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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ


PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS – PORTUGUÊS-INGLÊS

PRECONCEITO LINGUÍSTICO: O INGLÊS FALADO EM


GEORGETOWN, CAPITAL DA REPÚBLICA DA GUIANA

MACAPÁ
20222
ARACI MACIEL DE ALMEIDA

PRECONCEITO LINGUÍSTICO: O INGLÊS FALADO EM


GEORGETOWN, CAPITAL DA REPUBLICA DA GUIANA

Pré-projeto de pesquisa apresentado


à disciplina Trabalho de Conclusão
de Curso I (TCC II), do curso de
Letras Português/Francês,
ministrada pelo prof. Dr. Rosivaldo
Gomes.

Orientadora: Profa. Brenda Mota

MACAPÁ
2022122
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................2
2 JUSTIFICATIVA...................................................................................................................3
3.1 GERAL................................................................................................................................4
3.2 ESPECÍFICOS...................................................................................................................4
4 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................................5
4.1 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA...............................................................................................5
5 PRECONCEITO LINGUÍSTICO.........................................................................................
5 METODOLOGIA.................................................................................................................12
5.1 TIPO DE PESQUISA......................................................................................................12
5.2 UNIVERSO E AMOSTRA..............................................................................................13
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................16
2

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho vem fazendo um demonstrativo sobre o quanto o inglês


falado em Georgetown, capital da República da Guiana, bem como falantes
brasileiros do inglês oriundo desse país com suas respectivas variações, tem sofrido
discriminação por parte dos falantes do inglês “Americano e/ou Britânico” nas
escolas de língua inglesa, escolas públicas e universidades que funcionam em
Macapá. Tenho como objetivo expressar a minha insatisfação sobre o preconceito
sofrido por alunos falantes de Língua Inglesa por parte de alguns professores de
língua inglesa de estabelecimentos já citados ao pronunciar expressões que não são
reconhecidas como Americanas ou Britânicas.
Gostaria de ao mesmo tempo expor esse assunto para fazer um parâmetro
entre falantes que consideram seus ingleses falados americanos ou britânicos para
que reconheçam que o inglês falado em Georgetown, ainda que mesclado com
dialetos, é um inglês claro, correto e que cumpre com maestria a função da língua,
que é proporcionar a comunicação.
Georgetown é a capital da Republica da Guiana, antes Guiana Inglesa ou
Guiana Britânica, um país que foi colonizado pela Inglaterra, foi fundado em 1814 e
teve sua independência em 1966 e que se situa na América do Sul e faz fronteira
com o estado de Roraima, está localizado totalmente ao norte da linha do equador.
Esse país tem moeda própria, o dólar guianense e é o único país da América do Sul
que tem como língua oficial o Inglês, tem uma população de aproximadamente
778.000 habitantes.
Minha experiência com o inglês falado nesse país começou em 1998, quando
fiz minha primeira visita que durou três meses. Eu já era falante da Língua Inglesa,
conclui meu curso no Brasil e meu primeiro intercâmbio foi uma escolha da escola
onde estudei. Posso dizer que não foi nada fácil compreender e ser compreendida,
mas no fim do primeiro mês, eu era fluente e não tinha mais dificuldades para me
comunicar. Voltei lá ao longo de todos esses anos, mais sete vezes para exercitar e
não esquecer. Bem, devo dizer que também fiz um intercâmbio em Londres e não
encontrei nenhuma dificuldade em falar o inglês da Guiana com os ingleses, nem
pra compreender e nem pra ser compreendida, o que me traz uma certa insatisfação
ou melhor um desconforto em não ser compreendida por falantes brasileiros que só
compreendem se o inglês falado for britânico ou americano.
Devo ainda informar que recebi em minha casa americanos que vieram fazer
intercâmbio em Macapá e que nossa comunicação nunca foi um problema, apesar
do meu inglês ser baseado no Inglês Guianense. Em todo tempo que eu estudei
inglês em cursos livres até o dia que terminei o meu inglês avançado, tive
professores de várias nacionalidades, brasileiros, guianenses, alemães, americanos,
em fim meu inglês foi forjado por muitos ingleses multifacetados o que não me
impediu de aprender e sim, me fez compreender que a função da língua realmente é
a comunicação e por essa razão, me sinto desconfortável quando o inglês falado
por mim e outros alunos oriundo de Georgetown, ou que estudaram a língua inglesa
com professores guianenses, sofrem preconceitos.
A linguagem é o meio fundamental de interação com os que nos rodeiam,
porque através dela podemos expressar como nos sentimos, o que precisamos e
respondemos nossas perguntas. É um código natural da humanidade, todas as
comunidades do mundo têm uma linguagem específica. As pessoas se comunicam
apropriadamente com as palavras, gestos e tons, de acordo com cada situação.
A sociolinguística e a variação da linguagem envolvem o estudo de como a
linguagem varia entre diferentes grupos de falantes e a relação dessa variação com
fatores sociais. O exame dos efeitos recíprocos da organização social e dos
contextos sociais sobre o uso da linguagem e a exploração da diversidade social e
linguística nos auxiliam a entender melhor como usamos a linguagem para construir
identidades pessoais, culturais e sociais.
O intuito deste trabalho, que é abordar o preconceito com a Língua Inglesa
falada em Georgetown, capital da república da Guiana, é ressaltar o respeito e a
valorização desse idioma em um de seus aspectos mais relevantes que é a
variação. Sendo assim, o presente estudo, terá o propósito de amparar tais
justificativas para algumas formas de preconceito com a linguagem oral, pois a
escrita em si, nada a difere das demais Línguas Inglesas faladas em todo o mundo.
Muitas práticas no ensino de línguas, adotam a noção de erro e acabam
negligenciando os aspectos mais constitutivos de qualquer língua que é sua
propriedade, bem como o fator dinâmico , se considera que a língua não é estática.
Como se sabe, todo fazer pedagógico está, conscientemente ou inconscientemente,
vinculado à uma teoria que norteará o trabalho do professor na adoção de uma
postura teórico-metodológica que definirão os tipos de procedimentos instrumentais
de intervenção na sala de aula. Diante disso, este trabalho está propondo a seguinte
questão: qual a concepção da Língua Inglesa falada em Georgetown que pode
justificar o preconceito sofrido por falantes da Língua Iinglesa de outros locais?
Teremos como objetivo especifico, discutir sobre as diversas formas de lidar
com a variação linguística dentro da sala de aula, para que o aluno que não aborda
o “Inglês Americano ou Britânico” não seja intimidado. Como segundo objetivo,
trataremos de discutir sobre o preconceito linguístico da Língua Inglesa falada em
Georgetown, mostrando qual concepção de língua poderia justificar esse tipo de
abordagem.
Desejamos e acreditamos que através do resultado desse trabalho que o
ensino da Língua Inglesa nas diversas instituições de ensino nessa cidade, seja de
respeito com os falantes desse idioma que não se rotulam americanos e/ou
britânicos, que antes de serem criticados por suas variações sejam aceitos como
devem ser todos.
2 JUSTIFICATIVA

Quanto à relevância científica, nesse estudo a necessidade de estudos de


corpora. O uso de corpora de fala espontânea nos permite obter insights confiáveis
sobre a produção real dos falantes, em vez do que eles pensam ou dizem que
produzem, o que possivelmente está sujeito a mais interferências por regras
prescritivas de linguagem. Foi demonstrado que falantes nativos podem julgar uma
variante gramatical como inaceitável, mas ainda assim ser gravados produzindo-a
espontaneamente.
Quanto às contribuições sociais, compreende que a linguagem é um
marcador particularmente confiável e difícil de falsificar de associação a um grupo
social. Assim, adultos e crianças costumam exibir preferências sociais por falantes
de sua língua nativa com sotaque nativo, o que, por sua vez, estimula a colaboração
e o intercâmbio recíproco. Dessa forma extirpar pensamentos de aceitação ou não
das formas de falar um mesmo idioma.
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL

 Expor a forma como os falantes de língua inglesa, com variação por países,
são vistos pelos professores de Língua Inglesa que atuam em Macapá.

3.2 ESPECÍFICOS

 Discutir sobre as diversas formas de lidar com a variação linguística dentro da


sala de aula, para que o aluno que não aborda o “Inglês Americano ou
Britânico” não seja intimidado;
 Compreender o preconceito linguístico da Língua Inglesa falada em
Georgetown, mostrando qual concepção de língua poderia justificar esse tipo
de abordagem.
4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Conforme Rios e Ayres (2015), o inglês atualmente é o principal entre os


idiomas estrangeiros estudados no mundo inteiro, é natural que essa situação se
repita no Brasil. Contudo, essas autoras consideram que o ensino de uma língua
estrangeira muitas vezes é estimulado sob o pretexto principalmente de alcance de
maiores oportunidades econômicas e sociais, como a justificativa recorrente de que
sabendo inglês é mais provável que se consiga uma vaga em um bom emprego.
Segundo o professor linguista e filólogo Marcos Bagno (1998), preconceito
linguístico é todo valor negativo (de reprovação, de repulsa ou mesmo de
desrespeito) às variações linguísticas de menor prestígio social. O uso que as elites
fazem da língua para a manutenção de estrutura de dominação, ou seja, a língua é
usada pelos que controlam o poder econômico, cultural, político, como forma de
oprimir aqueles que não fazem parte desse núcleo de dominação e manter entre
eles, um processo de segregação social.
Como podemos minimizar com a segregação social baseada na fala, bem é aí
que entra o papel do professor, o qual esteja agindo no âmbito fundamental até o
ensino superior, deve trabalhar de maneira categórica com seus alunos, um princípio
chamado adequação linguística, que é o princípio segundo o qual, não existe
variação linguística, feia ou bonita, rica ou pobre, certa ou errada, elegante ou
deselegantes, existe apenas as diferenças entre si, porém todas possuem o mesmo
valor e tem a mesma importância na formação cultural de uma língua e de uma raça.
Uma das razões para que haja o preconceito é o sentimento de superioridade,
quando uma pessoa faz críticas ferrenhas ao seu inglês, por exemplo, enaltecendo o
quanto o próprio inglês e melhor, mais claro, mais bonito e coloca o outro falante em
uma situação de subjugado ou de humilhado e tenta ao mesmo tempo fazer
correções na fala de outra pessoa, e as vezes simulando a não compreensão por
parte do ouvinte-crítico.
Otto Jespersen, o linguista dinamarquês, costumava comparar a
língua francesa aos jardins severos e formais de Louis XIV, e fazia o
contraste com a língua inglesa que era como “…um jardim plantado
aparentemente sem qualquer planejamento, deixando você livre para
passear a seu bel-prazer sem se preocupar com qualquer guarda mal-
encarado impondo regulamentos rigorosos.” [Growth and Structure of
the English Language, 1982, p. 16].

Olhando por esse prisma, entendendo a leveza de se falar um idioma onde se


é respeitado tanto as variações na sua essência como o próprio falante, como temos
o direito de fazer distinções de uma mesma língua e rotulá-las sem nenhum tipo de
cuidado para que o desespero e a humilhação seja colocado de forma latente, sem
procurar saber que tipo de bloqueios são causados em quem fala de forma diferente
do pseudointelectual padrão?
Messias (2018) aponta que o inglês é mais falado e escrito do que qualquer
outra língua do mundo. O conhecimento de inglês tornou-se uma exigência de uma
série de domínios, ocupações e profissões, particularmente nas áreas de Medicina e
Informática. A autora estima que aproximadamente 80% das comunicações das
empresas ao redor do mundo são na língua inglesa e mais de 80% dos websites na
Internet são em inglês.
A sociolinguística e a variação da linguagem envolvem o estudo de como a
linguagem varia entre diferentes grupos de falantes e a relação dessa variação com
fatores sociais. O exame dos efeitos recíprocos da organização social e dos
contextos sociais sobre o uso da linguagem e a exploração da diversidade social e
linguística nos ajuda a entender melhor como usamos a linguagem para construir
identidades pessoais, culturais e sociais.
Compreende Chomisky (1997) que a linguagem como fenômeno social:
Semelhante a pragmática, o campo da sociolinguística estuda o uso da linguagem
na vida real. Para esse, é uma ilusão pensar que as comunidades linguísticas são
homogêneas; em vez disso, a heterogeneidade determina o uso diário da
linguagem.
Por sua vez, Bagno (1999) afirma que embora a linguagem sirva em primeiro
lugar para transmitir informações sobre o mundo, ela também transmite informações
sociais sobre seus falantes. A língua, o dialeto e o sotaque de um indivíduo dão
suporte a inferências sobre suas origens nacionais e geográficas, associação a
grupos sociais e status social. Ainda para o autor, os julgamentos sociais feitos
sobre os outros com base em sua língua são frequentemente considerados como
refletindo o conhecimento das pessoas sobre estereótipos culturais sobre diferentes
grupos de falantes, mas as origens e o desenvolvimento desse conhecimento são
obscuros. Pesquisas recentes fornecem evidências de que as avaliações sociais
baseadas na linguagem se manifestam em crianças com pouca exposição à
variação linguística ou cultural
No plano ontológica da linguagem, conforme Bullock e Toribio (2009), a
linguagem da ciência é um domínio de discurso estabelecido socioculturalmente
com firmeza que emergiu no período da Idade Moderna (1500–1700) e totalmente
desenvolvido no período da Idade Moderna (1700–1900). Ainda para os autores,
embora seja considerado bastante estável linguisticamente, o período moderno
tardio é uma época muito prolífica quando se trata da formação de tipos de texto,
com muitos dos registros que conhecemos hoje em desenvolvimento durante aquele
período - incluindo a linguagem da ciência
Bullock e Toribio (2009), consideram que, socioculturalmente, a diversificação
de registros está conectada à crescente complexidade das sociedades modernas, o
trabalho se tornando cada vez mais dividido com atividades mais diferentes e cada
vez mais especializadas em todos os setores da sociedade.
Além disso, os autores acreditam que impulsionado pela ciência e tambéme
pela indústria inicial, a padronização (por exemplo, acordos sobre pesos e medidas)
e a rotinização de procedimentos tornam-se questões importantes. Ao mesmo
tempo, o iluminismo e as revoluções científica e industrial sustentam um clima geral
de abertura e crença no avanço tecnológico. 
Assim, Bullock e Toribio (2009), no domínio da ciência, o século XVIII é,
obviamente, a época das enciclopédias, mas também o das academias científicas
que promovem o método científico e distribuem o conhecimento científico por meio
de suas publicações.  A profissionalização começou por volta de meados do século
XVIII, como testemunhado pela introdução de um processo de revisão na Royal
Society.
Gelderen (2013), por sua vez, compreende que tais descobertas no campo da
linguística experimental mostraram que um falante nativo pode julgar uma variante
que faz parte de sua gramática como inaceitável, mas ainda a usa de forma
produtiva na fala espontânea. Para o autor, o processo de obter julgamentos de
aceitabilidade de falantes de línguas não padronizadas é às vezes obscurecido por
fatores semelhantes a noções prescritivas de correção gramatical. Tem sido
argumentado que a padronização aumenta a capacidade de fazer julgamentos
claros, enquanto a não padronização pode resultar em hibridez gramatical,
frequentemente manifestada na forma de variantes funcionalmente equivalentes no
repertório de um único falante. 
Gelderen (2013), pesquisa em variedades não padronizadas tem mostrado
confiavelmente que o processo de obter julgamentos de aceitabilidade de falantes
nativos de tais variedades de forma comum chamados de dialetos (não
padronizados) - enfrenta vários desafios.  Assim, o autor aponta que:

[...] a interferência de noções prescritivas de correção, ou seja, o


resultado da consciência dos falantes de que algumas das variantes
de seu repertório linguístico nativo são consideradas "incorretas" por
falantes da variedade padrão, (ii) um maior grau de variação inter e
intra-falante devido à não padronização levando a variantes menos
claras e julgamentos sobre as variantes, e (iii) as linhas divisórias
pouco claras entre os vários 'letos' (por exemplo, acroleto, mesoleto,
basileto) que existem no continuum do dialeto padrão (GELDEREM,
2013, p. 150).

Ainda analisando o quadro, o autor acredita que tais características


confundem os limites das variantes gramaticais de uma forma que resulta em um
alto grau de hibridez gramatical atestada na forma de enunciados que podem
incorporar elementos de várias leituras sem a troca de código sendo realizada.
 Nesse contexto, Bullock e Toribio (2009) argumentam que trabalhar a partir
de corpora de fala espontânea pode ser mais útil ou desejável do que usar
julgamentos de aceitabilidade quando a linguagem sob investigação é não
padronizada / codificada - como é o caso da variedade investigada em este estudo -
porque os falantes podem ser influenciados por noções prescritivas de correção.
Bullock e Toribio (2009) ainda enfatizam a necessidade de estudos de
corpora. O uso de corpora de fala espontânea nos permite obter insights confiáveis
sobre a produção real dos falantes, em vez do que eles pensam ou dizem que
produzem, o que possivelmente está sujeito a mais interferências por regras
prescritivas de linguagem. Foi demonstrado que falantes nativos podem julgar uma
variante gramatical como inaceitável, mas ainda assim ser gravados produzindo-a
espontaneamente.
Ainda para os autores, em casos de falantes monolíngues, em casos de
desenvolvimento bilíngue ou bilectal (ou seja, duas variedades da mesma língua em
vez de duas línguas diferentes), que às vezes envolve não-padrão codificado - e,
como tal, possivelmente mais variedades híbridas, espera-se mais discrepância
entre os julgamentos introspectivos dos falantes sobre seu repertório e o próprio
repertório linguístico.
Para explicar isso melhor, Gelderen (2013, p. 42) considera Princípio de
Consenso se não houver razão para pensar o contrário, assume que os julgamentos
de qualquer falante nativo são característicos de todos os falantes do idioma.  Logo,
para o autor, esse pressupõe algum grau de uniformidade em termos de
julgamentos entre falantes nativos da mesma língua. 
Para Chomsky (1994) no entanto, ao suscitar julgamentos introspectivos,
outros fatores e variáveis extra-gramaticais podem interagir com o desempenho
linguístico nos fenômenos sob investigação, especialmente quando esses
julgamentos vêm de falantes de dialetos. Considerando que (i) a padronização leva
a julgamentos mais claros e (ii) o possível surgimento de vários dialeto-padrão que
podem apresentar diferentes expoentes / valores para a mesma variante linguística,
é possível que falantes de não variedades padrão não ser tão uniformes em termos
de seus julgamentos quanto sugere a imagem idealizada da uniformidade linguística
entre os membros de uma comunidade linguística.
O autor ainda considera que a existência de um dialeto-padrão onde as
variedades nem sempre aparecem com bordas discretas investe o processo de
desenvolvimento linguístico e seu resultado com uma camada adicional de
complexidade. Além disso, embora as tarefas de julgamento de aceitabilidade sejam
uma ferramenta confiável em pesquisa linguística, foi observado que às vezes
podem ser observadas discrepâncias entre o comportamento linguístico aberto e
introspecções sobre exemplos descontextualizados e construídos, e essas
discrepâncias são particularmente pronunciadas quando dialectologistas ou
sociolinguistas apresentam dados de dialetos não padrão.
Especificamente estudando uma língua, Gelderen (2013), compreende que,
em regiões de língua não inglesa, o inglês tende a surgir inicialmente como uma
importação de uma região de língua inglesa. Isso pode ocorrer por vários motivos,
incluindo migração / diáspora, colonização, a adoção de novas tecnologias e a
proliferação de entretenimento como filmes. No entanto, os idiomas, culturas,
valores e percepções locais em relação ao inglês também podem influenciar o
desenvolvimento e a disseminação do novo idioma. Pode, por exemplo, criar raízes
inicialmente em apenas um domínio particular da sociedade, como a educação ou
as esferas da mídia. Gradualmente, no entanto, ele tende a se espalhar para outros
domínios como um dialeto (ou mesmo como uma nova variedade do inglês) e
começa a evoluir em um nível social.
Assim, Gelderen (2013) fornece duas causas básicas para qualquer variação
de linguagem: explicações naturalísticas e socialmente construídas. O autor
argumenta que a causa subjacente da variação sociolinguística é o instinto humano
de estabelecer e manter a identidade social. Portanto, o reconhecimento de “novas
variedades” de inglês não se baseou historicamente apenas em critérios
linguísticos. Para Bagno (1999), além de um vocabulário e sotaque distintos,
importantes características definidoras de novas variedades também incluem uma
tradição histórica, escrita criativa e a existência de obras de referência de vários
tipos.
Ademais, Bullock e Toribio (2009) lembra que como cada ambiente é moldado
por valores culturais e sociais locais, as normas locais de uso são desenvolvidas de
acordo com esses valores. Essas normas especificam o que, quando, onde e como
algo pode ser dito em todos os níveis linguísticos, do fonológico ao pragmático.
Conforme Francescon, Senefonte e Baronas (2013) dentro de uma mesma
comunidade, podem ocorrer variações devido a fatores políticos, de escolaridade, de
gênero, religiosos, econômicos, entre outros. Todavia, a variação também pode
ocorrer entre diferentes comunidades, devido a fatores geográficos. Ademais,
Pessoa Et alli (2018) reflete:
Além da vivência de cenas de letramento crítico, acredito que formar
um professor de línguas estrangeiras na crítica e para a crítica
implica conectar teorias e práticas, de modo a não apenas
desconstruir perspectivas e construtos já consolidados (e são muitas
essas perspectivas e construtos em torno do campo das línguas
estrangeiras!), mas, sim, e sobretudo, ajudar meu aluno a pensar
encaminhamentos possíveis para sua prática pedagógica,
desmantelando a lógica perniciosa de que na prática a teoria é outra.
(PESSOA, 2018, p. 16).

Para Bullock e Toribio (2009, qualquer variedade de inglês funciona de


maneira semelhante em qualquer contexto particular, o que significa que as
variedades de inglês funcionam localmente com base em suas normas e valores
locais. Por exemplo, são comuns as variações entre os falantes da língua inglesa
dos Estados Unidos e da Inglaterra.
Outro exemplo, conforme Edwards (2019), o falante típico da Guiana usa
itens linguísticos que são socialmente apropriados ou obrigatórios no contexto social
ou meio cultural em que se encontra e usa itens do inglês e do crioulo. Esse autor
afirma que uso que o falante faz das formas linguísticas parece estar mais
relacionado às suas intenções sociais conscientes ou subconscientes do que aos
princípios linguísticos inerentes ao inglês e alguns dialetos o qual muitos crioulos
trabalham.
Nesse sentido, Cardoso e Lima (2019) compreendem que variações existem
porque existem pessoas que vivem em sociedade heterogênea e hierárquica e,
portanto, constroem a língua. Para esses, é fundamental refletir que as modificações
na língua estão condicionadas às mudanças sociais e que quanto mais a sociedade
pluraliza seus comportamentos em meio a uma era cujo globalização se expande à
passos largos, mais esses comportamentos se refletem nas línguas por meio das
variações.
Contudo, no caso da Guiana Inglesa, Edwards (2019), aponta embora as
representações cartográficas da variação linguística – ou mapas linguísticos –
tenham melhorado em sofisticação nos últimos anos, Georgetown não foi, em geral,
remapeado com essas novas técnicas. Uma razão para isso pode ser que a região
continua propensa a rotulagem homogênea, apesar de ser historicamente,
culturalmente, etnicamente e (portanto) linguisticamente diversa. Para esse autor,
existem desafios adicionais para mapear a variação linguística nesta região,
incluindo barreiras geográficas, métodos cartográficos e integridade e consistência
de dados. 
Gelderen (2013) cria um o quadro em que existem quatro categorias que
explicam os usos distintos da língua inglesa em qualquer contexto particular: a
função reguladora (para fins administrativos e jurídicos), a função instrumental
(estatuto de uma língua como meio de instrução), a função interpessoal função
(servir de elo de linguagem e simbolizar prestígio, elitismo e modernidade); e a
função imaginativa / inovadora (criação literária). 
Por sua vez, esse menciona que este perfil sociolinguístico destaca as
características salientes de uso e usuários em um contexto particular e serve como
uma base para a comparação dessas características em uma variedade de
contextos (nativos e não nativos). A comparação desse tipo é fundamental para a
compreensão das características que distinguem um contexto de outro. Diante disso,
o autor considera que os perfis sociolinguísticos enfocam o contexto local e
destacam como o inglês tem sido usado em diferentes domínios desse contexto,
visualizando esses usos através das diferentes perspectivas da estrutura funcional. 
Eduadws (2019) considera que a variação do inglês na Guiana Inglesa é
composta por A noção de complexidade linguística, tal como é usada
fundamentalmente ligada à de marcação. Para distinguir uma estrutura marcada de
uma não marcada. Givón, (2019, p. 29) propõe três critérios (a) frequência: a
estrutura marcada é menos frequente (e consequentemente mais saliente em
termos cognitivos) em relação à estrutura não marcada correspondente; (b)
complexidade cognitiva: a estrutura marcada é mais pesada para processar do
ponto de vista cognitivo do que a correspondente não marcada; (c) complexidade
estrutural: a estrutura marcada tende a ser linguisticamente mais complexa do que a
não marcada. 
Para Eduardws (2019) a variação linguística mais evidente pode ser
constatada com a análise a oração declarativa, afirmativa e agentiva assume-se
como a estrutura prototípica da predicação, ou seja, a predicação mais comum e
semanticamente mais transparente encontrada na comunicação natural: por isso, é
também o menos marcado. Qualquer desvio dessa estrutura básica envolverá um
processo de complexificação, que por sua vez pode ser expresso de diferentes
maneiras: por complexidade recursiva e de incorporação e condensando
complexidade
Ainda para Givón (2019) ocorre um aumento da organização hierárquica, ou
seja, o aumento do número de níveis hierárquicos dentro de um sistema” (O
segundo tipo de complexidade é explicado por Eduardws (2019) como um processo
que envolve um enfraquecimento da estrutura predicativa prototípica, ou seja, uma
redução da integridade predicativa de um evento em relação a outro pela supressão
de um subordinador e/ou perda da finitude morfológica e, consequentemente, da
autonomia. Cláusulas embutidas relativas são um exemplo de complexidade
recursiva; cláusulas não finitas exemplificam a complexidade de condensação. 
Givón (2019) ideia de que cada comunidade de falantes seleciona
mecanismos específicos de interpretação referencial e padrões preferenciais de uso
da língua em um determinado contexto discursivo. A textualidade é central e variável
entre idiomas e culturas. Para o autor, as regras gramaticais por si só não podem
explicar exaustivamente a complexidade do uso real da linguagem em um contexto
específico com relação a um determinado gênero discursivo.
Assim, é fundamental a percepção de que o inglês é a principal língua de
ligação entre as culturas hoje. Todos nós ganhamos com a presença de um código
comum, mas o principal benefício está no potencial de compreensão intercultural. Ao
considerar como “Inglês como língua internacional”: suas características linguísticas
formais e culturais. Para Givón (2019) na Guiana esse é usado e as consequentes
necessidades de seus usuários. Logo, para o processo de compreensão das
variações. propõe-se uma mudança na abordagem do ensino e do uso da língua
para fins internacionais, com uma nova abordagem informada pela consciência
linguística e técnicas de consciência cultural.
5 METODOLOGIA

5.1 TIPO DE PESQUISA

O método científico deve ser compreendido como o caminho para se chegar


aà determinado fim, tendo como o conjunto de procedimentos intelectuais e
técnicos para se atingir o conhecimento. Logo, é um instrumento da ciência e que é
utilizada para limitar os tipos de dados a serem analisados. Para ser válido, deve
apoiar-se em fatos observados e provados Resultantes da pesquisa. Por fim,
ressalta-se que método leva à descoberta de princípios básicos e, frequentemente,
fornece conhecimentos que têm aplicação imediata (LAKATOS; MARCONI, 2005, P.
15).
Essa pesquisa se classifica como uma revisão bibliográfica do tipo
exploratória. Para tanto, foi construída a partir da análise de artigos científicos. No
que tange aos fins, trata-se de uma pesquisa exploratória e explicativa. Conforme
ensinamentos Lakatos e Marconi (2001) as pesquisas exploratórias têm a finalidade
de proporcionar maior familiaridade com o problema, podendo assumir a forma de
pesquisa bibliográfica e estudo de caso; e as pesquisas explicativas visam identificar
os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos,
sendo o tipo que mais aprofunda o conhecimento da realidade. Quanto aos meios de
investigação, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, já que é fundamentada em
construções doutrinárias, revistas cientificas, estudos acadêmicos e periódicos
técnicos.
Para desenvolver o Estudo de caso, buscou-se analisar notícias divulgadas
em jornais e revistas do Brasil. Quanto a abordagem, por se tratar de uma interação
com a realidade social baseada em hipóteses, optou-se pelo o método hipotético
dedutivo, de acordo com a acepção clássica, é o método que parte do geral e, a
seguir, desce ao particular (LAKATOS; MARCONI, 2005, p. 18). Uma objeção ao
método refere-se ao caráter apriorístico de seu raciocínio.
Assim, aplicou-se uma abordagem qualitativa. Ademais, lembra-se que todo
processo de pesquisa parte de uma base teórica implícita ou explícita.
Evidentemente, é muito melhor explicitar o quadro teórico utilizado, pois sobre o que
fica implícito não se pode exercer qualquer tipo de controle.
5.2 UNIVERSO E AMOSTRA

Tal como foi realizado um estudo qualitativo exploratório, por meio de


procedimento bibliográfico. O universo de amostra se assenta na análise de
produções científicas que foram selecionadas em obras científicas, sites de buscas
acadêmicos como Googles Acadêmics, Scielo, Cappes e USP. Ademais, foram
verificados sites do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça em
busca de julgados contento a matéria, p. 28).

]
6 CRONOGRAMA

A construção deste projeto teve início no mês de fevereiro de 2022 e tem


previsão de término para dezembro do mesmo ano, totalizando 11(onze) meses, o
qual será desenvolvido de acordo com as etapas descritas no cronograma a seguir:

DESCRIÇÃO FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Definição do tema

Pesquisa bibliográfica

Desenvolvimento
do Projeto
Contato com os
sujeitos da
pesquisa
Definição dos
instrumentos

Aplicação dos
instrumentos

Tratamento dos
dados
Redação preliminar do
Projeto de Pesquisa
Redação final do
Projeto de Pesquisa
Defesa
BIBLIOGRAFIA

BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Ed. Loyola,
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