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Podem haver normas de aplicação imediata de diferentes Estados a querer aplicar-se a certa situação → concorrência de normas de aplicação imediata.
Qual a relevância que se pode reconhecer na ordem jurídica do foro às normas de aplicação imediata de um Estado terceiro?
A. Normas de aplicação
Em Portugal, ou há uma norma que confere expressamente a possibilidade de relevância às normas de
imediata do foro: aplicadas
aplicação imediata estrangeira de terceiros Estados ou essas normas não existem. A existirem, essas normas
pelo julgador nos casos em que
são normas de reconhecimento, pois que conferem eficácia a normas de aplicação imediata
caia no seu âmbito de
estrangeira (MARQUES DOS SANTOS).
aplicação material e espacial
(art. 9.º/ 2 do Regulamento EXEMPLO 1: Está pendente aplicar a lei EXEMPLO 2: X e Y convencionaram a realização de
Roma I; art. 16.º do portuguesa ou a lei suíça. Porém, a lei suíça é um espetáculo de pirotecnia em Espanha, no mês de
Regulamento Roma II). uma lei estrangeira de um terceiro Estado, não agosto, e que a lei aplicável ao contrato era a
B. Normas de aplicação sendo a ‘lex causae’ nem a ‘lex fori’. Assim, portuguesa. Após terem celebrado o contrato, vieram
imediata estrangeira: o questiona-se se há, em Portugal, alguma norma a ser implementadas medidas legislativas em
Estado do foro não está que reconheça eficácia à norma material suíça, Espanha que proíbem a realização de espetáculos
vinculado pelo Direito respondendo-se que não. Ainda assim, há normas deste tipo, em agosto, por causa dos incêndios. Ora,
Internacional Público Geral ou de reconhecimento especiais para estas matérias: a execução deste contrato, em Espanha, seria ileal. A
Comum a tomar a aplicação o art. 23.º/ 2 da Lei das CCG é uma norma de lei que se aplica ao contrato é o art. 150.º do Código
destas normas, mas também reconhecimento das normas de aplicação Civil (situações de impossibilidade); mas, para se
não está proibido de conferir imediata estrangeiras de terceiros Estados, desde dizer que há impossibilidade legal, tem de se
relevância a essas normas. que exista uma conexão especial com essa ordem fundamentar isso na lei espanhola. Só que acontece
Portanto, para decidir se se vai jurídica, e só relativamente a normas de qeu esta última não é a lei que regula o contrato,
conferir relevância a essas aplicação imediata de Estados-membros. Ora, porque as partes escolheram a lei portuguesa para o
normas, importa averiguar se esta norma não podia aqui ser aplicada, já que a efeito. Assim, a lei espanhola terá entrada pelo art. 9.
há disposições legais ou Suíça não é um Estado-membro da UE. Há, º/ 3 do Regulamento Roma I, segundo o qual o
princípios que o obriguem a então, outra norma, que é a do art. 9.º/ 3 do tribunal pode conferir relevância às normas do país
fazer (art. 9.º/ 3 do Regulamento Roma I, que permitia – mas não onde o contrato pudesse ser executado.
Regulamento Roma I). obrigava – dar essa relevância. 3