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HCAPC resumos 1º teste

A origem da escrita

 O Egipto tem abundância de fontes documentais, com o aparecimento da


escrita vai existir uma revolução cultural. Antes da escrita, a representação é
um elemento importante.
 Primórdios da escrita  decoração dos vasos de cerâmica (não são textos, mas
sim apresentações que conseguimos descodificar, de forma a contar uma
história).
 A invenção da escrita está associada a uma densidade populacional acrescida,
sendo um processo relativamente lento.
 A invenção da escrita dá-se com a unificação do território.

Nota:
Na Pré-história do Egipto não existia a extensão de deserto que há atualmente. Era um
território árido seco. O vale do Nilo foi o território que acolheu as populações, pois
permitia condições de vida (foi neste local que densidade populacional cresceu).

 No Egipto é possível deteta o processo de criação de escrita.

Começa no Neolítico, sendo que os primeiros sinais começam no Alto


Egipto, associado à população de origem africana, que se diferenciava das populações
do Norte pela hierarquização social notável nos túmulos. No Egipto pré-dinástico, no
Delta existiam populações semitas e as comunidades encontradas denotavam uma
certa igualdade social, sendo este panorama diferente do Vale do Nilo (deteta-se na
riqueza dos enterramentos).

 A cultura visual e a escrita estão intimamente ligadas  a escrita nasce a partir


da cultura visual, as imagens eram uma forma de escrita dos antigos (uma
forma de rudimentar a escrita).

Há imagens que formam narrativos, estas vão evoluindo e os eventos


fixados nos vasos tornam-se mais complexos. As divindades apresentam-se em barcas.
Período pré-dinástico

 Os cadáveres não eram eviscerados nem enfaixados. Achava-se que eram fruto
do acaso, mas mais tarde descobriu-se que tinham mesmo o propósito de
aparecerem preservados. Preparados com unguento, com propriedades
antibacterianas que proporcionavam a desidratação e a conservação do corpo.
As substâncias usadas no unguento tinham de ser adquiridas num comércio
mais ou menos mundial, uma vez que eram transportadas de muito longe.
Aparecem também os primeiras tatuagens conhecidas, estas imagens
funcionavam como signos, que traduzem uma mensagem concreta. No período
histórico também há tatuagens, mas com a mumificação e a salinização, a pele
escurece e essas marcas na pele passam geralmente despercebidas.

 Chega-se ao Egipto histórico através da unificação  O chefe de uma


determinada zona vão conquistando territórios vizinhos, criando grandes
reinos.

 Os símbolos aparecem como sinal para exaltar a figura do líder  Antes do


aparecimento da figura do líder, a maior parte das representações tinham
como personagens as mulheres. No entanto, os guerreiros passam a ter mais
importância, uma vez que a guerra era a chave do sucesso.

 Os hieróglifos representam animais, objetos, etc.  A primeira utilização de


um signo foi num vaso, em representação do signo da água (lê-se “um”) 
corresponde a cinco riscos ondulados verticais.

 A escrita vai-se começar a emancipar num suporte muito específico, as


etiquetas dos produtos do rei. À medida que a riqueza se vai acumulando, há
necessidade de criar um sistema de maior controlo. Surgem também os
caracteres numéricos  No fim do período pré-dinástico, começam a surgir
tabuletas que relatam uma história.

 A figura do faraó manifesta-se de várias formas  era usado um cinto com a


cauda de um animal poderoso para potencialização do poder pessoal de quem
o usa.

 Terra, que na figura simboliza a terra do baixo Egipto, dominada por Horus ou
Orus.

 Escrita  civilização egípcia  unificação do Egipto1

1
Estes três fenómenos acontecem ao menos tempo e estão ligados.
Regime político

 O regime político deste território vasto é concentrado numa elite liderada por
um monarca (regime monárquico)

 O rei do Alto e do Baixo Egipto tem um poder superior

Nota:
Na Mesopotâmia não existia nada deste tipo (existiam cidades estado)

 A monarquia enquanto instituição começa no Egipto  No início do 3º milénio


temos um regime totalitário e riquíssimo, nada no mundo de então se
aproximava.

 Só no Egipto é que a monarquia se implantou com tanta magnitude.

 O faraó não é visto como um simples humano  O faraó tem um cariz divino2.

 A escrita centra-se e concentra-se no faraó, pois os seus primeiros indícios


aparecem na escrita do nome do rei.

 O desenvolvimento da escrita tem um significado tanto ideológico como


administrativo  O desenvolvimento da escrita está também associado ao
poder e ao faraó  A escrita é feita no palácio.

 Falcão  remanescência pré-dinástica que identifica o faraó como a


reencarnação e a manifestação do deus Orus3.

 O nome do rei simboliza a instituição do poder e do palácio.

2
É isto que está no início do regime político do Egipto
3
Uma evocação que mostra que aquele indivíduo não é um ser qualquer
 O sistema decimal é a numeração usada no Egipto  remetente para a
realidade anatómica.

 A escrita refere-se à administração e à propriedade  A cultura da escrita é


muito sofisticada, como se vê no (começo do) uso do papiro. O papel é o
suporte do conhecimento (sendo na altura o seu uso limitado), o papiro é a
primeira forma de “papel”  o papiro vai permanecer como propriedade real
por ser manufaturado no palácio.

 Materialidade da escrita é mais sofisticada (papiro + modo como se escreve


através de uma espécie de godé).

 Os escribas escreviam no colo e a noção de página/tamanho da página


depende do tamanho do colo do escriba.

 O papiro era extremamente dispendioso – os escribas numa posição mais


elevada, com mais experiência, é que escreviam em papiro  os aprendizes
faziam o seu percurso em suportes de pedra – o que é bom porque estes
suportes são mais resistentes e chegaram até nós (ou chegaram com melhores
condições de conservação).

 Os documentos oficiais eram armazenadas em bibliotecas e reproduzidos em


escolas4.

 500 anos depois da unificação dá-se um investimento nas grandes construções


– pirâmides de Giza (faraó khufu)  viragem civilizacional

4
Não chegaram muitos até nós. Os que chegaram têm significados rituais/religiosos em túmulos ou são
cópias comesse fim, maioritariamente.
 Pirâmides como túmulos e mostra o conhecimento do carisma divino do faraó
 A pirâmide dá materialidade ao carisma.

As matérias-primas vêm de todo o lado – aumenta a complexidade da


construção das pirâmides  Máquinas burocrática da gestão e administração para a
construção5.

 Escribas - elite em torno do faraó; detêm a rede do regime do faraó  os


escribas são os únicos que se representam a trabalhar na arte, contrariamente
a todos os outros, que se representam em repouso e como gostariam de ser 
os escribas são representados como sérios, como se estivessem à espera do
faraó dizer para escreverem o que lhes era ditado.

 Mastabas – pequenas túmulos à sombra do rei/da pirâmide  túmulos de


indivíduos premiados pelo faraó  ter um túmulo significa sobreviver, ser
lembrado além da morte.

 Túmulo  unidade familiar (escriba + esposa (por veces os filos)).

 Tensão entre os que têm horizonte de imortalidade e os que não têm.

 Túmulo (significa “sobreviver” – ter vida depois da morte):

 Função memorial
 Imagem do sucesso/êxito do funcionário
 Usado como imagem do sucesso
 Está presente na carreira de um indivíduo
 Quanto maior a vida do funcionário, maior o “estatuto” do
túmulo

 As autobiografias6 começaram por ser o desenvolvimento do nome e dos


títulos do defundo  início da literatura

 Elite egípcia não é ociosa  todos têm uma carreira  os homens têm uma
carreira, enquanto as mulheres beneficiam do êxito dos maridos.

 O nome e o título vão ser complementados com uma pequena descrição.

 Estrutura de uma autobiografia  justificação do êxito do funcionário:


5
Escribas fundamentais para isso
6
Surgiram nos túmulos
 Nome
 Título
 Gratificação/referência aos êxitos

 A literatura começa com o definir a identidade de alguém de um modo


complexo.

 Neferet é um nome feminino comum no Antigo Egipto e significa “a bela”.

 As mulheres trabalham em casa, os homens foram de casa  As elites


trabalham junto do rei e as mulheres são designadas de íntimas do rei.

 A autobiografia mostra o porquê de aquele indivíduo se ter distinguido e o


desenvolvimento disso é que inicia a literatura  estas autobiografias
explicitavam as razões para o êxito daquele indivíduo.

 Nome + título + breve explicação  pode ser uma razão relativamente simples
para ser honrado.

 A hereditariedade dos privilégios é algo que flutua no tempo: em crise, há uma


maior retificação; em expansão, há maior meritocracia e mobilidade social.

 No Egipto, existe uma mistura, isto é, as elites continuam elites, mas depois
cada um está por si e conquista o seu próprio lugar na elite.

 A fonte de autoridade não é cega, mas com base na crença de que o faraó sabe
o que fazer. A obediência ao faraó significa que também contribuiu para a
manutenção da ordem cósmica.

 Sabedoria  compreender a manutenção da ordem cósmica, compreender o


universo e como se pode integrar essa ordem cósmica.

 O faraó é o centro da ordem cósmica, centro da visão religiosa do Egipto  o


rei é o centro do universo (coração do rei).

 Resumindo, a fonte da autoridade está no rei, é dele que emana a sabedoria,


sendo, por isso, responsável pela manutenção da ordem cósmica (Maat).

Responsabilidade

 A maat (ordem cósmica) é o resultado de um trabalho:


 Plenitude
 Vida
 Abundância

 A isefet (caos) resulta de um esvaziamento:

 Necessidade
 Sofrimento, doença e morte
 Escassez

 O equilíbrio não é abstrato, resulta de um trabalho contínuo.

 Saber obedecer implica dedicação, empenho  virtude: obediência.

 A ordem cósmica está pura na criação e vai-se esvaziando.

 A especulação filosófica egípcia é baseada na observação (especialmente da


natureza)  o ponto de vista egípcia é muito pragmático.

 A raiz da sabedoria: “estar no coração do rei”:

 Sabedoria emana do centro do Universo. Tem uma fonte


exterior: indivíduo orientado pelo rei
 Virtude: obediência
 Obter recompensas e prestigio
 Assegurar a “morada do ka” (túmulo) – mumificação é
garantir um suporte do ka.

 Assim, a autobiografia é:

 Identidade
 Êxito
 Sabedoria/excelência
 Monumentalização de uma vida

 A exaltação do sucesso traduz a emergência do indivíduo:

 Estatuária
 Textos

 A excelência define a individualidade.


 A força do homem é a mulher e isso vê-se muito nas representações
estatuárias; o sucesso decorre da união entre cônjuges/unidade familiar.
Fim do Império Antigo

 Alterações climáticas (última fase de desertificação) coincide com a perda


do poder faraónico  período de fome extremamente severa.

 Poder centralizado desaparece e o reino divide-se  momento traumático


para a civilização egípcia: trauma civilizacional  consequências da não
existência de um poder e da queda da ideologia/ordem cósmica.

 Arte representa uma ideia que se pretende reforçar.

 O colapso da monarquia menfita conduziu a uma pulverização do poder:

 Heracleopólis
 Nubet, Tebas, Hieracompólis, etc

Império Médio

 Dá-se um problema cultural  devido à dificuldade de decidir quais são as


competências do faraó.
Nota:

Antigo vs Novo pensamento  No Império Antigo o faraó é responsável pela


manutenção da ordem cósmica, em contra partida, no Império Novo, pensava-se “se
antes esse pensamento deu errado, deve-se mudar?”

Este pensamento marca a cultura literária egípcia  justifica os limites do faraó,


para obtenção da ordem cósmica.

 A literatura do Império Médio procura o porquê do Império Antigo ter caído e a


solução.

 Assim, o Império Médio, restaurou a ordem política e social  depois da crise


seguiu-se um esforço no sentido de apurar as suas causas.

Nota:
Autobiografias importantes neste tempo: 1, 2 e 4.
 Formas do Império Médio  são maiores; estruturas mais complexas. Têm o
propósito de explicar que aquele homem é um exemplo de sucesso e explica as
razões do sucesso.

Império Antigo vs Médio

 Pensamento  No Império Antigo, o faraó era o responsável único pela


manutenção da ordem cósmica. Porém, de forma a ser diferente, impedindo a
sua queda, deu-se a aceitação do coração (consciência) onde todos os súbditos
do rei são responsáveis pela sua manutenção  surge a ideia de livre
pensamento.

 A responsabilidade  ideia fundamental dos textos e fulcral no pensamento


egípcio.

 Maat  há interiorização da maat, já faz parte da Natureza íntima a de cada


um.

Novas ideias

 O rei único responsável pele ordem cósmica  falhou

Existe uma viragem ideológica  passando a ser responsabilidade da


comunidade.

 Noção de responsabilidade individual  muito rudimentar (atualmente).

 A descrição das virtudes começa por se lembrar na competência do


funcionamento e na sua capacidade para servir o rei  a maat baseia-se em
comportamentos concretos.

 Evoluiu para o plano mais abstrato  a virtude decorre da interiorização da


maat.

 Comportamentos e virtudes manifestam a maat enquanto Responsabilidade


social e cósmica.
Nota:
O coração é a chave é a chave para a boa conduta, para o sucesso e para uma vida
longa.
O coração é a essência do indivíduo, a “voz” da sabedoria.

Autobiografias

 Textos que descrevem a carreira e percurso biográfico.


 Inicia-se, através destas fórmulas, a pesquisa da interioridade do homem:

 Mérito
 Inteligência
 Dedicação

 As autobiografias veiculam os mesmos valores que se detetam nos textos


sapienciais.

Textos sapienciais

 Os textos sapienciais refletem sobre os pilares da maat.

 Maat é o elo vivo que sustenta a sociedade e o cosmos.

Instruções sapienciais

 1ª etapa  a instrução ensina o escriba a ter sucesso.

 2ª etapa  a instrução ensina o escriba a viver bem.

Coração ouvinte

 O coração ouvinte é a base da ordem faraónica e da maat pois:

 Garante a conectividade social


 Vantagens: recompensas dos seus superiores e renome

 Ouvir simboliza a capacidade para se harmonizar com o todo, para


compreender e obedecer.

 O coração é a chave para a boa conduta, para o sucesso e para a vida longa.

Coração ouvinte vs avidez

 Coração ouvinte: o altruísmo manifesta-se em virtudes como perseverança e


dedicação; é uma característica da maat.

 Coração ávido: o egoísmo e o orgulho impedem o homem de escutar


(obedecer); é uma característica do caos, da isefet.

 Contraste entre o sábio e o ávido é uma forma de contrapor a maat e a isefet.

Nota:
O regime egípcio é um regime totalitário.

Modelos de comportamento

 Educação para o auto-domínio:

 Coração ouvinte: consciência superior que exorta à obediência e à


integração no todo.

 Coração ávido: consciência egoísta que impele o homem para


satisfação dos seus interesses próprios em prejuízo de todos.

 Função pedagógica: o escriba aprende a reconhecer o que em si mesmo, o


impele para a maat ou a isefet.

Casa da vida
 O funcionário ideal não é só um escriba competente, mas sim um homem
sábio.

 A escola não ensina só a escrever, ensina a viver.

 As competências sociais, que antes eram ensinadas pelo exemplo, eram agora
transmitidas explicitamente pelos textos sapienciais.

Instrução de Kheti (nº11) – Sátira dos ofícios

 A instrução assume a forma de um ensinamento de um pai Kheti, ao seu filho


Pepi.

 São oriundos de uma cidade do Delta e dirigem-se de barco para a capital, Iti-
taui.

 Pepi irá prosseguir os seus estudos na escola do palácio.

Imagens sobre trabalhadores

 No Império Médio encontram-se imagens sobre o trabalho  por exemplo,


apanhadores de canas.

 Nestas imagens, os camponeses são representados nus, isto permanece até ao


século XIII e representa a pobreza.

 Encontram-se em circunstâncias débeis, despojado, nada têm. Eram a camada


mais pobre do Egipto, é por isso que a nudez na arte do Egipto não é exaltada 7,
pois para os egípcios a nudez está conotada como um baixo escalão social.

Instrução de Amenemhat I

 Obra elaborada no reinado de Senuseret I.

 Assume a forma de uma instrução elaborada pelo próprio faraó Amenemhat I


ao seu sucessor.

 Este é um texto de legitimação – para reforçar o poder político do faraó.


7
Como acontece na Grécia Antiga
 É um texto especial, uma vez que a morte do rei tem lugar de forma criminosa
(foi assassinado) este texto funciona pela voz de uma testemunha que revela o
que aconteceu, sendo um ensinamento do rei ao seu sucessor.

 O rei foi assassinado, este regicídio deve se ter sucedido devido à usurpação do
trono por parte de alguém (que não o filho). Isto não está escrito, pois os
egípcios só escreviam as coisas que valiam a pena recordar.

A administração real é fundamental para o sucesso do faraó

 Eficácia do poder local

 Gestão dos recursos agrícolas

 Exploração de minas

 Comércio asiático

A comunidade dos escribas

 Fazem parte da elite.

 O mérito é decisivo na mobilidade social.

 A riqueza do Egipto está dependente da eficácia do aparelho administrativo.

Cidade de el-lahun

 Mostra-nos o plano das cidades egípcias

 Evidencia o retrato das sociedades egípcias

 Conseguimos entender uma clara divisão da cidade (um muro divide a cidade –
mostra-nos duas realidades diferentes).

 A imagem do lado esquerdo apresenta uma maior concentração.


 A elite está representada do lado direito, pois apresentam casas muito maiores.

 Esta divisão reflete o peso das pessoas que fazem parte da administração. O
faraó manda contruir a cidade já com tudo planeado.

Elite

 A educação da elite é parte integrante do projeto de restauração política.

 A Casa da Vida é o espaço privilegiado para veicular estes valores.

A literatura

 A literatura da Casa da Vida não está enraizada na tradição oral.

 Através da literatura, a monarquia procura:

 Promover o auto-controlo e responsabilização dos funcionários


 Assegurar a lealdade.

 Criação de uma ideologia de classe, capaz de assegurar a unidade do sistema e


prevenir a corrupção.

 A literatura serve para:

 O faraó precisa de explicar aos súbditos as vantagens da lealdade e


da obediência.
 A autoridade do faraó não assenta nas armas, mas na palavra.

Os faraós do Império Médio

 Criaram um imaginário religioso baseado no coração. O coração do indivíduo é


a testemunha silenciosa da vida do defundo. A pesagem do coração, mostra na
arte, o julgamento do defundo.
 Os faraós do Império Médio criaram um dispositivo religioso que permitia a
vida no além, através da conquista que fez na vida terrena, o momento chave
que decide se é permitida a vida no além é a pesagem do coração.

 Na balança de um lado temos o coração, do outro temos uma pena. O coração


e a pena são meros símbolos hieroglíficos, o que está a ser pesado é a
consciência com a justiça e a responsabilidade.

 Desde o Império Antigo sempre se deu imensa importância à responsabilidade


(para a manutenção da ordem cósmica e da justiça, de modo, a conquistar a
projeção no além como divino).

 O coração do faraó não era pesado, pois era a personificação da justiça.

Julgamento dos mortos

 O julgamento dos mortos baseia-se na avaliação do coração (consciência).

 Na pesagem do coração, a consciência é medida e avaliada:

 Capacidade para realizar a maat

 A recompensa do justo é a imortalidade.

 O defundo é proclamado um deus.

A aventura de Sinuhé

 É a narrativa mais copiada do Antigo Egipto.

 Não é um relato mítico, perpetuado pela tradição oral.

 É uma produção literária, um livro, que personifica a cultura do homem da elite


do Império Médio.

Óstraco da Aventura de Sinuhé


 Chegou até nós através de 7 manuscritos e 25 óstracos.

 Textos com estatuto canónico.

 Era conhecido de cor pelos membros da elite.

 Desenrola-se no reinado de Senuseret I 81920-1875 a.C).

 Regicídio de Amenemhat I

 História de um homem que personifica o egípcio civilizado, no seu melhor.

 É redigido como uma pretensa autobiografia  O seu contexto natural seria


um túmulo  chegou-se mesmo a pensar que Sinuhé foi um personagem
histórico, e que o seu túmulo efetivamente existiu.

 É uma obra de ficção, mas proporciona um quadro histórico exato.

 Sinhuhe empreende um percurso rumo ao desconhecido, para a Ásia. Toda a


ação se desenrola no estrangeiro, no Retenu  geografia, costumes e
tradições.

 É notória a delimitação da noção de fronteira.

 O “filho do Sicómoro” (sa Nuhet)

 Cortesão que acompanha o Príncipe Sesóstris numa campanha militar à Líbia 


aí apercebe-se do regicídio e foge. É tomada por uma estranha comoção que o
faz perder a razão e fugir  foi um deus que comandou a sua fuga.

 A deserção, por si só reflete a autoridade musculada do sistema. Foge para o


sul da Palestina, conquista a confiança de um chefe local, casa-se com a sua
filha e adquire riqueza. Sinuhé é desafiado para um duelo por um gigante. O
auto-controlo de Sinuhé opõem-se à agressão caótica do oponente. Sinuhé
mata-o com uma única seta. A ver a morte de perto Sinuhé sente-se abalado
com a nostalgia do Egipto. Medo da morte fora do Egipto. Sinuhé reza ao deus
desconhecido que o impeliu para o estrangeiro. A sua oração é ouvida e o faraó
envia-lhe uma carta convidando-o a regressar. O faraó é o deus que se
manifesta no coração. É ele que impele para o desconhecido. É impensável
morrer no estrangeiro. O caminho para a imortalidade passa necessariamente
pelo rei. A aventura de Sinuhé consolida a ideia do faraó como um deus que
conduz os destinos humanos no coração de cada um e que guia para a
salvação. O sistema político fundamenta-se agora numa religião salvífica, onde
o rei é o Salvador que abre o caminho da imortalidade.

Casa da vida

 Narrativas
 Textos sapienciais
 Autobiografias

 Estes textos não têm preocupações de ordem prática. A sua preocupação é


formativa e ideológica. Visa a constituição de um bom funcionário, regido por si
mesmo e leal ao rei.

Imperio Novo

 Sobretudo hinos religiosos  estes textos apresentam uma certa dependência


em relação ao faraó.

 Textos literários que aparecem no templo, não estando a literatura junta do


faraó.

 O Império Novo, é um período onde se segue uma invasão, o norte do país foi
invadido pelos hicsos, o Egipto volta-se a dividir.

 O Império Novo nasce da experiência da perda de autonomia do território, de


uma divisão. Os fluxos migratórios justificam-se por causa das populações
querem sair do seu país de origem devido às dificuldades. O Egipto tem algum
controlo sobre as suas fronteiras, mas acabaram por existir invasões.
Fenômeno que resulta dos desafios causados pelos fluxos migratórios. Rota das
sedas: circulação das matérias primas necessárias.

Hatchepsut (1473-1458 a.C)

 Começou por ser regente de Tutmés III.

 Detinha um enorme poder, ainda quando Tutmés II era vivo:


 Esposa Divina de Amon
Grande Esposa Real
Herdeira legítima ao trono, pela linha matriarcal

 A vontade de deus manifesta-se na história e o faraó é a prova viva dessa


intervenção.

 Manifestação de amon sobre forma humana, esta manifestação teve lugar da


seguinte forma, desceu até ao palácio sobre a forma de faraó e uniu-se com a
rainha, de onde surgiu uma filha. Vira o jogo da legitimação, filha da rainha e do
próprio Deus supremo, ou seja, é herdeira direta do Deus. É esta lenda/mito
que está na origem de uma narrativa muito semelhante da atualidade (Jesus
Cristo). 

Oráculo

 Instrumento de consulta à vontade divina (quando se queria saber a vontade


de Deus num determinado assunto). Isto antes não existia porque as perguntas
eram feitas ao faraó, uma vez que era ele o representante de Deus.

 Assim, Império Médio – coração e Império Novo – oráculo.

 Uma grande viragem verificou-se no reinado de Hatchepsut. A eleição da rainha


como faraó foi legitimada através do oráculo.

 O deus manifesta a sua vontade diretamente a história. Coloca em cauda o


papel tradicional do faraó enquanto intermediário entre os deuses e a
humanidade.

A aristocracia

 A aristocracia militar são a base importantíssima do domínio do Egipto. Esta


elite começa a tomar consciência da sua importância e começa a procura um
poder autónomo.

 Os sacerdotes do templo são indivíduos que tem funções profanas.

 Todos os indivíduos da sociedade (homens e mulheres) tem uma função no


templo. Serviam o faraó e também o templo. Foi em torno do templo que a
elite começou a legitimar o poder. 

 Faraó hatchepsut foi uma faraó brilhante, com uma enorme capacidade de
estabelecer relações entre os principais intervenientes da sociedade egípcia.
Turmés III (1479-1425 a.C)
 Só acede ao poder após vinte anos da sua entronização.

 Vai iniciar um processo de corrigir a atuação de hatchepsut, mas falha.

 Retoma o domínio da Síria e Palestina. Em 32 anos de reinado relaiza 17


campanhas militares.

 Lança as bases para consolidar a presença egípcia no Levante:

 Casamentos diplomáticos
 Kep real
 Alianças

 O templo de Amon-Ré em Karnak (tebas) torna-se no centro do Império.

Nova visão do mundo

 Muda-se a representação do estrangeiro  pela primeira vez estes têm um


horizonte geográfico novo  nova ideia de origem da criação.

Novas ideias de Deus

 O Império forja uma nova visão do deus supremo. O criador do Egipto é


também o criador do estrangeiro.

Karnak (Akh Menu): O “jardim Botânico”

 Representa um conjunto de cenas diferentes.

 Neste templo, encontram-se nas paredes representações de espécies


desconhecidas  abertura a novos territórios abre novas mentalidades.

Contacto com o sagrado

 Eixos tradicionais:

 Templo (sagrado)
 Ritual (pureza)
 Mito (mistério)
 Todos estes eixos converge no faraó  são exclusivos do faraó
 Contacto direto  oráculo

Novas vias de contacto

 Contacto direto:

 Oráculo
 Festival
 Natureza

 O deus supremo manifesta-se a todos.

 O festival sagrado era muito importante. A estátua divina saia do templo e


exibia-se.

Orelha que ouve

 Criou um pequeno santuário onde qualquer pessoa podia falar com o Deus,
mas com o faraó “ao lado”.

Nova tecnologia solar

 O deus supremo estende o seu poder a todo o império. É um deus universal. O


deus da vida é um deus que fala, que decide e que se manifesta de modo
pessoal a todo e a cada um.

Hinos religiosos

 Foram redigidos sobretudo nos túmulos. Descrevem a natureza universal de


Amon-Ré.

 O Império conduziu à conceção da unicidade de deus. Henoteísmo e


universalidade reflete o estatuto imperial de Ámon-Ré.

 Substitui as autobiografias nos túmulos.

Amen-hotep III (1390-1352 a.C)

 O Império alcança a sua extensão e estabilidade máxima.

 A identificação do faraó com o sol intensifica-se. A teologia solar reforça o


carácter imperial e universal da realeza.
 Forjar um culto universal

Amen-hotep IV (1352-1336 a.C)

 Sumo sacerdote de Heliópolis.

 Tutmés, o príncipe herdeiro, morre prematuramente. É o faraó que lança o


culto de Áton e o projeta no plano político.

 No 5º ano de reinado verifica-se a primeira grande ruptura:

 Muda de nome para Akhenaton


 Inicia a construção da nova capital: Akhetaton

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