro do bebé, se é para comer ou se precisa de trocar a
fralda…), para perceber quando precisa de protegê-la; bem como ser capaz de
lhes responder de modo rápido – bem como saber parar quando a sua

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intervenção já não se justifica. (p.e. chamar os miúdos para o jantar e não os


deixar terminar a sua tarefa)

Pelo contrário, quando existe um bloqueio na capacidade da(s) figura(s)


parental(ais) para proteger o bebé, despoleta sentimentos de raiva, tristeza,
zanga ou ansiedade no(s) adulto(s).

Os comportamentos do sistema de prestação dos cuidados desativam-se


quando a(s) figura(s) parental(ais) se sentem satisfeitas pela proximidade física
da criança e pelos sinais de que esta está confortada, contente ou satisfeita
(sorriso e responsividade positiva)
A regulação emocional começa assim por ser relacional entre a mãe e o bebé,
para progressivamente se tornar numa capacidade individual do bebé:
regulação da emoção pelo self/autorregulação.

O sentido de segurança do self, que se reflete na capacidade de autorregulação


emocional, envolve um sentido fundamental dos outros como afetuosos e
portadores de carinho, do self como merecedor de afeto e capaz de gerar afeto
e do mundo como seguro, mas desafiador.

SPITZ (1887-1974) – SEPARAÇÃO PRECOCE E OS SEUS EFEITOS


O bebé fica angustiado se vê a mãe a partir, mas fica ainda pior se ela não voltar
rapidamente. Separações longas podem ter efeitos graves.
Perturbações no comportamento do bebé resultantes da privação da interação
com a mãe:
• Choro
• Gemido
• Apatia
• Rigidez
• Evitamento do contacto
• Atrasos no crescimento
• Risco para a sobrevivência do bebé

Receberam nutrição e cuidados físicos perfeitamente adequados, mas obtinham


pouca estimulação social:
→ Mantidos em cubículos separados (primeiros 8 meses)

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→ Alimentação feita no berço, com o biberão apoiado num suporte


→ Contactos muito breves com os adultos durante a muda da
fralda/alimentação
→ Poucas trocas sociais, falas, brincadeiras ou probabilidade de um
funcionário atarefado responder ao choro de um bebé.

Bebés institucionalizados
• Receberam nutrição e cuidados físicos perfeitamente adequados,
mas obtinham pouca estimulação social, isto é, eram mantidos em
cubículos separados (durante 8 meses) – contatos muito breves
com adultos durante a muda da fralda. POUCAS TROCAS SOCIAIS

A privação social precoce causa sérias alterações no desenvolvimento social


subsequente:
→ Exigência incessante de atenção e amor individual
→ Apatia na reação às pessoas
→ Rara aproximação dos adultos para abraçar e acariciar/ para
tranquilização, quando aflitos
→ Distantes e sem expressão, a um canto do berço, balançando o corpo
→ Défices intelectuais (p.e. linguagem ou raciocínio abstrato) durante a
adolescência e posteriormente
→ Maior agressividade, delinquência e indiferença aos outros

SITUAÇÃO:
• REVERSÍVEL
Para os bebés que posteriormente estabeleceram relações emocionais
privilegiadas com adultos/substituto materno
• IRREVERSÍVEL (passado de mais 6 meses)
Quando tal anteriormente dito não acontece

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W. BION (PSICANALISTA INGLÊS)


• A relação humana é vista como uma relação entre continente e
conteúdo. Isto é, há sempre alguém que contém partes (p.e. afetos) do
outro, mesmo que esse outro, numa relação adulta e madura, também
possa ele mesmo ser continente do sujeito.
• A mãe é transformadora dos conteúdos dos bebés.
• Função alfa (mãe): transformava elementos de desconforto (elementos
beta) em elementos alfa (numa coisa mais tolerável, harmoniosa). Desta
forma, produz-se conhecimento, que pode ser positivo ou negativo (p.e.
sempre que leva porrada recebe amor da mãe, então associa a dor de
porrada ao amor-> conhecimento negativo)

 
Mãe

• Produção de conhecimento (K)


• Capacidade de rêverie
Estar em estado de sonho (rêve- capacidade de fantasiar, de antecipar);
capta o que repassa com o filho, não tanto através dos órgãos dos
sentidos, mas mais pela intuição.
• Ser continente dos conteúdos do bebé
Acolher, conter, descodificar, elaborar e devolver em doses apropriadas,
devidamente nomeadas e significadas.

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D.WINNICOTT
• Compreensão dos estados emocionais mais primitivos do
desenvolvimento do bebé.
• Centrou-se na relação mãe-bebé: base da saúde mental
• O ambiente é decisivo na determinação do psiquismo precoce
• 2 focos:
1) Crescimento emocional do bebé
2) Qualidades relacionais da mãe, na satisfação das necessidades do
bebé
“There is not such a thing as a baby”: Um bebé sozinho não existe, temos de
falar dele sempre dependente com um cuidador, esta relação mãe-bebé é
essencial.
• Funções da “mãe suficientemente boas”:
1) Holding (sustentação)
Maneira como o bebé é sustentado ao colo, experiência física e
simbólica
2) Handling (manuseamento/manipulação)
Maneira como o bebé é tratado, cuidado, manipulado (p.e. como
a mãe dá a comida, como a mãe veste o bebé, se é bruta ou
delicada, etc.)
3) Apresentação dos objetos
Fase chamada de realização (pelo impulso criativo da criança-
sempre a querer atenção); inclui o início das relações
interpessoais bem como a introdução da realidade partilhada pelo
bebé.
Estas funções permitem, respetivamente as tarefas:
1) Integração (holding)
2) Personalização (handling)
3) Relação objetal (AO)

• Objetos Transicionais (área de ilusão, espaço potencial)


Refere-se ao uso de certos objetos pela criança, dando expressão para a
área intermediária entre o subjetivo e o objetivo.

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PIAGET: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO


O estádio sensório-motor (nascimento – 2 anos)
• Período em que a inteligência é totalmente prática, a criança desenvolve-se
através de ações motores e de atividades percetivas (baseadas nos
sentidos) que captam impressões sensoriais.
• Inicia-se com esquemas de ação reflexa, tais como agarrar e chuchar.
Dotados de flexibilidade, estes esquemas rapidamente sofrem
modificações e ajustamentos (acomodação) em resposta às diversas
experiências.

Inteligência prática
1º – 4º mês As atividades da criança centram-se essencialmente no seu próprio corpo.
4º – 8º mês • Desenvolve-se a coordenação entre as atividades percetiva e
motora;
• Agarra um objeto que estiver ao seu alcance;
• Novos comportamentos são acidentais, não são produzidos
deliberadamente, ou seja, a criança ainda não escolhe
deliberadamente usar um esquema como meio para atingir um
fim.
8º – 12º mês • Aperfeiçoa a coordenação motora (a conexão entre os esquemas
motores)
• A acidental ocorrência de novos comportamentos dá lugar às
primeiras formas de comportamento intencional
• Uso intencional dos esquemas para atingir um objetivo
12º – 18º mês • Desenvolvimento da capacidade de coordenação dos esquemas ->
se uma ação produz um resultado, não será simplesmente
repetida, mas modificada de modo a verificar que outros efeitos
dela podem resultar
18º – 24º mês • Fase transição, isto é, começa a iniciar o estádio pré-operatório ou
do pensamento representativo
• A aquisição da noção de permanência do objeto (“objeto
permanente”): torna possível pensar e falar de objetos que estão
fora do campo da perceção imediata da criança

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P á g i n a | 39

Organização de
Atividade modos de agir
Reflexiva (esquemas senso-
(Inata) motores)

Estímulos do exterior: se a criança


não é consolada pelo exterior, tem
tendência ao autoconsolo
(comportamento de retração)

1º fase >18 anos (mais tarde)


Os elementos sensoriais servem Alimentam uma vida mental centrada
apenas para ajudar a organizar na capacidade de representação.
esquemas de ação.
Reflexivo (inato) Volitivo (pela iniciativa/ vontade do
bebé)

Mais resumido:
Meses Inteligência totalmente prática
1º-4º • Esquemas de ação automático - agarrar e chuchar
4º-8º • Atividades centradas no próprio corpo
• Atividades mais dirigidas para o exterior com a coordenação
perceção-motricidade, mas sem intenção
8º-12º • Aperfeiçoa-se a coordenação motora com a intenção de algo
12º-18º • Aprendizagem por tentativa e erro, em que a criança faz
para ver o que acontece (não consegue antecipar)
18º-24º • Noção da permanência do objeto – a criança já tem imagens
mentais dos objetos, quando não estão presentes
Nascimento -> Morte (ao longo do ciclo de vida – novas relações tarefas e
exigências)

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ERIKSON: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL


Primeira idade: Confiança Vs. Desconfiança

Idade: do nascimento aos 18 meses


Questão: Será o meu mundo previsível e protetor?

o Amor da família
o Estimulação de atividades de descoberta

PÓLO NEGATIVO: PÓLO POSITIVO: CONFIANÇA


DESCONFIANÇA
• Em si mesmo;
• Timidez, retrocedimento, • Nos outros.
insegurança quanto às suas
capacidades;
• Pouco à vontade no
confronto dos obstáculos
com o meio.

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Segunda idade: Autonomia Vs. Dúvida e Vergonha

Idade: dos 18 meses aos 3 anos


Questão: Será que consigo fazer as coisas por mim próprio ou tenho de
depender sempre dos outros?

Criança:
 Birras; porquês; vontade de querer fazer as coisas sozinho
 Treino do controlo do esfíncter – retenção/eliminação

o Pais

o Encorajamento
o Controlo firme e
o Críticas e repreensões
tranquilizador

PÓLO NEGATIVO: DÚVIDA E PÓLO POSITIVO: AUTONOMIA


VERGONHA
• No autocontrolo de
• Se a criança falha muitas algumas funções orgânicas;
vezes nas atividades. • Domínio da coordenação
motora;
• Capacidade de manipular
objetos.

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3.2.2. A IDADE PRÉ-ESCOLAR E ESCOLAR. A ESTRUTURA PSICOLÓGICA E OS


ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO COGN ITIVO E PSICOSSOCIAL

PIAGET: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

O estádio pré-operatório (dos 2 anos aos 7 anos)


1) Pensamento Pré-concetual/Transdutivo, centrada na imaginação
(dos 2 aos 4 anos)
2) Pensamento Intuitivo, centrada na perceção dos dados sensoriais
(dos 4 aos 7 anos)

Pensamento Transdutivo/Pré-concetual (dos 2 aos 4 anos)

Egocentrismo
o A criança passa a ser o centro do universo
➢ Muitos divórcios acontecem quando o bebe nasce, porque o
parceiro sente que não tem atenção.
o O seu ponto de vista é o único possível, porque não tem a noção que as
outras pessoas podem ter outra perspetiva.
➢ P.e. Prova da Montanha, birras
“Estou com sede quero beber (não me importa que o médico
tenha dito que eu não o posso fazer)”
o Comportamentos do próprio como causa dos acontecimentos
➢ P.e. “Eu pensei mal do meu irmão. O meu irmão ficou doente.
Logo, eu fiz o meu irmão ficar doente”

Causalidade mágico-fenomenológica
o Atribuição de um relacionamento causa-efeito a dois acontecimentos
sem qualquer relação (a não ser temporal ou espacial)

• Influencia a explicação do que pode causar uma doença


➢ “Porque Deus fez com que seja assim, inventou a doença.”

• Influencia a explicação de como se pode tratar uma doença: a cura da


doença é mágica e imediata.
➢ “Quando tenho um dói-dói a minha mãe dá-me muitos beijinhos de
amor.”

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• Influencia o conceito da criança acerca da prevenção


A prevenção não é compatível, uma vez que não se pode fazer nada para
evitar a doença (fatalismo).

Várias características mentais resultam do predomínio do pensamento mágico:


a) O animismo – tendência para atribuir aos objetos físicos e aos
fenómenos naturais qualidades psicológicas (sentimentos, vontade,
pensamentos e emoções).
b) O realismo – tendência para atribuir a realidades psicológicas uma
existência física (desejos, medos, fantasias…).
c) O artificialismo – tendência para acreditar que os objetos físicos e
acontecimentos naturais são produzidos por pessoas.
d) O finalismo - tendência para acreditar que nada acontece por acidente e,
sobretudo, que tudo tem uma justificação finalista, isto é, existe em
função do fim que cumpre.

Pensamento Intuitivo (dos 4 aos 7 anos)

• Influencia a explicação do que é estar doente


Justificações Tautológicas
Apesar da criança conseguir perceber a relação ambiente/organismo, ainda
não é capaz de associar racionalmente (de forma lógica) o que acontece
entre um e outro.
Associam duas ideias, mas não dá conta do processo de uma coisa e da
outra.
➢ “Se os dentes ficaram sujos, ficam com bactérias. – O que são
bactérias? – São coisas que ficam nos dentes.”

o É ter sintomas (4-6anos) – algo concreto e pontual ≠ processo


➢ “Estar doente é tossir”

o É estar sujeito a fatores externos


➢ “Se tomar medicamentos, por o termómetro, ir ao hospital é
porque estou doente”

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• Influencia a explicação do que pode causar doença


Fenomenismo
A doença é atribuída a qualquer fenómeno concreto e externo (condições
atmosféricas ou a pessoas) que coincida com o início do sintoma.

o Num intervalo temporal ou espacialmente próximo


➢ “Porque vomitaste? – Porque a minha irmã também vomitou e
passou-mo a mim. – O que é que se passou com ela? - Estava
enjoada. Íamos de carro muito rápido e enjoou. - E tu? O enjoo
passa de uma pessoa para a outra? -Sim.”

o Devido à neglicência da criança


➢ “Eu estava a comer chocolate e os meus dentes caíram”

• Influencia a vivência da dor


Fenomenismo
A dor com causa única, visível (p.e. picada de uma injeção; queda – a
criança chora por uma dor que não é assim tão forte) e próximo no
tempo/espaço.

o A dor como um fenómeno puramente físico e aversivo

o A criança verbaliza medo, dor e desconforto, mostrando diversa reações


comportamentais (sobretudo localizadas na região dolorosa)

o Deturpação da experiência dolorosa, criando expectativas muito


exageradas do perigo e do sofrimento associadas aos procedimentos.
➢ p.e. medo de morrer com as análises porque lhe vão tirar o sangue
todo (agulhas)

• Influencia a avaliação da gravidade da doença


o Realizada com base nos dados percetíveis.
➢ “A pior doença é ficar maldisposto a vomitar”

• Influencia a explicação de como se pode tratar uma doença


o Ausência da noção dos mecanismos inerentes à cura/alívio dos sintomas
da doença.

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“Como é que se cura a dor de cabeça? – Com aspirina. – E o que é uma


aspirina? – Uma coisa redonda. – E porque cura? – Não sei.”
o Devem dar-se explicações à criança recorrendo à banda desenhada, aos
bonecos ou outro tipo de ilustrações concretas (suporte visual, facilita a
compreensão das crianças)
➢ p.e. paredes das salas com figuras, tornar uma coisa ameaçadora
em algo positiva, harmoniosa

• Influencia os métodos utilizados para diminuir a dor


o A criança aceita mais facilmente métodos concretos e que tenham um
efeito (aparente) de alívio imediato da dor (fenomenismo).
➢ Por um penso para diminuir a dor, o mesmo com o gesso

o Recorrer a estratégias distrativas orientadas pelo adulto


➢ Respiração profunda (balões, apitos ou língua da sogra)
➢ Relaxamento muscular (bate as mãos com muita força e depois
sente os braços muito

o Em crianças com um estilo de confronto por aproximação


➢ Pedir-lhe a colaboração (p.e. pegar no penso, segurar num
instrumento)

o Ter cuidado com o poder sugestivo da linguagem


➢ P.e. abrir, picar, cortar…
Podem ser entendidas literalmente no seu sentido mais aterrador
e provocar um verdadeiro pânico

• Influencia a perspetiva que a criança tem do tratamento


o Se a criança está saudável não antecipa que poderá ficar doente, e vice-
versa.
➢ P.e. as crianças não percebem a possibilidade do gesso na sua perna
para poder reverter o facto de ela estar partida; assim, não veem a
perna engessada como um processo de cura, mas como algo
aborrecido e desconfortável.

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Centrada numa só dimensão percetiva


(o copo mais alto tem mais água, porque só tem em conta a dimensão altura)
o Ausência da conservação dos líquidos

Centram-se apenas numa dimensão (percetiva) dos objetos dos cuidados


médicos, sem serem capazes de atender ao critério da sua funcionalidade, ou
seja, para que servem.
Ex. Uma agulha muito grande vai fazer doer muito; uma máquina de Raio-X,
muito grande, faz coisas que doem muito.
➢ Tamanho da agulha, dimensão do aparelho do raio X… (se a agulha é
enorme causa mais pânico)

Capacidade de Classificação
(Colocar juntas as peças mais parecidas)
2/5 – 4 Anos
Coleção de figuras

o Feita com base apenas numa única dimensão


o Confusão entre procedimentos preventivos, terapêuticos e de
diagnóstico

4/5 – 6 Anos
Coleção de figuras com base numa única dimensão (cor ou forma)

Ou

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Confusão entre procedimentos preventivos, terapêuticos ou de diagnóstico


Algodão, agulha, penso, ambiente clínico, comuns procedimentos de:
o Vacinação
o Injeção
o Análises clínicas

Classificação na mesma categoria, com base em características idênticas


“todos servem para o mesmo”

Irreversibilidade
Incapacidade de inverter ou modificar mentalmente ações
➢ P.e. “Tens uma irmã? – Sim. E a tua irmã tem um irmão? – Não”

Se criança está saudável não antecipa que poderá ficar doente, e vice-versa.

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ERIKSON: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL


Terceira idade: Iniciativa Vs. Culpa

Idade: dos 3 anos aos 6 anos

Questão: Serei bom ou mau?

Criança:
 A preocupação da criança com a moralidade ou aceitabilidade dos seus
comportamentos

Comportamento exploratório e curioso (inclusive pelas


questões sexuais do corpo e das diferenças entre os sexos)

Toma a iniciativa Pais:


Limitações à
iniciativa

Início da autocrítica (a criança preocupa-se com a


moralidade ou aceitabilidade dos seus comportamentos

o Conflito mal resolvido o Tarefas


desenvolvimentista

PÓLO NEGATIVO: CULPA PÓLO POSITIVO: INICIATIVA

• Perda da iniciativa, medo e • Sentimento de iniciativa


sentimentos de culpa com a capacidade de
excessivos julgamento crítico.

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• Influencia a explicação do que pode causar uma doença


a) A criança não consegue explicar o que é estar doente (4 anos)
Confunde “estar mal” com “ser mal” – noção de moralidade: a doença
como castigo por algo que não devia ter feito
b) A doença surge devido à negligência da criança
“constipei-me porque fui para a rua sem casaco” - Fiz aquilo que não
devia ter feito

• Influencia a vivência da dor


Algumas crianças vêm a dor como castigos de comportamentos,
pensamentos ou como consequências de transgressões

➢ “comer demasiados chocolates faz mal à barriga” – Pais: “És bem


feito! Eu disse-te!”

• Influência da explicação acerca de como se pode tratar uma doença


Adesão rígida a certas regras permitirá a recuperação automática

➢ Ex. Tomar remédio, ficar na cama

Redução do Egocentrismo (começa a perceber que nem tudo pode ser à sua
maneira)
• A comunicação é mais socializada, embora as amizades digam quase
exclusivamente respeito a indivíduos do mesmo sexo
• A criança começa a perceber a perspetiva do outro – perspetivismo
(novas maneiras de ver as coisas – prova da montanha)
• A criança já consegue identificar o que via a boneca (“o urso”) da posição
em que se encontrava, independentemente da perspetiva da própria
criança

Capacidade de Descentração
No entendimento do mundo físico

Perceber a dimensão dentro e fora de aula, por exemplo.

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Pensamento centrado nas operações lógico-concretas

Descentração: consideração de mais do que uma variável de situação

• Influencia a explicação do que pode causar uma doença


o Um agente externo (ex. Germe, sujidade, frio) ao tocar a superfície
do corpo ou ao estar próximo (mesmo sem contacto)

o Contaminação – causa a doença no seu interior – internalização


➢ “O meu amigo bebeu o copo de água de uma pessoa
doente, e ficou doente.”

• Influencia a explicação do que pode causar uma doença


o Explicação do conceito “micróbio” ainda é confusa:

a) Ação semelhante a um inseto


➢ “os micróbios não se veem, entram quando eu estou a
dormir por um sítio do pijama”; “É micróbio é um bicho
mau que pica!”

b) Ação semelhante a outro bicho


“São bons escavadores, melhores que cães.”

c) Associado à sujidade
“Sabes onde estão os micróbios? - Estão na sujidade e se
fizeres uma ferida podem entrar. Eles andam pelos sítios
poluídos”
Início da perceção de controlo sobre a doença
a) Evitando certos contactos
➢ “Não estar próximo de pessoas doentes”
b) Adotar cuidados de higiene
➢ “Tomar banho é importante porque o que é sujo faz mal.”
c) Aderindo a comportamentos preventivos
➢ Lavar as mãos antes de comer
Os profissionais de saúde devem estar atentos às distorções da informação
➢ Medo das cirurgias por abrir orifícios onde entram germes. Porque as
crianças acham que contamina o corpo.

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• Influencia a vivência da dor


o Compreende causas orgânicas da dor, embora possa recorrer a
causas centradas no próprio comportamento, mas interligando-se
com o funcionamento orgânico.
➢ “Comer muitos chocolates provoca dores de barriga, por
que causa o mau funcionamento dos intestinos.”
o A criança já tem noção das diferentes intensidades da dor e dos
diferentes tipos de dor.
➢ Escalas de avaliação de dor (dói pouco, muito, etc…)

• Influencia a compreensão do funcionamento do corpo humano

• Influencia a explicação do que é estar doente


Utilização de analogias do mundo para explicar as doenças (a criança
encontra explicações com base no que é concreto e familiar, isto é,
naquilo que observam)
➢ “Um ataque de coração é quando o coração para, como uma
bomba que para.”

Classificação hierárquica

Conhecimento da existência de
várias formas válidas para classificar
Coloca juntas as peças mais
um grupo de objetos, os quais
parecidas
podem pertencer simultaneamente
a deferentes classes

• Influencia a compreensão de informação à promoção da saúde


➢ “Quais os alimentos importantes que devo consumir…”
Conferindo a primeira noção mais diferenciada do que é um “micróbio”

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➢ “Vêm do ar, da água, de vários sítios e são os vírus, as bactérias, os


fungos e outro nome que não me lembro”. Para além disso, também têm
a ideia que nem todos os micróbios são maus.

• Influencia a explicação do que pode causar uma doença


A doença como ocorrência de um conjunto de sintomas múltiplos
o Agrupamento de vários sintomas como pertencendo à mesma
doença.
➢ Noção da gravidade dos sintomas
o A criança tem em consideração diversos aspetos envolvidos no
“estar doente”, como fatores sociais (ficar afastado dos amigos) e
biológicos (comer bem para se fortalecer)
➢ Para eles, estar doente é também não estar com os amigos:
“Quando estou doente, não posso estar com os meus
amigos.”
o Envolve múltiplos critérios na avaliação da gravidade da doença:
a) Grau de contágio
➢ Noção da gravidade
b) Possibilidade de cura
➢ “Eu acho que o tumor é mais grave que as
constipações.”
c) Sintomatologia
➢ “Às vezes as doenças mais graves são as que doem e
duram mais.”

Reversibilidade
Realização de operações mentais em que o processo de mudança é anulado,
voltando ao original somente conteúdos concretos (não sobre ideias abstratas)

• Influencia a explicação de como se pode tratar uma doença


Perceção de maior controlo sobre a doença com a possibilidade de cura.

• Influencia a explicação de como se pode tratar uma doença


Maior facilidade em compreender a cura quando:
→ São utilizados conhecimentos da realidade infantil para explicar os
tratamentos

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➢ Se queremos ter um carro mais pequenino (menor


obesidade) temos de lhe pôr menos gasolina.”
→ O medicamento passa pela superfície doente
➢ Garganta
→ O medicamento entra em contacto com a pele
➢ “A varicela cura-se com uns pós.”
→ Os efeitos imediatos
➢ “O penso depois da vacina, serve para curar.”
→ Cumprindo certas indicações
➢ “Sei que quando estou doente tenho que tomar
medicamentos, ficar na cama (…)”

• Influencia os métodos para diminuir a dor


Utilização de métodos concretos:
→ Desenhos;
→ Banda desenhada;
→ A criança adota estratégias mais ativas para confrontar a dor
quando incentivada pelo adulto a fazê-lo.
➢ Distração: durante a vacina, o adulto pede à criança para
olhar para outro lado, para a rua, a parede com desenhos,
etc…

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ERIKSON: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL


Quarta idade: Realização Vs. Inferioridade

Idade: dos 7 anos aos 11 anos

Questão: Serei competente/incompetente?

Entrada na escola Novas relações sociais


Deixa o faz-de-conta e Os professores e colegas
ganha interesse pelo apreciarão ou não, aquilo
trabalho sistemático que a criança faz pelo grau
(aprende a ler, escrever, de competência no
fazer cálculos) desempenho de tarefas

Pretende obter o
reconhecimento e o respeito
dos colegas e professores para
se se autovalorizar

O fracasso A falta de apoio, de


persistente no incentivo, de atenção
desenvolvimento
destas competências

Conflito mal
resolvido

PÓLO NEGATIVO: PÓLO POSITIVO: REALIZAÇÃO


INFERIORIDADE
• Sentimos saudável de
• Sentimento de realização, autoconfiança e
inadequação/inferioridade
identidade.
quando ao sentir que não
• Pessoa potencialmente útil
consegue realizar algo de
e produtiva para a
forma produtiva, a criança se
desencoraja para realizar o sociedade
trabalho e para competir (de
forma saudável) com os seus
colegas em importantes áreas
do desempenho

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Tarefa desenvolvimentista Conflito mal resolvido

Confiança Desconfiança 0-18 meses


Autonomia Dúvida e Vergonha 18 meses-3 anos

Iniciativa Culpa
3-6 anos
Realização Inferioridade 7-11 anos

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3.3.3. A PRÉ-ADOLESCÊNCIA E ADOLESCÊNCIA. A IDENTIDADE E


OUTRAS DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO. O CONTEXTO SOCIAL E
AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
Puberdade/ Pré-adolescência
Desenvolvimento Físico

Alterações Hormonais Maturidade sexual (mudanças


biológicas/maturação fisiológica dos sistemas)
▪ Acne;
▪ Pelos;
▪ Crescimento ósseo;
▪ Alturas e formas do
corpo…

Características sexuais primários Características sexuais secundários


Maturação dos órgãos reprodutores e São os traços corporais que se desenvolvem
genitais externos durante a puberdade, e que acentuam a
diferença anatómica entre mulheres e homens.

Alterações visíveis no exterior do corpo que assinalam a maturação sexual, mas


que não envolvem os órgãos reprodutores
➢ Aumento da pilosidade, aumento dos seios nas raparigas, mudança de
voz, etc…

As transformações físicas começam quando o hipotálamo, área situada na base


do cérebro, estimula a glândula pituitária a segregar hormonas.

Sequência de desenvolvimento pubertário em ambos os sexos


Raparigas Rapazes
▪ Início do aumento dos seios; ▪ Início do crescimento dos testículos;
▪ Pelos púbicos lisos e pigmentados; ▪ Pelos púbicos lisos e pigmentados;
▪ Menarca; ▪ Início da mudança de voz;
▪ Pelos púbicos “encaracolados”; ▪ Primeira ejaculação;
▪ Crescimento mais intenso; ▪ Pelos púbicos “encaracolados”;
▪ Aparecimento de pelos axilares. ▪ Crescimento mais intenso;
▪ Aparecimento de pelos axilares;
▪ Mudança nítida da voz
▪ Desenvolvimento de barba.

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Adolescência
Vem do latim “adolesco” = crescer
Existem múltiplas definições de adolescência e seus limites:

É um período propício ao desenvolvimento de atitudes e de comportamentos


saudáveis. Todo este processo apresenta um conjunto de necessidades internas
que exigem uma resposta, que o adolescente deve levar a cabo para atingir a
idade adulta.
• Modificação da relação com o corpo;
• Definição da identidade sexual;
• Modificação da relação com os pais;
• Modificação da relação com os companheiros.

MORATÓRIA PSICOSSOCIAL
É um período caracterizado por diversas opções à disposição e que o jovem
pode experimentar ludicamente sem ter de assumir o compromisso de adulto
(Erikson).
Processo de procura ativa – experimentação de vários papéis

OMS (Organização Mundial da Saúde):


▪ Adolescência – período dos 10 aos 19/20 anos.
1) Puberdade (10 – 13 anos)
2) Adolescência intermédia (14 – 15 anos)
3) Adolescência tardia (16 – 19 anos)
▪ Juventude – o período entre 15 e os 24 anos.
▪ Jovem – o período entre 10 aos 24 anos.

Adolescência e Saúde
• Crescimento contínuo – vive satisfação com a sua pessoa (tranquilidade);
• Crescimento por ondas – mais propensos à depressão, possuem
mecanismos de defesa mais rígidos;
• Crescimento tumultuoso – baixa autoestima (autoconceito diminuído)
➢ Não confiam neles, pensam que são inferiores por não serem assertivos,
nem independentes dos seus pais. Não conseguem comunicar sem
serem agressivos.

Adolescentes e família
A família do adolescente desempenha um papel fundamental no seu
desenvolvimento social e afetivo, na medida em que funciona como “porto de
abrigo” para o adolescente.

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P á g i n a | 58

Assim, a relação do adolescente com a sua família influencia decisivamente o


modo como como este se irá relacionar com os outros e o modo como se vai
inserir na sociedade. Normalmente desenvolve o mesmo padrão que aprende
na infância.

Família, estrutura e funções


A família tem como funções primordiais o desenvolvimento e a proteção dos
seus membros (função interna) e a sua socialização, adequado e transmissão de
determinada cultura (função externa)

A forma como se organizam estas relações, que se desenvolvem entre os


membros e no interior de cada um (dentro do sistema familiar), coincide com a
estrutura da família, traduzindo na prática o conjunto de interações
preferenciais.

Desenvolvimento Socio Afetivo/Adolescência e sexualidade


• A sexualidade do adolescente engloba emoções, os comportamentos e as
atitudes que estão associadas não apenas a capacidade de reprodução,
mas também aos padrões sociais e pessoais que acompanham as
relações físicas íntimas, durante vida do ser indivíduo.
• O desenvolvimento da sexualidade envolve a aprendizagem de padrões
de comportamentos e papéis esperados pelos dois sexos.
• A gravidez e maternidade na adolescência.

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PIAGET: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO


O estádio das operações formais (a partir dos 11 anos)

Pensamento abstrato, hipotético – dedutivo, combinatório e proposicional,


capaz de alcançar o mundo dos possíveis e a ele subornar o real, de dominar
dupla reversibilidade e proceder por dissociação de fatore suscetíveis de
estarem envolvidos em determinado fenómeno.

O desenvolvimento cognitivo dá-se a partir de estruturas (que se relacionam


umas com as outras) organizadoras (os esquemas cognitivos) através do
processo de equilibração (assimilação e acomodações)

P.e. “criança lobo” não tem esquemas cognitivos (aquilo que vou apreendendo
e acomodando)

A aprendizagem é gradual na qual o adolescente vai se capacitando, e é capaz


de utilizar estratégias lógicas.

O período da adolescência, é caracterizado por Piaget como estádio das


operações formais, é de grande importância para o desenvolvimento cognitivo
(intelectual) do indivíduo, visto que este é o momento que o jovem levanta
hipóteses sobre os diversos tipos de conhecimento.

Raciocínio hipotético-dedutivo: Pensamento que pode imaginar possibilidades,


testar hipóteses e construir teorias…

Teoria de Piaget Pensamento Formal


• Operações formais (elaboração • Conjunto mais extenso de conhecimentos.
gradual das estruturas mentais, ou Capacidade mais rápida e automática na
seja, dos padrões para atividades resolução de problemas.
intelectuais, através das • Os adolescentes são capazes de pensar
experiências de equilibração) sobre: pensamentos, palavras, ideias,
• Maior capacidade de abstração. conceitos e hipóteses e conseguem fazê-lo
• Maior flexibilidade normal. em relação a uma vasta gama de fenómenos
que vão desde aspetos do mundo físico a
conceitos reais e ideias do eu.

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P á g i n a | 60

ELKIND: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E O


EGOCENTRISMO
“Quando entram no novo estádio, os adolescentes colocam-se muitas vezes,
numa posição de egocentrismo. (…)”
Sprinthall e Collins
▪ Não consegue ver perspetivas que outros possam ter
▪ Autores importantes; Sprinthall e Collins, que dizem que os adolescentes
são o centro do seu mundo interpessoal

A Narrativa Pessoal
Esta ideia relaciona-se com uma crença muito enraizada que o indivíduo possui,
segundo a qual ele é único - a ideia de que mais ninguém no mundo consegue
compreender a forma como ele se sente.

O adolescente faz uma narrativa pessoal, contando uma história a si própria/o


e/ou aos outros que não corresponde à verdade.

O Público Imaginário
Uma segunda característica comum do egocentrismo do adolescente relaciona-
se com a capacidade crescente para assumir a perspetiva das outras pessoas.

Nesta fase, o adolescente apresenta duas perspetivas:


• Pensamento “Imediatista” – obter prazer em curto prazo e, dificuldade
em pensar nas consequências a longo prazo.
• Otimismo Comparativo – tendência para ver o seu futuro como mais
positivo que o futuro dos outros.

A falta de perceção de risco na adolescência tem sido uma hipótese colocada


por vários autores para explicar a elevada frequência de comportamentos de
risco nesta etapa do desenvolvimento.

Como consequência do egocentrismo típico da adolescência, poderá́ tornar-se


“numa convicção de que não vai morrer, acontecerá a outros, mas não a ele”
(Elkind, 1967)

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P á g i n a | 61

Adolescência:
• Luto dos Imagos dos pais
• Luto do corpo infantil
• Escolha do par heterossexual (ou outro)
• Reafirmação da família (esteve mais distanciado, mas volta-se a
aproximar com outra mentalidade e tolerância, isto é, “cresce”)

COMPORTAMENTOS DE RISCO (Psicopatologia)


Podem ser normativos ou ameaçadores.
→ Atividade física
Segundo a OMS, os
adolescentes têm de fazer no
mínimo 60 minutos de exercício
físico.

→ Sono
Polissonografia (estudo do
sono): tem como principal
objetivo o diagnóstico de
doenças que se manifestam
durante o sono.

→ Nutrição (Doenças de
Comportamento Alimentar-
DCA) 

• Anorexia
“falta de apetite”

• Anorexia nervosa
“distúrbio emocional, recusa de alimentação, medo de ficar obeso.”

• Obesidade
“excesso de gordura, capaz de afetar a saúde.”

• Bulimia nervosa
“preocupação exagerada e medo de ganhar peso com episódios de
voracidade alimentar (comer em excesso), seguidos de
comportamentos compensáveis.
→ Consumo

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Etapas desenvolvimentistas:

I. Mudanças no domínio fisiológico, cognitivo, social e emocional


II. Modificações na relação com o corpo, com os pais, com os pares
III. Autonomia, independência, construção da identidade
IV. Curiosidade pela experimentação
V. Desejo de aventura e transgressão
VI. Necessidade de aprovação social
VII. Prazer na descoberta e procura de novas sensações

Fatores de proteção
→ Apoio da família/amigos
→ Espaços de apoio ao aluno
→ Espaço de educação para a cidadania, saúde e desenvolvimento pessoal
social

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P á g i n a | 63

Maior probabilidade de
comportamentos de risco

Ameaçadores Normativos OC (Otimismo Comparativo)


p.e. “excesso do padrão” p.e. “meio copo de cerveja” Perceção de
invulnerabilidade do risco (a
ideia de que o mau só
acontece aos outros)

HSBC (Health Behavior in


School aged Children)
Estudo de 4 em 4 anos, que
analisa o estilo de vida dos
adolescentes em 44 países e
os vários comportamentos
em diversos cenários

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P á g i n a | 64

ERIKSON: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL


Quinta idade: Identidade Vs. Difusão da identidade

O sentimento de identidade estabelece-se através de um espaço/tempo


próprio onde provavelmente pela primeira vez o jovem será responsável por si
próprio. Através do desenvolvimento de relações com os seus pare, quer de
carácter amoroso quer de amizade.

A formação da identidade é encarada como um processo integrador das


transformações pessoais, das exigências sociais e das expectativas em relação
ao futuro. Envolve o sentido de unicidade.

O adolescente desenvolve a fidelidade, ou seja, a capacidade para confiar nas


outras pessoas, em si próprio e, capaz de se devotar a uma causa.

Uma das características da adolescência é a reformulação da identidade. O


adolescente vai esboçar a sua vida amorosa (intimidade). Construir a idade
sexual. A época do primeiro amor e da procura de uma relação sexual ou dos
seus equivalentes, amor-ternura.
Idade: dos 11 aos 18/20 anos

A adolescência é como uma “revolução fisiológica e psicossocial”

Questão: Quem sou eu? Qual o lugar que ocupo na sociedade? O que quero ser
no futuro?

PÓLO NEGATIVO: DIFUSÃO DA PÓLO POSITIVO: IDENTIDADE


IDENTIDADE
• O adolescente vai adquirir
• Sensação de ser estranho uma identidade
na sua própria casa. Esta psicossocial, isto é,
estranheza impede o compreende e constrói,
estabelecimento de um singularmente, o seu papel
núcleo estável da no mundo.
personalidade.

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A identidade dá um sentido histórico à existência da pessoa, que se constrói


tendo por base as representações feitas a nós mesmos.
➢ P.e. Uma mãe que diferencia os filhos, faz com que eles interiorizem as
ideias erradas que ela diz, impedindo a autoconfiança.

Para Erikson:

▪ O jovem é chamado a desempenhar múltiplos papéis, isto é, para ele não é


fácil conjugar todas as alterações com as expectativas e esperanças sobre o
futuro.

▪ Vivencia situações/papéis em que se sente bem e outros que lhe são


estranhos. Para ele não é fácil conjugar todas as alterações com as
expectativas e esperanças sobre o futuro.

▪ Desenvolver um sentido de identidade essencial, o ego tenta estabelecer


um sentido de coerência (autoconceito coerente) autoestima, autoimagem.

Autoconceito: perceção que tem de si próprio e o conceito que forma de si. É


uma parte da identidade.

Identidade pessoal Identidade difusa

Influencia:
• Alterações significativas do corpo;
• Sobrevalorização dos amigos;
• Maior suscetibilidade aos comentários de amigos/conhecidos…;
• Pressão da “media”.

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Moratório Psicossocial

Dos 13 aos 18/20 anos, é um processo de procura ativa que tem como objetivo
principal preparar-se para estabelecer compromissos (procura de alternativas)

É um período de pausa necessária a muitos jovens, de procura de alternativas e


experimentação dos papéis que via permitir um trabalho de elaboração interna.

As moratórias são caracterizadas pelas necessidades pessoais, mas também por


exigências socioculturais e institucionais.

“Cada sociedade e cada cultura institucionalizam uma certa moratória para a


maioria dos jovens.”
Erikson (1976)

A construção de identidade é feita ao longo da vida, mas é nesta fase que se


processa o essencial para tal. No entanto, os estádios não podem ser vistos
como períodos isolados, uma vez que acabam por interagir uns com os outros
(fases anteriores deixam “marcas”)

Portanto, na adolescência:

• O jovem consegue a sua autonomia (novas responsabilidades)


• Desenvolvimento de relações íntimas (amorosas, de família, amizades…)
• Fim da educação formal e início da atividade profissional
• Parentalidade

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3.3.4. A IDADE ADULTA. O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE. O MODELO


DOS CINCO FATORES. O PENSAMENTO PÓS-FORMAL E A RESOLUÇÃO PRÁTICA DE
PROBLEMAS
A IDADE ADULTA
65 anos
20 anos 35 anos

Jovem Adulto Adulto

• Desenvolvimento em vários domínios da vida


• Mudanças mais graduais com avanços e recuos

Desenvolvimento Cognitivo – Schaie e Willis (2000)


Jovem Adulto dos 20-35 anos
Pensamento relativista: Progressivo aumento de características como:
▪ Flexibilidade: Reconhecimento de que existem muitos pontos de vista
▪ Individualidade: Interpretam o que leem, veem ou ouvem em termos de
significado pessoal (psicológico ou metafórico) – jovem adulto introduz
mais espessura na sua informação.
▪ Incerteza: Consistência de que não existe uma única resposta certa (p.e.
diferentes pessoas em diferentes sociedades têm diferentes valores, por
isso, os fluxos migratórios, enriquecendo ambas as culturas)
▪ Intuição e Emoção: Pensamento automático, baseado na experiência

Modelo que estipula 7 estágios sobre a forma como o pensamento é utilizado


ao longo das diferentes etapas da vida.

Estágio aquisitivo Estágio realizador

Pensamento Pensamento
centrado no que é centrado em utilizar
preciso saber e aquilo que sabe para
que competência o indivíduo alcançar
a adquirir para os seus objetivos
indivíduo se sentir profissionais e
com valor familiares.
Infância e Jovem adulto (20 aos
adolescência 30 anos)

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Desenvolvimento Psicossocial

Marcos de entrada na vida adulta:


• Do ponto de vista legal (a partir 18 anos)
o Alistamento na tropa
o Pode causar sem ter a permissão dos pais
o Estabelecer contactos
• Do ponto de vista social
o Autossuficiente
o Escolha de uma carreira – maior facilidade em mudar
o Casamento ou outra relação significativa

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MODELO DE CRISES NORMATIVAS


ERIKSON: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
Sexta idade: Intimidade Vs. Isolamento

Idade: dos 20 aos 30 anos


Questão: Deverei partilhar a vida com outra pessoa ou deverei viver sozinho?

PÓLO POSITIVO: INTIMIDADE


PÓLO NEGATIVO:
• O adulto não tem medo de
ISOLAMENTO
perder a sua identidade na
• Incapacidade
~ de entrega e relação íntima à identidade
de fidelidade com uma de alguém;
relação; • Capacidade de sacrifício e
• Relações superficiais não de fidelidade;
gratificantes; • Ligações sociais estáveis e
• Isolamento, solidão e abertas.
sensação de que falta algo
para se sentir completo.

Procura relações íntimas, profundas, significativas e duradouras


• Crise(s) anterior(es) resolvida(s) pela positiva, sobretudo a identidade
• Capacidade de transformar o amor recebido enquanto criança e
adolescentes em devoção e entrega
• Segurança acerca de quem é e do que quer da vida

Casamento (tarefas psicológicas):

• Redefinir a ligação com a família de origem do cônjuge


• Construir intimidade sem sacrificar a autonomia
• Ajustar as relações com os pais enquanto se preserva a privacidade
• Lidar com as crises sem enfraquecer o laço marital
• Permitir a expressão segura do conflito
• Estabelecer uma relação sexual satisfatória, independentemente das
exigências do trabalho e da família
• Partilhar divertimentos e gargalhadas

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• Prestar cuidados e suporte emocional


• Manter o romance enquanto se encara a real

Outros estilos de vida do Jovem Adulto (20 aos 39 anos)


A exclusão, na teoria de Erikson dos estilos de vida dos solteiros, celibatários,
homossexuais, deixa em aberto outras alternativas de desenvolvimento
saudável.

Fatores subjacentes à escolha de ficar solteiro:


• Mulheres mais autossuficientes
• Menor pressão social para casar
• Desemprego
• Gosto pela liberdade sexual
• Considera-se excitante ser-se solteiro
• Gostar de estar sozinho
• Ter liberdade de correr riscos (sofre as consequências dos seus próprios
erros, mais ninguém é implicado)
• Medo de que o casamento acarrete o divórcio
• Indivíduos ocupados, ativos e seguros acerca deles próprios

Relações homossexuais
• Pequena minoria
• Procura de amor, companheirismo e prendimento sexual, semelhante às
relações heterossexuais

Tarefa: Revelar abertamente a orientação homossexual – processo lento e


doloroso, ocorrendo em 4 etapas (King, 1996)
i. Reconhecimento de ser homossexual
→ Idade varável
→ Experiência solitária, dolorosa e confusa
ii. Conhecer outras pessoas homossexuais e estabelecer relações
românticas e sexuais
→ Idade adulta
→ Diminuição dos sentimentos de isolamento
→ Melhora a autoimagem

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Fatores de proteção

Casamento
• Satisfação de necessidades fundamentais:
o Intimidade;
o Amizade;
o Preenchimento sexual;
o Companheirismo.
• Baseadas em interesses e valores comuns;
• Entre pessoas da mesma geração ou da mesma etapa de vida familiar;
• Entre pessoas do mesmo sexo;

• Mulheres: partilha de sentimentos e confidências;


• Homens: sexo, ajuda prática, companheirismo, fazer coisas juntos.

o Êxito no casamento está intimamente associado à forma como os


cônjuges comunicam, tomam decisões e lidam com conflitos.

Amizades
• Baseadas em interesses/valores comuns;
• Entre pessoas da mesma geração/mesma etapa da vida familiar;
• Entre pessoas do mesmo sexo.

Melhoria na saúde:
• Saudáveis fisicamente e psicologicamente;
• Maior longevidade;
• Vidas mais seguras;
• Encorajamento mútuo à adoção de cuidados de saúde;
• Atribuição de um significado ou sentido ou sentido de coerência na vida;
• Minimização do stress através do suporte emocional;
• Menos condições crónicas e internamentos hospitalares menos
duradouras.

Elevado Quociente Emocional


• Capacidade de compreender e de regular as emoções:
o Autoconsciência – reconhecer os nossos próprios sentimentos;
o Autocontrolo – lidar com os nossos próprios sentimentos;
➢ P.e. rejeição ou desencorajamento, ser capaz de adiar a
gratificação
o Empatia – reconhecer os sentimentos dos outros;
o Controlo dos impulsos – para lidar com os sentimentos dos outros.

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Fatores de risco

Nível de relações íntimas

• Insatisfação com relações de amor e/ou amizade;


o Isolamento;
o Preocupação por estar sozinho.
• Enfoque na carreira que leva a falta de tempo para relacionamento;
➢ P.e. “Eu neste momento acabo por ter pouco tempo por causa do
trabalho, e aquele pouco tempo que tenho disponível é para estar
com a minha família. Daí não ter grande relacionamento com
grandes amigos.”.
• Dificuldade em experimentar a homossexualidade;
• Incapacidade para realizar tarefas psicológicas do casamento;
• Divórcio
o “Relações infelizes são piores do que nenhuma” – duplicou desde
1970
o Motivos:
▪ Mulheres financeiras independentes;
▪ Proteger as crianças das consequências dos conflitos
parentais contínuos.
➢ P.e. Pôr fim ao casamento, quando a mãe se apercebe
que já não é só ela que está a sofre, também o seu filho
está, uma vez que durante uma briga entre casal o filho
de 4 anos interrompeu a mesma para defender a mãe.”.
o Consequências:
▪ Sentimentos negativos (falhanço, culpa, hostilidade);
▪ Sentimentos positivos (alívio, esperança);
▪ Aumento das doenças e mortalidade;
▪ Depressão (zanga virada contra o próprio);
▪ Pensamento desorganizado.

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Nível parental

• Infertilidade
o Incapacidade para conceber após 12-18 meses de tentativas;
Consequências:
o Provoca alterações na intimidade (casal deixa de fazer amor para
passar a fazer filhos);
o Desgaste emocionalmente o casamento;
o Homens: frustração, zanga, vazio, sem valor, deprimidos;
o Mulheres: dificuldades em aceitar a incapacidade de fazer algo
natural e fácil para outras mulheres.
• Dificuldades na educação dos filhos;
• Enfoque nos filhos em detrimento do casamento.

Nível profissional

• Dificuldades em encontrar trabalho compatível com habilitações;


• Grandes exigências – assertividade;
• Competitividade.
o Entre os 20-30 anos, período de grande tensão:
▪ Encargos financeiros (quando a capacidade financeira é
ainda relativamente pequena);
▪ Escolhas cruciais (antes de ter maturidade para escolher
com sabedoria): profissão, casamento, paternidade e estilo
de vida.
o No início dos 30 anos, o sentimento de que a vida que leva não
corresponde ao que tinha sonhado:
▪ Sensação de urgência para modificar a vida o mais
rapidamente possível, criando ruturas significativas.

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PIAGET: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO


Idade: dos 35 aos 65 anos
Raciocínio abstrato formal, de observação e análise desapegada e objetiva
sobre fenómenos físicos.

Pensamento Pós-formal e resolução prática de problemas – Sinnot, 1984


• Características de toda a fase do adulto e do idoso;
• Raciocínio sobre dilemas sociais;
• Depende de sentimentos subjetivos, da intuição, da lógica e da
experiência de vida do próprio indivíduo.

a. Capacidade de mudança…
…de um raciocínio abstrato para considerações práticas do mundo
real.
➢ P.e. “Isto pode resultar no papel, mas não na vida real.”.

b. Múltiplas causas e soluções sobre o mesmo problema…


…, no entanto, algumas soluções têm mais possibilidades de
resultar do que outras.

c. Pragmatismo
…escolha da melhor solução com base na sua aplicabilidade a
questões do dia-a-dia.
➢ P.e. “Se quer a melhor solução faça A, se quer a solução mais
rápida faça B.”.

d. Consciência de Paradoxos
…que a solução de um problema traz ganhos e perdas.

-Flexível -Incerteza
Lidar com...

-Aberto -Contradição
-Adaptativo -Imperfeição
-Individual -Compromisso

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HORN & CATTEL: DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL


Inteligência Fluída Vs. Inteligência Cristalizada

Diminuição da inteligência fluída (inteligência que idosos não têm tanto)

• Capacidade para pensar sobre novos problemas que exigem pouco ou


nenhum conhecimento prévio;
➢ P.e. capacidade de raciocínio, atenção, memória.
• Mais dependente de fatores neurológicos;
• Tende a declinar com a idade.
o Capacidade de adaptação tende a diminuir

Aumento da inteligência cristalizada

• Capacidade para recordar e usar informações armazenadas durante a


vida inteira;
➢ Compreensão verbal, capacidade de raciocinar sobre dilemas
sociais e problemas práticos, tais como: o que fazes se o meu filho
está meia hora atrasado para chegar à escola? O que fazer
perante uma inundação?
• Mais dependente da educação (escolaridade elevada) e da experiência
cultural;
• Mantem-se ou aperfeiçoa-se com a idade.

→ As pessoas de meia-idade tendem a ser boas solucionadoras de problemas,


capazes de compensar quaisquer perdas a outro(s) nível(eis).

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ERIKSON: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL


Sétima idade: Generatividade Vs. Estagnação

Idade: dos 30 aos 60 anos


Questão: Serei bem-sucedido na minha vida afetiva e social?; Produzirei algo
com verdadeiro valor?; Conseguirei contribuir para melhorar a vida dos outros?

PÓLO POSITIVO:
PÓLO NEGATIVO: GENRATIVIDADE
ESTAGNAÇÃO
• Capacidade para ser
• Preocupação
~ exclusiva com criativo e produtivo em
o próprio, com o seu bem- várias áreas da vida (p.e.
estar e posse materiais ter filhos
(virado para o seu umbigo) • Preocupação com as
• Ausência de doação gerações vindouras (o
• Egoísmo indivíduo não é egoísta,
devolve aos outros o que
recebeu)
• Empenho em tornar o
mundo num lugar melhor
para viver (deixar algo bom
no mundo)

Casais sem filhos


• A exclusão na teoria de Erikson de estilos de vida de casais sem filhos,
deixa em aberto esta alternativa de desenvolvimento saudável;
• Decisão tomada antes do casamento ou adiada.

Motivos subjacentes à decisão de não ter filhos:


• Concentração nas carreiras ou em causas sociais;
• Maior conforto em lidar com pessoas adultas;
• Crença de que não serão bons pais;
• Manter a intimidade da lua-de-mel;
• Gozar a liberdade de viajar ou de tomar decisões repentinas;
• Evitar as despesas financeiras subjacentes a uma criança;
• Dificuldade em conciliar parentalidade com a profissão

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SCHAEI & WILLIS: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

2. Estádio realizador
Dos 20 aos 30 anos

3. Estádio responsável
Pensamento centrado na
resolução de problemas,
para o indivíduo poder ser
35 anos
responsável por outros.

4. Estádio executivo
Pensamento centrado em
relações complexas com
várias variáveis para o
indivíduo liderar uma
organização ou empresa.
5. Estádio
reorganizacional
Pensamento centrado na
65 anos
reorganização da vida e na
identificação de interesses
significativos não
profissionais para o
indivíduo se poder reformar

Outras circunstâncias familiares

Ninho vazio
• Quando o último filho deixa o lar;
• Mais fácil para mulheres que a encaram como uma experiência
libertadora para realizarem aspirações pessoais.

Porta giratória
• Quando o filho regressa ao lar para se reorganizar depois de ter sofrido
dificuldades financeiras, conjugais ou de outro tipo.

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Netos
• Em relação aos quais podem ser professores, cuidadores, modelos e até
mediadores na relação com os pais

Cuidar dos pais


• Seja em pequenas tarefas como em servir de motoristas, ajudar no
trabalho doméstico, até ao cuidado físico completo;
• Pode constituir uma oportunidade de crescimento pessoal.

Geração Sandwich: mulher com filho pequeno ainda dependente dos seus
cuidados e um marido mais velho que já necessita de cuidados especiais.

Fatores de proteção

Atividade profissional
• Maior satisfação profissional;
• Alcance do topo da carreira.

Relações íntimas
• Aumento da satisfação conjugal;
• Relações mais íntimas com amigos.

Saúde físico

Fatores de risco

Perdas cognitivas
• Preocupação com os primeiros sinais.
Alterações físicas:
• Não aceitação de rugas, óculos, perda de cabelo, etc…
• Dificuldade em lidar com o aumento do peso, devido à acumulação de
gordura corporal;
• Menopausa;
• Aumento do risco para determinadas doenças;
• Dificuldade em lidar com o aumento de peso, devido à acumulação de
gordura corporal.

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3.3.5. A ANCIANIA. O ENVELHECIMENTO. OS RELACIONAMENTOS PESSOAOS NA


TERCEIRA IDADE. A SOLIDÃO E OS FATORES SITUACIONAIS, BIOFISIOLÓGICOS,
PSICOLÓGICOS, SOCIAIS E ECONÓMICOS. A MORTE E O LUTO

O Envelhecimento

Dados demográficos:
Agravamento na última década do fenómeno do duplo envelhecimento da
população (aumento da população idosa e redução da população jovem).

Preconceito de idade (por exemplo nos ditados populares):


“Os velhos são trapos.”
“Burro não aprende línguas.”
“Quem envelhece, arrefece.”
“De velho se torna a menina”

Estereótipo:

• Perceção automática, imagem, conceito infundado sobre


determinada pessoa, coisa ou situação.
Idade avançada: fragilidade física, mau humor, inatividade, perdas
cognitivas, perda de atratividade.

Estereótipo reforçado pelos meios de comunicação social e pela


publicidade. Normalmente, associadas a perda de funcionalidade.

“A primeira imagem estereotipada e comum sobre os idosos é


considerar que estes formam uma categoria homogénea. “

“tendendo a generalizar as suas características, muitas vezes


negativas, e a negligenciar as diferenças entre cada indivíduo.”

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P á g i n a | 80

Atitude
Conjunto de juízos que conduz a um comportamento, que leva a agir

Atitudes Negativas
• Automorfismo social
Ausência do reconhecimento da especificidade de cada idoso.
➢ P.e. tratar como se fossem muito frágeis, “dar o lugar no
metro”, muitos podem levar a mal.

• Gerontofobia
Medo irracional de envelhecer e de tudo o que se relaciona com a
velhice.

• Ageísm (idadismo) – Butler (1969)


Discriminação das pessoas mais velhas pelas mais novas.

• Infantilização
Tratar as pessoas como se fossem crianças.

“As atitudes paternalistas ou desrespeitadoras dos profissionais podem ter um


efeito devastador na autoestima e independência de pessoas idosas que
requerem os seus serviços.” (OMS, 2002, 38)

Atitudes do género: “Então Dona Maria? Não comeu o seu pequeno-almoço!”

Envelhecimento Fisiológico

Alterações na aparência
• Pele mais pálida, manchada e menos elástica;
• Aparecimento de rugas;
• Diminuição do tecido adiposo;
• Cabelos grisalhos e finos;
• Aquisição de uma postura curvada;
• Diminuição da altura;

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Perdas auditivas (presbiacusia)


• Menor sensibilidade a sons agudos;
• Menor discriminação auditiva.

Diminuição de olfato e paladar (azedo, salgado e amargo)


• Menor número de papilas gustativas;
• Alterações do bulbo olfativo.

Sinais neuro-oftalmológicos
• Menor contraste visual;
o Dificuldade na leitura de letras muito pequenas ou apagadas
• Menor adaptação tanto à luz fraca como à luz intensa.
o Dificuldade em conduzir à noite, sobretudo em ver os sinais.

Sinais motoros
• Menor coordenação fina;
• Maior tempo de reação;
o Propensão para acidentes
• Menor força muscular, sobretudo nos músculos dos membros inferiores.
o Quedas com risco de fratura

Quando estes sinais são acentuados, podem privar o idoso de participar em


atividades, na vida social e na sua independência.
➢ P.e. Como não conseguem ouvir, nos jantares de família, param de
falar

Desenvolvimento Cognitivo

Alterações fisiológicas
• Perda de axónios;
• Perda de células do cerebelo, que controla o equilíbrio e a motricidade
fina.

Lentidão do Sistema Nervoso Central, afeta:


• A coordenação física;
• A cognição;
o Testes de inteligência com controlo de tempo. (todo o que é com
pressão no tempo, os idosos demoram mais tempo, isto é, a
dificuldade é a rapidez, pois podem responder mais até que os
jovens.)

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P á g i n a | 82

o Capacidade para aprender e para lembrar

• Dendrites adicionais, que transmitem informações entre neurónios,


compensam as respetivas perdas.

“As pessoas mais velhas continuam a adquirir novas informações e


habilidades e são capazes de lembrar e usar bem aquelas que já
conhecem”

Alterações da memória:

• A curto prazo:
o Diminuição da capacidade para manipular informação retida há
pouco tempo.
➢ P.e. Reorganização os seguintes itens, por ordem crescente
de tamanho: “lápis”; “elefante” e “jornal”.

o Manutenção da capacidade para reter temporariamente


informação e reproduzi-la
➢ P.e. Repetição de uma sequência de números na ordem
que forma apresentados

• A longo prazo:
o Diminuição da memória episódica;
➢ P.e. Lembrar o que comeu ao almoço; onde deixou o carro
(informação recente que se confunde com muitas outras
experiências semelhantes).

o Manutenção da memória semântica;


➢ P.e. Factos históricos, significado das palavras.

o Manutenção da memória procedimental.


➢ P.e. Competências motoras (como andar de bicicleta).

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• Inteligência (Baltes, 1987)

Modelo de processamento dual, isto é, há aspetos da inteligência que:


o Se continuam a desenvolver;
o Têm maior probabilidade de se deteriorar

1. A MECANICA DA INTELIGÊNCIA (BALTES)


o Diz respeito ao processamento de informação e à resolução de
problemas;

o Tem por base biológica:


▪ Tende a declinar com a declinar com a idade;
▪ As dimensões mais afetadas são:
➢ Tarefas não-verbais (p.e. espaciais: figura de Rey);
➢ Resolução de problemas não familiares;
➢ Adaptação a novas situações.

o Plasticidade: o treino melhora o desempenho cognitivo.


▪ A importância do exercício mental.

• 2. A PRAGMÁTICA DA INTELIGÊNCIA (BALTES)


o Tem como base e experiência de vida, nomeadamente na
educação e no trabalho;

▪ Tende a desenvolver-se com a (3ª) idade, pelo que as


dimensões menos afetadas são:
➢ Resolução de problemas práticos – sabedoria;
➢ Conhecimentos acumulados ao longo da vida (p.e.
conhecimento especializado; produtividade
profissional);
➢ Informação verbal (p.e. o conhecimento das
palavras);
➢ Tarefas familiares (tudo o que é rotineiro na nossa
vida.

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DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E FUNCIONAL

Capacidade para realizar instrumentais da vida diária – indicador da


competência cognitiva.
• Administrar as finanças;
• Preparar as refeições;
• Usar os transportes;
• Tomar a medicação;
• Fazer compras;
• Usar o telemóvel;
• Cuidar da casa.

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO (SCHAIE & WILLIS)

Idoso (jovem) Idoso (velho) Final da vida

5. Estádio reorganizacional 6. Estádio 7. Estádio de Herança


Reintegrativo Pensamento centrado
Pensamento centrado no registo de histórias
em tarefas com mais de vida (Biografias), na
significado para o distribuição de posses e
indivíduo poder nos preparativos
selecionar aquelas que fúnebres para o
merecem o seu esforço. indivíduo se preparar
para a morte.

Reforma: marco de entrada na 3ª idade.


• Quando?
• Tem várias implicações:
o Funcionalidade física;
o Financeiras;
o Emocionais;
o Ocupação do tempo;
➢ Trabalho parcial;
➢ Estudo;
➢ Trabalho voluntário;
➢ Atividades de lazer – mais tempo para viajar.

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o Relacionamento com a família e os amigos.


➢ Mais tempo para estar com filhos e netos.

o Deve ser planeada:


➢ Economias;
➢ Estruturação de atividades prazerosas e com significados;
➢ Prevenção de problemas;
➢ Impacto no cônjuge.

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ERIKSON: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL


Sétima idade: Integridade Vs. Desespero

Idade: a partir dos 80 anos


Questão: Teve a minha vida sentido ou falhei?

Balanço do que se faz da vida

PÓLO POSITIVO:
PÓLO NEGATIVO: DESESPERO INTEGRIDADE

• Avaliação negativa do • Avaliação positiva do


percurso
~ de vida; percurso de vida,
• Insucesso, centrado em aceitando que foi aquilo
si próprio, pouco que foi possível
produtiva • Ajuda a aceitar a
• Lamento do que deterioração física e a
“deveria” / “poderia” ter morte como algo que
sido feito põe termo a uma vida
• Consciência de que o com significado;
tempo é irrecuperável, • Implica também
temendo por isso a continuar a receber
morte estímulos e desafios:
atividade política,
exercício físico, trabalhos
criativos.

A maioria vive com familiares
“A família é a fonte básica de apoio emocional na terceira idade”

• Cônjuge
o Casamento duradouro, emocionalmente muito importante nesta
idade;
o Mais satisfatório do que na meia-idade, devido à disponibilidade
da reforma, terminar de cuidar dos filhos, devido à disponibilidade
da reforma, terminar de cuidar dos filhos e mais dinheiro no
banco;
o Mais interesse e prazer na companhia um do outro.
• Familiares (filhos)
o Convívio entra várias gerações
o Contacto com netos e bisnetos

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Sozinhos em casa

Numa Instituição

A importância dos amigos


• Sentimento de ser valorizado, apesar das perdas físicas;
• Maior felicidade e saúde;
• Maior facilidade em lidar com as mudanças e crises do envelhecimento,
devido à oportunidade para confidenciar as suas preocupações e
sofrimento com amigos;
• Maior prazer em estar com os amigos do que com a família, esquecendo
as preocupações diárias;
• Compensação no caso de ausência de familiares.

A solidão

• Fatores Situacionais:
o Viver só;
o Ter enviuvado;
o Certos momentos do dia em que outrora esteve mais
acompanhado.

• Fatores Bio fisiológicos:


o Doença grave e debilitante (ex., doente acamado ou em fase
terminal);
o Défices sensoriais que dificultam a comunicação (afasia, surdez,
cegueira);
o Incapacidade mental;
o Maus estados de saúde;

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• Fatores Sociais e Económicos:


o Ter mudado de local de residência;
o Dificuldade de integração (ex., cultura, língua diferente);
o Recear ser vítima de agressão;
o Estar exposto aos preconceitos sociais;
o Ter falta de recursos financeiros e de suporte social;
o Não ter atividades interessantes e significativas para realizar;
o Barreiras que impeçam a comunicação e a relação – cadeira de
rodas, grades na cama, andarilho...

• Fatores Psicológicos:
o Ser infeliz no casamento;
o Dependência;
o Insatisfação nas relações interpessoais;
o Perda de animais e ou objetos significativos;
o Perda de familiares e/ou amigos.

A morte e o luto

Luto
Processo de ajustamento à perda de alguém próximo

Pode afetar todos os aspetos da vida do sobrevivente:


• Mudanças de condição e de papel (de esposa para viúva);
• Grande vazio emocional associado à perda de um amor, um confidente,
um bom amigo e um companheiro leal;
• Deixar de ter alguém que o/a espera em casa;
• Não ter com quem conversar ou discutir;
• Alterações nas próprias relações com os amigos (evitamento dos
enlutados, sentimentos de desconforto, de solidão, entre casais);
• Diminuição do rendimento do marido ou ter de pagar a alguém que faça
o trabalho da esposa;
• Processo com avanços e recuos;
• Reações emocionais: choque, desamparo, tristeza, raiva, culpa e
autorrecriminação, ansiedade e fadiga;
• Reações físicas: falta de fôlego, aperto no peito ou na garganta, náusea e
sensação de vazio no abdómen.
Com o passar do tempo os cônjuges enlutados podem acostumar-se à perda e
desenvolver a confiança de que são capazes de tomar conta de si próprios.

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O processo de luto termina quando o enlutado:


• Consegue pensar no falecido sem dor, embora com afeição e tristeza;
• Reinveste as suas emoções nos outros e na vida.

Fatores de risco

• Nível Financeiro
o Idosos pertencentes a minorias têm menor probabilidade de
sustento financeiro por terem tido trabalhos que não
descontaram para a segurança social;
o Mulheres mais velhas sozinhas (que não contam com a pensão do
marido) e idosos doentes têm também mais dificuldades
financeiras.

• Nível das relações íntimas


o Quando o cônjuge fica doente e/ou inválido;
o Gera tensões no casamento que agravam a saúde (de ambos);
o Provoca no cônjuge cuidador sentimentos de isolamento, zanga e
frustração;
o Divórcio;
o Maior isolamento social e maiores taxas de doença mental e
morte.

• Nível Familiar
Ir viver com os filhos
o Entre duas gerações que valorizam a independência, os pais não
querem ser um fardo para os filhos e gastar os seus recursos;
o Pode ser difícil para o idoso abdicar da sua liberdade e da sua
privacidade;
o Pode sentir-se inútil, entediado e isolado dos amigos;
o Pode dar-se mal com o genro/nora;
o Ter como cuidador um dos filhos com mais de 60 anos (idade com
menos energia e saúde);
o Prestar cuidados a um idoso com vários problemas crónicos pode
ser física e emocionalmente extenuante para o cuidador.

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Fatores de proteção

• Longevidade
As mulheres tendem a viver em média mais 6 anos do que os homens,
devido à sua maior tendência para:
o Cuidar de si mesmas;
o Procurar cuidados médicos.

As mulheres têm mais probabilidade de ficarem viúvas.

• Casamento
Os idosos casados tendem a cuidar um do outro;

Nota: No entanto basta ter uma pessoa na comunidade com quem contar para
um idoso manter-se independente.

o Para o declínio da inteligência


▪ Nível elevado de educação;
▪ Bom rendimento económico;
▪ Contacto com um meio estimulante (Ex: leitura, conversação,
palavras cruzadas, jogos de cartas e de xadrez, informática);
▪ Recurso a fontes de cultura e de educação (ex., universidade da
3.ª idade)
▪ Natureza das relações sociais e familiares.

• Atitudes positivas
o Respeito
o Confiança
o Luta contra a gerontofobia

Há idosos ativos, independentes e saudáveis.


“A terceira-idade é um período normal do ciclo de vida, com desafios e
oportunidades de crescimento” (Papalia e Olds, 2010)

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MATERIAIS QUE USEI PARA A ELABORAÇÃO DESTA SEBENTA:


Apontamentos das aulas desta UC;
Documento no BlackBoard com o Programa UC Psicologia;
Sebenta de Marta Dias, CLE 2017-2021;
Sebenta da “Rapunzel”, CLE 2018-2022;
Sebenta de Marta Couto, CLE 2014-2018.

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