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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ

Publicado em Sessão
Acórdão n° 52.663

RECURSO ELEITORAL N« 267-84.2016.6.16.0186.


Procedência Colombo-PR (186a Zona Eleitoral - Colombo).
Recorrente Izabete Cristina Pavin.
Advogados Mariana Strapasson e outros.
Recorrente Aírton Alves Aguirre.
Advogados Paulo Ernesto Wicthoff Cunha e outros.
Recorrido Ministério Público Eleitoral.
Relator Des. Xisto Pereira.

EMENTA. ELEIÇÕES 2016. REPRESENTAÇÃO.


PROPAGANDA ELEITORAL EM BEM DE USO COMUM.
TEMPESTIVO CUMPRIMENTO DA ORDEM JUDICIAL DE
RETIRADA (ART. 37, § 1», DA LEI N» 9.504/1997).
VERACIDADE DAS PROVAS APRESENTADAS NÃO
INFIRMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os


Juizes do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, por unanimidade de votos,
em conhecer e dar provimento ao recurso para julgar improcedente a
representação, nos termos do voto do Relator, que integra esta decisão.

Curitiba, 29 de novembro de 2016.

DES. XISTO >PEREIRA- RELATOR


TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ
Recurso Eleitoral n« 267-84.2016.6.16.0186

- RELATÓRIO

Trata-se, na origem, de representação ajuizada pelo


Ministério Público Eleitoral, ora recorrido, em face de Izabete Cristina Pavin,

candidata ao pleito majoritário do município de Colombo, e Aírton Alves


Aguirre, candidato ao cargo de vereador daquela localidade, ora recorrentes.

em razão de suposta realização de propaganda eleitoral em estabelecimento


comercial (farmácia), bem de uso comum para fins eleitorais, nos termos do
art. 37, capute § 4», da Lei n^ 9.504/1997 (fls. 02/08).

Pela sentença julgou-se procedente a representação,

aplicando-se multa no importe de R$ 2.000,00 a cada um dos recorrente^,

ao fundamento de que as fotografias acostadas aos autos na ocasião


defesa, com o fito de comprovar o cumprimento da determinação judicial <S$\\ IS
remoção das propagandas não permitem identificar a fachada do imó»
impossibilitando inequívoca confirmação de se tratar do mesmo edil

aludido na inicial (fls. 46/47).

Nas razões recursais, alegam os recorrentes q

promoveram a retirada das propagandas ainda antes do recebimento d

ordem judicial e que buscaram comprovar tal ação por meio das fotografias

de fls. 36/37, as quais não poderiam ter sido desconsideradas pelo juízo sem
uma nova averiguação in loco por servidor do cartório eleitoral. Ademais,

afirmam ser descabida condenação em multa apenas por "presunção de não

regularização de propaganda", mormente quando um adesivo comum entre

as fotografias apresentadas pelas partes permitiria identificar tratar-se do

mesmo imóvel aludido na inicial. Requerem o provimento do recurso para,

reformando-se a sentença, ser julgada improcedente a representação (fls.

52/58).

Em contrarrazões, o recorrido pugna pelo desprovimento do

recurso com a manutenção da sentença (fls. 61/63).

A Procuradoria Regional Eleitoral manifesta-se pelo não

conhecimento do recurso, em razão de sua intempestividade (fl. 68).

É o relatório.
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Recurso Eleitoral n* 267-84.2016.6.16.0186

-VOTO

Preliminar

De acordo com o § 2e do art. 2« da Res. TRE/PR n« 745/2016


as zonas sem competência para registro de candidatura, nos municípios
abrangidos por duas ou mais zonas eleitorais, encerrariam o regime de
plantão em 14 de outubro.

Confira-se:

Art. 2*. (...).

§ 2Q Nos Municípios abrangidos por duas ou mais zonas eleitorais


zonas sem competência para registro de candidatura encerrara
regime de plantão em 14 de outubro ou, se houver segundo t n
em 11 de novembro de 2016.

Por sua vez, o § 2* do art. 3e da Res. TRE/PR n« 741/2

dispõe que "findo o plantão, estando a parte representada por advoga


todas as intimações passam a ser realizadas via Diário da Justiça Eletrônico'

Assim, não sendo a 1869 Zona Eleitoral de Colombo a mais

antiga e não tendo competência para o registro de candidaturas,

incumbindo-se tão somente dos atos relativos à propaganda, consoante


previsão dos arts. 6^ e 78 da Res. TRE/PR ne 701/2015, teve seu plantão

encerrado em 14 de outubro.

Compulsando-se os autos verifica-se, no entanto, que o

cartório deixou de proceder a publicação da sentença prolatada em

18/10/2016 (fls. 46/47) em Diário da lustica Eletrônico, tendo sido efetivada

apenas a afixacão de edital aos 20/10/2016 no local de costume (fls. 50/51),


razão pela qual não há falar em intempestividade do presente recurso, ainda

que protocolizado somente em 24/10/2016 (fl. 52).

Rejeita-se, pois, a preliminar para conhecer do recurso.


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Mérito

A controvérsia dos autos está adstrita à comprovação da


retirada da propaganda eleitoral irregular afixada em estabelecimento

comercial (farmácia), bem de uso comum para fins eleitorais - consoante

previsão do art. 37, capute § 4°, da Lei n^ 9.504/1997.

É ônus do responsável pela propaganda a comprovação de

sua retirada. Apud acta, as fotografias de fls. 36/37.

Pela sentença julgou-se procedente a representação,

aplicando-se multa no importe de R$ 2.000,00 a cada um dos recorrentes,

ao fundamento de que as fotografias acostadas aos autos na ocasião cja


defesa, com o fito de comprovar o cumprimento da determinação judicial d

remoção das propagandas, não permitiram identificar a fachada do imóv


impossibilitando inequívoca confirmação de tratar-se do mesmo edifí'

aludido na inicial (fls. 46/47).

Ocorre que a presunção de boa-fé é comezinho princípio


direito, sendo milenar a parêmia: a boa-fé se presume, a má-fé depende

prova.

Nessa toada, inexiste nos autos qualquer comprovação de

eventual confusão ou adulteração das imagens trazidas pelos recorrentes,

não tendo logrado êxito o recorrido em afastar a veracidade das fotografias

e alegações dos recorrentes.

Meras conjecturas ou ilações são insuficientes para repelir o

material probatório apresentado, até porque caso se verificasse tentativa de

induzir a erro o Judiciário, caberia a cominação imperiosa de outras penas

aos recorrentes.

Com efeito, a boa-fé objetiva alhures mencionada, como

importante princípio geral de direito, deve ser aplicada como intermediário


entre a lei e o caso concreto.

Assim, considerando-se que a boa-fé se presume e a má-fé

exige prova cabal, é certo que, na inexistência desta última, não há falar em

aplicação de multa tão só pelo insuficiente efeito visual das fotografias


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Recurso Eleitoral n* 267-84.2016.6.16.0186

acostadas, sem que se tenha oportunizado o saneamento ou determinada a

promoção de diligência in loco.

III - DISPOSITIVO

Nessas condições, dá-se provimento ao recurso para julgar

improcedente a representação.

É como voto.

Curitiba, 29 de Q0tfemj>fe-çie 2016.

PEREIRA-RELATOR
Tribunal Regional Eleitoral do Paraná

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

Recurso Eleitoral N* 267-84.2016.6.16.0186 Prot 224.410/2016

ORIGEM: COLOMBO - PR

PAUTA: 115/2016 JULGADO EM: 29/11/2016 (SESSÃO N° 115/2016)

RELATOR: DES. ADALBERTO JORGE XISTO PEREIRA

PRESIDENTE DA SESSÃO: DES. LUIZ FERNANDO TOMASI KEPPEN


PROCURADOR-GERAL ELEITORAL: DR. ALESSANDRO JOSÉ FERNANDES DE
OLIVEIRA

SECRETÁRIA: DRA. DANIELLE CIDADE MORGADO MAEMURA


DECISÃO

À unanimidade de votos, a Cone conheceu do recurso e, no mérito, deu-lhe provimento,


nos termos do voto do Relator.

: Doutor Alessandro José Fernandes de

Por ser verdade, firmo a presente.


Curitiba, 29 de novembro de 2016.

IEDA HELENA DAL-PRÁ


CHEFE DA SEÇÃO DE ATAS

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