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Avaliação Final - Organização do Trabalho

Pedagógicos e a Coordenação Pedagógica

Profa. Maria Jose da Silva Fernandes


Aluno: Flavio Roberto Mota

Como parte final da disciplina de Organização do Trabalho


Pedagógico e Coordenação Pedagógica vocês deverão elaborar um texto de
natureza reflexiva, no qual discutam a
importância, os desafios e as possibilidades do trabalho de coordenação
pedagógica, destacando também como a disciplina contribuiu para a
formação de vocês. A atividade deverá ser feita individualmente.

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Eu procurei enxergar o tema da organização do trabalho e coordenação


pedagógica como algo que precisa ser compreendido despido de uma vestimenta
de especialidade que apenas pessoas iniciadas, algo quase inalcançável em termos
de compreensão e de domínio do tema, mesmo porque, ao meu ver, se eu seguisse
a lógica que a disciplina relativa ao tema teve no semestre anterior sugeria embora
de maneira não tão acentuada eu poderia correr o risco de acreditar toda essa
questão mais voltada para os bastidores, organização, planejamento e gestão como
uma mera modalidade de gestão empresarial.
A maneira como a matéria foi conduzida no entanto se aproximou com a
visão de quem vive o dia a dia da escola, com seus problemas reais, com os
desafios cotidianos, com as dificuldades que fazem parte da sala de aula, do pátio e
das necessidades das pessoas que ocupam esses espaços.
Eu, antes da graduação, tive bastante contato com cursos, palestras,
workshops, etc. sobre gestão de empresa, empreendedorismo, etc. porque eu vivia
a realidade de um microempresário em uma área com muita competição e me via
obrigado a estar constantemente correndo atrás do prejuízo e literalmente
inventando coisas novas, novas formas de enxergar e oferecer aquilo que eu fazia
para poder garantir um lugar ao sol, de ter que correr contra uma tendência de
sempre ver a minha área de atuação ser entendida pelo senso comum como
dispensável, algo que não faz parte do dia a dia das pessoas e isso me forçava a ter
um estado de espírito quase 100% alerta o tempo todo para ficar captando nos
mínimos detalhes oportunidades a serem exploradas.
Essa vivência anterior me fez ter bastante receio com relação à se envolver
com gestão, coordenação, supervisão, etc. porque me remetia a uma forma de atuar
que praticamente não dá chance de viver de guarda baixa, porque o dia a dia é de
sempre estar com a guarda elevada prevendo ou antevendo coisas que eram quase
imprevisíveis.
Na graduação eu percebi que essa situação não era tão acentuada, mas
havia uma dicotomia entre o comportamento dentro de empresas tradicionais e
escolas quase mal resolvida. Essa visão foi se dissipando conforme eu pude
compreender que uma pessoa que planeja, coordena e organiza o trabalho
pedagógico precisa antes de mais nada ter como alvo a qualidade do ensino no
sentido de fazer com que o aprendizado oferecido seja melhor aprendido pelos
alunos e que isso é o que deve orientar as ações.
Mesmo com questões e imposições que puxam o trabalho de planejamento e
coordenação para um sentido mais burocrático e voltado para números, foi possível
perceber que você não precisa enxergar apenas números para que eles sejam
melhores. Foi possível perceber a humanização por trás dos números, que o
precede e que é preponderante. Que o lado humano é parte essencial na equação e
que mesmo com BNCC, provas avaliativas, dificuldades entre planejamento de aula,
problemas pessoais, dificuldades físicas com o espaço das escolas, relação com
pais e comunidade escolar, existe uma visão aonde tudo isso precisa ser
contemplado com harmonia e que isso é possível embora não seja exatamente fácil.
O que me sacudiu foi assistir ao documentário sobre o Ginásio Vocacional,
porque é um exemplo vivo de aplicação de uma escola que deu certo, fazendo
aquilo que não se faz, por perceber que as escolhas para não se repetir
experiências como a do Vocacional estão muito mais ligados à uma política
educacional desprovida de ética e que visa beneficiar a iniciativa privada que
transforma o ensino em mercadoria e uma perspectiva de certos grupos da
sociedade que compõe nossa elite em manter a população na ignorância como
forma de dominação de massas.
Eu pude perceber que a educação é uma ação coletiva, sempre, mesmo que
você atue apenas como professor dentro de sala de aula, porque o ensino é
coletivo, tem na coletividade a sua força, você poder ter no quadro de professores
um grupo que se enxergue como coletividade e possa atuar de maneira a desbravar
os desafios do conhecimento e das realizações que potencialmente esse
conhecimento poderá proporcionar para os alunos, para as turmas, para as escolar
e consequentemente para a sociedade são muito estimulantes.
Quando eu olho para as aulas, para as discussões e atividades realizadas,
eu consigo vislumbrar a possibilidade de uma escola ser diferente daquilo que
parecia a possibilidade de uma escola sem essa matéria. A visão de escola/
empresa ou escola/elefante branco deu lugar a uma visão de escola, apenas escola,
que atue como escola na sua verdadeira acepção da palavra, como um lugar de
aprendizado, de desenvolvimento humano, uma possibilidade de potencializar a
capacidade humana, fazer com que o que se ensina na escola seja algo carregado
de significados e que esses significados possam ser transformadores, primeiro no
sentido de transformar a maneira como alunos e professores enxergam o
conhecimento, mas consequentemente essa transformação de alguma maneira
transformar o mundo e para melhor.
Eu gostaria e talvez até devesse fazer um texto reflexivo com informações
mais pontuais, com trechos e citações, mas isso seria supérfluo, creio eu, seria só
uma maneira de incrementar um documento (como uma prova é) mas esconderia
quem eu sou e o que a vivência dentro dessa matéria influenciou mudanças em
mim, sem trechos de textos e menções aleatórias, porque no dia a dia vai ser um
pouco difícil resolver questões reais apenas com menções de textos. Não quer dizer
que a base teórica seja inútil mas que há muito mais e que uma escola é composta
de muitas camadas, o conteúdo a ser ensinado é um deles, a maneira como o corpo
docente atua é outro, a relação entra corpo docente e familiares de alunos é outro, a
visão que a comunidade escolar tem da escola é outro, a interação entre todas
essas partes ainda precisa levar em consideração os alunos e sua realidade para
depois disso o conhecimento científico que precisa ser ensinado se encaixe nisso
tudo.
Eu apenas gostaria de saber se eu tenho capacidade de atuar lembrando a
aplicando tudo o que de reflexão houve comigo. Meu receio nesse momento é saber
se eu serei (nem sei se eu terei a oportunidade de ser, mas enfim) um profissional
da educação condizente com o conhecimento que eu tive a oportunidade de ter
contato ou se eu serei engolido me conformando com a forma com que tudo é e me
afogue em ressentimentos.
Uma coisa é certa, apenas a vivência irá responder esse questionamento,
nem mesmo uma avaliação será capaz.

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