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Em sede de interpretação jurídica, está o intérprete vinculado (art. 9.º/1 CC) a atender
aos quatro elementos da interpretação (o literal e o sistemático, teleológico e
histórico).
O elemento literal goza de primazia sobre os demais, exercendo uma dupla função: é
ponto de partida (base textual da interpretação) e crivo final (o resultado final não
dispensa correspondência mínima com a letra da lei – 9.º/2 CC).
1. Natureza da interpretação:
Castanheira Neves (“CN”): trata-se de operação de natureza sistemática (atende ao
enunciado normativo e à sua colocação no regime) e problemática (atende ao caso
que convoca o enunciado normativo).
Argumento ad maius: conclui-se que se uma regra proíbe o menos estará proibido
o mais.
Argumento ad minus: retira-se que se uma regra permite o mais estará permitido
o menos.
c) Restritiva: espírito da norma é mais restrito que o seu sentido literal possível,
restringindo-o.
Ex: Artigo 282.º CC: como fundamento para qualificar um negócio como usurário,
alude-se a explorar o «estado mental», entendendo-se restritivamente que será
unicamente uma exploração do estado mental depressivo.
Ex: Artigo 126.º CC: determina-se que o menor que tenha usado de dolo não pode
invocar a anulabilidade, e, por interpretação extensiva, admite-se que os
representantes legais do menor que tenha usado de dolo também estão impedidos
de invocar a anulabilidade do acto.
3. Conclusão da interpretação
A interpretação da regra que ponderamos aplicar, nos termos do artigo 9.º CC, não nos
permite aplicá-la ao caso concreto, por não se assegurar correspondência mínima com a
letra da lei (9.º/2), mediante interpretação declarativa, extensiva ou restritiva?
Esquema para as Subturmas 10 e 12 de IED, Turma B, 2021/2022
Se assim for – convoca-se o regime da integração de lacunas, que exige, como primeiro
passo, que se pondere se existe efectivamente uma lacuna (ver passos seguintes).
4. Integração de lacunas
Requisitos:
b) Tipos de Lacunas:
Art. 10.º/1 CC: sempre que tivermos algo que a lei não preveja, usamos a norma
de casos semelhantes.
1º- deve-se procurar uma norma semelhante que se possa aplicar e ver se pode ser
aplicada;
2º- se não houver uma norma semelhante, o juiz deve criar uma norma segundo o
espírito do legislador.
Analogia legis (10.º, n.ºs 1 e 2): analogia com regra legal existente no
sistema;
Analogia iuris (10.º, n.ºs 1 e 2): analogia apenas com princípio jurídico
existente no sistema, aflorado parcialmente em diferentes regras;
e) Limites à analogia
Coordenadas gerais:
2. Não existindo direito transitório, temos que recorrer aos artigos 12.º e 13.º do CC.
Como é que aplicamos a LN à luz do artigo 12.º CC? Em princípio, aplicamos a LN
sem eficácia retroactiva (excepto se for outro o sentido específico da lei).
Retroatividade Extrema – lei nova é aplicada aos factos ocorridos antes da sua
entrada em vigor, sem quaisquer limites, sem respeitar o caso julgado; não há
suscetibilidade de recurso ordinário;
Retroatividade Quase Extrema – limite à aplicação da lei nova aos factos
ocorridos antes da sua entrada em vigor é o caso julgado. Por conseguinte, a
lei nova também se aplica às situações que se constituíram e extinguiram ao
abrigo de uma lei antiga.
Esquema para as Subturmas 10 e 12 de IED, Turma B, 2021/2022
Esquema:
LA continua a regular os
Instantâneos – ocorrem num factos passados
único momento singular (ex. (Sobrevigência da LA).
celebração de um contrato de
CV).
LN regulará os factos
novos (Aplicação
Imediata da LN)
FACTOS JURÍDICOS
Factos c/ relevância jurídica
Aplicação da LA a efeitos
Instantâneos – a alteração já produzidos
introduzida na ordem jurídica (Sobrevigência da LA).
produz-se num momento
singular (ex: efeito translativo
da propriedade) Aplicação da LN aos
efeitos que se produzam
sob a sua vigência
(Aplicação Imediata da
LN).
Continuados – perduram no
tempo: situações jurídicas -
EFEITOS JURÍDICOS
na letra do artigo 12.º/2,
Consequência associada à
“relações jurídicas” (ex:
verificação de determinado
efeitos do contrato de
facto jurídico (para todo o
arrendamento):
efeito jurídico há um facto
subjacente) (ex: usufruto)
Se:
Criação de uma nova lei que tem como finalidade interpretar uma lei anterior.
A lei nova vai produzir os seus efeitos a partir do momento em que a lei
interpretativa entra em vigor (retroatividade agravada).