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Apontamentos de Aula
Psicologia
Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL)
92 pag.
Joana Noronha
Escola Superior de Enfermagem de
Lisboa
ÍNDICE
1. A Psicologia como Ciência ............................................................................ 3
1.1. Objeto, conceitos e métodos de pesquisa ..................................................... 3
1.2. Diferentes domínios: Psicologia do desenvolvimento, da saúde, clínica,
educacional e social ............................................................................................... 7
2. Psicologia da Saúde ..................................................................................... 9
2.1. Introdução a alguns conceitos: crenças, comportamentos de saúde, fatores
de risco e de proteção, resiliência, stress e estratégias de Coping ....................... 9
3. Psicologia do Desenvolvimento .................................................................. 19
3.1. Teorias do Desenvolvimento Humano ......................................................... 19
Teorias Psicológicas – Breve Introdução .......................................................... 19
Desenvolvimento Cognitivo (Piaget) ................................................................ 22
Desenvolvimento Psicossexual (Freud) – Psicanalítica..................................... 23
Teoria psicossocial (Erikson) – Psicanalítica ..................................................... 26
Modelo do Desenvolvimento Cognitivo de Schaie & Willis ............................. 27
3.2. Etapas do Desenvolvimento cognitivo e psicossocial ao longo do ciclo de
vida....................................................................................................................... 28
3.2.0. O Período Pré-natal e neonatal .............................................................. 29
3.2.1 A infância. Os primeiros anos de vida ..................................................... 31
3.2.2. A idade pré-escolar e escolar. A estrutura psicológica e os estádios de
desenvolvimento cognitivo e psicossocial ........................................................ 42
3.3.3. A pré-adolescência e adolescência. A identidade e outras dimensões do
desenvolvimento. o contexto social e as relações interpessoais ..................... 56
3.3.4. A idade adulta. O desenvolvimento da Personalidade. o modelo dos
cinco fatores. O pensamento pós-formal e a resolução prática de problemas 67
3.3.5. A anciania. O envelhecimento. Os relacionamentos pessoaos na Terceira
Idade. A solidão e os Fatores situacionais, biofisiológicos, psicológicos, sociais
e económicos. A morte e o Luto ....................................................................... 79
Materiais que usei para a elaboração desta sebenta: ......................................... 91
Emoções
Sentimentos Mente
Métodos de pesquisa:
1. MÉTODO INTROSPETIVO
Objeto de estudo Método de pesquisa
Comportamentos e processos mentais INTROSPETIVO: Fenómenos psíquicos
(a pessoa é convidada a pensar e a dizer de difícil compreensão, uma vez que são
voluntariamente o que pensou) facilmente manipuláveis. (Por isso,
➢ “Como lhe vai a vida Sr.ª Rosa?”, quanto maior a confiança estabelecida
onde a Sr.ª Rosa pode responder com o indivíduo, mais facilmente vão ser
honestamente ou não à transmitidas as suas emoções, etc.)
pergunta, “Vai bem!” (quando na
realidade pode ser apenas uma
mentira, para não invadirem a
sua privacidade)
2. MÉTODO EXPERIMENTAL
Objeto de estudo Método de pesquisa
Forma-se um problema através de EXPERIMENTAL: analisa-se a hipótese
dados observáveis. com variáveis dependentes e
➢ “Será que as crianças que jogam independentes, que vão permitir
jogos violentos são mais concluir comportamentos gerais do
agressivas?” grupo. (Generalizações causa-efeito, isto
é, para uma determinada causa sucede-
se x efeito, p.e. se a resposta da
pergunta imposta no objeto de estudo
for sim (para a maioria), então para a
causa, jogar jogos violentos, sucede-se o
efeito de uma personalidade mais
agressiva nas crianças)
3. OBSERVAÇÃO NATURALISTA
Objeto de estudo Método de pesquisa
Comportamentos em contexto OBSERVAÇÃO NATURALISTA: de forma
natural/espontâneo. detalhada é feita uma análise de
➢ “Que bebidas alcoólicas preferem comportamento, permitindo
as raparigas e os rapazes?” compreender melhor os indivíduos de
modo geral no seu contexto e dia-a-dia.
(Antropólogos aplicam muito esta
técnica)
4. MÉTODO CLÍNICO
Objeto de estudo Método de pesquisa
Estudo de caso- Funcionamento CLÍNICO: Recolha de informação, através
psicológico de um indivíduo com ou sem de exames médicos, testes, etc. Desta
perturbação, tendo em consideração a forma, não só é possível diagnosticar e
sua vida. tratar determinadas perturbações, como
também compreender como se dá o
desenvolvimento normativo do
indivíduo, isto é, distinguir o que pode
ou não estar fora do normal.
Processos:
1) Entrevistas clínicas: transmissão
de forma espontânea, ou seja,
existe um incentivo da pessoa a
transmitir informação sobre si
próprio.
Pensamento
Introspetivo
Experimental
Comportamento
Observação Piaget (cognitivo)
naturalista
Freud (psicossexual)
PSICOLOGIA | CLE 2019-2023
Áreas da Psicologia
Afetiva
Cognitiva
Comportamental
• Psicologia de Investigação
Descrever os comportamentos e os processos mentais.
Explicar por que razão ocorrem tais comportamentos e processos
mentais.
Predizer comportamentos e processos mentais com base em eventos
passados.
o Psicofisiologia
o Psicologia Cognitiva
o Psicologia do Desenvolvimento
o Psicologia da Personalidade
o Psicologia Social
• Psicologia Aplicada
Modificar comportamentos e processos mentais de modo a torná-los
mais apropriados a adaptativos.
o Psicologia clínica
Procura diagnosticar e tratar perturbações comportamentais e
emocionais em qualquer período do desenvolvimento do
indivíduo.
o Psicologia educacional
Interfere junto das crianças, dos pais, e dos educadores –
promoção do sucesso educativo (p.e. dificuldade na
aprendizagem)
o Psicologia organizacional/social
Seleção de pessoal numa empresa.
Melhoria do ambiente de trabalho.
Estudo e promoção de fatores que motivam a produtividade.
Planeamento e supervisão de programas de formação contínua
(p.e. adaptação às novas tecnologias, novos cuidados perante o
ambiente, etc.).
o Psicologia da saúde
1
Visa a promoção da saúde, a prevenção e o tratamento da
doença, avaliando e intervindo a nível:
▪ Do comportamento (fumar, fazer dieta, exercício físico...)
▪ Das crenças (acreditar na eficácia do tratamento, perceção
de seguir um determinado tratamento...)
▪ Das emoções (medo do tratamento, stress, dor intensa...)
Mais recentes:
o Psicologia criminal
o Psicologia do desporto
o Psicologia ambiental
2. PSICOLOGIA DA SAÚDE
2.1. INTRODUÇÃO A ALGUNS CONCEITOS: CRENÇAS,
COMPORTAMENTOS DE SAÚDE, FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO,
RESILIÊNCIA, STRESS E ESTRATÉGIAS DE COPING
• STRESS :
Eustress (+)
Sentimento de uma certa impotência.
Stress
Pressão do tempo. Distress (-)
Sobrecarga das tarefas atribuídas.
Situação que afeta de tal modo a condição psicológica/fisiológica do
indivíduo que este é forçado a desviar-se do seu funcionamento normal.
Não é necessariamente mau se não for em exagero.
2 Ver página 14
• RESILIÊNCIA :
Tipo de flexibilidade ou plasticidade que varia de indivíduo para
indivíduo. (Poder tolerar o stress, aceitar as imperfeições)
o Capacidade que nós temos de suportar, superar e possivelmente,
sair “superior” de experiências de adversidade.
TRÍADE:
Individuais: p.e.
capacidade de reflexão,
competências cognitivas,
emocionais, sociais...
Fatores de proteção
Comunitárias: p.e.
Familiares: sistemas de suporte no bairro,
p.e.relações afetivas e de na escola, na comunidade,
suporte, coesão familiar envolve profissionais de saúde,
professores...
FATORES DE STRESS:
• Acontecimentos:
o Traumáticos: Circunstâncias que põem em risco a vida do
indivíduo.
▪ p.e. ameaças de morte, espancamento, vítima de incêndio,
naufrágio ou tremor de terra…
Avaliação
Primária
Avaliação
Secundária
O problema acontece quando não tenho recursos, nem consigo ter capacidade
de resposta para a sua resolução.
O stress ocorre apenas quando a pessoa percebe que uma exigência externa
excede a sua capacidade (p.e. os seus recursos pessoais e sociais) para lidar com
a mesma, constituindo por isso uma ameaça para o próprio, prejudicando o seu
bem-estar.
Estratégias:
• Centradas na Situação de stress (Resolver
imediatamente/diretamente a situação)
A pessoa coloca em prática tentativas ativas para resolver o
problema (p.e. Ter um filho doente e deixá-lo com os avós para ir
trabalhar).
Pessoa age
para reduzir
Centradas o stress
na situação
de stress
Procura de
apoio social Estratégias
distrativas
Redução da
Estratégias atividade fisiológica
para
confrontar o Consumo de
Autocontrolo substâncias
stress
Focar nos aspetos + e -
Escape
Relativizar a gravidade da
Centradas na situação
emoção
Reenquadramento Dar um significado
despolatada
da situação diferente
pela situação de
stress problemática
Humor
3. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
3.1. TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Teoria Psicanalítica
Tese: Os fenómenos psicológicos são determinados por conflitos internos
inconscientes.
Origens:
• Teoria psicanalítica de S. Freud
Aplicação clínica: Neuroses, psicoses, perturbações da personalidade (como a
dor psíquica não é compreensível, portanto o indivíduo tem tendência a ter dor
física, p.e. cortar os pulsos)
Origens:
• Filosofia fenomenológica de E. Husserl (consciência intencional e plástica)
• Filosofia existencial de Heidegger (existência vem antes da essência)
• Psicanálise existencial de Sartre (não pode existir consciência sem um
posicionamento)
Importância da Temporalidade e do Espaço
Projeto existencial
O que é a psicodinâmica?
→ Observação e compreensão da especificidade de cada ser, de estar em
conflito (perante ele temos de tomar uma decisão) com o mundo, com os
outros e com ele próprio.
psicologia
psicologia
psicodinâmica clínica
clínica dinâmica
1ºPILAR
1ª Tópica:
Consciente – noções, imagens, lembranças que conseguimos captar e controlar
voluntariamente.
Pré-consciente – sonhos e experiências recentes.
Inconsciente – desejos, pulsões, instintos que são irrealistas na nossa sociedade
e, portanto, são inaceitáveis.
2ª Tópica:
Id – onde reside princípio do prazer, ou seja, a busca de satisfação através de
desejos irrealistas (instinto biológico). Para além disso, é no Id que se encontra
o reservatório da Líbido.
Ego – princípio da realidade, decide e inibe os desejos que podem ser realizados
(forma-se no 1ºano de vida)
Superego – interiorização dos valores sociais, isto é, controla o Ego de forma a
inibir as exigências do Id
2ºPILAR
A energia sexual provem da mesma fonte de energia (da Líbido), que nos leva a
todas as outras ações.
Assim, conforme a zona erógena mais desenvolvida, Freud definiu os 5 estágios
psicossexuais.
Formação do superego.
A curiosidade sobre as diferenças sexuais é grande.
Processo de identificação:
▪ Complexo de Édipo (♂️) /Electra (♀) – desejo pelo
progenitor oposto (exibe e sente exclusão aquando a
aproximação dos pais)
5
Erikson dividiu o desenvolvimento em oito estádios psicossociais a que chamou
idades da vida.” As 8 idades da vida são:
1º Confiança Vs. Desconfiança (esperança)6
Nascimento – 18 meses
5 Ver pormenorizadamente nas páginas 40, 41, 48, 54, 63, 68, 75 e 85.
6 Entre parêntesis estão as virtudes de cada idade.
Estádio Realizador
Jovem adulto (20-30 anos)
Pensamento centrado em utilizar aquilo que sabe para o indivíduo alcançar os
seus objetivos profissionais e familiares.
Estádio Responsável
Adulto
Pensamento centrado na resolução de problemas, para o indivíduo ser
responsável por outros.
Estádio Executivo
Meia-idade
Pensamento centrado em relações complexas, com várias variáveis para o
indivíduo liderar uma organização ou empresa.
Estádio Reorganizacional
Adulto e idoso
Pensamento centrado na reorganização da vida e na identificação de
interesses significativos não profissionais para o indivíduo se poder reformar.
Estádio Reintegrativo
Idoso velho
Pensamento centrado em tarefas com mais significado para o indivíduo poder
selecionar aquelas que merecem o seu esforço.
HARLOW (1905-1981)
• Até então, segundo Freud, o bebé pouco mais era do que uma boca que
se afeiçoava à pessoa que o amentava (estádio/fase oral) (O bebé e a
mama da mãe é como se fosse um ser todo)
Harlow vem demonstrar que o amor do bebé à mãe está para além da
satisfação das necessidades básicas (como alívio da fome, da sede e da
dor)
Harlow usou o método experimental
LORENZ (1903-1989)
• A cria tem a capacidade inata para se aproximar e seguir o 1º estímulo
percetivo (geralmente a mãe), ficando ligada a ele – impriting8 ou
cunhagem:
o Este processo ocorre durante um período crítico do início da vida
do animal, de modo que a proximidade da fig. ª de vinculação
fornece conforto e segurança, ao passo que o seu afastamento
causa angústia;
o Ao assegurar a proximidade com a mãe, a cria assegura a sua
alimentação e proteção, mas também aprende os
comportamentos dos elementos da sua espécie.
VINCULAÇÃO
ESTUDOS DE BLOWBLY E AINSWORTH:
• Geralmente existe um cuidador principal (geralmente a mãe) que se
torna a figura de vinculação para um bebé, dependendo:
→ Do tempo despendido nos cuidados do mesmo
→ Da qualidade dos cuidados prestados
→ Do investimento emocional
→ Da sua presença repetida na vida do bebé
BOWLBY (1907-1990)
• A causa básica da vinculação é o medo inato do desconhecido que
leva as crias a fazerem tudo o que podem para se manterem junto de
algum objeto (geralmente a mãe) que se lhes tornou familiar.
• O bebé tem competências inatas, que lhe permitem manter a
proximidade com mãe e estabelecer com ela uma relação de
vinculação (Respostas ou Comportamentos instintivos, que
posteriormente passam a ser intencionais):
o Sorrir
o Chorar
o Chuchar
o Agarrar
o Seguir
Os pais também têm um sistema de prestação de cuidados ativo que permite
igualmente esta relação.
AINSWORTH (1913-1999)
• Método Experimental: Estudo da situação estranha:
o A criança é introduzida com a mãe numa sala desconhecida, onde
há muitos brinquedos para explorar e brincar, enquanto a mãe
está presente;
o Entra um estranho, interage com a mãe e aproxima-se da criança;
o A mãe sai, separando-se do bebé.
• Nesta situação geradora de insegurança, é possível observar os
comportamentos do bebé aquando a saída e, posteriormente, no
regresso da mãe e, tirar conclusões sobre o tipo de vinculação
estabelecida entre ambos.
• Permite medir objetivamente estratégias e as dificuldades relacionadas
da criança em função do contexto, isto é, da história da segurança do
bebé de que a sua mãe tem sido quem garante consistentemente as suas
necessidades básicas.
• Estilos de vinculação:
1. SEGURA
o Enquanto a mãe está presente estas crianças exploram,
brincam com os brinquedos e até se aproximam
cautelosamente do estranho;
o Mostram perturbação quando a mãe a sai;
o Saúdam com grande entusiamo o regresso da mãe,
passando a ficar mais calmos e pacíficos, confortando-se
nos braços da sua mãe.
o Organização interna constituída por conhecimentos e
expectativas positivas:
o Relativas à disponibilidade e responsividade da figura de
vinculação;
o Do self como merecedor de atenção e afeto, e como
componente para se confrontar com o mundo.
2. AMBIVALENTE
→ Enquanto a mãe está presente não exploram a sala;
→ Ficam extremamente angustiados e em pânico quando a
mãe sai;
3. EVITANTE
→ Enquanto a mãe está presente, esta criança mantém-se
distante e afastada;
→ Mostra pouca perturbação quando a mãe sai;
→ Ignoram a mãe no seu regresso.
BRAZELTON (1918)
Se por um lado a criança procura ser protegida, por outro, a mãe tenta
proporcionar proteção através de um sistema de prestação de cuidados.
Este sistema é ativo na(s) figura(s) parental(ais) sempre que percecionam as
situações como ameaçadoras (p.e. sinais verbais e não-verbais de desconforto,
como a expressão de dor), perigosas (p.e. queda) ou stressantes (p.e.
separação) para a criança.
Bebés institucionalizados
• Receberam nutrição e cuidados físicos perfeitamente adequados,
mas obtinham pouca estimulação social, isto é, eram mantidos em
cubículos separados (durante 8 meses) – contatos muito breves
com adultos durante a muda da fralda. POUCAS TROCAS SOCIAIS
SITUAÇÃO:
• REVERSÍVEL
Para os bebés que posteriormente estabeleceram relações emocionais
privilegiadas com adultos/substituto materno
• IRREVERSÍVEL (passado de mais 6 meses)
Quando tal anteriormente dito não acontece
Mãe
D.WINNICOTT
• Compreensão dos estados emocionais mais primitivos do
desenvolvimento do bebé.
• Centrou-se na relação mãe-bebé: base da saúde mental
• O ambiente é decisivo na determinação do psiquismo precoce
• 2 focos:
1) Crescimento emocional do bebé
2) Qualidades relacionais da mãe, na satisfação das necessidades do
bebé
“There is not such a thing as a baby”: Um bebé sozinho não existe, temos de
falar dele sempre dependente com um cuidador, esta relação mãe-bebé é
essencial.
• Funções da “mãe suficientemente boas”:
1) Holding (sustentação)
Maneira como o bebé é sustentado ao colo, experiência física e
simbólica
2) Handling (manuseamento/manipulação)
Maneira como o bebé é tratado, cuidado, manipulado (p.e. como
a mãe dá a comida, como a mãe veste o bebé, se é bruta ou
delicada, etc.)
3) Apresentação dos objetos
Fase chamada de realização (pelo impulso criativo da criança-
sempre a querer atenção); inclui o início das relações
interpessoais bem como a introdução da realidade partilhada pelo
bebé.
Estas funções permitem, respetivamente as tarefas:
1) Integração (holding)
2) Personalização (handling)
3) Relação objetal (AO)
Inteligência prática
1º – 4º mês As atividades da criança centram-se essencialmente no seu próprio corpo.
4º – 8º mês • Desenvolve-se a coordenação entre as atividades percetiva e
motora;
• Agarra um objeto que estiver ao seu alcance;
• Novos comportamentos são acidentais, não são produzidos
deliberadamente, ou seja, a criança ainda não escolhe
deliberadamente usar um esquema como meio para atingir um
fim.
8º – 12º mês • Aperfeiçoa a coordenação motora (a conexão entre os esquemas
motores)
• A acidental ocorrência de novos comportamentos dá lugar às
primeiras formas de comportamento intencional
• Uso intencional dos esquemas para atingir um objetivo
12º – 18º mês • Desenvolvimento da capacidade de coordenação dos esquemas ->
se uma ação produz um resultado, não será simplesmente
repetida, mas modificada de modo a verificar que outros efeitos
dela podem resultar
18º – 24º mês • Fase transição, isto é, começa a iniciar o estádio pré-operatório ou
do pensamento representativo
• A aquisição da noção de permanência do objeto (“objeto
permanente”): torna possível pensar e falar de objetos que estão
fora do campo da perceção imediata da criança
Organização de
Atividade modos de agir
Reflexiva (esquemas senso-
(Inata) motores)
Mais resumido:
Meses Inteligência totalmente prática
1º-4º • Esquemas de ação automático - agarrar e chuchar
4º-8º • Atividades centradas no próprio corpo
• Atividades mais dirigidas para o exterior com a coordenação
perceção-motricidade, mas sem intenção
8º-12º • Aperfeiçoa-se a coordenação motora com a intenção de algo
12º-18º • Aprendizagem por tentativa e erro, em que a criança faz
para ver o que acontece (não consegue antecipar)
18º-24º • Noção da permanência do objeto – a criança já tem imagens
mentais dos objetos, quando não estão presentes
Nascimento -> Morte (ao longo do ciclo de vida – novas relações tarefas e
exigências)
o Amor da família
o Estimulação de atividades de descoberta
Criança:
Birras; porquês; vontade de querer fazer as coisas sozinho
Treino do controlo do esfíncter – retenção/eliminação
o Pais
o Encorajamento
o Controlo firme e
o Críticas e repreensões
tranquilizador
Egocentrismo
o A criança passa a ser o centro do universo
➢ Muitos divórcios acontecem quando o bebe nasce, porque o
parceiro sente que não tem atenção.
o O seu ponto de vista é o único possível, porque não tem a noção que as
outras pessoas podem ter outra perspetiva.
➢ P.e. Prova da Montanha, birras
“Estou com sede quero beber (não me importa que o médico
tenha dito que eu não o posso fazer)”
o Comportamentos do próprio como causa dos acontecimentos
➢ P.e. “Eu pensei mal do meu irmão. O meu irmão ficou doente.
Logo, eu fiz o meu irmão ficar doente”
Causalidade mágico-fenomenológica
o Atribuição de um relacionamento causa-efeito a dois acontecimentos
sem qualquer relação (a não ser temporal ou espacial)
Capacidade de Classificação
(Colocar juntas as peças mais parecidas)
2/5 – 4 Anos
Coleção de figuras
4/5 – 6 Anos
Coleção de figuras com base numa única dimensão (cor ou forma)
Ou
Irreversibilidade
Incapacidade de inverter ou modificar mentalmente ações
➢ P.e. “Tens uma irmã? – Sim. E a tua irmã tem um irmão? – Não”
Se criança está saudável não antecipa que poderá ficar doente, e vice-versa.
Criança:
A preocupação da criança com a moralidade ou aceitabilidade dos seus
comportamentos
Redução do Egocentrismo (começa a perceber que nem tudo pode ser à sua
maneira)
• A comunicação é mais socializada, embora as amizades digam quase
exclusivamente respeito a indivíduos do mesmo sexo
• A criança começa a perceber a perspetiva do outro – perspetivismo
(novas maneiras de ver as coisas – prova da montanha)
• A criança já consegue identificar o que via a boneca (“o urso”) da posição
em que se encontrava, independentemente da perspetiva da própria
criança
Capacidade de Descentração
No entendimento do mundo físico
c) Associado à sujidade
“Sabes onde estão os micróbios? - Estão na sujidade e se
fizeres uma ferida podem entrar. Eles andam pelos sítios
poluídos”
Início da perceção de controlo sobre a doença
a) Evitando certos contactos
➢ “Não estar próximo de pessoas doentes”
b) Adotar cuidados de higiene
➢ “Tomar banho é importante porque o que é sujo faz mal.”
c) Aderindo a comportamentos preventivos
➢ Lavar as mãos antes de comer
Os profissionais de saúde devem estar atentos às distorções da informação
➢ Medo das cirurgias por abrir orifícios onde entram germes. Porque as
crianças acham que contamina o corpo.
Classificação hierárquica
Conhecimento da existência de
várias formas válidas para classificar
Coloca juntas as peças mais
um grupo de objetos, os quais
parecidas
podem pertencer simultaneamente
a deferentes classes
Reversibilidade
Realização de operações mentais em que o processo de mudança é anulado,
voltando ao original somente conteúdos concretos (não sobre ideias abstratas)
Pretende obter o
reconhecimento e o respeito
dos colegas e professores para
se se autovalorizar
Conflito mal
resolvido
Iniciativa Culpa
3-6 anos
Realização Inferioridade 7-11 anos
Adolescência
Vem do latim “adolesco” = crescer
Existem múltiplas definições de adolescência e seus limites:
MORATÓRIA PSICOSSOCIAL
É um período caracterizado por diversas opções à disposição e que o jovem
pode experimentar ludicamente sem ter de assumir o compromisso de adulto
(Erikson).
Processo de procura ativa – experimentação de vários papéis
Adolescência e Saúde
• Crescimento contínuo – vive satisfação com a sua pessoa (tranquilidade);
• Crescimento por ondas – mais propensos à depressão, possuem
mecanismos de defesa mais rígidos;
• Crescimento tumultuoso – baixa autoestima (autoconceito diminuído)
➢ Não confiam neles, pensam que são inferiores por não serem assertivos,
nem independentes dos seus pais. Não conseguem comunicar sem
serem agressivos.
Adolescentes e família
A família do adolescente desempenha um papel fundamental no seu
desenvolvimento social e afetivo, na medida em que funciona como “porto de
abrigo” para o adolescente.
P.e. “criança lobo” não tem esquemas cognitivos (aquilo que vou apreendendo
e acomodando)
A Narrativa Pessoal
Esta ideia relaciona-se com uma crença muito enraizada que o indivíduo possui,
segundo a qual ele é único - a ideia de que mais ninguém no mundo consegue
compreender a forma como ele se sente.
O Público Imaginário
Uma segunda característica comum do egocentrismo do adolescente relaciona-
se com a capacidade crescente para assumir a perspetiva das outras pessoas.
Adolescência:
• Luto dos Imagos dos pais
• Luto do corpo infantil
• Escolha do par heterossexual (ou outro)
• Reafirmação da família (esteve mais distanciado, mas volta-se a
aproximar com outra mentalidade e tolerância, isto é, “cresce”)
→ Sono
Polissonografia (estudo do
sono): tem como principal
objetivo o diagnóstico de
doenças que se manifestam
durante o sono.
→ Nutrição (Doenças de
Comportamento Alimentar-
DCA)
• Anorexia
“falta de apetite”
• Anorexia nervosa
“distúrbio emocional, recusa de alimentação, medo de ficar obeso.”
• Obesidade
“excesso de gordura, capaz de afetar a saúde.”
• Bulimia nervosa
“preocupação exagerada e medo de ganhar peso com episódios de
voracidade alimentar (comer em excesso), seguidos de
comportamentos compensáveis.
→ Consumo
Etapas desenvolvimentistas:
Fatores de proteção
→ Apoio da família/amigos
→ Espaços de apoio ao aluno
→ Espaço de educação para a cidadania, saúde e desenvolvimento pessoal
social
Maior probabilidade de
comportamentos de risco
Questão: Quem sou eu? Qual o lugar que ocupo na sociedade? O que quero ser
no futuro?
Para Erikson:
Influencia:
• Alterações significativas do corpo;
• Sobrevalorização dos amigos;
• Maior suscetibilidade aos comentários de amigos/conhecidos…;
• Pressão da “media”.
Moratório Psicossocial
Dos 13 aos 18/20 anos, é um processo de procura ativa que tem como objetivo
principal preparar-se para estabelecer compromissos (procura de alternativas)
Portanto, na adolescência:
Pensamento Pensamento
centrado no que é centrado em utilizar
preciso saber e aquilo que sabe para
que competência o indivíduo alcançar
a adquirir para os seus objetivos
indivíduo se sentir profissionais e
com valor familiares.
Infância e Jovem adulto (20 aos
adolescência 30 anos)
Desenvolvimento Psicossocial
Relações homossexuais
• Pequena minoria
• Procura de amor, companheirismo e prendimento sexual, semelhante às
relações heterossexuais
Fatores de proteção
Casamento
• Satisfação de necessidades fundamentais:
o Intimidade;
o Amizade;
o Preenchimento sexual;
o Companheirismo.
• Baseadas em interesses e valores comuns;
• Entre pessoas da mesma geração ou da mesma etapa de vida familiar;
• Entre pessoas do mesmo sexo;
Amizades
• Baseadas em interesses/valores comuns;
• Entre pessoas da mesma geração/mesma etapa da vida familiar;
• Entre pessoas do mesmo sexo.
Melhoria na saúde:
• Saudáveis fisicamente e psicologicamente;
• Maior longevidade;
• Vidas mais seguras;
• Encorajamento mútuo à adoção de cuidados de saúde;
• Atribuição de um significado ou sentido ou sentido de coerência na vida;
• Minimização do stress através do suporte emocional;
• Menos condições crónicas e internamentos hospitalares menos
duradouras.
Fatores de risco
Nível parental
• Infertilidade
o Incapacidade para conceber após 12-18 meses de tentativas;
Consequências:
o Provoca alterações na intimidade (casal deixa de fazer amor para
passar a fazer filhos);
o Desgaste emocionalmente o casamento;
o Homens: frustração, zanga, vazio, sem valor, deprimidos;
o Mulheres: dificuldades em aceitar a incapacidade de fazer algo
natural e fácil para outras mulheres.
• Dificuldades na educação dos filhos;
• Enfoque nos filhos em detrimento do casamento.
Nível profissional
a. Capacidade de mudança…
…de um raciocínio abstrato para considerações práticas do mundo
real.
➢ P.e. “Isto pode resultar no papel, mas não na vida real.”.
c. Pragmatismo
…escolha da melhor solução com base na sua aplicabilidade a
questões do dia-a-dia.
➢ P.e. “Se quer a melhor solução faça A, se quer a solução mais
rápida faça B.”.
d. Consciência de Paradoxos
…que a solução de um problema traz ganhos e perdas.
-Flexível -Incerteza
Lidar com...
-Aberto -Contradição
-Adaptativo -Imperfeição
-Individual -Compromisso
PÓLO POSITIVO:
PÓLO NEGATIVO: GENRATIVIDADE
ESTAGNAÇÃO
• Capacidade para ser
• Preocupação
~ exclusiva com criativo e produtivo em
o próprio, com o seu bem- várias áreas da vida (p.e.
estar e posse materiais ter filhos
(virado para o seu umbigo) • Preocupação com as
• Ausência de doação gerações vindouras (o
• Egoísmo indivíduo não é egoísta,
devolve aos outros o que
recebeu)
• Empenho em tornar o
mundo num lugar melhor
para viver (deixar algo bom
no mundo)
2. Estádio realizador
Dos 20 aos 30 anos
3. Estádio responsável
Pensamento centrado na
resolução de problemas,
para o indivíduo poder ser
35 anos
responsável por outros.
4. Estádio executivo
Pensamento centrado em
relações complexas com
várias variáveis para o
indivíduo liderar uma
organização ou empresa.
5. Estádio
reorganizacional
Pensamento centrado na
65 anos
reorganização da vida e na
identificação de interesses
significativos não
profissionais para o
indivíduo se poder reformar
Ninho vazio
• Quando o último filho deixa o lar;
• Mais fácil para mulheres que a encaram como uma experiência
libertadora para realizarem aspirações pessoais.
Porta giratória
• Quando o filho regressa ao lar para se reorganizar depois de ter sofrido
dificuldades financeiras, conjugais ou de outro tipo.
Netos
• Em relação aos quais podem ser professores, cuidadores, modelos e até
mediadores na relação com os pais
Geração Sandwich: mulher com filho pequeno ainda dependente dos seus
cuidados e um marido mais velho que já necessita de cuidados especiais.
Fatores de proteção
Atividade profissional
• Maior satisfação profissional;
• Alcance do topo da carreira.
Relações íntimas
• Aumento da satisfação conjugal;
• Relações mais íntimas com amigos.
Saúde físico
Fatores de risco
Perdas cognitivas
• Preocupação com os primeiros sinais.
Alterações físicas:
• Não aceitação de rugas, óculos, perda de cabelo, etc…
• Dificuldade em lidar com o aumento do peso, devido à acumulação de
gordura corporal;
• Menopausa;
• Aumento do risco para determinadas doenças;
• Dificuldade em lidar com o aumento de peso, devido à acumulação de
gordura corporal.
O Envelhecimento
Dados demográficos:
Agravamento na última década do fenómeno do duplo envelhecimento da
população (aumento da população idosa e redução da população jovem).
Estereótipo:
Atitude
Conjunto de juízos que conduz a um comportamento, que leva a agir
Atitudes Negativas
• Automorfismo social
Ausência do reconhecimento da especificidade de cada idoso.
➢ P.e. tratar como se fossem muito frágeis, “dar o lugar no
metro”, muitos podem levar a mal.
• Gerontofobia
Medo irracional de envelhecer e de tudo o que se relaciona com a
velhice.
• Infantilização
Tratar as pessoas como se fossem crianças.
Envelhecimento Fisiológico
Alterações na aparência
• Pele mais pálida, manchada e menos elástica;
• Aparecimento de rugas;
• Diminuição do tecido adiposo;
• Cabelos grisalhos e finos;
• Aquisição de uma postura curvada;
• Diminuição da altura;
Sinais neuro-oftalmológicos
• Menor contraste visual;
o Dificuldade na leitura de letras muito pequenas ou apagadas
• Menor adaptação tanto à luz fraca como à luz intensa.
o Dificuldade em conduzir à noite, sobretudo em ver os sinais.
Sinais motoros
• Menor coordenação fina;
• Maior tempo de reação;
o Propensão para acidentes
• Menor força muscular, sobretudo nos músculos dos membros inferiores.
o Quedas com risco de fratura
Desenvolvimento Cognitivo
Alterações fisiológicas
• Perda de axónios;
• Perda de células do cerebelo, que controla o equilíbrio e a motricidade
fina.
Alterações da memória:
• A curto prazo:
o Diminuição da capacidade para manipular informação retida há
pouco tempo.
➢ P.e. Reorganização os seguintes itens, por ordem crescente
de tamanho: “lápis”; “elefante” e “jornal”.
• A longo prazo:
o Diminuição da memória episódica;
➢ P.e. Lembrar o que comeu ao almoço; onde deixou o carro
(informação recente que se confunde com muitas outras
experiências semelhantes).
PÓLO POSITIVO:
PÓLO NEGATIVO: DESESPERO INTEGRIDADE
• Cônjuge
o Casamento duradouro, emocionalmente muito importante nesta
idade;
o Mais satisfatório do que na meia-idade, devido à disponibilidade
da reforma, terminar de cuidar dos filhos, devido à disponibilidade
da reforma, terminar de cuidar dos filhos e mais dinheiro no
banco;
o Mais interesse e prazer na companhia um do outro.
• Familiares (filhos)
o Convívio entra várias gerações
o Contacto com netos e bisnetos
Sozinhos em casa
Numa Instituição
A solidão
• Fatores Situacionais:
o Viver só;
o Ter enviuvado;
o Certos momentos do dia em que outrora esteve mais
acompanhado.
• Fatores Psicológicos:
o Ser infeliz no casamento;
o Dependência;
o Insatisfação nas relações interpessoais;
o Perda de animais e ou objetos significativos;
o Perda de familiares e/ou amigos.
A morte e o luto
Luto
Processo de ajustamento à perda de alguém próximo
Fatores de risco
• Nível Financeiro
o Idosos pertencentes a minorias têm menor probabilidade de
sustento financeiro por terem tido trabalhos que não
descontaram para a segurança social;
o Mulheres mais velhas sozinhas (que não contam com a pensão do
marido) e idosos doentes têm também mais dificuldades
financeiras.
• Nível Familiar
Ir viver com os filhos
o Entre duas gerações que valorizam a independência, os pais não
querem ser um fardo para os filhos e gastar os seus recursos;
o Pode ser difícil para o idoso abdicar da sua liberdade e da sua
privacidade;
o Pode sentir-se inútil, entediado e isolado dos amigos;
o Pode dar-se mal com o genro/nora;
o Ter como cuidador um dos filhos com mais de 60 anos (idade com
menos energia e saúde);
o Prestar cuidados a um idoso com vários problemas crónicos pode
ser física e emocionalmente extenuante para o cuidador.
Fatores de proteção
• Longevidade
As mulheres tendem a viver em média mais 6 anos do que os homens,
devido à sua maior tendência para:
o Cuidar de si mesmas;
o Procurar cuidados médicos.
• Casamento
Os idosos casados tendem a cuidar um do outro;
Nota: No entanto basta ter uma pessoa na comunidade com quem contar para
um idoso manter-se independente.
• Atitudes positivas
o Respeito
o Confiança
o Luta contra a gerontofobia