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Universidade de São Paulo

Faculdade de Educação
Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação

Sociologia da Educação I
Prof.ª Dra. Maria da Graça J. Setton

Fichamento 4
A Estrutura da Escola, de Antônio Cândido

Lara de Souza Melicio Rodrigues


Nº USP: 8975301

São Paulo
2020
O texto escolhido para realização do quarto fichamento para a disciplina de
Sociologia da Educação foi A Estrutura da Escola, de Antônio Cândido, um professor,
sociólogo e crítico literário, pensando na escola como um grupo social, a fim de entender a
riqueza de relações sociais que existem dentro dessa instituição, espelhando o mundo fora
dela, além de seu papel de transmissão de cultura e grande influencia formação da
sociedade como um todo.
O texto inicia-se com a uma ideia de ajuda ao educador, expondo que a escola é
muito mais do que a sua estrutura administrativa, que além dessas relações ordenadas
conscientemente há estruturas que surgem da dinâmica do grupo social escolar, sendo cada
uma diferente da outra, com características da sua própria sociabilidade. É preciso sair da
ideia de apenas olhar pelo ângulo administrativo, de forma limitante, é preciso olhar para o
algo que realmente manifesta a realidade da escola, de uma vida profunda e espontânea,
fruto da integração dos integrantes desse grupo, os que ensinam e os que aprendem, para
entende-la com sua autonomia, com normas que seguem seu próprio padrão, permitindo
que o educador atue de formais mais compreensiva e ideal.
A escola precisa ser vista como grupo social distinto, com papeis que não são
iguais a de outros membros de nenhum outro grupo, e que não pode ser incorporada a
qualquer outro grupo, mesmo que, em sua grande maioria, es escolas utilizam normas
estabelecidas segundo interesse de outros grupos, sendo, assim, institucionalizadas. Os
grupos que institucionalizam a escola podem ser religiosos, políticos ou de classe, e o
fazem a fim de colocar suas finalidades próprias, valores e normas ali, porém, ainda assim,
há uma dinâmica interna que manterá normas e valores desenvolvidos também
internamente.
Escolas de uma mesma região ou país vão apresentar similaridades na sua via
social interna pela sua dependência de uma estrutura social externa, da sociabilidade
infantil e juvenil, por isso, é fundamental das atenção às especificidades de socialização
das crianças e dos adolescentes, em seus agrupamentos, seleção de líderes e conflitos com
os padrões sociais impostos pela educação, entre outros. É preciso, ademais, considerar o
que essa coexistência dos adultos e das crianças resultam em termos sociais, como um
reage ao outro, como os menores reagem a o que é imposto a eles de acordo com os
padrões adultos, além de expressar suas distintas necessidades e tendências.
Em uma escola, há diferentes formas de organização social, com diferentes
agrupamento, o primeiro deles sendo por idade, fala sobre a inicial e perceptível diferença
entre os educadores e os educandos, ajustadas a um fator biológico e seguindo padrões de
uma cultura ou estádio cultural. Os adultos são representantes de uma geração que já
integra valores sociais, que tem experiências socioculturais que deve-se preservar e
transmitir e que carregam padrões dominantes da sociedade. Já nos alunos, pode-se
perceber comportamentos especiais de acordo com as idades, com diversificação dos
grupos de idades, sendo divididos administrativamente em Maiores, Médios e Menores,
em relação ao deveres e separação em recreio, estudo, refeitório, entre outros.
O segundo agrupamento é por sexo, também variando em cultura e estádio cultural.
Antigamente (e em alguns casos e sociedades, até hoje em dia), homens e mulheres eram
ensinados em escolas distintas e de formas distintas, preparando-os para papeis sociais
diversos, o que hoje ficou mais unificado, com todos em um mesmo locar e com a mesma
educação. O período escolar envolver o momento de indiferença entre os gêneros, quando
menores, a uma ambivalência e, posteriormente, a uma atração ou repulsa, à medida que a
idade avança. Para as crianças, há uma supervalorização que o indivíduo faz do próprio
sexo, querendo integrar-se a um grupo composto somente por ele, rejeitando o sexo
oposto, a partir de um imperativo de separação social. A escola traz para o seu ambiente a
relação entre ambos os sextos, e seus problemas de competição e acomodação.
O terceiro agrupamento é o de grupos associativos, que não são criados por fatores
biológicos como outros, sendo fruto da vida escolar. A partir de um certo momento, as
crianças vão se associar com outras, integrando um grupo, para servir como referencias de
suas ações, de acordo com suas preferencias, vontades e identificação com tal grupo,
podendo ser recreativas, esportivas, intelectuais e cooperativas, com a valorização de um
aspecto da socialização, com finalidades comuns. Entender esses grupos é entender o
comportamento dos alunos em vida escolar, sendo a chave para solucionar problemas da
educação.
O quarto grupo trata-se de status, fundamentada na hierarquia escolar, além de
níveis dos alunos, a partir de fatores como sexo e idade, e externos, como classe social e
ideologia, sendo quo primeiro do mundo exterior no interior da escola, sendo que em uma
realidade onde existem mais alunos de classes sociais baixas, os alunos de classes sociais
mais altas sejam excluídos, o contrário da sociedade em geral. Já em questão de ideologia
educacional, os alunos podem ser valorizados por capacidade intelectual ou esportiva. Na
sociabilidade inteira, há a desconsideração de grupos com padrões de rebeldia e
valorização daqueles que tem ideias de obediência e dedicação aos estudos.
O quinto e último grupo é o de ensino, das diferentes aulas e matérias, as diferentes
formas como os conteúdos são ensinados, as diferentes salas, são o que formam a principal
finalidade de escola, sendo bastante característico na relação de professores e alunos.
Nessa relação entre o adulto e a criança é que se especifica o sentido da atividade
pedagógica. As atividades de ensino podem ser complexas e autônomas, mas podem estar
diretamente sujeiras a influências exteriores, refletindo nela sua dinâmica.
Há também distintos mecanismos de sustentação desses agrupamentos, com a
liderança sendo exercida pelo educador ou pelo educando. No primeiro caso, o educador é
um líder institucional, com uma autoridade que depende de fatores objetivos e externos,
com uma experiência social que os coloca acima dos alunos e os deixa em uma posição de
coerção. Essa liderança do educador será aceita de acordo com a sociedade que ele se
insere também pensando que é mais eficiente de acordo com o modo que é reconhecida
nos grupos de origem dos alunos, como família e classe. Já no caso onde o educando
assume um papel de liderança, sua autoridade é conferida de forma variada, de acordo com
a socialização, idade e sexo, mas também e principalmente de interesses, sendo
manifestações de tipos de personalidade, com autoridade limitada a ações especificas do
agrupamento, que encarda ou impõe valores ligados à dinâmica da vida social da escola,
convidando a um comportamento institucionalizado ou à rebeldia.
Quanto às normas, existem aquelas que regem o comportamento do educador, e por
outro lado, aquelas que regem o comportamento do educando, este sendo enquadrado em
normas que correspondem ordens da comunidade, do corpo docente e administrativo e dos
educandos, com padrões ideias, ajustando seu comportamento a certas funções, tanto no
âmbito pedagógico quanto em suas aparências e posições que assume; e aquele sendo
também regidas por ordem e expectativas exteriores, estabelecidas pela comunidade e
também pela administração escolar, sendo que seu comportamento deve corresponder a
tais padrões, mas também ao que os colegas esperam deles, bem como membros de
agrupamentos dois quais pertence na escola. A insubordinação e desobediência levam à
sanções.
As sanções escolares podem ser administrativas, pedagógicas e grupais. As
administrativas e pedagógicas, pre-estabelecidas, punem o comportamento do aluno ou
educador que desvie do que é determinado pelos regulamentos internos, sendo que sua
intensidade e qualidade varia, de acordo com ideais educacionais, podendo ser de
características de exclusão do grupo de formas definitivas ou transitórias, de correção ao
comportamento desviado ou que impor uma retribuição. As sanções em um grupo. que se
desenvolve na interação interescolar, no próprio grupo, servem pra reafirmar sua vida
grupar e reforçar suas normas, podendo levar à restrição, boicote, exposição ao ridículo e
expulsão.
Os valores simbólicos, de bandeiras, hinos, celebrações, festas, clubes esportivos,
uniforme, diplomas, distintivos, entre outros, tem uma função de manutenção dos
agrupamento na escola, dando uma importância a ela como cultura e tradição, a
reafirmando como grupo social que se difere de todos os outros grupos, inclusive de outras
escolas.
Como conclusão, as ações educacionais devem acontecer compreendendo a força
de sociabilidade das crianças e adolescentes, que se distanciam enormemente daquilo que
teria sido previsto pela administração de ensino, deste modo, é necessário haver um ajuste
entre a sociabilidade adulta e a infantil e juvenil, pensando em uma integração harmoniosa,
com normas, valores e sanções que mostre esse equilíbrio entre ambos os grupos.
Referências

CANDIDO, Antônio. A estrutura da escola. In Educação e Sociedade. (org. Foracchi, M.;


Pereira. L). Companhia Editora Nacional. 1978, pp.107-12.

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