Aline Schmidt San Martin – tarefa Memórias

Quem escolheu afinal?

Fui surpreendida com a indagação de porque eu escolhi a docência, pois

bem, eu não escolhi, ela me escolheu mesmo antes de eu ter consciência
disso... Eu não escolhi ser professora, eu simplesmente escolhi Ser e as
circunstâncias fizeram o resto.
Ser educador é ação, é estar em constante busca por interação, troca,
diálogo, relações, sempre tendo como referência o mundo e o outro. Nesse
aspecto, sempre tive uma visão panorâmica, multifocal, dirigida para as diferentes
interfaces apresentadas no mundo, tal qual é ensinado nas escolas de
licenciatura, porém eu não sabia disso até estar na formação pedagógica. Parecia
algo tão ligado a minha razão de existir que não gerava questionamentos.
Trazer interrogações constantes sobre os mais diversos temas e tentar
desvendá-las era algo corriqueiro, e hoje eu vejo que essa característica é
inerente ao ser educador e o fato de estar sempre com novos educandos, cada
um com sua visão de mundo e disposto a compartilhar me parecia um sonho.
A Responsabilidade de ensinar os educandos a ser responsáveis e oferecer
a cada um a possibilidade real de aprender e mudar a sua condição de vida é algo
que sempre me deixou perplexa e esperançosa ao mesmo tempo. Isso aconteceu
comigo! Minha alma foi ocada por vários educadores ao longo da minha trajetória,
profissionais que faziam muito mais que ensinar conteúdos, eles acolhiam o meu
ser por inteiro, avaliando não apenas o que viam por tarefas e provas, e sim o que
eu mostravam para além disso. Tive professores que iam na minha casa fora do
expediente quando eu estava com caxumba, para eu não perder o ano letivo. Eles
certamente não tinham essa obrigação, mas eles, por conhecerem o meu ser na
sua totalidade, sabiam o que significaria pra mim repetir o ano letivo e o quanto
isso impactaria na minha motivação. E de fato eu nunca esqueci esse momento
 Vejo a escola como um agente de possibilidades, é nela que os educandos
vão descobrir a funcionalidade de suas aprendizagens, ou seja, a capacidade que
tem o conhecimento para transformar a realidade e para resolver problemas.
Nesse aspecto cada professor é responsável por suscitar o melhor do seu aluno,
mostrar que ele é capaz de superar suas inseguranças e que todos possuem
capacidades e habilidades para seguir adiante.
Eu sempre me senti uma pessoa capaz de inspirar, de auxiliar a desenvolver o
melhor das pessoas, por isso, acho que a docência me escolheu... Eu não escolhi
ser professora, eu simplesmente escolhi Ser e as circunstâncias fizeram o resto.